O encontro nas torres



NOTAS DA AUTORA: Demorou + chegou!!!Não deixem de comentar, please!Bjinhusss!!!!!


***

Hermione acordou no dia seguinte com os tímidos raios de sol que batiam em sua janela.Por alguns minutos ficou deitada observando o dossel de sua cama, totalmente distraída.Depois de um tempo, levantou, se arrumou e rumou para o salão principal.

O cheiro do bacon e ovos mexidos fez com que ela se sentisse extremamente enjoada.Preferiu ir a biblioteca e ler um pouco até o início das aulas.Consultou o seu horário: “Hum, Herbologia com a Lufa-lufa, depois Trato de Criaturas Mágicas com a Corvinal, e ah, não, aula dupla de Poções com a Sonserina”, pensou ela enquanto folheava o Livro Padrão de Feitiços do Sexto Ano.”Bom, é melhor ir andando se eu não quiser chegar atrasada ás estufas”.

Ao cruzar as portas do Salão Principal, viu que havia um aglomerado de pessoas.Ao se aproximar percebeu que só podia ser uma briga, por dava para se ouvir os gritos de longe.Com dificuldade, Hermione foi abrindo caminho entre as pessoas, afinal ela era monitora-chefe e tinha que dar bom exemplo para os alunos, e isso incluía desde estudos até brigas.Quando olhou, o queixo dela caiu.Era Harry quem estava lá.E não estava brigando com Malfoy tampouco.Estava berrando descontrolado com Cho Chang:


-Eu não agüento mais isso, Chang!Toda vez que saímos você esta chorando, você come chorando, dorme chorando!Me poupe!Eu não agüento mais ver você se debulhando em lágrimas por causa do Diggory, e quer saber mais uma coisa?Está tudo acabado entre nós! - gritou Harry com o rosto um tanto vermelho balançando os braços no ar


-Não tenho culpa se você é um insensível que só pensa em você mesmo, Potter!Se você não sabe, eu tenho sentimentos como qualquer outra pessoa normal, o que você pelo jeito não é! - Cho ficou totalmente descontrolada e meteu um tapa na cara de Harry, que ficou ali olhando ela se afastar em direção ao castelo com a mão no rosto.


Hermione rapidamente se desvencilhou da multidão mas sorriu internamente.”Bem, feito Potter, mas isso foi só o começo...”, pensava ela enquanto colocava um composto mal-cheiroso dentro dos vasos da estufa número 4. “Mas agora vai ser eu quem vai me vingar, pode escrever”.


O resto da tarde transcorreu tranqüila.Nem mesmo a aula dupla de poções pôde deixar Hermione de mal humor, afinal, o ocorrido nos jardins era um grande feito.Ela até pensou em ir dar os parabéns a Cho, mas achou que seria um pouco mal-educado por parte dela.O seu estado de bom-humor era tão grande que ela até trocou as poltronas do salão comunal da Grifinória, pela sombra agradável de uma grande faia á beira do lago.Era muito melhor fazer os deveres ao ar livre com o vento e o sol batendo no rosto.O tempo parecia até mais curto, os deveres menores...Sem perceber, Hermione já havia terminado todos os seus deveres e ainda tinha uma hora para fazer o que quisesse.


A falta do que fazer a fez pensar no sentimento de vingança que estava alimentando dentro de si.”Será que isso é certo?”, perguntou a si mesma apoiando a cabeça em uma das raízes da faia.”Não, isso não é certo, mas é preciso, ele tem que reconhecer que errou e pagar por isso”, concluiu.De repente ela sentiu uma vontade enorme de conversar com alguém sobre os seus problemas, desabafar.Então se lembrou que nas férias que havia passado no Brasil, conheceu uma garota muito legal, e prometeu escrever para ela assim que possível.Puxou um pedaço de pergaminho, abriu o tinteiro e começou:


Querida Marie,

Estou com muitas saudades de você!Como anda o Brasil?Desembarquei ontem aqui em Hogwarts.Aconteceram coisas muito ruins esse dias e por isso que resolvi escrever essa carta, contando tudo...

Hermione então escreveu todo o ocorrido.Desde a briga no trem até o tapa de Cho em Harry.Terminou a carta aliviada, parecia que toda sua culpa havia se transformado em letras e palavras.Mas, ela não queria ser vista por todos mandando uma carta tão pessoal, ia esperar para mandá-la enquanto todos estivessem dormindo...


***

Draco estava totalmente inquieto.Não conseguia restar atenção nas aulas e tampouco completar as lições de casa corretamente.Estava tentando escrever a receita de uma poção redutora, mas os seus pais não lhe saiam da cabeça.

“Adicione as raízes de gengibre...”

Será que os seus pais estavam brigando agora?

