Consílio dos Deuses



Capítulo 10 – Consílio dos Deuses



Harry encontrava-se no Departamento dos Mistérios, na sala do véu. Nada fazia sentido. Como é que estava ali, se há alguns momentos atrás estava no seu dormitório em Hogwarts? Várias personagens ocupavam a sala, formando uma espécie de corredor em forma de funil, até à passagem em forma de arco. Todas elas eram divindades egípcias: Horus, Háthor, Ísis, Anúbis, Osíris, Seth, Rá, entre muitos outros. Horus, o Deus Soberano, aproximou-se calmamente de Harry.
- Até quando vais tu renegar a proposta que te fizemos?
Então era isso! Eles estavam ali para lhe cobrar o que queriam dele.
- Renegarei até que insistam em me obrigar a fazer o que eu não quero.
- Tu rejeitas Djet, a eternidade. Tens noção de que és o único em milénios a quem oferecemos esse privilégio?
- Horus, de que me serve a imortalidade, se não posso vivê-la com aqueles que amo? De que me serve a eternidade se serei infeliz para sempre?
Um burburinho instalou-se na sala. Eles não compreendiam. Eles já tinham nascido imortais, pelo que não poderiam saber o que Harry sentia nesse momento.
- Não compreendemos a tua decisão, mas devemos respeitá-la.
- Não podemos concordar com isto, Háthor!
- Porque não, Anubis? O facto de não querer a imortalidade, não faz dele menos merecedor de receber o poder que Horus lhe deixou.
- Eu concordo com Háthor. O meu filho escolheu-o como seu herdeiro e eu confio no seu juízo. Além disso, o Harry já se mostrou mais do que capaz de transportar um poder tão grande.
- Eiii! Vossas Divindades! Esqueceram-se que eu estou aqui? Posso não ser um Deus como vós, mas não deixo de ser invisível.
Rá, o Deus Sol, soltou uma prazerosa gargalhada, ao ouvir o comentário do rapaz.
- Tenho pena de não quereres juntar-te a nós. Seria bom ter, para variar, alguém com bom sentido de humor. Já nos basta o mau feitio de Seth.
- Ei! Vê lá como falas de mim, ó “douradinho”. E além disso, tu já falas como se tivéssemos decidido.
- E não decidimos? – Todos os olhares se viraram para Horus. Este achou que estava na hora de acabar com a discussão, antes que o seu tio começasse a tentar matá-los a todos. Não que isso fosse possível, mas Seth tinha a mania irritante de tentar – Todos concordam comigo que ninguém conseguirá fazer o Harry mudar de ideias. – A voz do Deus Soberano ressoou poderosa e autoritária. Ninguém ousou contrariá-lo, nem mesmo Seth. – Visto que todos estamos de acordo, Harry, já podes dar-nos a tua resposta.
Durante longos momentos, nenhum barulho, com a excepção do leve agitar do véu sob a passagem em forma de arco, foi ouvido. Ninguém se atreveu a quebrar aquele silêncio. Aquele tempo, era o tempo que Harry tinha para decidir. Foi difícil. Ele não queria tanto poder. Quando aceitara o olho de Horus, semanas atrás, fora apenas, porque ele lhe permitiu trazer de volta tanta gente de quem ele gostava. Mas o que ele queria era simplesmente viver uma vida normal, com a sua família e os seus amigos, tornar-se auror e formar a sua própria família ao lado da mulher que amava.
- Eu não posso aceitar carregar esse amuleto. Já é suficientemente mau ser conhecido por ter derrotado um bruxo das trevas quando tinha um ano de idade, quando este tinha acabado de matar os meus pais. Eu quero ser apenas o Harry, não o “menino-que-sobreviveu” ou o “Herdeiro de Horus”.
Apenas uma pessoa na sala parecia compreender as palavras do Herdeiro. Ísis, sempre emitindo uma aura aconchegante, aproximou-se de Harry e abraçou-o. Não era por outro motivo que ela era a Deusa da Família. O seu abraço era realmente reconfortante.
- Nós não te obrigaremos a nada. O facto de aceitares carregar o poder de Horus, não quer dizer que tenhas de deixar de ter uma vida normal, nem precisas de o usá-lo se não quiseres. Apenas achamos que está na hora do Olho de Horus passar para as mãos de um mortal.
Quando Ísis se afastou, Harry fechou os olhos com força, tentando encontrar os prós e os contras daquele pesado fardo, no que o amuleto lhe traria de bom e de mau. Quando finalmente os abriu, todos o olhavam ansiosamente, aguardando uma resposta sua.
- Ok, eu aceito. Mas eu quero impor as minhas condições.
- Estamos prontos para as ouvir.
- O quê, Horus?! Vais aceitar assim, sem luta, sem fazer mais nada?
- SETH, EU NÃO ADMITO QUE QUESTIONES AS MINHAS DECISÕES. Estás a esquecer-te de quem é o Soberano aqui? – A voz de Horus fez todos na sala tremerem. Seth apenas fechou a cara e calou-se. – Fala, Harry.
Harry tentava ainda recompor-se do episódio anterior, bem como tentar esconder um certo tremor que se apoderou dele. Ele já tinha falado antes com Horus e até tinha gozado um pouco com ele, coisa que ninguém no seu juízo perfeito faria. Mas agora, vendo a reacção dele, o moreno compreendia porque é que os livros sempre o descreviam como um deus implacável e intimidante. Endireitando-se, ele prosseguiu.
