Capítulo XVII



Faltavam alguns minutos para as 22:00h e Hermione ainda não havia decidido se iria ou não até a entrada principal. Neste momento ela e Gina estavam sentadas à mesa, Harry e Rony haviam ido pegar mais bebidas.

- Hermione? – Gina chamou-a baixinho.

- Sim? – Hermione virou para a amiga, que sentava na cadeira a seu lado.

- Preciso te fazer uma pergunta e gostaria que você fosse sincera comigo. – Gina estava um pouco séria, diferente do resto da noite quando estava dançando ou conversando alegremente. Hermione ficou receosa.

- Tudo bem. Eu nunca menti pra você! – A garota ficou chateada pela desconfiança da amiga.

- Desculpe, é que… talvez você não tenha dito nada porque ainda não se decidiu... – Hermione já estava ficando nervosa com aqueles rodeios.

- Fala logo Gina, você está me deixando agoniada. – Hermione ajeitou a echarpe, esperando a iniciativa de Gina.

- Você e o Malfoy estão tendo alguma coisa? – A garota declarou à queima roupa.

- Como assim “tendo alguma coisa”? – Hermione se surpreendeu com a pergunta da amiga. – De onde você tirou isso?

- Bom, tirei isso dos seus olhares esquivos pra ele nesses dias. Na sua atenção para o treino de quadribol da Sonserina, na escolha rápida que ele fez entre a Cho Chang e você para dançar agora há pouco. – Hermione olhava incrédula para Gina. – E é claro, no fato dele ter passado a noite inteira evitando a Pansy e ficar olhando pra você, meio que hipnotizado.

Hermione não acreditava em como Gina tinha observado isso tudo sem ela perceber. Arriscou um olhar à mesa de Draco, porém ele não se encontrava mais lá. Com certeza, já tinha ido para a entrada principal. Antes que pudesse fazer qualquer comentário Gina continuou.

- Não adianta procurá-lo agora porque ele acabou de sair apressado. – A garota deu um sorriso de vitória.

- Olha Gina, antes que você tire qualquer conclusão precipitada eu vou avisar: não estou “tendo nada com o Malfoy”! – Hermione disse olhando nos olhos da amiga.

- Ainda, ou melhor, porque você não notou ainda que está a fim dele! – Gina falou com naturalidade.

- Como é que é? Eu não estou a fim dele! Ele é um idiota, arrogante, uma doninha loira e sonserina! – A garota disse sem pensar.

- E tem belos olhos azuis, um cérebro com conteúdo e de uns dias pra cá parou de te chamar de sangue-ruim?! – Gina piscou sorrindo. – Eu sei que o passado dele condena, mas pode confessar que ele está um pouco mudado, e além do mais, você parece não ter ficado tão infeliz em ter dançado com ele. – Hermione virou os olhos. – No começo achei que vocês se esganariam, mas pelo que vi, vocês até que ficaram bem juntinhos. – A garota riu. – E ainda teve o beijo arrebatador na sala de aula e aquela discussãozinha básica na biblioteca que até hoje eu não entendi.

- Gina pára de falar besteira! Eu não estou tendo nada com o Malfoy e só porque a gente não se azarou durante a dança não quer dizer que estamos apaixonados. – Hermione disse num só fôlego.

- Tudo bem. Já que você insiste. Mas se mudar de idéia quero ser a primeira a saber, ok? – Gina encarou Hermione, que balançou a cabeça negativamente.

- Eles estão demorando não é? – Hermione questionou tentando mudar de assunto.

- É, deve ser porque no final da festa todos querem acabar com as bebidas! – As duas riram.

- Você se importa se eu for me deitar? – Hermione perguntou, enquanto Luna chegava à mesa.

- Bom, já que a Luna está aqui acho que não tem problema. Eu aviso ao meu irmão que você já foi. – Gina falou.

- Obrigada amiga. – Hermione abraçou a garota e despediu-se de Luna, que não demorou a iniciar uma conversa animada com Gina.


Draco estava à soleira da porta principal olhando para o céu estrelado. Ouviu a porta se abrir e virou para ver seu colega Adam sair em direção à torre de astronomia com uma garota que ele nunca tinha reparado da Sonserina. Riu consigo mesmo.

