Fogo e Gelo



Tchimitchanga: O Mundo Perdido

Capítulo 5 – Fogo e Gelo

Gina acordou abruptamente. Estava deitada sobre folhas secas e escuras. Sentou-se e olhou para os lados. Onde fora parar? Sua última recordação era de estar no lago, dentro da montanha, e ao lado de Draco.

Draco... Onde ele estava? Levantou-se e começou a entrar em desespero. Estar perdida numa floresta desconhecida em grupo já era ruim, imagine sozinha. Ainda mais sem sua varinha, acessório essencial para qualquer bruxa.

“Tenho que ficar calma” pensou “alguém do grupo deve estar por perto”.

Decidida a não se entregar ao medo, começou a limpar suas vestes para seguir adiante. Parou ao notar que não usava mais o uniforme de Hogwarts.

Trajava um vestido amarelo-escuro de alcinhas, com uma blusa branca de manga-curta por baixo. Nos pés, um tênis branco confortável, que lhe dava mobilidade para andar no meio daquela floresta.

“De onde surgiu essa roupa?” Gina se perguntava, cada vez mais surpresa. Ao passar a mão pelos seus cabelos, notou que estavam diferentes. Ao invés de estarem compridos e cacheados, estavam lisos e na altura do ombro. Teve que arrancar um fio de seu cabelo e olhá-lo, para ter certeza que ainda era ruiva.

Cada vez mais confusa, decidiu começar a caminhar, à procura de algum ser vivo. Não podia ficar parada naquele lugar; apesar de estar claro, uma hora anoiteceria, e ela precisaria de algum abrigo.

Perdeu a noção do tempo. A caminhada estava ficando cada vez mais difícil, pois o chão era coberto por uma lama escorregadia. As árvores iam ficando mais escuras e conseqüentemente, a floresta também. Estava cansada, com fome e com medo de ficar ali, parada.

Continuou a andar. O céu foi escurecendo, e o desespero voltou. Ia passar aquela noite ali, sozinha. Olhou em volta, e viu que várias árvores, por serem enormes, tinham sua raízes para fora da terra, formando grandes espaços vazios e, de certa forma, acolhedores. Sem nem pensar, Gina foi para a que parecia mais confortável e se acomodou. Suas pernas doíam e estava cansada demais. Ia dormir sem os braços protetores de Draco à sua volta... “Draco...” pensando nele, Gina deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto e, sentindo suas pálpebras ficarem pesadas, dormiu.

Acordou horas depois, sem noção de quanto tempo havia dormido. O céu começara a clarear, o que significava que o dia já raiara. Saindo de seu abrigo, Gina continuou a se aventurar no meio da floresta. Uma hora ela haveria de achar alguém, ela tinha certeza disso.

Quanto mais andava, mas certeza Gina tinha de estar entrando em um pântano. Havia agora grandes concentrações de lama espalhados por alguns locais, além do cheiro nada agradável. Mas, por algum motivo, ela continuou andando naquele ambiente. Algo a estava atraindo para ali, e ela não sabia o quê. Descobriu quando avistou algo amarelo ao longe.

Começou a correr. Logo percebeu que era algo loiro.

- Draco! – ela gritou, ainda correndo naquela direção – Draco, é você?

Parou quando chegou mais perto. Quando seu olhar se fixou em algo, ela berrou. Seu gritou ressoou por toda a floresta, fazendo com que vários pássaros levantassem vôo.

Aquele era Draco Malfoy. Só que ele estava amarrado e pendurado de cabeça para baixo numa árvore, com sangue pingando dele. Lentamente, seus olhos abriram e se fixaram em Gina.

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Horas antes...

Draco abriu os olhos lentamente. Era difícil mantê-los abertos, pois ainda doíam pelo brilho da luz na montanha. Sentou-se e balançou a cabeça, na tentativa de acordar. Olhando à sua volta, viu que estava no meio de um pântano.

“Onde eu vim parar dessa vez?” pensou, aborrecido. O lugar parecia inabitado até mesmo por animais. “Droga, onde a Gina foi parar?”

