Nem Todos Esperam Pelo Natal



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“Se amanhã de manhã ainda quiser que eu me afaste de você, juro pelas vidas futuras de Tristan e Íris que o farei.”



                  


              Ele abrira as pálpebras, que se ofenderam com a claridade, revelando um cinza tão perfeito como de um dia chuvoso. O desenho de sua íris encarava o nada, tentando inutilmente lembrar de um sonho desconhecido. Ele se virara para o espaço ao lado deixando cair as mechas claras em cima dos olhos, mas dera de frente com o vazio. Ele não se surpreendera, já imaginara uma coisa dessas antes mesmo de abrir os olhos. Hermione podia ser corajosa em muitos aspectos, mas tinha um medo impressionante dos sentimentos.



     


         Ele respirara pesadamente antes de levantar, passando de leve a palma da mão no rosto e espreguiçando as largas costas nuas. Olhara novamente para o nada com preguiça de descer para a vida. Não queria nem sequer saber a hora, começara a sentir dentro de si uma angústia e revolta alucinante. Tirara o cobertor de cima das pernas com brutalidade e andou até a janela. Vira um campo de Hogwarts completamente branco, a neve não parara de cair. Coçara a nuca tentando pensar em alguma coisa além da Granger, em alguma coisa além do dia anterior.


 


          


       Tinha vontade de sair correndo para encurralar aquela sangue-ruim teimosa na parede até que ela aceitasse o fato de que seu destino era viver a eternidade ao lado dele. Mas ao mesmo tempo tinha vontade de apenas não sair daquele quarto, com medo de como reagiria se a resposta da castanha fosse apenas “não”. Afinal, ele havia dado a própria palavra. Que horas ela devia ter acordado? Será que estava na aula, ou apenas no próprio quarto também receando encontrá-lo?


 


 


          Logo ouvira umas batidas fortes na porta, fora até a escada de onde podia ver a porta e mandara a pessoa entrar. Logo Dan entrara, olhando desconfiado para Draco e jogando o próprio material no sofá da sala. 


 


– Que foi? – perguntara Draco mal-humorado massageando a própria têmpora apenas por costume, já que não podia reclamar da melhor noite de sono de sua vida. 


 


– Está tudo bem? Por que não veio a aula?


 


– Perdi a hora. – respondera Draco descendo as escadas. Dan observara de rabo de olho a cara mal humorada de Draco, enquanto tentava ajeitar os cabelos claros despenteados ao se sentar na cadeira da mesa. – Por quê? Perdi alguma coisa importante?


 



– Sabe da Hermione? – perguntara Dan, Draco se virara para ele ligeiramente interessado.


 



– O que houve?


 



– Não sei. Ela não apareceu também. Estranho, não é? – Draco respirara pesadamente sentindo seu maxilar estalar de leve.


 



– Deve estar me evitando. Eu disse que hoje era o dia que ela decidiria se ficava ou não comigo.


 



– Hmm... – suspirara Dan ao olhar em volta. – Então isso é bom, não? Significa que ela está em dúvida. Se ela não quisesse mesmo mais nada com você, não ia ter receio de te encontrar e dizer isso na sua cara.


 



– Eu não tenho certeza de mais nada. – disse Draco olhando para o nada com certa mágoa, que ele tentava ao máximo esconder com seu orgulho. – Hermione é... 


 



– É, eu sei. Mas vai tomar um banho e trocar de roupa. Hogwarts não vive muito tempo sem nossa presença.


 




“Se amanhã de manhã ainda quiser que eu me afaste de você, juro pelas vidas futuras de Tristan e Íris que o farei.”


 



         Por entre os fios rebeldes que batiam em seu rosto, os olhos castanhos encaravam a neve cair em Hogwarts. Estava na Torre das Gárgulas, apenas com a companhia do vento gelado, daquela vista incrível, da neve branquíssima, do silêncio e de seu diário que pousava em seu colo, esperando uma pronunciação da castanha.


 


          


       Tantos pensamentos a atropelavam que era quase impossível se concentrar em qualquer outra coisa. Aquele ano tinha feito realmente muita mudança nela. Já não era a primeira vez que matava aula e que lutava consigo mesmo por uma mísera resposta. Baixara as íris castanhas para o diário velho e começara a virar as páginas que relatavam todo aquele romance insuportável. Vira a letra do Malfoy ocupando algumas páginas das quais ele se desculpava por tê-la deixado em coma. Naquela época uma amizade entre eles parecia realmente possível, foi quando ela realmente achou ter conhecido Draco Malfoy. Mas sempre que chegava perto demais dele, ele acabava por decepcioná-la. Hermione levantara novamente as íris para a paisagem e respirara pesadamente, rachando ainda mais os lábios com frio.
Valeria mesmo a pena passar por isso de novo?


 


        Draco batia os dedos na mesa de carvalho pensativo, enquanto Dan jogava, como sempre, seu galeão para o alto. Estavam na aula de Transfiguração e novamente Hermione não aparecera. Aquilo era um mau pressentimento, péssimo pressentimento na opinião de Draco.


 



– Srta. Granger? Hermione Granger? – chamara McGonnagal, e logo chamando a atenção de Draco. A turma continuara em silêncio, até que Harry se pronunciara não muito satisfeito.


 



– Ela... Ela não veio professora.


 



– Como assim não veio? O que houve? Sr. Malfoy? – ela se virara para Draco esperando uma explicação qualquer.


 


 


             Draco olhara para os lados onde vira Dan olhando significativo. Mas Draco não sabia o que responder, nem tinha ânimo pra tal. Respondera apenas negativamente com a cabeça.


 



– Ela não se sentiu bem, professora. – dissera Harry tentando livrar a amiga de problemas, uma vez que era óbvio que nem mesmo ele sabia do paradeiro dela, ou o Weasley que parecia que ia vomitar só com a pergunta.