Estava ali parado esperando quem ele menos imaginava: a grifinória sabe-tudo e sangue-ruim Hermione Granger! A garota que ele mais detestava! Como isso era possível? Várias vezes ele pensou em respostas para aquilo e só duas lhe vinham à cabeça: vingança e paixão.

Porém, não tinha porque se vingar dela. Fora o soco que levou no terceiro ano, que por sinal havia doído bastante, nunca teve um motivo concreto para se vingar a não ser por desejo de seu pai. Muito menos depois que ela o ajudou com Dumbledore no dia da fuga na floresta. Ela ainda cuidou de seu machucado e pôs o pescoço a prêmio ao defendê-lo na frente do diretor.
Mas se não era vingança o motivo pelo qual ele estava ligado a ela, seria a outra opção? Estaria apaixonado pela grifinória?

Draco pensava naquela hipótese e descobriu-se relembrando os últimos acontecimentos: havia agradecido a ela com um beijo na floresta e beijado-a no banheiro dos monitores-chefes com se dependesse daquilo para viver! Ficara com ciúmes dela na aula de Snape e beijara-a novamente sem se importar com as conseqüências. Caçoara quando descobriu que ela iria ao baile com o Weasley sem motivo algum e ainda quase havia declinado ao vê-la chegando deslumbrante ao baile acompanhada do idiota! Sentiu o sangue ferver ao vê-la dançando com o lesado e ainda por cima uma música lenta!

Esses eram motivos para concluir que estava apaixonado por ela? Se não, ainda havia o fato de tê-la nos braços, não se contentar com apenas uma dança e ter coragem de convidá-la para dançar novamente.
Uma mão tocou-lhe o ombro. Malfoy virou para ver quem era e encontrou Hermione com um meio-sorriso. Todos os pensamentos evaporaram de sua cabeça e ele teve certeza: estava apaixonado por ela.


Hermione retirou-se do salão e pôs-se a olhar para a porta de entrada. Era loucura! Ele devia estar escondido em algum lugar rindo da cara dela ao ver que tinha ido encontrá-lo. Virou-se em direção às escadas. Não poderia dar esse gostinho a ele!

Mas, e se realmente ele estivesse esperando? Acharia que ela teve medo de ir até lá e iria chamá-la de medrosa até o fim dos dias.

Um casal de sonserinos passou por Hermione. Era melhor ela se decidir logo ou não teria sossego. Achou melhor ir até lá! Se ele zombasse dela ou começasse a discutir ela iria embora ou iria azará-lo. E se ele não estivesse lá, pelo menos saberia que ela não tivera medo de ficar a sós com ele. Afinal, ela era uma bruxa ou não? O diploma que recebera certificava isso.
Parou por instantes em frente a porta meditando sobre sua escolha. Achou melhor terminar com aquela agonia, afinal o que teria de mal em estar a sós com Malfoy e dançar com ele? Ele não seria louco de fazer nada com ela, pois sabia que se daria mal.

Abriu a porta lentamente, quase sem fazer barulho. Ele estava parado de costas olhando a lua. Parecia distante em pensamentos. Pensou se deveria chamá-lo, mas achou melhor tirá-lo do devaneio tocando-lhe o ombro.

Ele pareceu surpreso ao vê-la. Hermione achou que ele não deveria acreditar que ela realmente tinha ido ao seu encontro e sorriu discretamente. Resolveu quebrar o silêncio.

- Acho que estou atrasada. – Ela disse, enrubescendo sob o olhar de Malfoy.

- Você chegou na hora certa. – Ele tomou-a pela mão e começou a descer as escadas.

- Onde você está me levando? – Hermione questionou quando chegaram ao fim da escadaria.

- Para a pista de dança. – Draco disse sorrindo.

Hermione fez o trajeto sem mais perguntas. Malfoy simplesmente estava diferente. Desde que discutiram mais cedo no baile ele pareceu transformar-se num cavalheiro. Mas Hermione não iria se enganar. Gina só havia complicado as coisas com suas perguntas sem propósito. Tentou tirar tais pensamentos da cabeça. Afinal, um Malfoy nunca teria nada com alguém que não fosse “sangue puro”, e ela não deixaria que ele a iludisse e brincasse com seus sentimentos. Ela se esqueceria dos beijos, das mudanças de comportamento, do jeito charmoso e sexy, do perfume delicioso que ele usava e principalmente daquela dança que ela concordara em continuar.

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