Levantou-se, disposto a procurar pela ruiva, e notou que não estava com seu uniforme de Hogwarts. Trajava uma blusa preta de manga curta, com a calça e os sapatos da mesma cor. Pareciam as roupas que ele usava habitualmente.

Sem se importar em como suas roupas haviam sido trocadas, começou a caminhar. Foi quando ouviu o som de um galho se quebrando. Olhou em volta. Não havia ninguém ali.

Começou a ficar apreensivo. Sem sua varinha, ele não era nada. Andou cautelosamente, tentando descobrir da onde viera o som. “Talvez tenha sido apenas um animal” pensou “E esse animal pode estar querendo me comer...”

E então, sem nenhum aviso, sentiu uma forte pancada na cabeça e tudo escureceu.

Acordou com uma tremenda dor de cabeça e uns sons estranhos à sua volta. Ao abrir os olhos, viu que eram pessoas.

Ele presumir que eram pessoas, pois os seres que o circundavam estavam cobertos de lama e tinham algumas lanças em suas mãos.

Draco tentou se levantar; só então notou que suas mãos e seus pés estavam amarrados por grossos cipós.

Os selvagens olhavam pra ele com curiosidade. O loiro estava cada vez mais apreensivo com o que iam fazer com ele. Tentou desamarrar as mãos, mas não conseguia. Enquanto tentava, ouviu o que parecia rosnados, só que distantes.

Os selvagens se assustaram. Dialogavam com sons estranhos feitos coma boca, e Draco não entendeu absolutamente nada. Só entendeu quando um dos selvagens chegou perto dele com uma pedra afiada.

- Ei, o que você pensa que vai fazer com isso?

Tarde demais. O selvagem deu um corte no braço de Draco, e este se controlou pra não gritar. Os selvagens pegaram a corda que amarrava os pés de Draco e jogaram por sobre o galho de uma árvore, fazendo força para pendurá-lo.

- Seus desgraçados, me ponham no chão!

A reclamação do loiro foi em vão. Terminaram de suspendê-lo e prenderam a corda no tronco da árvore, saindo logo em seguida para o meio do pântano.

O sonserino não conseguia entender. Por que o haviam deixado ali, sangrando e pendurado numa árvore?

Sua visão foi ficando embaçada. Tentava se mover, mas era impossível. Somente um milagre iria tirá-lo dali.

E, como se Merlin escutasse suas preces, ele ouviu. Parecia a voz de um anjo chamando seu nome... Logo em seguida, um grito assustador o despertou e ele fez força para abrir os olhos, que se fixaram na figura ruiva á sua frente.

- Gina... – ele falou com a voz fraca e tremida – é você...?

- Draco... – os olhos dela estavam cheios de lágrimas – meu Merlin, o que lhe aconteceu? Não fale nada, eu preciso tirar você daqui...

Gina chegou perto da árvore e começou a tentar desfazer o nó do cipó. Estava muito difícil, de modo que ele pegou uma pedra afiada no chão e começou a cerrá-lo. Depois de algum tempo, conseguiu cortar e Draco bateu no chão com um baque.

- Amor... O que fizeram com você? – Gina se ajoelhou e começou a cortar os cipós que prendiam os pés e as mãos de Draco. O sangue dele precisava voltar a circular.

- Seu cabelo está diferente... – ele disse com a voz ainda fraca.

- Seu bobo... – ele terminou de cortar os cipós e aproximou-se de forma que apoiasse a cabeça de Draco por sobre seus joelhos – eu fico desesperada achando que você tinha morrido e isso é tudo que você tem a me dizer? – terminou, fungando.

Ele deu um sorriso fraco.

- Você é um anjo que apareceu para me salvar na hora exata...

Sem esperar, Gina aproximou seu rosto do loiro e o beijou. Um beijo calmo, cheio de promessas futuras.

O beijo foi interrompido quando ouviram os sons de galhos se quebrando, indicando que alguém se aproximava.

Draco ficou tenso.

- Gina, fuja daqui.