 


    Draco voltara sua atenção para a mesa, bufando e pensativo. Hermione... O que estaria fazendo?


 



         Depois de mais um tempo o sinal tocara e os alunos foram dispensados da aula. Draco já tinha em mente onde Hermione poderia estar, e sem pensar duas vezes despistara-se de Dan e fora até a Torre das Gárgulas.


 


 


      Subira todos os degraus da torre e estava parado na porta que o separava de Hermione. Seu coração batia acelerado ao sentir o perfume leve de noite de verão dela. O perfume que sentira pela primeira vez no dia em que ficaram presos no armário de vassouras.


 



      Hermione também encostara a cabeça jogada pra trás na porta. Estava sentada e de olhos fechados pensando em Draco, pensando em tudo o que acontecera.


 


 


“Eu prefiro que você me odeie...” ela lembrara. Como aquilo a machucara. Como!


 



        Draco tinha vontade de abrir aquela porta e ficar com ela, mas sabia que não podia interferir na decisão dela, por mais que essa fosse sua vontade. Afastara-se da porta mirando-a como se pudesse ver Hermione através dela e fora embora. Para onde pudesse agüentar.



   


   Dan virara um corredor ainda cumprimentando uma garota qualquer que falara com ele no caminho, quando dera de frente com Hermione.



– Wow, Hermigatinha. Como é que você aparece desse jeito? – ele dissera levando um susto. Logo então mudando completamente o tom de voz. – Ou melhor... Como é que você desaparece desse jeito?


 


Então Hermione levantara a sobrancelha de forma divertida e Dan percebera o conteúdo de sua pergunta.


 


– Não é da minha conta, não é mesmo? Afinal, não sou eu seu namorado, e sim Draco. Merlin, ele me mata. Por favor, ignora minha pergunta. – Hermione rira do amigo continuando seu caminho e logo sendo acompanhada por ele.


 



– Draco não é mais meu namorado Dan. 


 



– Não? É isso o que você vai dizer a ele?


 



– Pretendo dizer mais do que isso. – disse ela de forma misteriosa.


 


Dan respirara fundo, contendo um comentário implicante. Decidindo por mudar de assunto.


 



– Mas então... Não vai me dizer que você vai ao Baile de Natal com o Potter?! – disse ele com nojo ao citar o nome. Ela rira de leve.


 



– Não, acho que não.


 



– Ah não, pára... Então você vai com o argh urgh eca... – ele fazia sons quase de como se fosse vomitar. – Weasley?


 



– Também não. – ela dizia ainda rindo. – Devo ir sozinha. E você? Vai com quem?


 



– Eu? Eu vou com todas! – ele dissera com um sorriso galanteador. Hermione revirara os olhos e então avistara Harry, Ron e Gina logo à frente. Dan então os vira também. – Bem, eu vou indo. Vai falar com eles. Ficaram a manhã toda fabulando mortes bizarras para Draco imaginando o que ele tinha feito com você. – e dando outro sorriso malicioso para a castanha e ignorando seu rugir de impaciência.


 


 




– E Hermione? – perguntara Ron ao ver a cara de Gina totalmente mal humorada que olhava de Ron pra Harry, de Harry para Malfoy que passara pelos corredores. – A encontrou?


 



– Não. – ela respondera, os dois soltaram um palavrão. – Mas algo me diz que ela está bem, não se preocupem. Logo ela aparece.


 



– Como pode ter tanta certeza? Ela não dormiu na Grifinória! – dissera Harry com uma ponta de raiva e olhando de lado por onde Draco fora.


 



– Duvido que se ela estivesse com Draco, ele não estaria com essa cara mal humorada. Na pior das hipóteses ia jogar isso na sua cara.



– Eu não me lembro o porquê de apoiarmos esse namoro. Alguém por favor, pode refrescar a minha memória? – dissera um Ron sarcástico.


 



– Pela felicidade dela. – respondera Harry contrariado.


 



– Ah claro, é mesmo. A felicidade dela. Que cabeça a minha. – falara o ruivo cinicamente. Gina e Harry apenas trocaram olhares, sem saber o que dizer.


 



– A piada deve ser boa. Do que falam? – disse uma Hermione atrás de Ron.


 


 


           Todos se viraram para ela com susto. Hermione dera apenas um sorriso triste e voltara a olhar para o chão. Harry viu toda a sua vontade de gritar com a castanha se dissipar. Ron por outro lado não se contivera.


 



– Onde é que você estava!? – Gina ao ver o escândalo do irmão apenas batera na testa. Harry ainda chamara pelo amigo, mas fora ignorado.


 



– Não consegui dormir. Andava pensando, só isso. – respondera Hermione sem ligar para o escândalo do amigo. 


 



    Ron ainda espumando de raiva não conseguira pensar em mais nada para dizer. Hermione então passara pelos três sem dizer mais nada se dirigindo ao pátio da escola. Gina sem pensar duas vezes fora atrás dela e a parara com as mechas ruivas se sacudindo ao vento gelado.


 



– Aonde você vai? O que houve com você? Ficamos muito preocupados!


 



– Desculpe, eu só precisava ficar sozinha.


 



– É o Malfoy, não é? Sempre é! Por que você simplesmente não esquece tudo e perdoa ele?


 


        Hermione levantara os olhos castanhos cheios de lágrimas, para encarar os azuis da amiga.


 



– Eu preciso ir. Preciso fazer uma coisa.


 



– Fazer o que? – pressionara a amiga ainda mais preocupada. Hermione fungara antes de responder para conter as lágrimas seus olhos já estava num castanho claro embaçado.


 



– Esquecer.

