Opostos Perfeitos



Antes de começar...Queria me desculpar pela demora e pela extensão exagerada do capítulo, acontece que a anta aqui se empolga fácil ><'
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- Eu trai você, Gina. - Um dia havia se passado. Um dia. Mas fora o pior dia da vida de Luna, pois ficara se martirizando mais e mais a cada segundo. Jamais conseguiria viver ao se lembrar daquele fato, ao se lembrar que traíra a pessoa que realmente amava. Amava? Quem realmente ama não trai, certo? Bem, mas para toda regra há uma exceção, claro. - E eu espero, sinceramente, que me perdoe. Pois isso só valeu para eu perceber o quanto te amo e o quanto te quero. - Suas mãos estava muito geladas, porém suavam frio. Era um efeito estranho, ela parecia tremer e evitar olhar nos olhos de Gina. A mesma Gina que ergueu uma mão e apoiou-a no queixo de Luna, fazendo-a erguer a cabeça e olhá-la nos olhos. O contato visual era deveras necessário na situação. Apesar de terem combinado não contar para ninguém - Luna e Christine - não resistiu. Precisava ser sincera com Gina, afinal, elas eram uma unidade, um casal.

- Com quem? - A voz de Gina era tão fria quanto a mão de Luna. Ela não parecia nada feliz, mas também parecia apta a perdoar a amante. Não era uma coisa bonita de se ouvir, porém Gina não tinha muita moral para se opor, afinal, depois tudo que fizera para Luna não podia exigir perfeição, não podia exigir nada, absolutamente nada além de compreensão. - Quando? Onde? Por que? Você disse que me amava, Luna... - Agora a decepção transpareceu em sua voz de maneira profunda, deixando Luna realmente embaraçada e desconfortável.

- Com a Christine. - Abaixou a cabeça novamente. Sabia que isso não seria fácil de ouvir, mas também não fora fácil para ela falar sobre aquilo. Nunca é, certo? Você luta tanto pelo amor de uma pessoa, quando consegue você a traí. É como se depois de alcançar o objetivo você desistisse, mas na vida as coisas não funcionam somente assim, há quem preze a conquista. E Luna decidira prezar, mas talvez um pouco tarde. Ah, claro, ainda havia sua explicação. - Você sabe que ela gosta de mim, você sabe pois já te contei tudo que envolve a mim e outras pessoas. Foi um beijo, só isso. Ela queria provar para mim que eu não te amava, que podia sentir algo por ela...Eu acabei deixando, fui fraca...Mas chorei de alegria ao perceber que não senti nada, que quem amo ainda é e sempre será você, Gi. - Sua voz era cheia de convicção, assim como seu sorriso e seu olhar esperançoso. Olhava para Gina buscando consolo, mas esta ainda permanecia séria. E permaneceu assim por um bom tempo. Até que ela sorriu e balançou a cabeça negativamente.

- Achei que você tivesse ido para a cama com outra, isso sim me magoaria...Afinal...Nós nunca tivemos nada mais sério. Isso teria me chateado, pois gostaria de ser sua primeira. Mas um beijo, Luna? Ah, isso não é tão perigoso e importante...Eu dou selinho até nos meus irmãos! E um beijo...Ah, eu daria nas suas amigas também. O importante é o sentimento e o sexo, só. - Estava enganada, como quase sempre estava. Um beijo pode se tornar uma máquina do amor, um feitiço, um encantamento...E ela estava muito enganada a respeito daquele beijo, pois Luna jamais ia esquecê-lo. Querendo ou não ela estava marcada pelo profundo sentimento de Christine, nada mais podia fazer agora.

- Isso nunca! Jamais...Já conversamos sobre isso...Quando eu me sentir preparada eu quero que...Quero que seja você. Você é quem amo, você é a minha pessoa especial...E será você a primeira pessoa com quem...Enfim! - Ela ficava muito vermelha ao tocar nesse assunto. Não que sentisse vergonha de sua virgindade - uma raridade, dezessete anos e virgem! - mas achava que não era uma coisa tão banal para ser falada assim, tipo no jantar. Ela prezava isso, respeitava. Apesar de que Gina já havia dado mais que chuchu na serra, enfim, vocês entenderam, certo?

