Esclarecimentos



Capítulo 5 - Esclarecimentos


Quatro dias se haviam passado desde que Lily decidira fazer a poção. Ela, juntamente com Marlene e Hermione, que aceitara a proposta sem pensar duas vezes, trancaram-se num dos quartos de Grimmauld Place e só saíam de lá quando a fome apertava ou quando o sono era tanto que, por mais que quisessem continuar, sempre faziam algo errado. Passados esses dias já começavam a perder a esperança de algum dia conseguir um resultado decente.
Ron e Ginny regressaram à Toca, segundo as exigências da Sr.ª Weasley, que queria ter os seus filhos junto a si até ao início das aulas. Harry, pelo contrário, ficara na casa do padrinho, que continuara como sede da Ordem da Fénix, onde se divertia imenso ouvindo as histórias dos Marotos em Hogwarts e aprendendo alguns truques para azarar Slytherins mal encarados ou para se livrar de Filch cada vez que aprontasse alguma. Lily não iria gostar de saber que o seu “bebé” estava a ser corrompido por dois homens que ela afirmava serem “duas crianças que cresceram de mais e agora não se adaptam ao mundo dos grandes”.
Remus e Tonks passavam mais tempo na Sede do que em sua casa, não só por causa de assuntos da Ordem, mas também para passarem mais tempo com os amigos. Remus parecia muito mais novo e podia até dizer-se que parecia quase tão jovem como James (NA: não esquecer que aqueles que regressaram à vida voltaram com a idade com que morreram). Sirius, por seu lado, parecia o mais jovem dos três marotos. Ter Marlene de volta, fizera-o recuperar o espírito Maroto, em grande força e agora, mais do que nunca ele tinha motivos para voltar a ser o Sirius de antes.
Os Potters e os Blacks foram convidados, por Dumbledore, a regressarem à Ordem da Fénix, da qual o “Trio Maravilha” fazia parte desde o início do Verão. É claro que Voldemort estava morto e tudo estava em paz de novo, mas o ex-director de Hogwarts não iria cometer o mesmo erro que cometera da última vez que o Lord das Trevas caíra e decidiu manter a Ordem a funcionar. Vários elementos da Ordem apareciam na Sede e todos concordavam que Grimmauld Place era bem mais interessante agora, que James e Sirius estavam lá.
Na tarde desse dia, haveria uma reunião convocada por Dumbledore para tratar de alguns assuntos pendentes. Harry estava ansioso que isso acontecesse, pois certamente veria o seu melhor amigo e a sua namorada.
A manhã passou rápido e logo era hora do almoço. Como sempre, Remus livrara-os de passarem fome.
- Não consigo perceber… três homens numa casa e ainda não aprenderam a cozinhar?
- Se te temos a ti para cozinhar para nós, porque é que nos preocuparíamos?
- Sabes, Sirius, eu posso simplesmente deixar de aparecer por aqui para vos tirar de mais uma encrenca…
- Tu não terias coragem. Já em Hogwarts era assim. Tu ameaçavas-nos que não irias entrar em mais nenhuma das nossas brincadeiras e na hora sempre aceitavas tudo o que nós fazíamos.
- ‘Tá James. Mas eu mudei…
- Será mesmo, Moony? Eu não acredito. A minha querida prima é tão santa como eu e diga-se de passagem que ela adora meter-se em confusões.
O ambiente naquela cozinha começava a despertar a fome de todos os presentes. Remus era um excelente cozinheiro e todos se deliciavam com os seus pratos.
- CONSEGUIMOS!!!!
Aquele grito ecoou por toda a casa e num segundo, três mulheres desgrenhadas mas sorridente emergiram pela porta da cozinha.
- CONSEGUIMOS… CONSEGUIMOS… – festejavam as três em conjunto. Demorou alguns minutos até aos homens perceberem finalmente o que elas tinham conseguido.
- Isso é maravilhoso! – disse Remus ainda de avental aos folhinhos e colher de pau na mão.
- Então podemos finalmente recuperar o Frank e a Alice?