“Espere cozinhar até adquirir uma cor azul uniforme...”,

Até que ponto seu pai agüentaria sem apelar para os meios mágicos?

“Depois adicione o visgo do diabo...”

E se um dos dois saísse machucado?

“A pata do carangueijo-de-fogo deve estar cortada uniformemente...”

Mas se os dois decidissem se separar?O que seria dele?


Ele então sem aviso fechou os livros e correu escada acima para o dormitório.Jogou-se na cama e começou a chorar.Dessa vez chorou com vontade, sem se preocupar se as pessoas o estavam ouvindo ou não.Cada lágrima que escorria pelo seu rosto alvo representava como ele estava sofrendo.Nunca imaginou que algum dia passaria por isso, nem mesmo em sonho.

Sua família costumava ser muito equilibrada.Seu pai, apesar de frio com as pessoas de fora, nunca deixou faltar carinho aos seus familiares.Amava o seu filho Draco acima de qualquer coisa, do mesmo jeito que amava sua mulher, Narcisa.Mas depois do quarto ano de Draco, tudo mudou.Ele sabia que seus pais deviam explicações a ele mais não queria se arriscar a perguntar e piorar mais situação.Parecia que seus pais não se importavam mais com ele, apenas estavam preocupados em discutir dia e noite, independente se o garoto estava ouvindo ou não.Isso o deixava com uma sensação de vazio enorme, inexplicável.Ele se sentia totalmente inútil nesse mundo.

“Se ninguém se importa comigo nesse mundo, o que eu estou fazendo aqui ainda?”, pensou ele enquanto enxugava os olhos vermelhos na toalha do banheiro.Foi quando teve uma idéia, a idéia mais louca de todas, mas a única que poderia resolver os seus problemas e acabar com seu sofrimento.Ia colocá-la em pratica hoje mesmo, enquanto todos estivessem dormindo...


***


Hermione consultou o relógio apreensiva.Era muito arriscado andar pelos corredores de noite.Ela precisava se assegurar.Então teve uma idéia totalmente louca: entrar no quarto de Harry e pegar o Mapa do Maroto guardado em seu malão.Sim, era totalmente arriscado, mas o que ela faria se a pegassem vagando pelos corredores com uma carta na mão?Achariam no mínimo muito suspeito e ela na melhor das hipóteses teria de cumprir uma bela detenção.


O seu sentimento de precaução foi muito maior.Nas pontas dos pés, com muita cautela, Hermione subiu algumas escadas em direção ao dormitório masculino.Ao abrir a porta, ela rangeu fazendo um grande barulho.Por um momento, a garota se escondeu na penumbra, mas ao escutar os ressonos profundos dos garotos caminhou lentamente até o pé da cama de Harry.


O malão estava embaixo da cama dele.Hermione abaixou e o puxou para si com todo cuidado do mundo.Abriu a fechadura e olhou dentro; aquilo estava uma tremenda bagunça, ela demoraria muito tempo para achar o Mapa do Maroto lá dentro, então murmurou “Accio Mapa do Maroto”.O pequeno pedaço de pergaminho pousou levemente nas mãos da garota.Com a mesma cautela, ela empurrou o malão e saiu do quarto.

Sentiu-se totalmente aliviada ao dizer a senha para a Mulher Gorda e sair para os corredores mal-iluminados da escola.O vento noturno bateu em seu rosto fazendo-a sentir um arrepio de excitação na espinha.Fazia tempo que ela não tinha essa sensação maravilhosa.Era como saciar a sua sede de aventuras, sentir-se livre. É, fazia muito tempo.Nos últimos anos ela estava apenas focada nos estudos, havia esquecido que era apenas uma adolescente, precisava se divertir.Prometeu a si mesma que a partir daquela noite pensaria mais nela.

”Juro solenemente que estou mal-intencionada”, murmurou Hermione para o Mapa.Vários pontinhos começaram a aparecer.Filch estava em sua sala junto com Madame Nora.”A barra está limpa”, pensou Hermione ainda mantendo o Mapa perto dos olhos.Era agora ou nunca.


***


Malfoy já estava pronto para por seu plano em prática.Não era na verdade um plano.Era uma coisa simples, mas que exigia muita coragem.Era um ato totalmente desesperado que aquele adolescente ia cometer.Mas pelo menos ele ia se libertar de tudo de ruim que estava acontecendo, de todo seu sofrimento e dor.


O garoto então, sem pensar colocou os pés um a um no parapeito da janela.O vento roçou-lhe os cabelos pela última vez.Ele deu seu último suspiro olhando para o lago.Estava pronto.Era realmente alta a torre do corujal.A mais alta de todas.Debruçou-se levemente para frente.A porta do corujal se abriu e uma garota entrou.Era Hermione.Por uns instantes os dois se encararam.Depois de entender o que Draco ia fazer, Hermione finalmente disse:


-Você não quer fazer isso, Malfoy - ela foi se aproximando para tentar em algum golpe rápido puxá-lo para dentro.