- Essa é a minha namorada...- Sussurou Gina ao abraçar Luna com carinho. O calor dos corpos se uniu magicamente e logo a ruiva trilhava beijos pelo pescoço da loura, fazendo-a se arrepiar. As mãos astutas de Gina deslizavam pelas costas pequeninas de Luna, enquanto paravam em sua cintura e quadril para explorar o que encontravam por ali. É, era deveras experiente para estas situações, mas Luna não muito. Ela apenas deixava suas mãos paradas na cintura de Gina e a beijava apaixonadamente.
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Corpo e mente cansados. O resultado só podia ser uma não tão longa noite de sono, já que chegara no dormitório às seis da manhã. Talena havia passado a noite com Kim, bebendo - moderadamente - no Javali. Havia ficado com duas garotas e nem se lembrava o nome delas, mas era certeza de que estava acabada. Havia sido arranhada, ainda tinha três chupões no pescoço e mordidas não tão leves pelo corpo. É, era divertido. Estava desfalecida de cansaço, jogada em sua cama de dossel branco e simples. Roncava, mas não era nada rude ou assustador, era como um suspiro mais alto. Felizmente o dia era sábado, logo não tinha de se matar para levantar e locomover-se até alguma sala de aula inútil. Estava sonhando, um sonho bom. Ela corria por um campo verde e florido, corria atrás de alguma coisa. Foi então que sentiu algo cutucando suas costas, achou que fazia parte do sonho, mas logou percebeu que era no mundo real. Abriu o olho direito, resmungou qualquer coisa e fitou uma menina loira lhe encarando. Ela disse que alguém havia mandado um bilhete para ela, apenas deixou o pedaço de pergaminho na mesa de cabeceira e saiu. A curiosidade foi maior, então pegou o pergaminho e leu. "Preciso de você, aliás, da sua ajuda. Me encontre quanto antes puder nos jardins. Beijo, Chris." Bocejou e continuou caída lá, juntando forças. "Ok, só faço isso por que amo a pirralha" Levantou-se e livrou-se dos lençois que envolviam de seu corpo, vestia apenas uma regata preta e justa e uma cueca branca da Boss. Bocejou novamente e cambaleou até o banheiro, coçou os olhos e viu que não estava sozinha, pois havia um chuveiro ligado.

- Ah, é você Lena. - Resmungou uma outra Sonserina, uma ruiva do sexto ano. A garota era incrívelmente bonita, seu corpo não tinha muitas curvas, mas seu rosto assemelhava-se ao de uma boneca, dessas raríssimas de porcelana. Talena apenas cumprimentou-a com um sorriso, depois abaixou a cabeça para cochilar no meio de si mesma. Estava acabada, havia realmente aproveitado a noite anterior. - Hm...Não me parece com a fama que lhe segue. Ou eu que não sou boa o bastante para você? Dizem que você não resiste a ruivas... - Comentou provocante, enquanto saia nua do box do chuveiro. O banheiro estava trancado, o chuveiro ligado e tinha uma garota extremamente linda na sua frente, nua. Ah, vamos acordar para a realidade, né! Ela ama Christine - como amiga, mas também não é de ferro! Levantou-se e empurrou delicadamente a garota para dentro do box, beijava-a intensamente e suas mãos exploravam a terra nova, o corpo branco e macio da garota.

Gemidos. Sussuros. Beijos. Arranhões. Mordidas. Carinhos. Abraços e...Bem, vocês já devem imaginar o que aconteceu naquele box de banheiro, não? (Infelizmente eu não coloquei que a fic é NC-17, logo não poderei descrever com mais perfeição a cena ;x ) Talena saiu do dormitório feminino atordoada, vestindo uma jeans surrada e justa acompanhada de uma regata branca. Ela nunca usava sutiã, aliás, para que? Não tinha comissão de frente do tamanho necessário que fizesse uma daquelas coisas lhe servir perfeitamente. E também achava muito mais charmoso de sua parte se dispensasse tal acessório. E para a felicidade de Lena - e Chris - mais uma pelo seu caminho. Esse era o preço a pagar por ser tão...Popular entre as garotas. Dessa vez era Juliet Talena-não-sabia-o-sobrenome.