                  


 


         Draco estava de frente para o lago congelado. A neve estava grossa e o frio bastante denso. Mas Draco não usava nada a mais do que seu sobretudo negro de inverno por cima do uniforme. Seu pescoço estava desprovido de proteção, mas Draco não se incomodava. Ele encarava o gelo do lago, como se esse fosse o culpado pela terrível sensação de que algo ruim iria acontecer. Algo grande, algo realmente ruim, como nunca havia sentido antes. 


 



        Ele ouvira os passos na neve atrás de si, e seu peito começou a doer num batimento ainda mais crucial. Ele sabia quem era, e se perguntava se queria mesmo encará-la. Se queria mesmo ouvir o que ela tinha pra dizer.


 



– Eu tentei, Draco. – ela dissera atrás de si, e pela voz fraca ele sabia que ela havia chorado, por mais que mantivesse um tom decidido na hora.


 


 


        Ele virara a cabeça de leve, mas ainda de costas para ela, informando que estava ouvindo.


 


 


 – Eu nunca me senti tão... – então ele engolira em seco e se virara para ela.


 


 


       Ela estava toda agasalhada, também de preto, e com os olhos embaçados. Seus cabelos estavam soltos e batiam em sua face com o vento e em contraste com os lábios muito vermelhos. Draco engolira em seco, sentindo uma tristeza avassaladora. 


 



          Hermione perdera o fôlego ao vê-lo e perdera toda a sua coragem e determinação. Percebera que Draco nunca estivera tão lindo em toda a sua vida como naquele momento. Parecia mais velho e ligeiramente mais perigoso. Os cabelos claros também sendo perturbados pelo vento. Os olhos tinham uma tonalidade ainda mais canina com o contraste da neve, e seus lábios firmes faziam um convite ainda mais tentador.


 



– Tão o que?


 



– Feliz e... Perdida ao mesmo tempo... Como quando estou com você.


 


 


        Hermione não contendo uma lágrima abaixara a cabeça, não agüentando encará-lo e escondendo-a. Ele respirara pesadamente, mas não desviara o olhar.


 


– Eu... Eu não posso ficar com você. Eu nunca vou amar ninguém, Draco. Não vou amar você. Não é seguro pra ninguém se apaixonar nessa guerra. Muito menos para nós. 


 



           Draco andara lentamente até ela, que chorava ainda mais, e segurara em suas mãos, esquentando-as com o calor inacreditável que se apossava das suas. Mas era um toque leve como o de um cumprimento, uma despedida. 


 



– Tudo bem. Você... Se decidiu então. – ele dissera e começara seu caminho de volta em direção ao castelo.


 


 


      Ela se virara vendo-o ir embora, sem entender. Sem entender o silêncio dele, o que quase a matara, e retornara o seu caminho. Precisava falar mais com ele. Qualquer coisa.


 



– Olha... Amanhã é Natal e... 


 



– Nem todos esperam pelo Natal. – ele respondera indiferente sem nem ao menos se virar ou parar de andar.


 


        Ela se calara derrotada, com uma segunda vontade de chorar quando vira ele se voltando para ela dessa vez com um tom meio agressivo.


 


– Quer saber? Eu queria poder entender você! Querer compreender o porquê você chora, ou o porquê você foge. Mas não dá!


 



         Hermione o encarara surpresa. Draco não estava nada controlado como segundos atrás, e sim com... Raiva. Ela não tentara fugir, queria ouvi-lo por pior que fossem suas palavras. Ela abrira a boca pra falar, mas ele não deixara, cortando-a antes dela dizer qualquer coisa.


 



– Você acha que é corajosa por não se apaixonar. Mas não é. Você é uma medrosa que tem medo de se machucar, isso não é coragem. Isso é covardia.


 



– Amar só traz tristezas...


 



– Como é que você sabe? Você nunca amou ninguém! – ele dissera quase aos berros, Hermione apenas respondia sem voz.


 



– Eu amei Harry...


 



– Ah, é mesmo! Grande coisa! Grande coisa amar alguém! Acha que isso é o bastante? Acha que é corajoso? Amar alguém qualquer um pode fazer. Coragem é deixar alguém amar você... Não ter medo de pertencer a alguém, de sofrer por alguém, de representar tudo para alguém... Isso você nunca fez!


 


Hermione encarando-o com mágoa, mas ele não parava de falar.


 


– Quando o Potter finalmente te correspondeu, você correu dele. Você usou qualquer argumento como motivo para não ficar com ele. Afinal, parece fácil quando ninguém precisa saber o que você realmente sente, não é? Quando você não precisa compartilhar com a pessoa que ama o que você realmente sente. – ele rira com raiva. – Você não sabe nada sobre amar. Como pode saber o que é mais seguro ou não? Você sempre acha que tem as respostas pra tudo. E do que você não entende, você foge. É realmente muito eficaz. 


 



– Não fale como se eu não estivesse sofrendo também. – dissera ela.


 


 


         Draco respondera apenas com um sorriso sarcástico e se virara continuando seu caminho para o castelo. Afinal, não queria mais discutir...
Hermione ainda o olhava partir, deixá-la para trás, quando sem se virar ele acenara dizendo em voz alta sem parar seu caminho.


 



– Tudo bem, Granger. Não precisa mais se preocupar. Acabou. Está segura agora. – e dizendo isso ele entrara no castelo, sumindo de vista.


 


 


         A gritaria nas arquibancadas era absurda. Todos divididos entre o verde e o azul. Poucos pareciam se incomodar com a neve que começava a cair sobre suas cabeças. Hermione estava junto de Harry, Ron e Gina que a arrastaram para o último jogo antes do Natal. Os quatro obviamente torcendo para a Corvinal. A castanha se obrigava a não ficar procurando por Draco no céu, apesar de Dan já ter passado várias vezes por ela mandando tchauzinho. 