- Eu não vou sair sem você, Draco.

- Droga... – ele procurou sentar-se, olhando para os lados – faça o que estou pedindo, Gina, eu não quero que você se machuque.

- E eu não quero que você se machuque. – os olhos dela marejavam – quando eu te vi pendurado aqui, achei que havia te perdido, não posso suportar a idéia de perdê-lo de verdade!

Antes que Draco pudesse replicar, os selvagens apareceram de novo e, dessa vez, pareciam realmente zangados. Dois deles estavam com o que pareciam canudos nas mãos, junto com alguns dardos.

Draco sabia o que ia acontecer. Foi como se tudo passasse em câmera lenta. O selvagem colocando alguns dardos no canudo e assoprando; Draco segurando Gina pelo ombro e se colocando na frente dela.

Sentiu uma dor profunda vindo de suas costas. Fechou os olhos. Abriu-os de novo só para ver os olhos assustados de Gina, que demorou pra entender o que tinha acontecido.

- não... - ela sussurrou, ao perceber o que Draco tinha feito – não, Draco, não... por que você fez isso...?

Draco não conseguiu responder. Apenas fechou os olhos novamente e se deixou tombar pra frente.

- Draco... Não, Draco... Fala comigo... - Gina começou a ficar desesperada – Draco... DRACO!!

Seu grito ressoou pela floresta e os selvagens a olharam de forma estranha.

Uma luz começou a brilhar em volta de Gina. Lentamente, ela depositou o corpo de Draco com todo o cuidado no chão e levantou-se, virando-se pros selvagens, com o olhar baixo.

- Eu nunca... - sua voz tremia enquanto falava – vou perdoar vocês... NUNCA!!

Encarou os selvagens pela primeira vez, deixando-os assustados. Seus olhos estavam literalmente em chamas, e seu cabelo se balançava como uma fogueira. Em volta de seu corpo, uma barreira de fogo surgiu e, enquanto ela andava em direção aos selvagens, uma bola de fogo se formava em sua mão.

Estavam assustados. Tacaram mais dardos e atiraram suas lanças, mas Gina, com um aceno de mãos, criou uma barreira de fogo à sua frente tão forte que repeliu os instrumentos.

Os selvagens gritaram e começaram a correr. Gina estendeu o braço e quando estava prestes a incinerá-los, ouviu uma voz sussurrando seu nome.

- Gina...

Olhou para trás, e lá estava Draco, tentando se sentar, fazendo um esforço para manter os olhos abertos.

- Draco! - no mesmo instante, toda a energia à sua volta sumiu, e ela correu para perto de seu namorado.

- Shh... Não faça esforço... - ela o ajudou a se sentar.

- Eu preciso... de água... - foi tudo o que ele conseguiu dizer.

Gina olhou à sua volta. Estava no meio de um pântano, só havia poças de lama por toda a sua volta. Apoiou o loiro sobre seu ombro e fez um esforço pra ficar de pé. Fechou os olhos. “Preciso sair daqui. Preciso ir para um lugar aberto, onde eu possa achar um lago ou um rio...”

E então, ainda de olhos fechados e com Draco apoiado em suas costas, sentiu como se estivesse voando. Ao abrir os olhos de novo, estava de frente a um lago, num campo aberto, sobre uma grama verde.

Assustada, olhou para trás. Até onde iam as árvores, havia um caminho queimado, como se alguém tivesse passado ali com fogo. Olhou para seus próprios pés e viu que o rastro ia até ela.

“Como eu fiz isso?” pensou Gina “Como eu lancei fogo contra aqueles selvagens agora pouco e apareci aqui tão depressa?”

Ia continuar suas próprias indagações, mas lembrou-se que Draco precisava dela.

Levou o namorado até a beirada do lago e sentou-o ali. Com a mão, pegou um pouco de água e levou até a boca do loiro. Ele engolia vagarosamente. Ela repetiu o processo mais duas vezes e Draco finalmente abriu os olhos.

- Como você está? - perguntou, carinhosa.