- Não há mais nada entre nós, ok? - Era a nona vez que Talena repetia a mesma frase para a mesma garota. Estava cansada de dizer aquilo, cansada de ver Juliet chorar e muito mais cansada ainda de ter que aguentar aquele vazio por jamais conseguir se sentir completa nos braços de ninguém.- Eu não amo a você. Eu não amo a ninguém, ok? Eu não tenho relacionamentos sério. - E finalmente a jovem Grifinória pareceu ter compreendido que para ela nada mais havia ali. Talena estava caminhando para os jardins, onde fumaria e se encontraria com sua amiga. Os braços finos, definidos e compridos estava estranhamente arqueados, pois as mãos estava enfiadas nos bolsos da calça jeans justa e surrada. Caminhava como se desfilasse com toda sua pose e estilo em uma passarela rústica e exótica. Respirou fundo e encolheu os ombros ao ouvir o assovio de uma garota que havia ficado semana passada. Será que elas não entendiam que Talena não pertencia à ninguém? Ela não podia amar, não novamente.

Há alguns anos atrás se apaixonou perdidamente por uma garota, era do sétimo ano. Talena ainda estava no quarto, mas foi o suficiente para sofrer até meses atrás. E desde que recuperou a vontade de viver desistiu de gostar de alguém de novo. Chegou no jardim e logo encontrou Christine, que estava acompanhada de Kimberly. As duas não estavam com uma cara muito boa, deviam estar esperando há umas duas horas e meia no mínimo. Lena deu aquele sorrisinho de "desculpa!" e fez a cara de cãozinho abandonado que quase ninguém resistia.

- Pode parar, isso não funciona mais comigo. - Disse Kimberly friamente enquanto fitava a morena com olhares duros. Ela era a mais impaciente das amigas, a mais explosiva e intolerante, mas mesmo assim Kim era uma boa amiga. Ela puxou Talena, fazendo-a sentar-se na marra e cheirou seu pescoço. Conheciam-se bem demais para ocultar qualquer coisa. - Ela tem algo importante a dizer, mas não! Você tinha que parar para f*** com a primeira que aparecesse na tua frente? Vê se cresce, Talena! Tudo bem, sexo é necessário...Mas deixar uma amiga de lado par...

- Pode ir parando, Kim. Ela tem seus motivos, assim como tenho os meus. Relaxa... - Christine tinha uma voz tão triste e fria, era como se não fosse a mesma garotinha bêbada que curtia por aí com as duas amigas. Ela estava abraçada com as próprias pernas e descansava a cabeça nos joelhos, estava realmente abatida por alguma coisa que as amigas desconheciam, mas logo saberiam. - Bem...Agora que o Clube da Luluzinha Gay está completo...Ontem eu beijei a Luna. - Ela falou com os olhos brilhando, depois enfiou a cabeça no meio das pernas como se quisesse esconder.

- E...? - Kim, que esperava uma verdadeira notícia de luto, ficou decepcionada. Mas acariciou as madeixas longas e pretas da amiga e beijou sua bochecha, tinha que fazer sua parte. - Vai me dizer que...Ah, não brinca! Você nunca tinha beijado ela antes? - Perguntou surpresa, entendo o por que do tal alvoroço.

- É...Eu nunca tinha beijado ninguém antes! - Falou envergonhada, mordiscando as mangas da blusa de frio. Estava entorpecida pelo beijo, mas não queria demonstrar isso. A cada dia que se passava tinha mais e mais certeza de ser compatível com Luna, queria provar isso para a outra e o resto do mundo. - Mas ela chorou depois, acho que se arrependeu.

- Tsc...Vou te ensinar alguns truques, garota. Você tem que pegar o ponto fraco delas e deixá-las loucas por você, e fazer isso é fácil! - Comentou Talena, que fumava tranquilamente enquanto olhava para a massa de estudantes que saia pela enorme porta de mogno lá no fundo do cenário que fazia a visão delas.

- Ei! Por que para ela você ensina e para mim não? - Perguntou Kim intrigada, enquanto atirava pequenos pedaços de galho na amiga. Chris fez uma careta, gabando-se por ter a sorte de ser uma 'aprendiz' de Lena, Kim mordeu o braço da amiga e elas começaram a fazer um tipo de briguinha, sempre faziam isso. Lena continou a observar os alunos que iam e vinha. Talvez buscasse uma nova vítima, quem sabe. Nunca tinha o bastante, nunca tinha o preciso para suprir seu imenso vazio.

