O diário



Capítulo um.
O diário

Antes que eu possa começar a te contar meus segredos e o que ocorre nos cantos mais obscuros de minha mente, acho que seria legal falar um pouco sobre mim.
Quem sou eu? Eu sou Lílian Evans, uma garota aparentemente normal que guarda muitos segredos. O primeiro, e definitivamente o mais importante de todos é que sou uma bruxa. Aqui do mundo trouxa (o modo como nós, da sociedade bruxa, chamamos os não-mágicos) só quem sabe desse meu segredinho são meus pais e minha irmãzinha irritavelmente horrível. Estudo em Hogwarts, uma escola de magia e bruxaria e no momento estou de férias, porém amanhã mesmo volto às aulas. Tenho 17 anos, que por acaso,completei hoje, e vou cursar meu último ano de escola, o que quer dizer que em breve serei uma bruxa formada.
Eu gosto de: Estudar.
As matérias bruxas são tão interessantes! Poções (que eu adoro), feitiços, transfigurações, história da magia... É tanta coisa! Eu também adoro conversar com minha melhor amiga, Amanda Carter, – uma bruxa também–.
O pessoal da escola a acha meio maluca, mas na verdade ela só é um pouquinho estranha e é uma boa pessoa.
Também gosto de muitas outras coisas, mas creio que você só vai descobrir isso durante o ano.
Eu não gosto de: Bom... Esse ponto é um pouco mais complicado. Eu sou uma garota muito fácil de agradar, de tal modo que as coisas que eu não gosto são muito poucas. Que eu me lembre, só existe uma pessoas nesse mundo que eu posso dizer com plena convicção que eu não gosto: Minha irmã Petúnia. Eu não teria nada contra ela se não fosse o fato dela me abominar pelo que sou, de fazer o possível e o impossível para me ver mal.
Ah Claro! Esqueci-me do Potter e de seus amigos... O Tiago Potter! Como pude me esquecer dele? Esse não tem jeito. É o típico cara idiota. Vive se exibindo só porque tem um pequeno talento no campo de quadribol (o esporte mais popular dos bruxos – Eu até poderia te explicar as regras, Diário, mas creio que nem eu as entenda muito bem), usa as garotas como se fossem meros objetos criados para sua diversão, azara qualquer um que cruze o seu caminho só porque tem habilidade para tal fato e o pior de tudo, o que o classifica como o ser mais desprezível de todos os tempos: Vive me chamando para sair! É isso mesmo! E não é como se eu desse bola... Quer dizer... Já perdi as contas de quantas vezes disse um NÃO bem lindo para ele. Já perdi as contas de quantas vezes berrei, gritei e me descabelei com ele. Ele não se toca! Será que ele não compreende que eu o abomino? Francamente! Se eu ganhasse um nuque (moeda bruxa) por casa vez que o Potter me chama para sair, hoje eu seria a bruxa mais rica que esse país já viu.
Tem também o Sirius Black. Esse quase empata com o Potter... Só não empata porque nunca me chamou para sair, mas tem o mesmo perfil: canalha, idiota, infantil, desprezível...
Ele, o Potter, o Pettigrew (um garoto baixinho, gordinho e covarde) e o Lupin (o menos idiota dos quatro, o mais responsável e o único que se salva naquele grupinho) formam o grupo de estudante mais bagunceiro que Hogwarts já viu. Andam pelos corredores enfeitiçando coitados como o Severo Snape (um sonserino que vive sendo humilhado por todos), entram escondidos na cozinha para furtar comida e não conseguem ficar um segundo sequer quietos...
Bom, Diário, vamos deixar esses seres abomináveis de lado e mudar para um assunto diferente. Acho que você já sabe o suficiente sobre mim para que eu possa começar a contar como foi meu dia.
Foi péssimo!
Acordei bem cedo, porque mamãe havia dito que iríamos comprar um presente de aniversário para mim. – A propósito, eu já falei que odeio fazer aniversário durante as férias? Pois é. Desde que descobri que sou bruxa (com 11 anos) minha odiável irmã faz questão de acabar com todos os meus aniversários, e esse, é claro, não seria a exceção.