Draco não respondeu. Gentilmente ele se desencostou da ruiva e, antes que ela fizesse qualquer coisa, o loiro escorregou para dentro do lago.

- Draco! - gritou, desesperada. “O que ele está fazendo?” pensou a garota.

Alguns segundos se passaram, e ela só observava a superfície do lago. Quando já estava prestes a pular na água, o loiro surgiu, buscando ar.

- Meu Merlin! Draco, você está bem?

- Melhor do que jamais estive! - respondeu ele, dando um sorriso sincero.

A ruiva o observou, sem entender nada.

Ele aproximou-se da borda e saiu, ficando de pé em frente à Gina.

- Seus machucados... Eles... - Gina observava estupefata o loiro, que deu um giro, mostrando seu corpo perfeito como antes, sem um único arranhão.

- Sumiram? - ele deu um sorriso brincalhão – é, eu percebi.

Gina encarou Draco por mais alguns segundos. Seus olhos marejaram e o loiro ficou sem reação.

- Gin, por que você está chor...

- Eu pensei que ia perder você! - ela se tacou nos braços dele, enquanto falava – fiquei com medo de perdê-lo, de não ter mais os seus abraços e nem seus beijos, de nunca mais ouvir seus deboches e suas ironias, de não poder dizer que eu gosto de você como eu jamais gostei de alguém antes!

Ela falou tudo com o rosto encostado no ombro do loiro. Este, que ficou sem reação por alguns momentos, passou os braços em volta dela, abraçando-a de volta.

- Sabe Gin, eu também achei que ia morrer. Mas foi antes de você ter aparecido para me salvar. E, apesar de toda a dor e desconforto que eu sentia após ter sido cortado e pendurado de cabeça para baixo, só havia uma coisa que me doía mais...

Ele afastou-se um pouco e segurou o rosto da Gina com uma das mãos, limpando as lágrimas dela com o polegar.

- A perspectiva de não olhar para o seu rosto uma última vez, de nunca mais beijar essa boca rosada que eu gosto tanto e que me faz ir às estrelas quando encosta na minha...

Sem esperar alguma reação, Draco fez o que já estava com vontade de fazer a muito tempo. Aproximou seu rosto de Gina e a beijou.

Foi um beijo diferente de todos os outros que já tiveram. Havia uma intensidade de sentimento por ambos os lados que era possível sentir à distância.

Ela não queria mais esperar. Correspondeu o beijo, passando os braços em volta do pescoço do loiro. Quando viu, os dois já estavam deitados na grama, se beijando ardentemente.

- Draco... - essa sussurrou seu nome, controlando um gemido, quando este desceu o beijo e foi para seu pescoço.

- Gin... - o loiro parou o que fazia e a encarou – me desculpa, eu não me controlei... Seu coração ainda não está pronto, não é mesmo?

A ruiva o encarou com seus olhos de chocolate por alguns segundos e depois o abraçou.

- Meu coração já está pronto pra você há bastante tempo - ela falou timidamente – assim como o meu corpo...

Draco a abraçou de volta, fechando os olhos, querendo que aquele momento jamais acabasse. Nunca na vida se sentira tão feliz e completo como se sentia agora.

- Draco... - a voz de Gina mudou para surpresa – está nevando...

O loiro olhou para o céu e viu que realmente nevava. Ao estender a mão para sentir os flocos de gelo, viu que estes estavam quentes.

- A neve está quente... - ele falou, também surpreso.

A ruiva virou o rosto dele e olhou dentro dos seus olhos, antes de dizer:

- Fogo e Gelo...

Não foi preciso nem mais um segundo antes que as bocas deles se unissem novamente num beijo que prometia muito além daquilo...

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N/A: Yo!
Eu havia eskecido que publicava a fic aki... =/
Mas não vou mais me eskecer ;P
Esse foi o último cap q eu escrevi antes de me abster das fics por um longo período...
Mas agora, voltei com força total e logo trarei um cap novo prontinho pra vcs! ^^

Bjinhos!!!

>> Princesa Chi <<

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