 



– O que está fazendo de azul? Está torcendo para a casa errada, não acha? – dissera Dan aos berros (de modo que todos pudessem ouvir) para Hermione, quando passara por ela dando seu sorriso mais galanteador.


 


A amiga sorrira de volta achando graça no comentário dele.


 


– E você, Weasley? – ele dissera se virando com sua vassoura para Ron que o olhara com ódio. – Não devia estar numa farmácia comprando uma Poção Anticoncepcional para sua mãe?


 


E novamente rindo galanteador da própria piada maldosa, girara sua vassoura para longe deles, voltando para o jogo, e na mesma hora tirando a goles do adversário e marcando um ponto. O que tirou grandes gritos de uma boa parte das arquibancadas.


 


– Obrigado. Obrigado.


 



– Sonserinos. – dissera Ron entre dentes.


 



– E eu reclamava do Malfoy. – concordara Harry. Gina e Hermione apenas riram da cena. Hermione pelo menos tentara rir.

            


         Draco estava apoiado com apenas uma mão na sua Firebolt de forma desinteressada, observando do alto a nojenta cena do quarteto fantástico às risadas. Vira novamente com irritação, o pomo de ouro passar na sua cara pela nona vez, como se suplicasse para ser pego. Mas não movera nenhum  dedo para ir atrás dele. Nem ao menos comemorava o quarto ponto de Daniel.


 



– Veja pelo lado bom. Ela disse que está sofrendo. Isso de fato deve significar alguma coisa, não é? – dissera Dan surgindo do nada ao seu lado, ainda atiçado por causa dos pontos.


 


 


            Draco apenas o olhara com o olhar significativo que informava o quanto inútil era aquela informação. Afinal, não havia lado bom naquela história. Dan entendendo o recado, apenas dera de ombros, voltando sua atenção para o jogo, mas ainda ao seu lado.


 



– Na boa, Draco! – era Roger que aparecera na frente do loiro em sua vassoura, completamente suado. Draco olhara com a mais profunda indiferença, enquanto Dan achava graça na cena. – Você bem que podia, sei lá... Participar do jogo. Eu pegaria o pomo se pudesse, mas sou apenas o batedor. 


 



– E eu sou o capitão, então cale essa boca e volte pro jogo. – respondera Draco intimidador. Roger sem dizer mais nada obedecera contrariado.


 



– O melhor nessas horas... – dissera Dan descontraído depois que Roger voltara para o jogo. – É cantar, sabe. Por exemplo, a minha tia é trouxa...


 


 


           Draco o olhara completamente atordoado, não acreditando que depois de tudo ainda tinha que ouvir besteiras como aquela.


 


 


– É sério, e ela cismava de me levar à igreja todo domingo. Eu detestava. Mas pelo menos tinha uma música muito maneira, é a minha favorita e eu sempre fico cantarolando quando não me sinto bem. Hallelujah. Já ouviu?


 



– Não, Dan. – respondera o loiro com irritação contida.


 


        Foi quando levara um susto, Dan começara a cantar feito doido do nada, fazendo gestos para o nada.


She tied you to her kitchen chair
(Ela amarrou você à cadeira da cozinha)
She broke your throne, and she cut your hair
(Ela destruiu seu trono, e cortou seu cabelo)
And from your lips she drew the Hallelujah
(E dos seus lábios ela tirou um Aleluia)




– Continue a cantar isso e eu juro que nunca mais você voará na vida. – dissera Draco calmamente, porém completamente ameaçador.


 


        Porém Dan o ignorara e cantara ainda mais alto, como se não houvesse um jogo de Quadribol abaixo deles.


Hallelujah, Hallelujah
(Aleluia, Aleluia)
Hallelujah, Hallelujah
(Aleluia, Aleluia)




Foi quando um balaço viera em sua direção quase derrubando Dan da vassoura e terminando com a cena bizarra da qual Draco presenciava.



– É sério Daniel! Se você não calar essa maldita boca e voltar para o jogo, vou te fazer precisar mesmo de uma oração!– dissera Roger, segurando seu taco de forma ameaçadora.


 



– Ok... – respondera Dan simplesmente. Mas antes de sair novamente em sua vassoura para fazer mais pontos, cochichara para Draco. – Ele anda abusado, não acha?



          Depois que Dan fizera mais um ponto para a Sonserina, Draco respirara entediado e dissera para si mesmo com indiferença.



– Ok. Hora de terminar essa partida.


          


         E como um foguete mergulhara no ar agarrando de surpresa um distraído pomo e arrancando vivas de muitos.


 
         Hermione mirara pela primeira vez Draco quando ele mergulhara do nada a sua frente pegando o pomo de ouro e descera da vassoura com simplicidade, como se ele próprio voasse. Seus olhos se encontraram e na sua voz superior e arrastada de sempre Draco dissera, não para ela, mas sim para os quatro.



– É, acho que vocês perderam de novo. – e se retirara do campo, deixando quatro grifinórios calados e surpresos e uma penca de torcedores que não tiveram tempo de puxá-lo para a comemoração.




       Hermione abriu os olhos com preguiça decidida a voltar a dormir, quando mirara a rala neve que caía na vidraça da janela. Ainda estava em seu quarto da monitoria-chefe da Grifinória, uma vez que isso lhe foi permitido já que não iriam encontrar assim tão fácil alguém para substituí-la e tomar posse do quarto. Entortara a cabeça de leve para encará-la tentando se lembrar de algo realmente importante.



– É Natal... – ela dissera simplesmente sem emoção nenhuma. Passara alguns segundos ainda mirando a neve, quando se lembrara que não comprara presentes para ninguém. – É NATAL! – ela repetira levantando-se rapidamente sem saber para onde correr. –DROGA! DROGA! DROGA!!


