Adeus Hogwarts



Capítulo I

Era findo o sétimo ano de Harry na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e milhares de sensações acompanhavam o final do seu último ano letivo.

Ele olhou uma vez mais todo aquele cenário antes de embarcar no expresso. Fora lá que fizera suas maiores amizades, que vivera momentos inesquecivelmente perigos e que tivera uma vida mais feliz. De fato, amava aquele lugar.
Hermione cutucou-lhe os ombros.

– Vamos Harry! – Seus olhinhos castanhos brilhavam ao olhar para ele e ambos tiveram certeza que compartilhavam a mesma sensação.
Despediram-se de Rúbeo e embarcaram no trem. Se Harry voltaria a ver aquele castelo maravilhoso, não sabia, entretanto tinha plena certeza que jamais esqueceria aquele lugar tão especial.
*
A tarde já estava terminando e algumas velas do trem já haviam se acendido. Harry, Rony, Luna, Gina e Hermione estavam sentados no mesmo vagão de sempre quando uma coruja totalmente negra os alcançou.

– Eliot...! – Hermione murmurou excitada levantando-se do colo de Harry, que acariciava seus cabelos.. – Já não era sem tempo! Pensei que você não viria... – Sua voz era distante, como se estivesse falando consigo mesma.

Harry abriu o vidro do vagão permitindo que a coruja entrasse. Quando esta o fez, Hermione desamarrou rapidamente o pergaminho que estava em sua pata.

– Estava esperando correspondência, é?

– Er... É... Estava... O Victor disse que ia me escrever... – Hermione ruborizou ao encarar Harry, Gina lhe lançou um olhar divertido e Rony e Luna simplesmente não falaram nada. Suas bocas estavam muito ocupadas se beijando.

Durante alguns segundos ninguém falou mais nada. Harry simplesmente observava os olhos atentos de Hermione que iam rapidamente de um lado para o outro da carta. Ultimamente Krum andava escrevendo demais para sua amiga.
Harry encarou-a preocupado e manteve seus olhos nos dela por alguns segundos. – Algo errado? – Hermione estava muda e seu rosto não expressava absolutamente nada. Desviou seu olhar do de Harry e entregou a carta para que Gina lesse também.

A ruiva pasmou-se, sorriu e voltou à suas feições normais.

- Oh - Meu - Deus! – Disse lenta e excitadamente após ter lido aquilo. O que raios estava escrito naquela carta?

– O que foi meninas?

Hermione olhou incerta para Gina. Esta a encarou animada.

– Vamos, Hermione! Conte! Logo todos irão saber mesmo...

Rony e Luna se desgrudaram. Não haviam prestado atenção um segundo sequer do que estava acontecido ali. Despediram-se rapidamente dos outros amigos à procura de um lugar mais reservado.

Harry fitou as duas garotas que trocavam olhares suspeitos. – Ninguém vai me dizer o que aconteceu?

– É que... Bem Harry... Ele... O Victor, digo...

– O Victor Krum pediu a Hermione em namoro! – Gina fez questão de ressaltar o nome de búlgaro. O que ele tinha de tão importante, afinal?

Harry repentinamente teve um acesso de tosse – Mas... Como? – Murmurou ele de si para si.

– Nós estivemos trocando correspondências e eu passei alguns dias na Bulgária com ele nessas ultimas férias... e bem... Você sabe...

– Eles ficaram. – Gina completou sem rodeios. Hermione corou.

– Ahn? – Ergueu uma sobrancelha – Ficaram... Como?

– Ah, você sabe, não é, Harry? Eles se beijaram, depois ficaram nuns amassos...

– Chega Gina! – Pediu Hermione mais corada que nunca em tom de fim de conversa.

Harry ficou em silêncio durante algum tempo esperando que a fixa caísse. A sua melhor amiga estava namorando aquele Búlgaro metido? Sua pequenina havia beijado-o?

Há algum tempo ele havia desenvolvido por ela um sentimento mais forte que amizade. Passara a se preocupar com cada atitude e cada gesto dela. Prestava mais atenção nos seus movimentos e se perdia durante horas nos seus olhos castanhos. Encarava Hermione como a irmã que nunca tivera, e de repente um garoto idiota levaria sua menininha para longe dele. Enojava-o imaginar que Krum havia tocado nos lábios puros de Mione, que havia beijado-os e o pior... Que Hermione poderia ter gostado. Era como se tivesse que, finalmente, admitir que sua amiga crescera e que já não dependia mais de sua proteção.
“Agora Krum a protegerá” murmurou para si mesmo amargamente.

– Você está bem, Harry? – Questionou Gina ao ver que ele tinha se virado de costas para elas.

– Só um pouco de dor de cabeça... – mentiu.