Desci as escadas para tomar meu café da manhã e cumprimentei todos: papai, mamãe e Petúnia também, porque eu sou uma pessoa muito educada, ao contrário dela.
Eu sinceramente não sei por que ela é assim. Ela simplesmente me odeia. Assim que recebi minha carta de aceitação em Hogwarts e que descobri que era uma bruxa, Petúnia fechou a cara e saiu gritando que não era minha irmã, e que jurava que nunca teria uma aberração na família. Pelo menos o juramento ela cumpriu... Ela me trata com um ser indigno, faz de tudo para acabar comigo, e quando está de bom-humor simplesmente me ignora. No começo eu até me preocupava... Quer dizer, ela é minha irmã por mais que negue, no entanto, hoje, já nem ligo mais. Papai e mamãe fazem de tudo para nos tratar de maneira igual e justa: ambas temos os mesmos deveres e as mesmas recompensas, embora Petúnia viva dizendo que eu sou a favorita. É claro que meus pais já repararam o modo que ela me trata, contudo, eles vivem dizendo que é só ciúme e que logo vai passar.
Infelizmente eles dizem isso há seis anos...
Então... Como eu ia dizendo, – ou melhor, escrevendo – cumprimentei todo mundo e tomei meu café em paz, uma coisa realmente rara, já que Petúnia sempre fazia insinuações a meu respeito.
Quando era mais ou menos oito horas, mamãe e eu saímos para comprar meu presente no beco diagonal (lugar onde bruxos fazem compras). Depois de fazermos a conversão da moeda trouxa para moeda bruxa (minha família toda é trouxa: sou a única bruxa), mamãe me deu alguns galeões e nos separamos. O combinado era que ela comprasse algo para mim, eu comprasse algo que gostasse e depois nos encontrássemos no caldeirão furado, um bar dali do beco diagonal.
Andei pra caramba e não encontrei nada. No fim, comprei uma caixinha das minhas guloseimas favoritas e guardei o troco. Eu estava mesmo era ansiosa para saber o que mamãe havia comprado!
Quando nos encontramos ela me deu um embrulho e pediu para que eu só abrisse de noite, antes de dormir. Aceitei, embora estivesse sendo corroída pela curiosidade.
Chegamos em casa um pouco antes da hora do almoço. Mamãe preparou algo e eu subi para o meu quarto. Ainda tinha que arrumar minha mala: voltaria para Hogwarts no dia seguinte. Aproveitei o resto da tarde para terminar alguns deveres e só desci novamente na hora do jantar.
Mamãe tinha caprichado na comida, e o melhor: Tinha feito minha sobremesa preferida!!!
Jantei feliz da vida... Quer dizer, o meu aniversário estava quase acabando e Petúnia ainda não tinha aprontado nenhuma das suas... Era realmente um feito memorável.
Já estava me servindo da segunda fatia da torta de abóbora quando uma coruja veio voando em minha direção. Com uma agilidade que eu nunca havia visto antes, Petúnia agarrou a coruja pela asa e pegou a carta presa em seu bico.
“Me dá!” – Gritei para Petúnia– “É minha!”
Mas mesmo assim ela não soltou. Com um sorriso enorme de satisfação no rosto, abriu a carta. Papai pediu para ela me devolver, mas Petúnia era terrível. Saiu correndo da sala de jantar e eu saí atrás. Papai ficou nervosíssimo. Gritou nossos nomes e ordenou que fôssemos até a sala conversar.
“Lílian, você não deveria sair correndo atrás da sua irmã!” – começou ele e Petúnia sorriu maliciosamente.
“E você mocinha, nunca deveria ter pego a correspondência da Lílian!” – Ela deu de ombros.
“Você sabia, papai, que a Lily tem um namorado?” Retorquiu ela sorrindo de satisfação. Eu não fazia, é claro, a mínima idéia do que ela estava falando.
O olhar de papai caiu sobre mim.
“O que?” Perguntou ele com uma feição confusa, que eu ainda lembro muito bem.
“Não!” “Eu não tenho!” “De onde essa maluca tirou essa idéia?”
Se é que era possível, o sorriso de Petúnia ficou maior ainda, e ela me esticou o envelope, dizendo que estava tudo escrito ali.

