Capítulo III



Os dias correram “normais”, considerando os tempos de guerra que estavam assolando todo o mundo. As aulas estavam tranqüilas e os meninos, como sempre estavam distraídos com Quadribol e outras coisas. Hermione se enfiava na biblioteca para aprofundar seus conhecimentos, e de vez em sempre se pegava lendo livros de Animagia, como fazia agora. Não que ela estivesse com inveja do Malfoy, mas ela achava que isso era muito difícil pra sua idade. E se ele conseguiu, ela também conseguiria.

Falando em Malfoy, este andava estranho ultimamente, ela o via constantemente na biblioteca, e por incrível que pareça, não ficava lendo livros de Artes das Trevas. Ele continuava enchendo o saco de Harry e Rony, mas tinha parado de chamá-la de sangue-ruim. Ela o pegava várias vezes observando-a, mas sempre desviava quando encontrava seu olhar.

Hermione ficou sabendo que Draco fora chamado na sala de Dumbledore no dia seguinte à fuga, e que o Professor disse a ele que tomasse muito cuidado, afinal, numa hora dessas Voldemort já devia saber que Rodolfo estava em Azkaban e que ele não se tornara um comensal. Mas ele não mudou seu comportamento na escola, continuava andando com seus capangas Crabbe e Goyle, e ainda ficava aos beijos com Pansy.

Hermione não sabia o porque, mas aquilo a incomodava. Afinal, ele parecera diferente na floresta. Ela sabia que ele não estava apaixonado por ela, mas ele tinha beijado-a. Não entendia como alguém podia ser tão cafajeste. Ela não estava com ciúmes dele, mas achava que ele deveria ser menos galinha. Beija uma num dia, e no outro agarra outra. Tudo bem que ninguém sabia do beijo, além dos dois.

Ela pensava naquele beijo. Na verdade, não fora um beijo, afinal ela não retribuiu. Mas como poderia? Ele era seu arquiinimigo, e eles estavam no meio da Floresta Proibida! Mas, e se ele não fosse seu inimigo? E se eles não estivessem na floresta? Ela estava ficando maluca. Não devia estar pensando nisso.

Resolveu ir deitar, afinal teria aula dupla de poções no dia seguinte. E pra aturar o Snape teria que dormir muito bem.

Draco caminhava em direção a biblioteca para devolver um livro.

Ultimamente preferia ler a ficar andando pelos cantos com sua turma, lia os livros de aventura e autobiografias, cansado demais de Animagia e Artes das Trevas, ao contrário de Hermione. Sempre que a via por ali ela estava atrás de um livro sobre animagos, e provavelmente esta curiosidade foi atiçada depois que ela descobriu que ele era um. Riu balançando a cabeça.
Depois daquela noite eles não voltaram a se falar, a não ser quando ele discutia com o Potter ou o Weasley e ela defendia os amiguinhos idiotas. Não sabia como uma menina inteligente como ela vivia cercada de imbecis. O Weasley, por exemplo, não fazia nada antes de olhar as anotações da garota. Mas isso não cabia a ele escolher.

Afinal, porque ele se importaria com quem era ou deixava de ser amigo dela? Não sentia inveja ou ciúmes, a não ser quando o heroizinho da cicatriz abraçava-a em público ou andava de mãos dadas com ela. Isso era coisa pro pobretão do Weasley sentir, e não ele, Draco Malfoy! Ele tinha quem quisesse, quando quisesse!

Por falar nisso, o idiota parecia estar a fim dela, fazendo de tudo para ficar perto dela, tocá-la, sentar ao seu lado na sala de aula, na hora do café ou jantar. Era patético! Draco sentia vontade de ficar ao lado dela só pra mostrar como se fazia. O Weasley provavelmente ficaria mais vermelho do que já é, enraivecido. Mas ela nem parecia notar, ou não demonstrava se percebia alguma coisa.

Era engraçado o jeito dela. Sempre que via Draco olhando em sua direção, virava o rosto corando, com certeza porque lembrava do beijo na floresta. Ela não devia esperar aquilo dele, nem ele próprio esperava, mas não conseguiu evitar. Nunca ninguém tinha acreditado nele, e mesmo sendo um acordo, ele não esperava que ela cumprisse sua parte. Aquele jeito meigo com que tratou seu ferimento foi um pedido silencioso de desculpas que fez com que ele sentisse carinho por ela. Mas não devia ser assim! Eles eram inimigos, não eram? Ou eram somente diferentes? Ela, a aluna exemplar, e ele, o garoto malvado e traidor.

Seguiu para o dormitório e demorou a cair no sono.

Estavam na Floresta Proibida, ele a agradecia por tudo lhe dando um beijo. Porém ela correspondia aos beijos e carícias, transpirando paixão, ela se encaixava perfeitamente em seus braços, moldando-se ao corpo dele. Não se importava com nada nem ninguém, só havia os dois ali naquele momento.

Ele levantou assustado, parecia tão real!

- Foi só um sonho! – porém ele não sabia se estava feliz ou triste por ter confirmado isso.

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