 


        Ela vestia a primeira roupa que encontrara no armário, enquanto escovava os dentes e ao mesmo tempo prendia a capa em volta do pescoço e procurava por sua carteira tentando enxergar de longe que horas eram.


 


– Está tarde! Está tarde! – então batera o dedo mindinho do pé no pé da cama e soltara um grito doloroso. – Merda!


 


       E tentando ignorar isso ao máximo, calçara as botas com pressa, enquanto repetia para si mesma “Não se olhe no espelho. Não se olhe no espelho. Seu cabelo está ótimo. Seu cabelo é liso. Muito liso. Igual o da vaca sortuda da Gina”. E finalmente enxergara a sua carteira em cima da mesa de cabeceira e saíra às pressas do quarto da monitoria-chefe da Grifinória.


– Isso porque é Natal!


 



– Ah putamerda!– dissera Draco com raiva, enquanto batia o dedo mindinho do pé na própria cama no quarto da monitoria-chefe de Hogwarts.


 


        Ele calçara os sapatos com raiva, vestindo seu agasalho negro de gola alta e seu sobretudo negro, e descera os primeiros três degraus da escada se jogando logo para o andar de baixo com pressa. Então soltando um palavrão histérico, ele voltara a subir as escadas e fora até a mesa de cabeceira do quarto pegar sua carteira.


 


– Eu odeio Natal!


 



         Draco correra o mais rápido possível, ignorando os poucos que já estavam acordados e que o olhavam curiosos. Vira que os coches já haviam partido e então vira apenas um à espera. Draco correra até ele, ignorando o frio que o perfurava com a neve densa. Foi quando tocara na maçaneta da porta do coche com desespero, que vira que outra mão também fizera o mesmo ao mesmo tempo que a sua. E ao ver de quem se tratara sentiu uma vontade ainda maior de matar todos os que estivessem comemorando o Natal.



– Draco?



– Ah, eu não mereço isso. – ele dissera com raiva e se voltara para a castanha com sarcasmo. – Hermione... Feliz Natal.



– Feliz Natal. – ela respondera no mesmo tom, eles ficaram em silêncio por alguns segundos e novamente se voltaram desesperados para a porta do coche. Um não deixando o outro abrir. – Não é justo, eu cheguei primeiro. 



– É, mas eu estou mais necessitado dele do que você.



– Ah, mas não está mesmo.



– Sai, Hermione!


 


     Os dois começaram a lutar pela posse do coche que começava a se mexer incomodado. Hermione então chutara a perna de Draco que gemera, mas a empurrara na neve entrando assim no coche.


 


– Para Hogsmeade. – dissera ele dentro do coche que começara a andar.



– Grr! – reclamara Hermione com raiva jogada na neve, então levantara em plena fúria, tirando a varinha de dentro das vestes e apontando para o coche de Draco. – Bombarda!



       Na mesma hora as rodas do coche explodiram assim como as portas, fazendo Draco capotar dentro da cabine. Caído dentro de qualquer jeito, Draco se levantara com ódio dizendo um “Bruxa maldita!” e saíra do coche encarando ameaçadoramente uma Hermione que sorria vitoriosa. 



– E agora? – ele dissera pra ela com ódio.


         Foi então que eles viram uma carruagem velha estacionada na frente da casa de Hagrid, usada apenas em dias de neve. Essa tinha um cavalo branco, que não seria tão rápido como um Trestrálio, mas que era o suficiente para Draco e Hermione, que saíram correndo desesperados ao mesmo tempo ao seu alcance.



           Hermione corria com certa dificuldade na neve, mas sem desistir até que Draco a enfeitiçara pelas costas fazendo uma corda surgir em volta de suas pernas. Hermione caíra xingando-o no chão, vendo-o passar correndo por ela e rindo cinicamente e acabara por enfeitiçar a neve a frente dele que se levantara do nada formando uma pilastra de neve da qual ele só viu de última hora, batendo de cara com ela e caindo para trás totalmente tonto. Hermione se livrara das cordas e correra em direção a carruagem abrindo-a com desespero e sentando na cabine com certo alívio.



– Para Hogsmeade. – dissera ela. Mas a carruagem não se movera. – Para Hogsmeade!


Por um momento ela não entendera o que estava acontecendo até que imaginou que a carruagem não estava enfeitiçada.


          Então respirara pesadamente, tentando conter o seu ódio e abrira os olhos ao ouvir um barulho de algo se partindo por feitiço e um “Vai” do lado de fora. Então ela se debruçara sobre a janela da carruagem e vira Draco em cima do cavalo que galopava em alta velocidade para fora de Hogwarts. Viu seu queixo abrir em surpresa e raiva e saíra com raiva da carruagem dizendo pra si mesma. “E agora?!”



         Então avistara outro cavalo branco que dormia ao pé da árvore tranqüilamente e correra até ele desesperada. “Acorda!” ela gritara para o cavalo que acordara assustado imediatamente e se levantara. Logo Hermione subira em cima dele com dificuldade. 



– Bem... E agora? – ela dissera mais calma, porém insegura, pois nunca havia montado um cavalo antes. – Você me entende... Vamos cavalinho. Anda, anda... – mas o cavalo não se movia.


        Ela se estressando ainda mais, já havia até perdido Draco de vista e ele dentro de poucos minutos chegaria a Hogsmeade.


– Merda! WOW! – então o cavalo novamente assustado começara a correr desesperado para fora de Hogwarts e ela quase caindo tentava guiar o animal.