“Querida Lily,
Estou morrendo de saudades da ruivinha mais linda de toda Hogwarts e contando os dias para nos vermos novamente. Nem acredito que amanhã já verei esses seus lindos olhos verdes... Essa noite vai ser a mais longa de toda minha vida.
Ansioso para te ver,
Tiago Potter.”

Dá para acreditar diário? O Potter teve a petulância de me escrever! E o pior: como se fosse íntimo meu! Desde quando eu lhe dou permissão para me chamar de “Lily”? Desde quando eu lhe dei meu endereço? Essa história, diário, está muito confusa. Mas você pode guardar o que vou lhe dizer: O Potter vai me pagar por isso! Ah, vai!

Com a maior paciência que eu poderia ter naquele momento, expliquei para meu pai de que tudo não passava de um mal entendido. Que esse Potter era só um garoto idiota que queria que eu fosse mais uma garota da sua coleção.
Mas sabe qual é o pior? Assim que terminei de lhe contar, ele chamou a mamãe e disse que teriam que viajar urgentemente para ver meus avós e que não poderiam ficar para se despedir de mim. Eu teria que passar a noite sozinha com Petúnia. Era definitivamente muita coisa para um dia só.
Subi pro meu quarto com vontade de me descabelar, mas me lembrei de algo agradável. O embrulho que mamãe havia me dado de presente estava em cima da cama. Envolto num papel dourado e amarrado delicadamente com uma fita vermelha estava você, diário, com sua capa preta e detalhes prateados, com meu nome e o ano gravados. Ali também tinha um envelopezinho vermelho cujo interior guardava um cartãozinho cheio de corações e flores.

“Querida filha,
Hoje você completou seus dezessete anos, e eu sei que essa é uma data muito especial. A partir de hoje, você é uma bruxa maior de idade e responsável por seus atos.
Sabia que deveria te dar um presente realmente especial, então recordei de minha juventude. Eu tinha um diário no qual anotava tudo que acontecia comigo, e ainda ontem eu o li. Foi uma experiência extraordinária. Foi como se eu voltasse a ter meus dezessete anos; foi como reviver todos aqueles momentos.
Espero que você goste tanto do presente como eu gostei de comprar.
Feliz Aniversário, você merece!
Ass: Mamãe.”
Fala sério! Ela não é a melhor mãe que alguém pode ter?
Eu já estava toda contente com o presente quando ouvi uma batida na porta: era a mamãe e o papai. Ela vestia um jeans preto e uma jaqueta leve por cima pois ventava um pouco e ele vestia seu habitual suéter tricotado pela mamãe. Não era necessário que qualquer um deles falasse que já iriam partir. Ela sentou-se na beira da minha cama, abraçou-me, beijou-me, desejou-me felicidades e despediu-se de mim com uma lágrima escorrendo pelo rosto. Meus olhos começaram a lacrimejar e não pude conter as lágrimas que escorriam sem parar. Levantei-me e abracei papai com todas as minhas forças. Não sei bem o porquê, diário, mas o último beijo e o último abraço que meus pais me deram fizeram com que eu sentisse um aperto forte no coração e uma tristeza enorme.
Bem diário... Está ficando tarde, meus olhos começam a arder e eu já bocejei umas trezentas vezes. Tenho que dormir porque amanhã embarco para hogwarts, e pode ter certeza que usarei todas as minhas forças para fazer o Potter pagar por ter me escrito esse monte de baboseiras, nem que eu tenha que fazer aquele bilhete descer pela garganta dele!

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