- Podemos, James. Eu sabia que conseguíamos.
James beijou carinhosamente a esposa, seguido de Sirius que fez o mesmo com Marlene. Diante disto, Harry comentou.
- Hei! Há crianças inocentes nesta cozinha…
- Não te preocupes, Harry, o Remus já está a deixar de ser inocente… ou melhor, a Tonks está a tirar-lhe a inocência.
O pano que Remus tinha na mão voou na direcção de Sirius e acertou-lhe na cara.
- Será que todos estão dispostos a me atacar cada vez que eu abro a boca para falar?
- Se tu parasses de dizer tantas asneiras, certamente isso não acontecia.
- Também tu Marlene?
- Claro, Sirius! Agora tenho todo o tempo para te pôr rédea curta. Por isso vais andar na linha.
- Acho que andas a passar muito tempo com a Lily.
- Encaro isso como um elogio. – Declarou Marlene.
Nesse momento, chamas verdes apareceram na lareira e Dumbledore emergiu dela. Ao ver os sorrisos dos presentes, os seus olhos iluminaram-se. Certamente percebeu o motivo de tanta alegria.
- Bom dia a todos. Fico feliz de ver tanta alegria nesta casa.
- Bom dia professor. O que o traz por cá? A reunião é só à tarde!
- Minha cara Lily. Antes de tudo eu vim saber como anda a poção, mas vendo bem as vossas caras dá para perceber que conseguiram. – O seu olhar dirigiu-se para Harry – Eu precisava de falar contigo, Harry. Ainda não tivemos tempo de conversar desde que regressámos do Ministério.
- Claro, professor. Eu precisava mesmo de esclarecer umas coisas.
- Nós vamos deixá-los a sós.
- Obrigado, Sirius.
Enquanto os outros se retiravam, Dumbledore instalou-se confortavelmente numa poltrona junto à lareira, convidando Harry a juntar-se a ele.
- Sabes porque quero falar contigo, não sabes? – Harry confirmou com a cabeça – Muito bem! Eu gostaria de saber tudo o que se passou desde a minha morte.
Harry respirou fundo antes de começar. Recordar o que se passara nesse Verão ainda era difícil para ele.
- Eu procurei as Horcruxes e destruí-as. Os seus palpites estavam certos: faltavam a taça de Huflepuff, o diário de Ravenclaw e a Nagini. O medalhão de Slytherin estava já destruído. Aquele que encontramos na gruta era falso. Alguém o destruiu, mas eu não descobri quem foi. O bilhete do medalhão estava assinado como R.A.B. O senhor sabe o que isso significa?
- Não, eu não sei. Mas tentarei descobrir. Eu quero falar de outra coisa.
- Sobre o Poder de Horus. – Não era uma pergunta era uma afirmação. – Eu fiquei surpreendido como quase toda a gente quando soube. A Professora Trelawney profetizou o despertar desse poder. A partir daí eu pesquisei muito sobre ele e descobri muitas coisas. Mas nada disso foi comparado com tudo o que eu aprendi quando atravessei o véu.
- O que é que existia lá?
- Desculpe-me, Professor, por não responder a essa pergunta pois não estou autorizado. Mas como eu ia dizer, foi esse poder que me permitiu trazer toda aquela gente de volta, foi a única condição que eu impus para aceitar ser o portador do Olho de Horus.
- Ele está contigo?
- Não. Ele só aparecerá no momento em que eu o invocar. Confesso que não é agradável para mim transportar esse poder. – Harry esboçou um sorriso de gozo. – Há uma coisa em que o senhor se enganou.
- Estás a referir-te ao facto de ter confiado no Severus?
- Não, isso eu nem comento. Eu estou a dizer que o senhor se enganou quanto ao meu maior poder. Há pouco mais de um ano disse-me que o meu maior poder era a capacidade de amar. Pois eu digo que está enganado. Existe um poder tão grande como o Amor, é a Vida. Vida e Amor vivem em simbiose. Não há vida sem Amor e para o Amor existir tem de haver Vida, apesar do Amor permanecer mesmo depois da Morte. Quando eu trouxe os meus pais de volta eu usei esses dois poderes não apenas um deles. Por isso o senhor enganou-se.