-Mais um passo, Granger e eu pulo - ameaçou ele com a lua refletindo em seus olhos que não escondiam o medo.


-Malfoy...Draco - disse ela se controlando.O garoto fez uma cara de espanto.Ela nunca havia chamado-o pelo primeiro nome antes - Por favor, não faça isso, os seus pais não merecem isso...


-Meus pais?Haha!Meus pais nem ao menos sabem em que ano estou.Eles vivem brigando dia e noite! - completou o garoto com lágrimas nos olhos.Mas o que ele estava fazendo?Contando seus problemas pessoais a uma sangue-ruim?



Hermione levou um choque.Ele estava realmente chorando?Isso renderia uma bela matéria no Profeta Diário, ah, se renderia!De repente ela se lembrou na pena verde-ácido, a pena-de-repetição-rápida que Rita Skeeter sempre carregava.Mas logo os seus pensamentos voltaram para um certo louro prestes a se jogar da torre mais alta de Hogwarts:


-Malfoy,é claro que os seus pais se importam com você.Desça daí... Não torne tudo mais difícil... - sussurou a garota infeliz


-Você não sabe o que esta falando, Granger, e com certeza faria o mesmo que eu se estivesse no meu lugar - precipitou-se Draco.


-Tudo bem.Então desça daí e me conte tudo - disse Hermione simplesmente,esquecendo de repente toda raiva que sentia dele.Não era coerente deixá-lo se matar


-Há!Você quer que eu me abra com você? - questionou ele agora afastando-se da janela


-Algum problema?Fique tranqüilo ninguém vai ver.A não ser que haja algum animago aqui - murmurou Hermione apontando para as corujas em um canto - Afinal, você está me devendo uma.Você me fez perder meus amigos, lembra?Fica sendo o nosso segredinho- completou delineando bem as palavras.


-Tudo bem - o louro desceu da janela, pisando da palha fofa que cobria o chão do corujal.Estava com raiva da garota, afinal ela tinha evitado com que ele acabasse da maneira mais fácil com os seus problemas.Mas também sentia-se aliviado,não estava pronto para morrer.


Agora não estava preocupado mais com nada.Todos os seus sentimentos em relação a garota haviam sumido.Ele estava totalmente vulnerável.


Estava sendo tudo muito automático.Ele apenas se sentou no chão do corujal e começou a falar.Contou tudo: a briga dos pais, os seus pensamentos e até sentimentos mais ocultos.Hermione não havia dito nada, apenas ouvia com atenção.Quando ele terminou ,o silêncio pesou por alguns instantes, parecia que a garota estava refletindo.Após alguns minutos ela finalmente falou:


-Você é louco.
-O quê? - perguntou ele incrédulo

-Quero dizer, essa sua idéia, é totalmente sem nexo, não vale a pena morrer por isso, você deve enfrentar os seus medos. - concluiu Hermione meio sem jeito.


-Você não diria isso se fosse eu, é realmente difícil suportar isso.


Mais uma vez silêncio.Lágrimas recomeçaram a sair pelos olhos de Draco.Nesse instante, Hermione sentiu o que nunca imaginou que sentiria pelo garoto um dia:sentiu pena dele.Pena por ele estar tão sozinho,tão carente.Sem qualquer aviso, com um gesto rápido, o envolveu em um abraço.Draco achou aquilo muito estranho, mas acabou correspondendo.
Quando se soltaram, Draco olhou fundo nos olhos da garota.Havia compaixão neles.


-Eu não preciso disso, Granger - disse calmamente antes de sair correndo pela porta do corujal.Hermione, porém se sentiu bem.Não sabia explicar o porque, mais percebeu que Draco Malfoy não era tão durão quanto pareceria.


Chamou uma coruja-das-torres que veio mal-humorada pousar no seu braço.Amarrou a carta em seu pé e soltou-a no meio da noite.Antes de voltar para o Salão Comunal da Grifinória verificou mais uma vez o Mapa.Tudo continuava limpo."Malfeito feito" murmurou para o mapa.Todos os pontinhos sumiram.Fechando a porta atrás de si, correu para o seu dormitório.

***


Draco estava pensativo em seu quarto.Sentia muita raiva da garota, ela havia arruinado tudo.Mas o que ela pretendia com tudo aquilo?E aquele abraço?Ele lembrou então nos olhos da garota.Ele não precisava da compaixão dela nem de ninguém, não mesmo.Sabia o que estava fazendo.


Mas um pensamento, único e mais forte tomava conta da sua mente e o impedia de culpá-la.No fundo ele sabia que Hermione Granger havia de alguma forma salvo a sua vida.


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