 



           Draco parara em frente a uma loja qualquer de presentes e descera do cavalo entrando as pressas na loja antes que a dona terminasse de colocar a placa de FECHADO na porta. Hermione chegara à Hogsmeade um pouco depois, sem se incomodar com as pessoas que se assustavam no caminho com o cavalo e saltara também na mesma loja que Draco. Porém a porta estava trancada e a dona da loja não a deixava entrar.



– Já fechamos. – logo ela vira Draco dando tchauzinho pra ela de dentro da loja.



– Mas ainda tem gente dentro da loja!



– Não entra mais ninguém. – informara a mulher.


       


        Então Hermione soltara outro palavrão e fora embora, mas parando ao passar pelo cavalo de Draco amarrado no poste e soltando-o. Então dera uma leve batidinha na bunda do cavalo.


 


– Vai pra casa, vai! – ela dissera rindo maliciosamente pro cavalo que voltava às pressas pra Hogwarts. Então fora em direção a outra loja.



        Draco saíra da loja com suas sacolas quando dera de frente para um poste vazio. Ele olhara para o nada com ódio, rindo assassinamente para a neve, enquanto xingava Hermione mentalmente.


       


           Foi quando avistara ao longe e quase escondido o cavalo de Hermione, e com uma expressão mais alegre e divertida fora andando elegantemente até ele. Ele acariciara a crina no animal enquanto via Hermione pela vitrine da loja ao lado fazendo suas compras com certa pressa. Então se virara para o cavalo e dissera carinhosamente.



– Você vem comigo. – e soltara o cavalo levando-o com ele.



          Hermione saíra da loja cheia de sacolas quando dera de frente com o nada. Encarara a neve totalmente irritada, mas não tivera muito tempo para xingar Malfoy, uma vez que outra coisa chamara sua atenção. Logo um grito ecoara pela rua e seguido dele vários outros. Então Hermione procurara o motivo daquilo e vira um pouco distante, planando no ar verde e brilhante, a Marca Negra. Hermione franzira o cenho ao mesmo tempo em que seu queixo caíra. Abaixara os olhos pensando no que fazer, e então tomara a tão difícil decisão.



          Draco saíra da segunda loja, agora com um embrulho maior além das outras sacolas e notara ligeiramente irritado a Marca Negra no céu. 



– E essa agora? – ele dissera ainda entediado, enquanto muitos corriam e gritavam pela rua.


         


         Foi então que ele vira longe uma cabeleira castanha correr contra a correnteza de pessoas desesperadas, em direção a Marca Negra. Então dera um suspiro mexendo a cabeça negativamente de forma ironicamente. “Eu mereço”.


               Hermione seguia decidida por entre a tempestade de neve que surgira do nada. Já havia usado o “reducto” em suas sacolas, de modo que coubessem na palma da mão e pudesse guardá-las dentro do bolso. Mas começara a se estressar com o fato de não ver um fio de cabelo que fosse de Bellatrix Lestrange por aquela área.


 


              Foi quando notara um ser encapuzado sobre a neve adiante. E tentara se esconder o máximo possível por entre as árvores brancas. Seguia-o de forma tensa, sentindo seu coração bater desesperado em receio e seu cérebro gritar ordens de retirada para ela. Mas ela não estava disposta a obedecer.


 


            Cismara com Bellatrix desde que ela matara Sirius, e ainda mais ao vê-la matar aquele pobre homem no vilarejo perto de sua casa. Não a deixaria fugir agora. Foi então que o homem parara de andar. Ela continuava a espiar e sem se controlar saíra por de trás das árvores indo em passos leves e de varinha em punho em direção ao homem.


 


             O homem parecera notar alguma coisa e quando começara a se virar para ver o que era e Hermione se preparava para atacá-lo, algo se jogara sobre ela, arrastando-a para longe do homem e atrás de alguma pedra alta de forma que os cobrissem. Isso tudo em alta velocidade. Então vira que se tratava de Draco, ele a prendia contra a pedra tapando a sua boca, de modo que a deixasse indefesa. Ela rugira em revolta para ele já que sua mão abafara qualquer pronunciação dela.



– O que foi que deu em você? Está tentando se matar, é? – dizia Draco em voz baixa para ela, mas com raiva e desprezo pela sua idiotice. Hermione continuava a se debater em objeção. – Ok, ok, mas prometa que não vai gritar. – ele dissera soltando a boca dela. Ela respondera então no mesmo tom, também raivosa.



– O que está fazendo aqui? Me solta!



– Como assim o que estou fazendo aqui? Estou salvando a sua vida. Por mais inútil que ela seja.



– Eu não preciso de um herói. Sei muito bem me defender.



– É? E o que ia fazer? Atacá-lo com essa sua cabeça grande? 



– Não seu idiota. O que você acha que vou fazer? Isso aqui na minha mão por acaso é uma varinha. E sabe, eu conheço alguns feitiços que realmente o machucariam, pra falar a verdade eu sei vários. Não sei se você sabe, mas eu penso. – a castanha respondera com sarcasmo e ódio.



– Ah eu vi. Uma sangue-ruim indo em direção a um Comensal da Morte. Realmente muito inteligente da sua parte.



– E como é que eu vou...? – a castanha não terminara de falar uma vez que Draco tapara sua boca novamente com a mão e se espremera ainda mais com ela uma vez que ouvira passos.


       


         O próprio Comensal da Morte procurava desconfiado ali perto pelo o motivo daqueles zumbidos. 
Draco e Hermione estavam encurralados na pedra, apenas ouvindo os passos do homem que rodeavam o lugar, então logo uma voz feminina chamara-o.



– Hey, vamos. – dissera a voz feminina. Hermione se contorcera e lutava contra os braços de Draco inutilmente. 



         Reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo. Era ela. Lestrange. Ali... A poucos metros dela. Draco entendera o olhar da castanha, o desejo que ela tinha de ir atrás de sua tia. Mas ele sabia que seria fatal para ela. Com indiferença ele a prendeu ainda mais contra a pedra até que os Comensais finalmente se afastassem do lugar. 



– Era ela. Eu não acredito. – dizia Hermione depois de ser solta e começou a ir em direção ao vilarejo de Hogsmeade que era para onde os Comensais haviam ido. Mas Draco a impedira segurando firmemente seu pulso, como a uma criança desobediente.



– Não é seguro irmos por aí. Tanto porque o cavalo já deve ter voltado para Hogwarts a essa altura. Precisamos voltar para Hogwarts de outro jeito. – pensava Draco enquanto segurava Hermione, ignorando o chilique dela. – É melhor irmos pela Casa dos Gritos.


 



         Hermione fora com Draco contrariada e arrastada para o prédio mal assombrado. Draco trancara a porta por onde haviam entrado e andara pelos cômodos úmidos em direção a porta no chão da qual tentara abrir a força, mas não conseguira. Logo percebera que Hermione o observara perplexa.



– Você conhece a passagem que liga a Casa dos Gritos a Hogwarts? – Draco dera de ombros. 



– É claro que eu conheço. Essa passagem foi feita por Salazar. – ele dissera indiferente.



– Como é?



– Esse prédio, ou a Casa dos Gritos, como hoje é chamado, era o local de encontro de Salazar com a sua amante.



– Eu... Eu não sabia disso. – Hermione admitira. 



– É claro que não sabia... Peraí, como é que você sabia dessa passagem? – ele dissera se virando para ela interessado.



– É bem... – ela gaguejara, como responder aquilo sem por Harry ou o Mapa dos Marotos em problemas? – Não é da sua conta! Apenas abra logo esse troço.



– Estou tentando, – ele respondera irritado, voltando a tentar abrir a passagem.



– Ah, sai da frente. Alorromora! – mas nada acontecera. 



– Muito bem, gênio. – ele dissera sarcástico.



– Bombarda! – novamente nada acontecera. Hermione começara a analisar a própria varinha confusa.



– Não adianta. Dumbledore já deve ter descoberto essa passagem. Merda!



– Então teremos de voltar por Hogsmeade mesmo.



– Ah claro, por que não levamos um baralho também pra jogar buraco com os Comensais? – ele respondera irritado chutando um balde velho.



– O que faremos então?



– Teremos de esperar, até eles irem embora. 



             Hermione soltara uma exclamação revoltada e fora em direção ao banquinho e pegara-o, passara a mão de leve tirando a poeira e colocara-o no centro do quarto sentando nele de pernas cruzadas e de cara amarrada, observando o lugar. Draco a encarara como se ela fosse doida.



– O que está fazendo? – ele perguntara com desprezo. 



– Aguardando. O que você quer fazer? Discutir a relação? – ela respondera sarcástica.


       


        Ele respondera apenas com um som de desprezo e dera as costas àquela maluca cruzando os braços encostando-se no batente da porta do quarto.



– Natal... Eu adoro o Natal. – ele resmungara pra si mesmo.



– Ha, o meu Natal também está sendo muito agradável, Draco. Muito obrigado.



– Você não está querendo brigar, não é? Na boa, Hermione. Eu não recomendaria isso. Acho que eu mesmo estou com vontade de matar você.



– Podia ter me deixado lá.



– Ah claro... De nada Hermione, por salvar a sua vida.



– Você não estava salvando a minha vida. Estava como sempre dando passagem para os Comensais. É só o que você faz. – ela dissera de nariz em pé. Ele se virara para ela com raiva e cenho franzido. 


 



– E quem é você? A Menina Que Sobreviveu? Voldemort matou seus pais também? Fez uma cicatriz em forma de raio na sua testa?



– Não precisa ser o Escolhido para lutar contra ele. Mas o que eu estou falando? Nada que um futuro Comensal como você fosse entender. Aliás, como vai sua missão? – perguntara ela irônica. Então ele se estressara ainda mais.



– Eu não acredito que ainda fui atrás de você! Simplesmente não acredito que não te dei de presente para minha tia. Não acredito! Será que existe ser mais chato e repugnante do que você? Ah, e você ainda fala como se fosse duelar com aquele Comensal. Do jeito como você é medrosa...



– Não me chame de medrosa, Draco Malfoy! Você não tem o direito de me chamar assim! Eu não tenho mais por quê ficar ouvindo isso de você.


 


– Mas é o que você é...


– Fala que eu sou medrosa porque não me apaixono por você, porque não estou com você. Você adora se fazer de santo, não é – brigara Hermione se levantando do banco ameaçadoramente.



– Como é que é? Santo? – ele respondera ainda mais ameaçador.



– Você fala como se eu fosse uma pessoa terrível que judiou dos seus sentimentos e blá blá blá... Isso não cola! Você mais do que ninguém pisou nos sentimentos do outro. Eu acreditei em você... Confiei em você, mais de uma vez.



– Ahh... Confiou muito. Você espera sempre qualquer deslize para fugir da situação. Você não suporta o fato de ser amada e de amar alguém


 


– Cala a boca!



– Não, cala a boca de você! – dissera ele aos berros colocando o dedo na cara dela, ela nunca o vira tão estressado como naquele momento e não agüentara caindo no choro. – Você sempre arrumando motivos para me odiar! Sempre fingindo acreditar, mas na verdade só ficava com o pé atrás. E incrível como a sua confiança nunca durou até o dia seguinte!


 


– Eu sempre quebro a minha cara no dia seguinte.



– Eu nunca me humilhei tanto por alguém como fiz por você! Uma merda te amar Granger!  Mas não tem remédio para isso! Eu mataria você se isso resolvesse.