- Não me enganei necessariamente. Apenas esqueci uma parte… – Um brilho diferente surgiu no olhar de Dumbledore. Era emoção. – Tenho imenso orgulho de ti, Harry. Tornaste-te uma pessoa muito melhor do que eu alguma vez poderia imaginar. Confesso que admirei a tua atitude, para com Voldemort. Poderias ter usado o Poder de Horus e ter terminado com tudo rapidamente. Mas preferiste dar-lhe uma oportunidade de se defender. É isso que eu admiro em ti e é isso que faz de ti um verdadeiro Gryffindor.
Harry sorriu para Dumbledore. Havia algo mais que ele identificava no olhar do ex-director. Era algo que vira imensas vezes durante todos esses anos de convívio e que nunca identificara. Mas nesse momento ele percebeu: era um imenso carinho, um amor de um avô pelo seu neto. Jamais iria esquecer-se disso.

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Na sede da Ordem da Fénix, havia uma grande agitação. Mesma tendo acabado a guerra, ainda havia muito trabalho a fazer. Além disso, a Ordem tinha agora quase o dobro do tamanho normal, uma vez que os elementos da Ordem Original tinham regressado. Dessa, só não estavam presentes Lily e os Longbottons. Muitos estranharam a ausência de Lily, mas um pequeno grupo sabia que nesse momento ela deveria estar a chorar abraçada a Alice, enquanto lhe contava tudo o que tinha acontecido.
Dumbledore observou o grupo reunido ali. Era um ambiente tão familiar que ninguém diria que aquela era uma organização secreta para combater as trevas. Ali todos se sentiam como uma grande família e, mesmo que muitos não se conhecessem, quando se reuniam sempre se faziam novas amizades. Foi a pensar nisso que Dumbledore decidiu iniciar a reunião. Ao seu sinal, todos se calaram para ouvirem o que ele diria.
- Meus caros amigos, como sabem, Voldemort está morto. Porém, ainda há muito trabalho a fazer. Os Devoradores da Morte que escaparam ao ataque ao Ministério continuam a monte e tenho a sensação que estão a pensar continuar o trabalho do seu mestre. Pelo que soube são dois os que continuam desaparecidos. – antes de continuar, o ex-director olhou para Sirius e James como que a pedir-lhes para não se exaltarem. – São eles Severus Snape e Peter Pettigrew.
- Aqueles reles traidores…
Um burburinho instalou-se na sala e Sirius, aquele que fizera o comentário discutia fervorosamente com o melhor amigo sobre a melhor maneira de apanhar os dois. Um sorriso maldoso passou pelo rosto de James. O que é que eles estariam a aprontar? Coisa boa não era de certeza.
Dumbledore esperou que os ânimos se acalmassem e recomeçou a falar.
- Destacarei alguns elementos da Ordem para tentarem encontrá-los. Não Sirius, não és tu, nem o James. Para os dois tenho uma outra missão.
- Não é justo… eu queria acabar pessoalmente com eles!
- Muitas coisas não são justas, Sirius. Eu não te permitirei que faças isso porque te conheço, sei que irás agir de cabeça quente e isso definitivamente não é bom. Por isso decidi atribuir aos dois uma nova missão. Sei que vão encará-la como um desafio e tenho a certeza que, apesar de todos os argumentos do mundo, nenhum dos dois irá recusar.
- Venha ela… – murmurou Sirius com um ar de tédio.
- Sobre isso falarei convosco a sós no fim da reunião. – um ar enigmático surgiu no rosto de Dumbledore, como se quisesse provocar os dois marotos.
A reunião decorreu durante mais de duas horas. Já todos aparentavam um ar cansado, quando Dumbledore decidiu que era hora de terminar.
