Lembranças & Inseguranças

Lembranças & Inseguranças



Everlasting Love


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Capítulo I – Lembranças & Inseguranças



“Torcer por um amor insano, incerto,
É ser um sonhador, ter peito aberto
Prá suportar a dor, infernizante,
Que a insegurança traz a cada instante.”

(Bernardo Trancoso)



Um lindo pôr-do-sol, pincelando o céu livre de nuvens com cores suaves, acontecia junto com o entardecer.
Uma bela morena, que aparentava ter uns 20 anos, estava debruçada na grande janela do Largo Grimmauld, observando o espetáculo dado pelo pôr-do-sol, enquanto tentava descobrir todas as cores e misturas que coloriam o céu, apenas por distração. Ela estava com os cotovelos sobre o parapeito da janela e o delicado rosto apoiado nas mãos. Enquanto seu belo par de olhos cor-de-mel observava com um ar encantado aquela paisagem, seus fios castanhos e ligeiramente ondulados começavam a escorregar do rabo-de-cabelo frouxo que ela havia feito de qualquer jeito, fazendo com que algumas mechas caíssem pelo seu rosto, encostando naquela pele clara e macia, e incomodando-a.

A mulher então pareceu despertar, e jogou as mechas para trás em um gesto nervoso, enquanto fechava a janela e encaminhava-se para fora do quarto em que estava. Passou a mão pelos cabelos, como que os penteando, enquanto descia calmamente as escadas para o primeiro andar.

A casa parecia tranqüila e praticamente desabitada, já que todos que geralmente estavam por lá haviam recebido folga da Ordem da Fênix, organização em que ela trabalhava. Mas, ao terminar de passar os olhos por toda a sala, acabou encontrando seu namorado sentado no chão, com os braços jogados para trás, as mãos servindo de apoio e o olhar fora de foco.

Sorriu discretamente ao vê-lo e foi caminhando sorrateiramente até ele, logo o abraçando por trás e o fazendo sobressaltar-se.

- Um beijo pelos seus pensamentos! – sussurrou no ouvido do rapaz, fazendo-o abrir um fraco sorriso e virar-se para encará-la.

Deitou ao lado do namorado e apoiou sua cabeça no colo dele, fazendo com que seus longos cabelos castanhos se espalhassem pelo chão e pelo rapaz.

- Ah, Sirius, como eu gostaria de usar Legilimência com você, para descobrir no que você tanto pensa... – comentou, se aninhando ao corpo do namorado.

- Mas Lene, você sabe fazer isso! – exclamou ele, afagando os longos cabelos que se espalhavam pelo seu colo.

- Não com você, Sirius. – ela disse, num suspiro. – Quando eu tento encarar seus olhos para penetrar sua mente, me perco nessa imensidão azul.

Sirius riu fracamente e inclinou-se para beijar os lábios da namorada, jogando em seguida seus cabelos, negros e lisos que lhe caíam pelos olhos, para trás, em um gesto muito charmoso.

Lembrou-se de como Marlene, sua namorada há pouco mais de três anos, costumava admirar os seus olhos. Ela dizia que eles pareciam o oceano, com toda a sua profundeza e mistérios escondidos.

O moreno percorreu o olhar pela sala, agora quase vazia, de sua casa, que estava sendo utilizada como sede da Ordem da Fênix, um grupo recentemente fundado por Dumbledore na tentativa de combater Comensais da Morte e o Lorde Voldemort, que estavam transformando o atual mundo bruxo em um perfeito caos.

Sem que ele pudesse evitar, claras lembranças sobre o último dia do ano letivo que ele passara na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts invadiram sua mente, fazendo-o mais uma vez perder-se em pensamentos.

Era um dia com o clima fresco, o sol brilhando imponente e livre de nuvens naquele céu incrivelmente azul. Vários estudantes do sétimo ano se abraçavam pelos jardins, alguns até deixando singelas lágrimas escaparem, pois aquele seria o último dia em que estariam como alunos nos terrenos de Hogwarts. E, além disso, a primeira grande guerra do mundo bruxo já começava a dar indícios lá fora, e muitos temiam por não conseguirem mais reencontrar os amigos.

Mas um casal em especial, dentre tantos que estavam juntos e aproveitavam os últimos momentos naquele lugar, corria alegremente pelo jardim feito duas crianças brincando de pique-pega.

- Desista, Black! – exclamou a garota, já ofegante de tanto correr. – Você nunca vai me pegar!

