A cor do sangue!



O frio batia-lhe na cara. Não um frio normal, mas um gelo cortante. O Inverno tinha vindo, e acomodara-se para ficar. O manto branco cobria o imenso jardim daquela mansão. Um rapaz alto, de corpo atlético, andava pesadamente pelo caminho que ligava a portão à porta da mansão. Os cabelos negros, caíam elegantemente, deixando alguns fios sobre os olhos também negros, contrastando ambos com a pele branca, o que lhe dava grande charme. Sentia-se mal. Não pelo gelo da atmosfera, mas sim por estar de regresso a casa. Sirius Black estava de volta a Grimmauld Place, nº12!
-Podes ir para o teu quarto! – Ordena Walburga.
Walburga, é mãe de Sirius. Uma mulher já de certa idade, baixa, e para o rechonchuda. Cabelos negros, crespos, puxados num carrapito bem feito. Os olhos pretos, baços, sem qualquer vestígio de brilho, como dois túneis negros.
-Com todo o prazer mãezinha! – Responde provocador o jovem Black – Não vá eu correr o risco de ser contaminado pela imundice desta família não é?!
-Rapaz insolente!!! – Berra a mulher com uma tonalidade de pele já vermelha – Vergonha da família!!! Desaparece-me da vista!
Tinha-o conseguido outra vez. Tinha irritado a mãe com um simples comentário. Com uma gargalhada de satisfação, abandona a entrada da mansão, e sobe as escadas em direcção ao seu quarto. Abriu a porta, puxou o seu malão, e voltou a fecha-la. Estava tudo exactamente como tinha deixado, o que já era de esperar pois só lá entravam para limpar. Aquele era o seu refúgio...o refúgio no meio do pesadelo.

*

Lá fora o cenário era perfeito! A neve começava a deixar transparecer pequenos ramos das árvores. O lago reflectia a lua cheia, e as estrelas brilhantes. ‘Lua cheia...o Moony deve estar a precisar de nós’. O cenário era lindo. Na verdade, se o vissem, nunca o associariam a uma casa tão sombria...a uma família tão sombria...’Infelizmente, a minha família...’, pensava triste, Sirius.
Alguém bate à porta – Deixem-me em paz! – Vocifera Sirius zangado.
-Sirius...pára com isso e deixa-me entrar!
-Ah és tu Andy...entra. – Diz Sirius aliviado.
Andromeda era a prima do meio de Sirius, e segundo ele, a única pessoa decente naquele lugar a que chamavam de casa.
-Então o que é que o meu primo Six está a fazer aqui fechado quando estão todos lá em baixo?
-Deu-te um ataque repentino de amnésia ou ficaste burra de um dia para o outro? – Questionou falsamente pensativo.
-E se te deixasses de sarcasmos?! Vá lá...não custa nada fazeres um esforço para...
-Para aturar uma cambada de babuínos balbuciantes? Dispenso, obrigado... – Interrompe o rapaz.
-Não Sirius...para estares com a nossa família. – Diz Andromeda já cansada da mesma lenga-lenga de sempre – Se fizeres um esforço não é assim tão mau.
-Andy...olha-me nos olhos e diz que acreditas no que acabaste de dizer. – Pede Sirius.
-Desisto Sirius...se quiseres vem...estou farta disto tudo! Ninguém ajuda... – E dito isto saiu do quarto do primo.
Sirius levanta-se da poltrona onde estava sentado, e vai buscar uma camisa azul escura ao armário. – Só vou para não te deixar sozinha no meio deles... – Sussurra para si.