- Sabe do que você precisa agora, Chris? Claro...Além de álcool e um pouco de nicotina e tabaco...Mudança! Que tal cortar esse cabelo e passar uma tinta castanho? Sabe...Você vai ficar muito gostosa se fizer isso, se eu ficar bêbada juro que te dou uns pegas! Ah, sem esquecer o melhor detalhe...Que tal uma tatuagem? - Kim tinha um brilho quase doentio no olhar. Ela tinha idéia revolucionárias, porém quase todas eram lunáticas assim como si.

- Vamos com calma, ok? Sexo, álcool, cabelo e...Tatu-oque? - Perguntou confusa enquanto fazia uma carinha bonitinha de dúvida. Ela era realmente meiga, mas era uma inocência sensual, se é que me entendem. Bruxa quase tradicional, ela pouco conhecia do mundo trouxa. Gostava, admirava coisas diferentes que nele havia, mas até então desconhecia os prazeres do body art.

- Tipo...Tatuagem é isso aqui. - Sem inibições, Kim levantou a blusa e mostrou uma grande vitrola tatuada em sua barriga, deixando seu belo corpo cheio de curvas à mostra. - Tenho mais. Muito mais...Algumas em lugares que não dá para mostrar agora. Piercing você sabe o que é...Eu tenho em lugares que também não posso mostrar agora. Essa é a maravilha de entrar no mundo trouxa. Cansei de ser Sonserina adepta às tradições. Meus pais morreram mesmo, a quem preciso provar que sou perfeitinha? - Havia passado muito tempo nas ruas e raves trouxas, conhecia de tudo um pouco. Desde arte no corpo até as drogas ilícitas.

- Hmmm...Isso é lindo. Dói? - Perguntou curiosa. - Hey, Lena...O que você acha de eu fazer uma dessas? - Olhava para Kim, mas depois desviou o olhar de Talena. Aliás, em que mundo Talena estava? Totalmente absorta em pensamentos que só merlim sabia o que era, ela cutucou a amiga para ter certeza de que estava viva. - Lena? - Perguntou novamente. O cigarro estava quase acabando e com uma bituca enorme, Talena parecia estranhamente hipnotizada. - O que aconteceu com ela? - Perguntou, desistindo e voltando-se para Kim.

- Dá uma olhada discreta pra aquela morena que vem vindo. Viu? - Comentavam sobre uma garota alta, vestindo um vestido preto e sensual, de longas madeixas de tom castanho. Ela era uma deusa, deveras bonita. Um rebolar provocante, porém discreto, um ar doce e ao mesmo tempo avassalador. Aquela era a aluna nova, a transferida de Dumstrang. A Corvinal que virara sensação entre os alunos veteranos. - É uma novata, transferida. Linda, não? A Lena tem tara por garotas do tipo dela, até hoje não vi ela resistir a nenhuma desse tipo... - Comentou sorrindo maliciosamente.

- Não se aproxime muito, elas são aberrações. Elas ficam com mulheres!Devem passar o dia se beijando! - Um garoto, que Lena sabia ser da Grifinória, sussurou isso para a novata - que Lena tinha certeza nunca ter visto, afinal, não ver uma mulher daquelas era crime - mas fora sonoro o bastante para Lena e as outras ouvirem também.

- É, e é melhor passar longe garoto! Se não me tranco com a sua namorada no banheiro! E te garanto que ela vai gostar! - Ameaçou Talena, mas era óbvio que estava apenas de gozação. O moleque falou alguns palavrões e saiu andando emburrando, enquanto ele e elas eram seguidos por olhares curiosos. Lena encarou a novata confiante, esboçando um sorriso amigável nos lábios.- Desculpe...Nós não mordemos, pode sentar se quiser. - "Ela vai te chamar de aberração e te mandar pastar, Lena." Pensou consigo mesma.

- Wow! She is sexy hot, uh? - Sussurou Kim. Lena não entendia o problema que as pessoas em Hogwarts tinham em sussurar, porém o sussuro fora tão "discreto" que até a própria garota devia ter ouvido. Kim conhecia o tipo de Lena, por isso o comentário provocativo. Ecstasiada em seus pensamentos e sentimentos, ela não sabia como reagir tudo aquilo, porém ficou realmente feliz ao ver que a morena sorria e não parecia se importar com a informação dada pelo Grifinório, ao contrário, ela até se sentou com elas. No segundo seguinte todas estavam sentadas, olhando umas para as outras. Kim tinha a sombrancelha direita arqueada, Christine parecia babar e Talena estava longe dali. Não conseguira ser discreta, então apenas devorava o olhar profundo da morena com seus próprios olhos verdes. Ela não era assim. Tratava as garotas bem, mas não deixava transparecer seu super interesse ou algo parecido, mas com ela parecia ser diferente.