- É o que veremos, Mckinnon! – disse o rapaz, aumentando a velocidade e conseguindo, enfim, alcançar a namorada.

Pulou em cima dela, no que os dois tombaram na grama, gargalhando alto. Ele começou a fazer cócegas em Marlene, e a barriga da menina já doía de tanto rir.

- Pare, Sirius! – ela pediu, em meio a muitas risadas e com os olhos já enchendo de lágrimas. – Por favor!

Exausto, Sirius largou-se na grama ao lado da namorada, passando a contemplar o céu azul-claro. Marlene cruzou os braços atrás da cabeça e fechou os olhos, aproveitando aquele momento descontraído, e os dois permaneceram naquela posição por um tempo, apenas com um silêncio reconfortante pairando.

Mas como que para estragar aquele momento encantador e feliz, um calafrio percorreu o corpo da jovem Marlene, e pensamentos ruins passaram por sua mente, trazendo-a novamente para o “mundo real”, e os grandes problemas que reinavam sobre ele. A morena se lembrou de como Lorde Voldemort vinha ganhando cada vez mais poder, e no quanto os seus seguidores espalhavam o medo pelo mundo bruxo. Não sabia como seria dali para frente, com eles fora de Hogwarts e sem a proteção que aquele castelo lhes fornecia, e conviver com aquelas constantes inseguranças não era nada fácil.

- Como ficará nós dois, Sirius? – perguntou a garota, apoiando a cabeça no ombro do namorado.

Vinha se fazendo essa pergunta a algum tempo, mas só agora havia tomado a devida coragem para fazê-la. Ela estava muito ansiosa e temerosa, não sabia que rumo aquele namoro de apenas quatro meses tomaria, mas a única certeza que tinha era a de não querer terminá-lo.

- Fique tranqüila, Lene. – falou o moreno, acariciando a bochecha rosada de sua namorada. Como aquelas palavras doces a confortavam... – Tudo dará certo, confie em mim.

- Mas, Sirius... – ela disse, levantando-se em um pulo. – E se não pudermos mais nos encontrar lá fora? Não sei se os meus pais vão permitir e...

- Eu te seqüestro, não há problema. – ele a interrompeu, sorrindo, com aquele seu típico jeito de achar que tudo se resolve com extrema facilidade.

- Seu bobo... – disse a menina, rindo, enquanto estendia a mão para ajudar o namorado a se levantar.

Puxou-o para perto, roçando seus lábios macios nos dele com a intenção de provocá-lo, no que o maroto logo tratou de acabar com a pouca distância que existia entre eles, enlaçando-a em um beijo carinhoso.

Ao se separarem, Marlene abraçou o namorado pela cintura, encarando a grama com uma expressão triste.

- Ei, Lene! – disse o garoto, levantando delicadamente o rosto da namorada com uma das mãos, fazendo-a voltar a encará-lo. – Não há o que temer, estarei ao seu lado, sempre.

- Mas e se não estiver?! – ela exclamou, deixando que uma fina lágrima escorresse solitária por seu rosto. – Não sei mais se conseguirei prosseguir sem você...

- Essa hipótese simplesmente não existe. – Sirius disse, encarando-a seriamente. – Não deixarei que nada de mal te aconteça, Marlene Mckinnon, porque eu te amo! Agora seque essas lágrimas bobas, porque hoje é para ser um dia alegre... já pensou na possibilidade de nunca mais precisar ver o Ranhoso na vida?!

A morena riu, sentindo-se muito aliviada, enquanto abraçava o namorado e recostava a cabeça em seu peito. Gostaria de ficar ali para sempre, sem guerra, sem preocupações, sem medo... apenas com Sirius Black, o garoto que a fazia sentir-se perfeitamente segura apenas com seu sorriso.

- Sinto atrapalhar os pombinhos – eles ouviram uma familiar voz masculina comentar, enquanto se aproximava. –, mas temos que ir nos encaminhando para as carruagens!

- Já estamos indo, Pontas, espere só um minuto. – Sirius disse para o amigo, gesticulando por trás da namorada para ele e a menina que o acompanhava se afastarem logo.

- Tudo bem, mas não demorem, ou acabarão ficando para trás! – alertou Lílian Evans, a namorada do seu melhor amigo, enquanto sorria alegremente para o casal.