*

-Estás atrasado! Sabes bem que a hora de reunião da família antes do jantar é as oito em ponto! – Reclama Walburga, assim que Sirius entra na sala de estar.
O rapaz estava prestes a responder, de uma forma não muito adequada diga-se de passagem, quando sente um puxão no braço, e desiste ao encontrar o olhar suplicante de Andromeda.
-E então meninos...correu tudo bem em Hogwarts nos últimos 3 meses? – Perguntou Orion, pai de Sirius, aos cinco jovens presentes na sala.
-Correu tudo normalmente tio – Foi Bellatrix a responder – tirando determinadas situações... – Completou olhando directamente para Sirius.
Bellatrix era irmã de Andromeda. Uma rapariga elegante, pele clara, de longos cabelos negros e olhos de um azul noite, com um brilho misterioso. Era a mais bonita das irmãs, cobiçada por muitos, quer em Hogwarts, quer fora do castelo.
-Que situações Bella? – Quis saber prontamente Orion.
-Não é nada de importante. – Responde prontamente Andromeda – A Bella estava a exagerar, não estavas? – Questiona dirigindo um olhar assassino a Bellatrix.
-Não não estava. – Responde claramente, sem se deixar intimidar pela irmã – A verdade é que o Sirius aprontou umas quantas, para não variar como é óbvio.
Sirius, que observava atentamente tudo o que se passava, limitou-se a bocejar perante a acusação da prima.
-Sirius! Isto é verdade? – Rugiu Orion.
-Necessitas realmente que o teu filho te responda? – Perguntou Cygnus, pai de Bellatrix, Andromeda e Narcisa.
-Não te metas Cygnus, isto é entre mim e tal como disseste, o meu filho.
Bellatrix estava satisfeita. Tinha conseguido pôr o primo em mais uma alhada, e por culpa dele, mais uma discussão tinha sido desencadeada.
Andromeda, prevendo o final daquela conversa, resolveu tentar mudar o rumo – Pai...sabe que a Narcisa se tem dado muito bem com o Malfoy ultimamente?
Todas as atenções se viraram para a loira, de pele e olhos claros – Excelente Narcisa...excelente! – Felicita-a Druella – É um óptimo partido querida...muito bem filha!
A expressão de satisfação de Bellatrix é automaticamente substituída por uma de indignação. Como tinha conseguido Andromeda livrar Sirius mais uma vez?
Enquanto todos se reuniam à volta de Narcisa a felicitá-la pelos bons contactos que andava a exercer, Sirius continuou onde estava, tal como a prima Bellatrix que ainda estava perplexa, até que se ouve um pigarrear.
-O jantar está servido senhores – Informa um elfo doméstico com a sua voz arrastada, fazendo uma vénia exagerada.

*

Tinham-se passado três dias desde o regresso casa. Sirius andava surpreendido. A verdade é que estes dias em Grimmauld Place tinham sido bastante calmos, e nem sequer Sirius tinha sido alvo das constantes repreensões.
O facto de passar o tempo todo trancado no seu quarto, ajudava à proeza, mas ainda assim, há uns tempos atrás, todos o vinham incomodar. Não sabia o que se passava mas queria descobrir.
Estava quase na hora do jantar. Sirius destrancou a porta do seu quarto, e foi andando pelo corredor sombrio, enquanto os seus passos ecoavam no chão de madeira, devido ao silêncio cortante. Passou pela sala de estar, e ao contrário do que era habitual àquela hora, esta encontrava-se completamente vazia e escura. Pareceu-lhe ainda mais horripilante do que era, se tal fosse possível. Continuou a andar, até que chegou à cozinha, e finalmente encontrou alguém.
-Priminha...a beber vinho tão cedo? – Pergunta o rapaz encostando-se à porta da cozinha para observar a prima.
-Sirius diz-me o que queres e pára de me azucrinar o juízo – Diz a rapariga de cabelos negros levando o copo de vinho tão vermelho como o sangue à boca.
-Bella Bella...tu és o orgulho da família...não devias desrespeitar as regras não é?
-Acontece priminho que eu, ao contrário de ti, sei como as desrespeitar!
-Uuu...para quem sempre foi contra os meus actos, estás a ficar atrevida! – Provoca o rapaz.
Bellatrix boceja em sinal de aborrecimento – Importas-te de me dizer o que queres? Não é agradável estar na tua companhia...
-Descansa que o sentimento é recíproco. Só quero saber onde estão todos, visto que só encontrei a tua desagradável pessoa...
-Os adultos saíram, a Andy está fechada na biblioteca há horas, a Cissy está no quarto dela a fazer não sei o quê, e o Régulos não sei. Estás esclarecido portanto adeus! – Responde Bellatrix ignorando o último comentário do primo, e preparando-se para sair da cozinha.
Sirius tapa-lhe a saída – Para quem diz que sabe desrespeitar as regras tens muito a aprender Trix. – E ao ver que a prima fica confusa continua – Tens os lábios vermelhos demais, e sujaste a roupa com o vinho...até podem pensar que é sangue...este vinho tem a cor do sangue...
Bellatrix olha assustada para a roupa, e passa automaticamente o dedo indicador pelos lábios, e vê que o primo lhe estava a dizer a verdade.
Sirius solta uma gargalhada sarcástica – Aconselho-te seriamente a ires mudar isso, e lavares a boca – Diz saindo do caminho da prima – Ah! Bellatrix! – Chama quando ela já estava nas escadas – Quando quiseres desrespeitar as regras, posso dar-te umas aulinhas! – Termina ao piscar o olho provocadoramente.
Bellatrix lança-lhe um olhar quase paralisante, de tanta raiva que deixava transparecer.

