A Descoberta



Já haviam se passado duas semanas desde a reabertura da Ordem. Os Weasleys e Hermione Granger se mudariam para o Largo Grimmauld nº12 hoje, para se juntarem a Sirius e Lupin e ajudarem na limpeza da casa, que realmente precisava de ajuda.

Nessas duas últimas semanas, Tonks sempre ficava na sede depois da reunião para conversar com Sirius e Lupin. Eles gostavam da companhia da garota e ela também gostada deles. Eles passavam horas conversando e se divertindo.

Hoje, porém, quando acabou a reunião, Lupin não ficou para conversar com os amigos, ele não ficou nem para o jantar. Ele foi para o seu quarto alegando que estava passando mal. Ele estava mesmo com uma aparência muito ruim, seus olhos pareciam cansados, havia varias marcas embaixo dos olhos mostrando que ele não conseguia dormir e seus cabelos pareciam estar ficando mais branco.

Com o término da reunião, vários membros foram embora, deixando apenas os Weasleys, Herminone e Tonks, que foi apresentada às crianças e logo estava mudando o formato de seu rosto e cabelo para Gina e Herminone, para entretê-las. Molly estava preparando o jantar.

- Você precisa de ajuda Molly?!

- Não precisa querida!! – Molly sabia que Tonks queria ajudar e ficava grata por isso, mas ela sempre deixava alguma coisa cair no chão.

- Não tem nada que eu possa fazer?! – Tonks fazia cara de pedinte.

- Você pode ajudar as meninas a colocar a mesa então. – era melhor cair garfos e facas no chão do que comida.

Dito e feito, pouco tempo depois alguns garfos que ela segurava caíram de sua mão quando ela tropeçou no próprio pé, fazendo o maior barulho. Gina e Hermione ajudavam Tonks a pegar os garfos espalhados no chão, rindo das trapalhadas dela.

Molly colocou o jantar na mesa e logo todos estavam comendo e conversando.

Gina e Herminone sentaram cada uma do lado de Tonks, pedindo para que ela mudasse sua aparência.

- Sirius, o Remo não quer comer nada?! – Tonks escutou Molly perguntando a Sirius, eles estavam sentados perto dela.

- Não Molly. Ele prefere não comer nada antes. Ele diz que o estômago dele não fica bem.

- Coitado. Não sei como ele agüenta isso todo mês.

- Ele está acostumado Molly. E eu daqui a pouco vou subir para ficar com ele.

- Não é perigoso Sirius?!

- Não. Ele está tomando as porções. Snape tem preparado para ele.

- Mas não é perigoso ele ficar na casa?? – Molly parecia preocupada.

- Não se preocupe Molly. Dumbledore colocou um feitiço no quarto dele. Assim que a lua cheia aparece, o quarto se tranca, só abrindo novamente por alguém do lado de fora ou na manha seguinte ao nascer do sol.

- Hummmm.

- Não tem perigo mesmo Molly. Dumbledore não deixaria ninguém correndo risco aqui dentro da sede e você conhece muito bem o Remo. Ele não se transformaria no quarto dele se não fosse muito seguro.

- Eu sei Sirius. O Remo nesse ponto é excelente, sempre se preocupando com os outros.

- Ele tem medo que ele acabe mordendo alguém...

- Mas ele já mordeu alguém?!

- Não, nunca...

Tonks não conseguiu escutar o resto da conversa dos dois. Gina a cutucava no ombro.

- Tonks?! – Gina olhava espantada para Hermione – Tonks?!

- Tonks, o que aconteceu?! Você está tão branca. Você parou de mudar a cor do seu cabelo de repente. – Herminone estava preocupada.

- Herminone, que lua nós estamos?!

- Lua cheia, por que?! – ela e Gina se entreolharam.

- Nada não. Apenas curiosidade.

Tonks não falou mais nada durante o jantar e tão pouco quis ficar para conversar. Disse que tinha muito trabalho e pesquisa para fazer para o Ministério.

Na reunião seguinte Lupin não parecia ter melhorado muito. Continuava com uma aparência terrível, varias olheiras e os olhos cansados. Porém, desta vez Tonks sabia exatamente o que havia deixado-o assim.