Enquanto eles se afastavam, a menina pulou na garupa de Tiago, deixando que seus brilhosos cabelos ruivos caíssem pela frente do rosto do namorado, tapando-lhe a visão, no que eles quase caíram. Lílian riu alto, divertindo-se com aquilo tudo, enquanto os dois sumiam entre os vários alunos que se encaminhavam para às carruagens.

- Antes de irmos – Sirius começou, pegando algo dentro de seu bolso. –, gostaria de lhe dar isto.

Marlene encarou o pequeno embrulho nas mãos do garoto, olhando-o com curiosidade. Abriu um sorriso carinhoso e pegou o pequeno presente. Ao desfazer o laço que envolvia o objeto, pôde observar algo dourado, reluzindo em suas mãos. Era um lindo e delicado broche, que possuía algumas letras estranhas grafadas, as quais Marlene não conseguiu decifrar.

- Significa “Amor que dura para sempre”, em latim. – explicou Sirius, observando a expressão confusa e ao mesmo tempo curiosa da namorada.

Ela abriu um sorriso maravilhado, enquanto seus olhos amendoados adquiriam um brilho mágico. Marlene envolveu os braços no pescoço de Sirius, distribuindo beijinhos carinhosos na bochecha dele, agradecendo inúmeras vezes o presente.

- Eu te amo tanto, Sirius, tanto... – ela sussurrou, emocionando-se com a situação.

- Eu também, Lene. Muito mais do que você pode imaginar. – disse o maroto, dando um forte abraço na namorada. – E pode ter certeza de que eu te amarei para sempre. Te amarei com a força de cada batida do meu coração.

Em seguida, Sirius pegou Marlene no colo, girando-a pelo jardim, enquanto caminhava em direção as carruagens.


- Bons tempos aqueles, não é, Lene?! – perguntou o moreno, desviando sua mente das lembranças e voltando a afagar os cabelos da namorada.

- Que tempos, amor?! – disse Marlene, levantando do colo de Sirius e passando a encará-lo com carinho.

- Os tempos de Hogwarts... – ele comentou, acariciando as bochechas rosadas da namorada, como sempre costumava fazer. – Nós éramos livres de preocupações, da guerra, do medo...

- Shhh! – exclamou a mulher, colocando o dedo sobre os lábios de Sirius, impedindo-o de continuar a frase. – Não vamos pensar nisso agora, podemos fazer coisas muito melhores... – completou, abrindo um sorriso maroto enquanto distribuía beijos pelo rosto do namorado, descendo logo depois para o pescoço.

- Ah, Lene, você sabe que isso é covardia... – comentou o rapaz, arrepiando-se com o toque dos lábios macios da morena em sua pele.

- Vem, vamos para o quarto! – ela disse, puxando Sirius pelo braço, enquanto este a abraçava pela cintura e subia as escadas com o corpo colado no dela.

Já no segundo andar, percorreram o grande e escuro corredor, a caminho do quarto de Sirius.
Ele realmente odiava aquela casa – ou mansão, como muitos gostavam de reforçar –, mais não havia lugar melhor para se esconderem. Detestou voltar para lá depois do tempo em que passou na casa de Tiago, mas como a família Black, que antes habitava aquela mansão, teve de ir para um lugar mais escondido graças ao Ministério da Magia, que estava atrás dela, Sirius não teve como não ceder a casa quando foi lançada a idéia de ela servir como sede para a Ordem da Fênix.

Mas, quando Marlene estava lá para lhe fazer companhia, ele se esquecia completamente do ódio e das mágoas que aquele lugar lhe traziam, apenas aproveitava cada momento com ela.

O casal adentrou o quarto mal iluminado do rapaz, e o moreno a puxou para um beijo, sendo imediatamente retribuído por Marlene.
Os dois tinham uma química diferente e invejável. Por mais que estivessem juntos há praticamente três anos, cada beijo tinha uma sensação diferente, somada ao calor que emanava de seus corpos sempre que eles se aproximavam.

Sirius enlaçou a namorada pela cintura, e a ergueu ligeiramente do chão, carregando Marlene até perto de sua enorme cama de casal, para depois deitá-la ali e começar a distribuir beijos por todo o seu pescoço.