*

Eles nunca mais chegam! – Reclamava Narcisa na sala de estar, enquanto ela, as irmãs e os dois primos esperavam pelos adultos – Estou cheia de fome...Sabes onde foram Bella?
-Não! Mas estou curiosa... – Responde com ar pensativo – Só me disseram que era importante, mas desconfio que tenha alguma coisa a ver comigo.
-Sim Bellatrix... – Comenta Sirius ao entrar na conversa – O mundo gira à tua volta e tudo não é? – Pergunta sarcástico.
-Ai – Suspira a rapariga – Ouve uma coisa priminho...eu não tenho culpa que ninguém te ligue nenhuma por seres um desgraçado, e portanto se preocupem comigo e me envolvam no que toca a assuntos importantes, ao contrario de ti!
-Oh pois Bella...eu sou o desgraçado, mas tu é que és uma marioneta nas mãos deles! – Alfineta Sirius.
Andromeda olhava de um para o outro, até que decide intrometer-se, tentando suavizar a situação – E se fizéssemos algo mais útil do que discutir?
-Eu não sou uma marioneta nas mãos de ninguém! – Responde Bella ignorando a tentativa da irmã – Muito pelo contrário! Sou senhora do meu nariz, e eu é que decido o que faço ou deixo de fazer. Limito-me a seguir as tradições da família porque concordo com elas!
-Como é que é mesmo? – Questiona Sirius falsamente pensativo – Ah! Já sei! Toujours Pur!! Ainda hei-de descobrir o que há de puro nesta família...
-O sangue! – Responde prontamente Bellatrix, com o olhar prestes a soltar faíscas.
-Narcisa! Régulos! – Chama Andromeda suplicante – Ajudem-me! Se isto continua vai haver Crucciatus e Avada Kedavra.
No entanto, tanto Narcisa como Régulos limitaram-se a olhar de Bella e Sirius para Andromeda, e encolher os ombros.
-O sangue?! – Questiona Sirius, ignorando uma vez mais a pobre coitada da Andromeda – Lamento desiludir-te querida priminha, mas se há coisa que não é pura nesta família, essa coisa é o sangue! Foi contaminado pelos ideais idiotas e as tradições ou preconceitos, que também são sujos!
-Parem com isso! Por favor...já chega!!! Sirius! Bellatrix! Parem! – Pede Andromeda desesperada, sem saber o que mais fazer.
-COMO É QUE ÉS CAPAZ DE DIZER ISSO??! – Berra Bellatrix completamente descontrolada – É O TEU SANGUE! TU ÉS UM BLACK!
-Pois é...já viste o meu azar? – Pergunta Sirius divertido, tentando provocar ainda mais a prima...proeza impossível, diga-se de passagem, visto que Bellatrix já tremia de raiva.
-Chegamos meninos! Podemos ir jantar! – Anuncia Walburga ao entrar na sala – Mas que raio se passou aqui? – Questiona ao ver o estado de Bellatrix.
-Foi...ele!!! Acusa ameaçadoramente Bella, apontando directamente para Sirius, já a espumar de raiva.
-Tu também provocaste!! – Acusa Andromeda, tentando defender o primo.
-Cala-te Andy! Não ouviste os disparates que ele disse? – Berra Bella à beira de um ataque.
-O que é que tu disseste Sirius?! – Pergunta Walburga desconfiadamente, com uma espécie de rosnar.
-A verdade mãezinha...nada mais que a verdade!
-Seu mentiroso! Tu és um desgraçado! – Guincha Bellatrix.
-Já disseste isso...estás a tornar-te repetitiva...
-Calem-se os dois! – Grita Walburga.
-Eu tentei para-los tia, mas nenhum dos dois me deu ouvidos. – Diz Andromeda, aliviada por alguém ter conseguido parar a discussão.
-Nós depois esclarecemos isto. Agora venham jantar, que temos um anunciado muito importante para vos comunicar.


N/A:Ola!!! Bom aqui está o primeiro capitulo, tal como tinha dito. Não é muito grande, mas os proximos serão!Querem saber que comunicado tão importante é esse? Então comentem! =D Queria agradecer a quem comentou! Ainda bem que gostaram do trailler! Agora queria esclarecer umas coisas. Á baila significa à tona, aparecer, surgir...quanto a picanço, é implicancia...diz-se que duas pessoas andam no picanço quando implicam uma com a outra. Como eu sou portuguesa pode acontecer não perceberem certas expressoes, mas o que não perceberem é so dizerem que eu esclareço =) E é só. Espero que gostem do capitulo...e comentem!!!
*Peace*

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