Fracassos e oportunidades

Fracassos e oportunidades



"Minha mente não pode mudar meu coração
e não há nada que eu possa fazer
Quando o céu cinzento ficar azul, quando os sonhos se
realizarem
Voce vai estar do jeito que eu me lembro?"- grey skies turn blue, mxpx
**
- Sim, mamãe, esta tudo bem.

-Tem certeza? Soube que houve um pequeno ataque perto da loja da Sra. Ramsey. – Molly dizia enquanto apertava entre suas mãos um lencinho todo amarrotado de tanto que já fora retorcido entre aqueles dedinhos gordos.

- Sim, também escutei alguns boatos, mas não vi nada, nem movimentação nem nada. – Gina insistia, arrumando suas coisas dentro de uma enorme mala. – Já disse que estou bem, mamãe.

- Oh, Gina, estou tão preocupada em você ir morar sozinha! Tem certeza disso, querida? Essa casa vai ficar tão vazia.

- Ah, mamãe! – Gina exclamou – Já conversamos sobre isso. Todos meus irmãos já estão construindo uma vida fora dA’Toca, menos eu. – recolheu alguns sapatos e jogou-os sem nenhum cuidado dentro de uma sacola.

Molly fez um muxoxo aborrecido e suspirou logo depois.

- Tudo bem, querida. Sei que é o melhor para você.

Gina então se aproximou e deu um forte abraço na mãe. Ela sabia que pra Molly também era duro tudo aquilo, mas não queria parar no tempo e viver como viveu desde sempre com seus pais nA’toca.

Havia algum tempo que havia planejado sua mudança da’Toca; foi preparando a mãe, fazendo pequenas insinuações, até que, no começo do ano, falou sua vontade. Seus irmãos não deram muito interesse, afinal, já possuíam sua própria família, negócios etc., porém Molly fora a que mais se estressara. Gina sabia que não fora o melhor momento para convencer com facilidade sua mãe, afinal estavam praticamente em guerra. Mas não se abalou muito; queria – e muito – ter seu cantinho, arrumado do jeito que gostava, com privacidade – sem vários irmãos lhe questionando.

Gina pediu a ajuda de Rony para descer com suas caixas e malas – que não eram muitas, pois economizara para comprar coisas novas para sua casa.

- Mamãe, não precisa fazer essa cara – disse Gina com carinho – não vou sumir pra sempre!

Após entrar no carro (Rony sendo um dos preferidos do Ministério da Magia conseguia o que queria com facilidade, mesmo que fosse para uso pessoal, o que deixava Sr. Weasley enraivecido) Gina deu uma ultima olhada pra casinha torta que vivera por tanto tempo. Suspirou e seguiu viagem.

**

Seus sapatos perfeitamente lustrados refletiam a pouca luz que entrava pela janela enquanto andava de um lado para o outro.
O homem sentado na negra poltrona de coro fumava seu charuto com indiferença.

- Que diferença faz? – indagou o segundo, soltando a fumaça devagar.

O sapato lustrado não parou de percorrer o chão de pedras polidas um só minuto.

- Não espero que entenda. Só basta saber que não quero me desfazer dessa casa.

- Só vai dar mais trabalho a você, Malfoy. Aliás, esse seu nome não surte mais efeito algum entre eles, se quer saber.

O rosto pálido de Malfoy se encheu de fúria escarlate, tomou o homem pelo colarinho e disse com raiva:

- Posso fazer surtir efeito se desejar ver nossos nomes na primeira página do Profeta diário – apertou mais o punho, fazendo o homem arquejar.

Após se recompor, voltou sua caminhada de um lado a outro da sala, pensando em uma forma de contornar a situação.

Escapara várias vezes de ser incluído nos planos de Lord Voldemort na época em que esse vivia seus dias de decadência. Escondera-se entre os trouxas até que a saga das Trevas chegasse ao fim. E quando chegou retornou ao mundo bruxo sem ter muito o que fazer.

Lúcio Malfoy sempre fora precavido em relação aos seus negócios, deixara agentes trabalhando para multiplicar sua riqueza e investimentos sendo acompanhados diariamente. Porém, não fora tão astuto como seu filho para se afastar aos poucos de Voldemort. Lúcio fora morto em uma das toscas batalhas em busca de mais poder, que Voldemort planejara. Draco pensou, com indiferença, que ou seu pai morreria pelo Lord ou morreria em Azkaban. Embora a primeira opção lhe parecera menos humilhante para seu sobrenome.