- Conheço esse tipo de idiotas, nem se desculpe. - Disse a morena de forma decidida. Diante o sussurro difuso de uma das meninas, Alanna baixou os olhos, reprimindo parte de seu sorriso, mesmo que este insistisse em se alastrar. Embora olhasse por outras vezes para o restante do grupo de garotas, Talena era que despertava em Alanna o maior interesse; um certo fascínio que tornava sua permanência ali cada vez mais desejável e agradável.


- Talena Mayfair, mas pode me chamar de Lena. Você é novata, não é? - Perguntou curiosa.

- Kimberly Khvotosv, mas pode me chamar de "meu amor"! - Brincou Kim, e depois beijou as costas da mão da morena. Kim sabia que ao fazer isso ia deixar Lena irritada, mas essa era a intenção. Talvez tivesse um pouco de ciúmes, mas nem ela própria sabia disso.

- Christine Lafayette, mas me chame de Chris. - Apresentou-se ainda abobada pela beleza exótica e realmente chamativa da morena. Chris tinha um ar meigo e um pouco tímido, porém isso fazia ela se tornar encantadora também.

- Alanna Locklear. - Apresentou-se com certo constrangimento, disse olhando Talena de modo insistente e profundo. Sentia-se completamente inquieta. Forçou-se então a desviar o olhar da garota por um breve instante. A luminosidade que incidia sobre os fios castanhos de Alanna, provocava um suave e harmônico fulgor. Passou a analisar os traços e curvas da garota do modo mais discreto que pode. Sua mente fervilhava com a recente informação, ainda não se sentia certa sobre o que o Grifinório dissera, embora uma tranqüilidade houvesse invadido-a, com a simples idéia de ser real. Sentou-se com cuidado, mantendo ambas as pernas flexionadas, o tecido do vestido recuando perceptivelmente pelas pernas dela. Quando já acomodada, frequentemente tornava a cobrir-se com o tecido, mas logo parou com a insistência, cansada. Percebia e retribuía o olhar de Talena, mas por vezes, mantinha o gesto de passear as íris castanhas pelo extenso terreno, ou às outras garotas. Um certo temor começava a surgir, despontava traiçoeiro, dentro de toda aquela onda envolvente que parecia que chegaria a dominá-la. Poderia ter sido somente para irritá-las, a fala do Grifinório.

Alanna Locklear é uma bruxa mestiça, sua mãe - trouxa - trabalhava com pesquisas sérias, por isso a família era praticamente nômade. Viajavam e se mudavam constantemente, então a morena nasceu na Inglaterra, mas logo mudou-se para o México, seguido de França e muitos outros países europeus e asiáticos. O último lugar que morou fixamente foi a Rússia, morava com os pais e o irmão, estudava em Dumstrang. Desde que se entende por gente, interessa-se mais por garotas do que garotos, mas deixa isso um tanto quanto oculto, pois não acha relevante sair por aí falando "Oi, sou Alanna Locklear, gosto de Quadribol, chocolate, História da Magia, sou mestiça e lésbica." Bem, mas o mais interessante na história dela é o fato da transferência, ou melhor, quase expulsão. De todas as escolas bruxas, Dumstrang é uma das mais tradicionais. Lá ela não agradava muito por ser mestiça, e depois que foi pega com sua ex-namorada em uma sala vazia...Agradava menos ainda. Interessante? Esperem e verão mais ainda.
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- Não está doendo, Chris? - Perguntou Alanna curiosa ao observar com os olhos semicerrados o tatuador trouxa desenhando no braço esquerdo da jovem. Ela estava fazendo uma sátira às grandes metrópoles trouxas, também flores e uma garota. Decidira tudo em cima da hora, mas fora uma decisão certeira. - Quando eu fiz a minha doeu um pouco. - Comentou mais para si do que para as outras meninas.

- Só dói quando eu respiro. - Comentou para si mesma. Não importava aquela dor física, a dor da agulha desenhando em parte de seu corpo, isso realmente não doi. Só doia pensar que enquanto ela estava ali, marcando uma fase importante de sua vida, Luna devia estar se amassando com Gina em algum lugar. E estava mesmo, mas isso não importa agora.