Hermione lhe deu um beijinho na testa e acariciou-lhe os cabelos. Harry fechou os olhos e fingiu dormir, não queria dar satisfações para ninguém, até porque nem mesmo ele sabia por que estava chateado quando deveria estar contente pela amiga.
Preferiu acreditar que estava apenas se preocupando com o bem estar da pessoa que ele mais gostava no mundo.

*

– Harry! Vamos! Acorda! – Disse Hermione. Harry caíra mesmo no sono. – Chegamos em Londres, querido!!!

– Mas já??

– Já... E não faça esta cara... Quando você chegar em casa poderá dormir mais!

Ele acomodou-se na poltrona – Cadê o Rony, a Luna e a Gina?

– Rony e Luna devem estar por aí se beijando e Gina está com Draco, provavelmente.

– Você ficou aqui sozinha o tempo todo?

Mione sorriu. – Fiquei te observando dormir. Sabe que adoro ficar acariciando seus cabelos e... Er... Devo ter cochilado um pouco também.

Ele lhe acariciou os cabelos, distante – E agora?

– Ahn? – Hermione franziu o cenho.

– O que você vai fazer?

– Vou visitar meus pais. Depois... Er... Acho que irei visitar o Victor, ou ele virá para cá. Precisamos combinar... – ela ficou vermelha. Não sabia o motivo, mas não se sentia bem falando de Victor para Harry. Talvez fosse porque percebia que o amigo começava a respirar mais ofegante e girava quase imperceptivelmente o olho.

– Então em breve você será a Sra. Krum... – Harry se forçou a rir.

– Não é bem assim...

Ele pôs a mão no queixo e fingiu um ar pensativo. – Hermione Granger Krum.... Não sei por que, mas acho que esse sobrenome não lhe cai bem...

Hermione riu. Ela ainda nem tinha aceitado o pedido de namoro e Harry já estava pensando em casamento.

O trem começou a diminuir de velocidade.

– Olhe! Estamos chegando...! – Hermione deixou escapar uma lágrima ao ver a plataforma nove e meia. – Jamais embarcaremos aqui novamente, não é?... Eu gostava tanto...

Harry lhe deu um beijo no rosto. – Uma nova fase se inicia, minha pequena. – Mione sorriu. Sentia-se inexplicavelmente bem quando Harry a chamava assim. – Não posso garantir que ela será tão boa quanto a anterior, mas se depender de mim, você jamais irá sofrer...

Mais lágrimas escaparam de seu controle e ela o abraçou fortemente. O calor do corpo dele a acalmava e de certa forma sabia que ele falava a verdade.

– Obrigado, Harry. Obrigado por ser tão perfeito comigo...

– Não agradeça, menininha! Você sabe que eu só me esforço para te ver feliz... Sua felicidade ainda é uma das prioridades da minha vida.

Eles calaram-se e ficaram envoltos naquele abraço até que o trem parou por completo.

Ao desembarcarem encontraram Rony, Luna, Gina e Draco. Malfoy cumprimentou secamente Harry e Hermione e o garoto teve certeza que este só o fez porque Gina o obrigou. Ainda não entendia como aqueles dois conseguiam se amar tanto sendo tão diferentes...

Do outro lado da plataforma Molly e Arthur cumprimentaram a todos e fizeram o típico convite para visitarem a Toca. O Senhor e a Sra. Granger abraçaram carinhosamente a filha.

– Posso roubar Hermione de vocês um pouquinho? – Pediu Harry educadamente e os pais de Hermione concordaram. Riu inocentemente ao ouvir a Sra. Granger elogia-lo em voz baixa para o marido.

Já um pouco distantes do resto do pessoal, Hermione sem mais nem menos abraçou Harry com todas as suas forças chorando outra vez.

– Como será agora? – Questionou em meio a soluços.

– Não importa, Hermione... Estarei sempre ao teu lado para o que der e vier. Se precisar de um ombro para chorar, de um amigo para desabafar, de alguém para protegê-la, sabe que pode contar comigo. Isto é, se Krum já não tiver o feito. – Acrescentou com um toque de desprezo na voz torcendo para que Hermione não percebesse.

– Tenho que ir... – Seus olhos marejaram. – Nos vemos em breve, não é?

– Claro! – Algo em sua voz tranqüilizou-a – Como se eu conseguisse ficar longe de você... Seja feliz, minha querida menininha... – Ele foi lhe dar um beijo no rosto e ela virou rapidamente. Seus lábios se encontraram por uma fração de segundo e eles riram envergonhados.

“Você também, Harry. Você também” – Murmurou ela para si voltando para junto de seus pais agradecendo à Merlin por ter alguém tão especial como amigo.

Harry ficou um tempo parado naquela plataforma observando os Weasley e os Granger desaparecerem e nostálgico caminhou em direção à saída daquela estação... Não podia conter algumas lágrimas, e nem se importava com isso. O idiota que disse que homem não chora estava muito enganado, ou talvez jamais tivera que se despedir de seus verdadeiros amigos.

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