Depois de um tempo, o rapaz encarou a namorada, esboçando seu tão famoso sorriso maroto. Voltou sua atenção para os lábios de Marlene, enquanto deslizava suas mãos por todo o corpo perfeito da mulher, fazendo-a estremecer a cada toque. Entre um beijo e outro, Marlene tirou o casaco azul-celeste que havia dado para o namorado no último natal, propositalmente escolhido para combinar com seus olhos, que tanto a fascinavam. Começou a desabotoar a calça dele, quando, como que para acabar com aquele momento mágico, um papel amassado caiu do bolso de Sirius.

- O que é isso? – ela perguntou rapidamente, parando de beijá-lo.

- Nada, – disse o rapaz, pegando o papel jogado na cama e colocando uma das mãos para trás, escondendo-o. – não é nada.

- Sirius, deixe-me ver esse bilhete. – Marlene exigiu, enquanto vários pensamentos ruins invadiam sua mente.

Fazia algum tempo que ela vinha percebendo atitudes estranhas em Sirius. Ele muitas vezes dava motivos perceptivelmente mentirosos para sair de casa, assim como retornava inúmeras vezes com uma mesma fragrância doce e feminina misturada a ele. Marlene havia interrogado seus melhores amigos, tentando descobrir alguma informação, mas fracassara por completo, pois eles juravam solenemente não saber de nada. Ela, então, acabou decidindo por deixar essa história de lado, por falta de provas mais claras e por não querer admitir a si mesma que o seu grande amor, depois de tanto tempo, a estava traindo. Mas, mesmo ela tentando deixar isso tudo de lado, aquela insegurança incômoda muitas vezes lhe atingia, e neste momento, com aquele bilhete que Sirius tentava esconder, a hipótese de estar sendo traída vinha à tona mais do que nunca.

- Lene, por favor, deixe isso para lá... – pediu Sirius, tentando inutilmente fazer com que a namorada esquecesse o flagrante.

Ela continuou encarando-o, muito séria. Não parecia estar gostando nem um pouco daquilo tudo, e muito menos estava disposta a deixar de lado.

- Me dê isso, Sirius. – falou, estendendo o braço para receber o bilhete, enquanto sua expressão não deixava nenhum vestígio de alegria ou tranqüilidade.

O rapaz suspirou, parecendo cansado e atordoado. Sabia que não adiantaria discutir com Marlene. Os três anos em que passaram namorando mostraram-no o quanto ela era cabeça-dura e como não desistia de absolutamente nada que quisesse.

Ela pegou o papel que Sirius a entregava, e abriu-o.

Querido Sirius,

Desculpe-me por importuná-lo novamente, mas você não faz idéia de como eu preciso da sua presença aqui, ao meu lado, neste momento.
O meu mundo parece despencar a minha volta, e tudo o que preciso é de um abraço seu, para me confortar. Peço-lhe que, por favor, atenda ao meu pedido e me encontre naquele mesmo lugar de sempre, aquele em que sempre vamos para ficarmos a sós.

Até breve,
Daquela que te ama muito.



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N/A: Não me odeiem por eu ter parado justo nessa parte, por favor xD
Essa fic aqui era para ser apenas uma oneshot, mas conforme fui escrevendo, novas idéias foram surgindo, e a fic acabou aumentando. Mas, mesmo assim, ela será bem curta, e deve ter mais uns dois capítulos.

Esclarecendo rapidamente o assunto da Marlene: não, ela não é P.O. Em uma parte do livro cinco, o Harry vê uma foto com a primeira formação da Ordem da Fênix, com o nome de seus integrantes embaixo – e, um deles, é a Marlene Mckinnon, e é apenas isso que é citado sobre ela. Uma autora, Mylla Evans, resolveu começar a usá-la como par do Sirius, e a partir daí pegou. Confesso que só li umas quatro fics Sirius/Marlene, gostei de todas, com certeza, mas escolhi mais essa personagem porque precisava de alguém que fosse realmente da Ordem, então ela caiu como uma luva.

Não sei se alguém reparou, mas vale destacar que o que está escrito no broche que o Sirius deu a Marlene, “Amor que dura para sempre”, é basicamente a tradução do nome desta fic, Everlasting Love.

Espero que vocês tenham gostado deste capítulo, e que por favor comentem, para eu saber o que vocês estão achando!

Milhões de beijos, e obrigada a todos que comentaram ;)

Ps: A foto postada neste capítulo foi feita pela Mah Lupin! Aliás, gostaria de agradecer imensamente a ela, a Li Potter e a Mari Black por me aturarem tagarelando sobre essa fic no MSN, sou realmente grata a essas meninas que eu tanto adoro!

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