Depois que todos já haviam ido dormir e só estavam Sirius, Lupin e Tonks conversando, ela resolve ir embora.

- Preciso ir Sirius, já está tarde.

- Haaaa, mas a sua companhia é tão agradável priminha. Fica mais um pouco. nem está tão tarde assim.

- Não posso mesmo Sirius, preciso ir para casa. Outro dia ficamos até mais tarde conversando.

- Vou te cobrar isso heim Tonks!!

Tonks se despediu de Sirius e saiu da cozinha com Lupin. Ele sempre a acompanhava até a porta. Desde o primeiro dia que isto aconteceu, virou uma tradição entre eles. Tonks não disse nada durante todo o caminho.

- Você está quieta Tonks. Aconteceu alguma coisa?! – Lupin abriu a porta para ela.

- Eu é quem deveria te fazer essa pergunta Remo. – disse Tonks séria, parando na porta e olhando para ele.

- Por que você não me contou?! – Tonks perguntou novamente.

- Como você descobriu?! – Lupin a encarava incrédulo – Quem te contou?!

- Isso não importa. Por que você não me contou Remo??

- Eu queria te proteger...

Tonks não esperou ele terminar a frase.

- Não me venha com essa Remo. Você sabe muito bem que isso não funciona, ou você já se esqueceu da primeira vez que você tentou fazer isso?! – Tonks estava ficando com raiva, detestava ser tratada assim.

- Eu não queria que você descobrisse que eu sou um monstro!

- Isso iria acontecer algum dia Remo. Cedo ou tarde eu iria descobrir. Mas eu preferia que você tivesse me contado.

Tonks ia saindo da casa, mas parou e olhou para ele.

- E quanto a você ser um monstro, você não tem o direito de achar que eu pensaria assim de você. – seus olhos se enchiam de lágrimas. Eles se encararam, mas ela desviou o olhar e virou de costas, saindo da casa.

Lupin deu uns passos a frente e segurou o braço dela. Tonks parou, mas ela não se virou para encará-lo. A mão dele que a segurava escorregou até a mão dela, segurando-a com carinho.

- Me desculpe Tonks. Você não sabe como isso é difícil para mim. – sua voz era calma e triste.

- Pensei que fossemos amigos.

- E somos. Nós somos amigos...

- Não Remo! – Tonks se virou, seus olhos mais cheios de lágrimas – Amigos não fazem isso. Se fossemos amigos você teria confiado em mim, você teria me contado, você saberia que eu nunca, jamais pensaria que você é um monstro.

Tonks não conseguiu segurar e lágrimas escorreram pelo canto de seus olhos. Ela tentou se virar para ir embora, mas Lupin segurou forte sua mão, não a deixando sair.

- Você precisa me escutar Tonks. – Lupin não falava, ele suplicava a ela.

- Não Remo! Eu não tenho mais nada para fazer aqui.

Tonks soltou sua mão da dele e se virou para ir embora, mas não conseguiu. Seus pés estavam pregados no chão. Ela começou a chorar mais forte. Lupin a observava. Ele aproveitou o momento para falar. Mesmo que ela não quisesse escutar, ele ia dizer assim mesmo.

- Você não sabe como é ser um lobisomem... – Tonks continuava parada. Suas mãos cobriam seu rosto e seu choro. - ...você não sabe como é horrível ser um lobisomem. As pessoas não te respeitam, somos mal-tratados, excluídos da sociedade. – Lupin falava baixo, sua voz saia tremida. – Não conseguimos achar um trabalho descente. Não conseguimos viver sem nos lembrarem que não somos bem vindos na sociedade.

- Não são todas as pessoas que pensam assim Remo. – ela tentava dizer em meio aos soluços.

- Não Tonks! Mas a grande maioria pensa assim. – ele andou mais um pouco e ficou de frente para ela. Tonks percebeu que o rosto dele parecia mais cansado, ele tinha uma expressão de tristeza e dor. – É muito ruim ver a reação das pessoas ao saberem da verdade Tonks. Eu cresci com isso, eu convivi com isso a minha vida inteira, sempre vendo as pessoas se afastarem. Tudo isso dói muito.

- Ahhh Remo! – Tonks se jogou no pescoço dele, o abraçando.