- Finalmente, temos outro assunto para discutir: a reintegração de todos os que voltaram. Eu falei com o Rufus e ele vai permitir que todos aqueles que trabalhavam no Ministério voltem aos seus departamentos. Ele falará com o director de St. Mungus para acolher os antigos medibruxos e enfermeiros. Também tratará que os pertences, sejam eles imóveis ou mesmo contas em Gringotts, voltem para o nome dos respectivos donos.
- E aqueles que viram as suas casas destruídas?
- Para esses, Minerva, tentaremos arranjar uma solução, de acordo com a situação em que se encontrem. Mais alguma dúvida? Se não há, então dou por encerrada a reunião.

Mal Dumbledore terminou de falar, todos se levantaram e começaram a falar, muitos despedindo-se para regressarem a suas casas, outros conversando sobre o que fora discutido. Num canto da cozinha, Harry, Ron e Hermione falavam animadamente com Remus.
- Então, Remus, vais regressar a Hogwarts para dar aulas de DCAT?
- Lamento desiludir-te, Harry, não irei regressar. Convidaram-me para chefiar o departamento de Controlo e Regulação de Criaturas Mágicas. O antigo chefe reformou-se e o ministro achou que eu era a pessoa mais indicada para ocupar o cargo… quer dizer… Dumbledore deve ter dado uma ajudinha. Eu decidi aceitar.
- Que pena, nunca tivemos um professor de DCAT tão bom.
- No final do ano não vais dizer o mesmo, Hermione. A McGonagall confidenciou-me quem vai convidar para ser o novo professor e tenho a certeza de que, se ele aceitar, vão adorá-lo. Não façam essas caras porque eu não vou dizer quem é.
- E de transfiguração? Afinal a McGonagall não vai mais leccionar a disciplina.
- Tens razão, Ron. Ela vai convidar outro professor para dar essa aula. Não vos vou dizer quem é, mas podem ter a certeza de que é óptimo em transfiguração.
- Pelo menos sabemos que ambos são homens. Já é um princípio… Bem que nos podias dizer quem é e poupar-nos o trabalho de tentar extrair informações ao Hagrid.
- Não penses que te vou dar mais informações, Harry Potter, e nem te atrevas a tentar saber pelo Hagrid. Quando chegares a Hogwarts vais saber quem são.
Remus levantou o dedo até ao nível do nariz de Harry, tentando manter um ar sério, como se estivesse a repreender um dos amigos por alguma asneira que haviam cometido. Mas não aguentou quando todos se riram da cara dele.
- Estás a sofrer as más influências do teu pai e do teu padrinho. Era muito melhor seguires o exemplo da tua mãe.
- Ninguém consegue viver sem quebrar pelo menos uma regra ou duas. Até a minha mãe as quebrou. Olha a Hermione, um exemplo de aluna, sempre tentando cumprir as regras ao máximo. E olha só, meteu-se em tantas confusões como eu e como o Ron.
Remus pareceu meditar durante um momento. Pensou em dizer o contrário, mas no segundo seguinte lembrou-se de quem ele era filho e decidiu que não valia a pena contrariá-lo. Por mais que dissesse que estava errado, ele sempre acharia que era dono da razão. Ou talvez não… Harry não era como o pai. Por muito que dissessem que Harry era parecidíssimo com James, os dois não tinham nada a ver em termos de personalidade. Olhou mais uma vez para a expressão do Harry. Não, definitivamente, o rapaz estava a gozar com a sua cara.


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NA: Mais um capítulo está no ar!!! Saiu mais cedo do que tinha previsto, por isso tentarei pôr outro amanhã, se me prometerem que vão COMENTAR MUITO. E não, eu não estou a tentar fazer chantagem. Mas peço-vos, do fundo do coração, (isto está a sair demasiando lamechas), pelo menos votem, não custa assim tanto...
Mais uma vez, e porque ela merece, agradeço à minha beta, Lightmagid, minha grande amiga, que tem a paciência de corrigir todos os meus capítulos e aturar as minhas constantes queixas de falta de inspiração, de segunda a sexta-feira. Lightmagid, SOU A TUA FÃ N.º1.
Um grande abraço, Guida Potter.

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