Cabelos realmente mais curtos, agora num tom castanho claro. Christine havia aceitado a idéia de uma mudança física para tentar mudar o emocional, a idéia vinda de Kim. Na primeira semana de férias foram todas juntas em um estúdio de tatuagem trouxa, Kim já conhecia o lugar, fora lá que se tatuara todas as vezes. Talvez aquele momento marcasse uma fase especial da vida de todas, que agora haviam se tornado um grupo inseparável. Sim, até mesmo Alanna Locklear, que parecia tão séria e comportada, agora estava nesse grupo. Inseparáveis havia se tornado, todas estavam passando as férias juntas, na casa grande que a família Lafayette deixava alugada o ano inteiro - exceto as férias.

Christine estava sentindo a mudança penetrar a cada parte de seu corpo, causando uma situação estranha, mas ao mesmo tempo entorpecente. Deitada naquela maca, sentindo a agulha marcar seu corpo com desenhos escolhidos por si, ela lembrou-se de sua vida. Lembrou do dia em que acordou pela manhã, desceu as escadas correndo e procurou os pais para beijar-lhes e desejar bom dia, mas encontrou apenas dois cadáveres. Lembrou quando foi levada para um orfanato trouxa, sendo menosprezada pela justiça tão falha. Sentiu saudades de seus pais, sentiu saudade de sentir-se querida e amada. Aos sete anos ela tentou se fazer forte, mas não era "grande" o suficiente para isso, mas o destino havia de intervir em sua vida com uma cartada final boa, ah, havia sim.

Adotada por um casal francês excêntrico e divertido - ambos muito jovens, porém ele era estéril - descobriu que não precisava tornar sua vida um horrorshow, mas sim que tinha muitos motivos para sorrir e viver. Tivera sorte, muita sorte! A sua nova mãe, Aimée, era bruxa. Mudaram-se para um apartamento muito grande, decorado com muitos quadros e cores, cheio de coisas malucas e divertidas. Cada dia era um novo capítulo divertido e especial a ser escrito, e ela percebeu então que a vida sorria para si.

- Pronto. - Falou o homem com uma barba ruiva trançada, parecia uma versão punk do famoso Papai Noel. Ele colocou um plástico na tatuagem e explicou as recomendações para todas as garotas, e então tudo virou festa. Alanna decidiu tatuar um tribal nas costas, em cima do traseiro (e deixou todos babando quando deitou-se e levantou a blusa), Kim fez um piercing novo, Lena escreveu alguma coisa em latim e bem pequeno no braço.

Estava entardecendo, elas caminhavam pelas ruas trouxas londrinas como se o mundo pudesse parar quando elas quisessem, assim desceriam e aproveitariam ainda mais a vida. Era um conto-de-fadas imperfeito, cada uma com suas dores, cada uma com seus amores. Histórias a serem escritas, medos a serem expostos, felicidades a serem tomadas...E então talvez o fim. Talvez fossem rebeldes demais para viver, ou talvez irreais demais para sonhar. Um pedaço de complexo imperfeito.

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- Mãe... - Gina estava com um tom de pele muito corado, mas não era de timidez ou medo. Estava feliz, muito feliz. Sentia a coragem percorrer cada pedaço de seu corpo, sentia que não havia nada para perder, que só podia ganhar ao lado de Luna. Estava tão convicta daquele namoro, daquela situação...Que tomaria uma decisão que jamais poderia voltar atrás. Jamais. - Eu amo a Luna. E nós estamos namorando. - Sorriu e manteve o peito meio estufado, como se quisesse transparecer orgulho e felicidade, como se quisesse dizer "nada vai nos parar".

- Gina...Não vai dar certo! - Resmungou Luna, que encolhia os braços e respirava fundo para tentar se concentrar em alguma coisa. Estavam ensaiando, iam contar para a família de Gina naquela tarde. Sabia que seria complicado, que talvez fossem separadas para sempre. E ela adorava o Sr. e a Sra. Weasley, não queria perder a amizade deles, não queria ser odiada para sempre pela população bruxa ruiva. - Você quer mesmo contar isso a eles? Digo...É legal da sua parte, mas...Por que hoje? Agora?