- Bem… primeiro… eu não quero ser imortal.
- Já tínhamos decidido respeitar isso.
- Sim… depois, eu não quero que me obriguem a fazer nada a que eu me recuse.
- São só essas as condições?
- Não, há uma última. Eu queria que me avisassem das acções de Voldemort! – vendo as reacções de surpresa de todos os deuses, Harry decidiu explicar – Eu sei que parece estranho, ainda mais tendo eu derrotado esse patife há alguns dias. Mas é que eu tenho a sensação de que ele ainda não se foi de vez… quer dizer, eu sinto que ele um dia vai voltar e eu queria estar preparado quando esse dia chegar.
- Muito bem. Atenderemos aos teus pedidos. Mas agora… Rá, está na hora.
Ao sinal de Horus, o Deus Sol destacou-se do grupo e logo um vento percorreu a sala.
- Pelo poder que me foi confiado por Horus, o Deus Soberano, eu Rá, criador do Olho de Wadjet e o seu protector, invoco-o, para que aquele que é digno de o usar possa carregá-lo de hoje em diante. – na mão de Rá surgiu o amuleto que Harry rejeitara dias antes. Dando alguns passos em direcção a ele, o deus depositou o olho de Horus no seu pescoço. Cumprido o seu papel, Rá afastou-se, dando a palavra a Ísis.
- Com este amuleto, herdarás os poderes de Geb, a terra e de Nut, o Céu, assim como terás controlo sobre os quatro elementos: terra, ar, fogo e água.
- Terás também parte activa no julgamento da vida e da morte. – falou Anubis – Mas atenção, não uses este poder discriminadamente.
Horus esperou até que o ritual terminasse e só depois falou.
- A partir de agora terás o maior poder que algum humano alguma vez possuiu. Tenta usá-lo com o coração e não com a razão. O teu coração é a tua maior arma. Mas cuidado, pode ser também a tua maior fraqueza e poder-te-á levar por caminho que, tenho a certeza, não gostarás de seguir, caminhos que terão como base o medo e raiva.
Harry teve a sensação que aquilo era semelhante a algo que ouvira certo dia num filme Muggle. Como era mesmo? “Fear is the path to the Dark Side. Fear leads to anger, anger leads to hate, hate leads to suffering”, ou seja, “É o medo que leva ao Lado Negro. O medo leva à raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento”. Podia sentir agora o peso do amuleto no seu pescoço e podia agora tocá-lo. Mas, de repente, lembrou-se de algo.
- Isto não vai ficar aqui para sempre… quer dizer, eu posso ocultá-lo, não? Não vai ser muito agradável se todos o reconhecerem no meu pescoço. E lá se vai a vida normal.
Rá, mais uma vez deu uma sonora gargalhada.
- Realmente, o teu sentido de humor é incrível. Não… tal como te disse antes, o amuleto vai desaparecer até que tu o invoques. Não te preocupes, quando chegar o momento certo, tu vais saber o que fazer.
“Realmente, estou a sentir-me mais reconfortado” pensou Harry sarcástico. “Estes deuses são loucos”.
- Agora talvez seja melhor regressares, Harry.
- Concordo, Horus. Não saberei como explicar se algum dos meus amigos acordar e vir a minha cama vazia.
Para surpresa de todos, Horus deu o primeiro sorriso em milénios da sua existência, por mais fraco que fosse.
- Eu gosto de ti, rapaz. Cada vez me orgulho mais da escolha que fiz. Sabes… tu não estás aqui de verdade, nós estamos nos teus sonhos. Se algum dos teus amigos olhar neste momento para a tua cama, encontrar-te-á a dormir profundamente.
- Compreendo. Mas agora devo mesmo voltar.
- Obrigado, Harry, por tudo!
Sem dar tempo para responder, o deus fez um gesto com a mão e, rapidamente, Harry acordou no seu quarto, na torre de Gryffindor, àquela hora envolvida pelos roncos de Neville e os comentários apaixonados de Ron sobre uma certa pessoa.
- De nada Horus. Mas podias ter-me deixado a dormir! – sussurrou ele, antes de se virar para o outro lado para tentar adormecer de novo.



Nota de Autora: Olá de novo. Tal como prometi, aqui está o capítulo dez. É, sei que ficou pequenininho, mas teve de ser assim.
Eu queria que este capítulo ficasse perfeito, por isso espero ter estado à altura. POR FAVOR, DIGAM-ME O QUE ACHAM!
A frase dita pelo Harry, foi tirada do filme “Star Wars and the Phantom Menace”. Não liguem… é que eu sou uma grande fã desta saga e não resisti a colocar uma frase de um dos filmes, e esta, pessoalmente, é uma das minhas preferidas.
O título do capítulo vem da grande obra portuguesa “Os Lusíadas” do maior poeta português, Luís Vaz de Camões. É uma obra fantástica e eu aconselho toda a gente a ler. Eu pessoalmente adorei.
Julinha Potter, obrigada pelo comentário. É bom saber que alguém gosta do nosso trabalho. Obrigada mesmo!!!!!!!
E aqui vai o pedido do costume: COMENTEM, POR FAVOR....
Vou tentar postar o novo capítulo amanhã. Mas não prometo nada.
Um grande beijo, Guida Potter.

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