Com a morte de seu pai, e o fracasso de acharem vestígios de uma culpa para Draco, ele foi a julgamento e ficara em liberdade, porém com muitas alfinetadas da população e de pessoas renomadas, o Ministério acabou por punir Malfoy de alguma forma; tiraram-lhe a Mansão Malfoy.
Fora uma jogada inteligente, pois assim poderiam revistar a casa, que muitos diziam conter artefatos malignos, livrar-se da pressão da população que queria justiça e provar a todos que ainda mantinham vigilância.

O erro de Draco fora demorar a voltar e por tanto, não ter tempo de se livrar do que poderia incriminá-lo.

- Tudo bem. – disse de repente, parando de andar e dando um breve sorrisinho com o canto dos lábios. – permito que essa gentinha do Ministério venha revistar a minha casa.

- Ótimo – suspirou o outro homem – Decisão tomada de repente, mas não quero que pense muito mais, por isso não vou questionar. – levantou-se da confortável poltrona de couro, abriu sua pequena maleta, retirando uma folha timbrada do Ministério e uma elegante pena.

- Com uma condição. – disse com prazer Draco.

- Estava esperando algo assim, Malfoy. Diga. Qual é?

- A revista será comigo em casa. Eu e a pessoa. Porque oficialmente a casa ainda me pertence.

O homem na poltrona pareceu pensar um pouco, sacudiu os ombros e entregou o papel timbrado a Malfoy.

- Isso não será problema, creio eu. O ministério já esperou bastante por um simples consentimento seu. – não havendo resposta de Malfoy, ele prosseguiu - Sendo assim, aqui esta o documento, você deve assiná-lo e despachá-lo o mais depressa possível. Bom, então estou indo.

CREQUE.

E estava Malfoy sozinho novamente. Olhou o documento sobre a mesa com suspeitas, mas pensando bem, havia feito o melhor para ele.

De fato não teria tempo de se livrar de tantos ‘brinquedinhos’ malignos que seus antepassados adoravam colecionar. E usar com alguma freqüência.

**

Gina parecia andar sobre ovos quando se locomovia de um cômodo a outro no seu pequeno e desarrumado apartamento. Faziam mais de três semanas que havia se mudado, e a bagunça parecia aumentar conforme arrumava.

Haviam bibelôs no chão ( que pretendia se livrar cada vez que os olhava), peças de roupa, livros, presentes para a casa nova que nem tinha coragem de abrir para não espalhá-los no chão, etc.

Enquanto fazia tentativas frustradas de achar livros de uma mesma enciclopédia para enfileirá-los na estante, viu uma coruja parada na janela da sala.

Ao pegar o pergaminho reconheceu logo de onde era.

“Cara Srta. Weasley
Como é do seu conhecimento, estamos a tempos tentando uma visita na mansão Malfoy. Finalmente conseguimos a permissão assinada que necessitávamos. Ofereço a você a oportunidade de se encarregar dessa investigação. Será uma grande oportunidade para conseguir uma promoção.
Espero que aceite.
Grady Goldman”

“Oportunidade?” Gina leu novamente. Ora só se fosse uma boa oportunidade para alcançar a morte mais jovem. Porém um pensamento que lhe ocorria constantemente e nada agradável voltou a sua mente.

Em três anos que saíra de Hogwarts não havia construído nada sólido. Seu apartamento era alugado, seu emprego era tedioso e mal remunerado, e só conseguira morar sozinha a três semanas atrás! Sua vida havia sido um fracasso se comparasse com pessoas próximas.

Hermione mestrava para jovens aurores, às vezes era possível ver sua foto ou pequenas notas suas em revistas e jornais de grande circulação. Rony havia se tornado um jovem bem sucedido do mundo do quadribol. Não como goleiro (pôs nunca conseguira se livrar do nervosismo frente a um campeonato), mas como técnico de times famosos. Já havia constituído família com Hermione Granger e sua vida era estável e feliz.

Todos seus irmãos estavam indo bem em suas carreiras e eram felizes com elas. Menos Gina Weasley.

“É hora de arriscar um pouco, não?”
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