 


– E há remédio para o que você me fez? – ela disse chorando. Ele respirara pesadamente, mas ainda sentido seu ódio rolando nas veias. Então desviara o olhar.



– Ótimo, Hermione. Quer me odiar, me odeie...



– Odiar? Acha que odiar você, basta? Você fala de amor e de ódio como se isso nos representasse! Eu tentei desculpar você... tentei esquecer... manter distância... tentei ignorar todas as humilhações que você me fez passar... eu...


– Você fugiu! Como uma covarde!



– Sempre que eu tentava conhecer você, você me machucava. Arrumava um jeito de provar que sempre fora um Sonserino filho da mãe...-  ela rira de lado, ainda chorando. – Como se algum dia eu tivesse me esquecido disso.



– Você quer me conhecer? – ele perguntara com ódio se virando para ela. Ele dizia arrancando o sobretudo, o agasalho e a camisa. Ficando apenas de calça e deixando todo seu tórax e abdômen à mostra. – Quer ver quem eu realmente sou?


 
– O que está fazendo? – ele ia em direção a ela, encurralando-a na parede.



– Quem eu sou por baixo do Sonserino?


 


– Pára! – ela mandara não agüentando o tom agressivo dele.



– Esse é quem eu sou! – ele disse pegando a mão dela a força e colocando-a sobre o peito esquerdo dele, onde seu coração batia furiosamente.


         Hermione ainda soluçava de leve e chorava enquanto ele apenas a encarava decidido. Uma mão prendendo a dela no seu peito, a outra fechando a passagem de fuga dela.


 


 – Esse é quem eu sou! Esse! 



– O que você quer de mim, Draco?... – ela perguntara ainda chorando, totalmente perdida e derrotada, sem conseguir parar de chorar. – O que?



– Você. – ele respondera ainda agressivamente, porém baixo. Ela fungara tentando controlar o choro, tentando encará-lo.



– Então por que... Por que só me machuca? – ele a encurralara ainda mais segurando com a outra mão o rosto dela forçando-a a encará-lo, enquanto com a outra ainda prendia a mão dela ao seu peito. 



– Eu amo você. – ele dissera não carinhosamente, mas firmemente. – Não vou machucar você.



         Hermione sentia o calor dele sobre si e seu perfume embriagante. Seu tórax firme sobre seus dedos que se estalavam de forma tensa. Nunca o desejara tanto na vida. Ela abaixou a cabeça, ele a prendia novamente, apenas encarando-a. Sem segurar mais seu rosto, e sem perceber Hermione ainda tocava o peito dele ouvindo seu coração, apesar dele não estar mais segurando sua mão. Ele apenas mantinha as mãos na parede de forma que a prendesse.


 
– Você não sabe o que está dizendo. – ela dissera firmemente, olhando-o ainda com lágrimas.



– O que eu sou?


      
         Ele a ignorara dizendo firmemente e agressivamente. Ela chorava a cada palavra e fechava os olhos não conseguindo encará-lo, mesmo estando a milímetro dela.


– Eu sempre serei um Sonserino! Sempre serei filho de um Comensal! Sempre odiarei o Potter e os Weasleys! Sempre serei esse cara que você odeia! Sempre serei cruel, grosseiro, impiedoso, com essas manias e humor que você detesta! Judiarei daqueles que não ligo! Sempre serei terrível com aqueles que não gosto! Sempre serei um Malfoy, sempre!– ele disse aos berros. Ela ainda chorava silenciosamente de olhos fechados. – Mas o que você quer?


        


      Ela abrira os olhos de leve, mal conseguindo enxergar por causa das lágrimas. Então as últimas lágrimas caíram limpando sua vista e ela o viu ainda com aquele olhar cinza, firme e intimidador.


 


– O QUE... Você quer, Hermione?



– Você. Eu quero você. – ela dissera quase sem voz, meio segundo antes dele agarrá-la num beijo intenso e acolhedor. Um beijo que secava todas as lágrimas e feridas, um beijo suplicante e quente. 



           Sentiam os lábios um do outro como se há anos não o fizessem. Draco a segurava como se ela fosse uma boneca de trapos e Hermione sentia o seu corpo quente e forte deixá-la sem defesas. Ele mordia seu lábio de forma tensa numa fome de possuí-los ainda mais. Enquanto toda uma onda ardente subia pela sua espinha. Quando novamente a possuíra os lábios, abraçando-a como se assim pudesse protegê-la de qualquer mal ou se pudesse fazê-la esquecer de tudo de mal que já acontecera.


 


           Passava um filme na mente dos dois, um filme de acontecimentos de todo um ano turbulento, de toda uma vida de onde eles nunca imaginariam o que chegariam a sentir um pelo outro. Hermione sentia que seria capaz de enfrentar qualquer coisa junto dele. E o beijo protetor começara a se tornar feroz e mais tenso. Um fogo que possuía os dois de tal forma como se não tivessem mais noção de tempo ou espaço. Draco se controlava ao máximo para não descer até o pescoço da garota, pois sabia que daí ele não conseguiria mais parar. Amaldiçoara todos que existiam por eles estarem na Casa dos Gritos e não no seu quarto da monitoria-chefe.


 


               Hermione sentira ele dar uma última mordida demorada e tensa em seu lábio que fora capaz de arrepiar até o último fio do seu cabelo, e afastar os lábios apenas uns milímetros, de forma que não a soltasse também. O dois puderam novamente aprender o ato da respiração. Então Draco colara seus lábios novamente nos dela, pressionando-os apenas e depois os soltara de leve. Criando uma leve linha nos próprios lábios firmes, um sorriso satisfeito e ligeiramente divertido. Ela então o encarara interrogativa quando ele perguntara na sua voz rouca e sonserina.



– Que ir ao baile comigo?


 


Continua...

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