- Ah...Então quer dizer que você vai me deixar logo? Que não preciso continuar convicta que sou sua eternamente, que você é minha? Então foi só sair beijando outra que te fez perceber que eu sou uma porcaria? Luna...Eu pensei que você queria isso também, que não aguentava mais se esconder! - Sabia apelar emocionalmente de um modo quase perfeito, tudo soava um pouco vulgar, mas sincero. Talvez Gina estivesse se acostumando muito bem com o fato de não ser apenas mais um namoro de aparência e status, talvez fosse pra valer.

- Não! Não diga isso, Gi. - Luna colocou as duas mãos no rosto de Gina, que parecia muito emburrada. A loira ficou sem o que dizer, então sorriu um pouco distorcida e assentiu com a cabeça. - Vamos lá, tente de novo. Mas não faça parecer que é só mais uma nova aventura...Faça parecer que é pra valer. - Sorriu confiante e encarajadora.

- Eu vou falar para eles hoje, tenho certeza. Mas...Você promete que nunca vai me deixar? Que sempre vai ser minha, que sempre vai me amar? - Era quase uma súplica, seu olhar suplicava por uma resposta afirmativa, seus lábios estavam úmidecidos e provocantes, sua feição era diferente de todas as outras que mostrara para alguém antes. Pela primeira vez em muito tempo Gina lembrava o que fora um dia, uma garota astuta e atrevida, mas cheia de si. Confiante no que era por dentro, não no que demonstrava ser.

- Claro. - Luna falou sorrindo, mas sentiu - por dentro - algo trepidar. Por que não conseguia ser cem por cento convicta? Por que agora que parecia distante e sem confiança era ela? Ela que tanto lutou para aquele relacionamento dar certo, que perdoou inúmeras bobagens e mancadas, que jurou amar para sempre. Luna selou os lábios de Gina com os seus, e depois condenou-se por não ser tão perfeita como gostaria de ser.

A tarde passou voando, divertiram-se jogando uma partida amadora de Quadribol nos jardins e depois foram conversar com os meninos na sala. Luna sentia-se acolhida por casa Weasley, sentia-se da família. Estava pronta para colocar tudo aquilo a perder? Saberia lídar com aquela situação delicada e difícil depois da bomba ser lançada? Ela mesma tinha pouca fé nisso, tinha medo. Não queria fazê-lo, ainda não. Desejava esperar mais um pouco, esparava crescer um pouco mais. Ou esperava ter certeza de que realmente amava Gina? Não, isso jamais, bem, pelo menos repudiou a idéia de imediato, dizendo a si mesma que realmente amava a ruiva, que sempre a amaria. Depois de longas conversas nonsenses, as duas subiram para o banho. Luna sentia vergonha de se despir na frente de Gina, apesar de ter um corpo bonito, sentia-se mal. Ela cobria os seios e o sexo com as mãos e os braços, sentia-se intimidada pela beleza exuberante da outra.

Seus olhares se perdiam em cada curva perfeita do corpo da ruiva, seus olhos azuis acinzentados até chegavam a brilhar. As maçãs do rosto avermelhadas e os lábios contraídos, era como se nunca tivesse visto coisa tão perfeita. Gina era deveras linda, seu corpo era perfeito e endeusado. Gina ria com a situação, podia sentir o desejo no ar. Sem mais demoras puxou a namorada para si, beijando-a com ardor. Mãos coladas, dedos entrelaçados e lábios unidos como se fossem um. Amavam-se como se aquele dia fosse o último que teriam para se amar. Um amor sincero e mergulhado em desejo e paixão.

O momento perfeito foi interrompido, Molly batia na porta e pedia para entrar. Em uma fração de segundos Luna deu um passo largo para trás e puxou a primeira coisa que viu pela frente - seu casaco - e cobriu seu corpo. A mulher entrou sorridente, dando de ombros a situação, deixou algumas toalhas de algodão em cima da cama vazia de Gina e saiu, nem olhara-as direito. Óbviamente o clima havia sido quebrado, Luna nem sonhava em se aproximar novamente.

- Que saco! Ela sempre estraga tudo, sempre. Por isso não vejo a hora de contar tudo pra eles, assim ficamos livres e podemos dar uns amassos aqui no quarto mesmo. - A forma natural com que Gina falava fazia tudo parecer fácil, banal...Mas não era. Por mais compreensiva e legal que fosse sua família, aquela verdade que estava prestes a ser aflorada era sensível demais, perigosa talvez. E era exatamente por isso que Luna estava tão apreensiva.