Lupin sentiu todo o seu corpo latejando de dor da transformação e do peso do corpo dela em cima do seu, mas ele não reclamou do abraço e o retribuiu, abraçando-a também.

- Eu jamais te trataria assim Remo, você sabe disso!!

Tonks se afastou um pouco dele, encarando-o nos olhos. Estavam muito perto um do outro. Aquele olhar dele a envolvia por completo. Ela podia sentir a respiração dele. Lupin sentia o cheiro do perfume dela, seu soluço ia diminuindo e a respiração aumentava.

- Você não tem mais nenhum outro segredo que eu precise saber, tem?! – disse Tonks enquanto ela passava uma de suas mãos nas mechas de cabelo dele que caiam sobre seus olhos.

Lupin não respondeu, apenas balançou a cabeça negativamente. Os centímetros que os separavam diminuíam cada vez mais. As mãos dele na cintura dela a puxavam mais para perto de si.

Quando a distância entre eles parecia não existir mais, ambos estavam de olhos fechados, os sentimentos falando mais alto do que a razão, um barulho alto, de latas de lixo caindo, os tirou daquele transe.

Eles se separaram rapidamente, assustados, levantando cada um sua varinha. As latas de lixo do vizinho estavam todas no chão. Eles observavam a cena com cuidado, procurando por quem poderia ter feito aquilo.

Foi quando um gato passou correndo por eles correndo e logo em seguida um cachorro correndo atrás do gato. Os dois se olharam e começaram a rir. Mesmo com o incidente, eles ainda estavam perto um do outro.

Crack Sirius apareceu assustado na porta.

- O que aconteceu?! Eu escutei um barulhão lá na cozinha vindo daqui de fora. – Sirius falava correndo, até que percebeu a situação que se encontrava Tonks e Lupin. – Ahhhh, me desculpem!! Hoje eu interrompi algo!!

- Não foi nada Sirius. Você não está interrompendo nada. – Tonks se afastou de Lupin – Eu já estava de saída mesmo.

Tonks despediu dos dois e desaparatou, deixando um Sirius curioso e um Lupin encabulado, olhando um para o outro.

- Remo, Remo. O que aconteceu aqui amigo?! – Sirius tinha um sorriso maroto.

- Não aconteceu nada Sirius. Apenas um cachorro correndo atrás de um gato. Nada mais. Melhor a gente sair daqui antes que o vizinho ache que a gente tem alguma coisa a ver com isso.

Os dois voltaram para dentro da casa.

- Não foi isso que eu perguntei Aluado. Vocês dois estavam diferentes...

- Não aconteceu nada Sirius. Estava apenas explicando pra Tonks porque não contei para ela que sou um lobisomem.

- Você devia ter contado para ela. É sempre pior quando elas descobrem isso por outras pessoas.

- Eu sei. Eu queria ter contado, mas não estava preparado. Quem contou para ela?!

- Ela não é burra Remo. Ela iria descobrir um dia ou outro, assim como nós fizemos.

- É, eu aposto que sim.

- E aposto como ela aceitou numa boa, assim como nós também fizemos!!

- Sim. – Lupin estava triste com a situação.

- Você precisa confiar mais nas pessoas ao seu redor. Não são todas que querem te maltratar.

- Eu tento Sirius, mas não é fácil.

- Mas voltando ao assunto Remo, você não me engana!! Pode até não ter acontecido nada hoje, agora, mas está acontecendo. Dá para ver isso estampado na cara de vocês.

- Não tem nada acontecendo. Somos apenas amigos. Ela é sua prima!!

- O que que tem ela ser minha prima?! Só porque ela é minha prima não significa que não tem nada acontecendo com vocês

- Ela é 12 anos mais nova Sirius, é uma criança ainda.

- Ela é 12 anos mais nova sim Remo, mas com certeza não é mais uma criança e você sabe muito bem disso. Ela tem total consciência dos atos e desejos dela. Não se esqueça que ela também é uma Black e você conhece um muito bem!!

Lupin não respondeu. Não sabia o que responder. Sabia que Sirius estava certo.

- E deixe-a descobrir que você a chamou de criança. Você está morto amigo!! –Sirius saiu rindo da sala, deixando Lupin lá parado, perdido em seus pensamentos.

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