- É... - Falou um pouco confusa e indiferente. Luna arrumou uma desculpa qualquer para tomar banho depois, lógico que Gina percebeu que a outra estava desconfortável com a situação, então apenas respeitou e não insistiu mais. Depois do banho as duas desceram para o jantar, Luna estava passando mal. Um calor desconfortável percorria cada pedaço do seu corpo, imaginava como seria degolada pela Senhora Weasley, ou como Hermione ficaria indignada e Rony enojado. Sentiu medo, vontade de correr para longe dalí. Uma coisa era seu pai saber, apoiar, compreender, afinal, era apenas ela e ele em casa. Mas outra coisa era a imensa família Weasley.

- Boa noite meninas! Estão com fome? - Atenciosa e amável, a Senhora Weasley era o símbolo de uma mãe perfeita. Luna sentia mariposas em seu estômago, por isso apenas sorriu em resposta. Um sorriso amarelo e amedrontado, que causou desconfiança da parte da mulher. - Está tudo bem com você, querida? - Disse enquanto colocava o ensopado em uma travessa de acrílico.

- Err...Tudo, caham...Tudo ótimo, Sr. Weasley. - Tentava parecer natural, mas sua expressão e sua contração diziam exatamente o contrário. Ela respirou fundo e desviou o olhar, encarando a porta do armário como se fosse a coisa mais interessante do mundo. O armário. Era a hora do casal sair do armário. Gina parecia pronta, mas Luna nem de longe.

- Ah, querida! Pode me chamar de Molly, está bem? Você é como da família! - "Será que ela vai dizer isso quando souber que beijo a filha dela?" A jovem loura se perguntou, sentindo uma pontada na boca do estômago. Era tudo tão delicado e complicado, desejou sumir dalí, ir para bem longe. Estava a família inteira lá, dos gêmeos ao mais novo casal. E então...O que seria?

Ajudaram a mulher levar todas as coisas para a mesa e depois se sentaram, lado a lado. Gina pretendia anunciar tudo antes do jantar começar, por isso entrelaçou seus dedos com os de Luna, demonstrando ansiosidade e empolgação. Luna parecia se encolher na cadeira, ter dificuldades em respirar e estar extremamente desconfortável. Queria, sinceramente, que tudo desse certo. Mas seu medo era ainda maior, medo das coisas tomarem o rumo dos filmes trouxas, de tudo acontecer trágicamente e acabarem sendo separadas.

- Está tudo bem com você, Luna? - Hermione perguntou receiosa. Era evidente que havia algo de errado com a garota loura e excêntrica, estava quase entrando debaixo da mesa. Luna respondeu, tentando demonstrar-se indiferente, que não, mas Hermione óbviamente não se contentou com a resposta, mas achou melhor não perturbá-la mais, afinal, não tinha tanta liberdade com a outra assim.
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Balbuciavam palavras quentes, deixando seus hálitos mentolados e frescos se tornarem um. Os corpos nús, cobertos apenas por um fino lençol azulado, várias mechas espessas de longos cabelos castanhos estavam se amontoando aqui e ali. O desejo havia se tornado realidade, naquele quarto de hotel trouxa Talena e Alanna amaram-se (deu pra entender, né? :P) durante dia e noite, parando apenas para fumar um cigarro ou conversar sobre as coisas absurdas da vida. Eram extremamente opostas uma da outra, de um lado Talena, a garota que mais sofreu, porém muito viveu, amou e desamou, e então desistiu de amar. E do outro lado Alanna, a apaixonada e misteriosa morena, aquela que acreditavam cegamente no amor e baseava-se nele para viver. Quem um dia irá dizer que existe razão para as coisas feitas pelo coração?

Mais uma jogada. Jogada certeira ou apenas zombeteira? O que o destino previa para todas aquelas garotas, com a vida tão conturbada, mas igualmente colorida? Mais respostas que o tempo irá responder. O amor morre nos lugares mais inusitados, mas também cresce onde lhe é capaz de florescer. Pense nisso. Pense, Talena. Pense, Alanna. E pensem nisso todas vocês, apaixonadas, desapaixonadas, todas.
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DESCUUULPA! Perdão pela demora, gente ._.

O novo capítulo tá aí 8D Espero que gostem, ok? Alguma reclamação...Err...Tratar comigo u.u

Sim, o draminha da Luna e da Gina só continuam no próximo episódio. E sim também, vou voltar o foco principal nelas ;D

Boa leitura

:*

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