"Jingle, jingle, jingle bell..



- Ele queria te contar sabe? – resmungou Harry em prol do amigo que acabara de deixar a cozinha. Hermione abriu a geladeira em silêncio. Custava muita força de vontade para ignorá-lo, entretanto, Hermione supunha que agora ela deveria se acostumar com a presença indesejada do rapaz...

Ela e Rony haviam acabado de ter uma esquentada discussão. Não conseguia perdoa-lo por haver escondido a verdade dela, mesmo depois de tanto tempo de amizade, e mais importante, ter trazido-a até ali mesmo sabendo o perigo que ela corria. E os outros não eram muito diferentes...

- Ele mentiu pra mim. – disse Hermione secamente. – Todos eles mentiram. – Harry resmungou. Achava que a garota estava sendo extremamente irritante. Lembrava quanto tempo havia levado para que seus pais lhe informassem da existência da Ordem. E mesmo agora, havia muita coisa, que ele próprio ainda não sabia. Na verdade, Harry achava que todos ali se mostraram dispostos demais em contar a ela o que se recusaram a contá-lo...

- Se junte ao clube então. – rebateu Harry. Hermione, que estava escondida atrás da porta da geladeira se ergueu. Se não muito se enganara havia um tom de amargura e irritação que ela não se lembrava de ter ouvido dele antes. Levantou os olhos em busca do garoto, mas ele já tinha saído da cozinha...

Hermione não gostava daquela casa. Definitivamente, não gostava. Era escura e estranha, (passara mais de uma hora procurando por uma janela e tudo que encontrara foi uma porta no fim de um corredor, pelo qual, digam-se de passagem, convenientemente eles não deveriam passar). Não demorou muito para que ela notasse que a atmosfera ali não era das mais leves. Entretanto, havia sempre aqueles, que faziam o possível para amenizá-lo...

- Giny querida pegue aquela guirlanda pra mim, sim? – Giny se levantou da cadeira em que estava e seguiu em direção a uma grande caixa em busca da guirlanda alegremente atendendo a mãe. Ao contrário dela mesma, Hermione veio a notar, Giny pareceu extremamente feliz com a união de Hermione ao resto do pessoal, parecia, explicou - lhe a própria Giny dias depois, que estava precisando de uma companhia feminina ali...

Hermione levantou os olhos do papel e observou a menina entregar um grande enfeite de natal nas mãos da mãe. Ela admirava a tentativa de Sra. Weasley em tentar tornar aquele natal o mais agradável possível. Valia o esforço. Apesar de achar que a tentativa era falha... Não era muito fácil deixar passar despercebidas as constantes notícias de ataques, ou mesmo as reuniões semanais que ocorriam na cozinha (a portas fechadas Hermione veio a descobrir). Tudo fazia com que não fosse esquecido o fato de que querendo ou não, aquilo mais parecia uma central de inteligência que qualquer outra coisa. E ao só ela, como o resto dos garotos eram simplesmente algo que deveria ficar o mais próximo possível, simplesmente por proteção.

De fato, a sala até que se encontrava mais apresentável de que quando chegara à mansão, que veio a descobrir com extrema surpresa, pertencia a Sirius... Apesar, pensou Hermione, voltando a sua atenção para o papel que rabiscava, de ele não parecer muito confortável com relação ao assunto.

Lupin dera uma pincelada rápida na história da família dele... Algo sobre todos serem “sangues-puros”, não era uma história da qual ela teria orgulho, por isso, entendia o motivo da indisposição em comentar...

- O que é isso? – perguntou Harry que se encontrava na poltrona ao lado, desviando a atenção da partida de xadrez que jogava com Rony para se intrometer nas anotações da garota.

- Xeque. – falou Rony com um sorriso. Hermione sorriu à feição surpresa de Harry ao observar o jogo novamente. Ela e Rony haviam se acertado. Sentia-se satisfeita consigo mesma por ter esquecido o ocorrido, afinal, como ela veio perceber, ele não tivera muita escolha no fim das contas... – Harry moveu seu cavalo e se voltou para a menina de novo. Irritantemente interessado:

- O que é isso? – insistiu pegando na ponta do pergaminho e observando curioso. Hermione puxou o papel, irritada com a ousadia.

- Nada. – retrucou.

- Não pode ser nada, você ta fazendo isso há mais de meia hora... – comentou Rony. – Xeque. – acrescentou em seguida. Harry voltou os olhos para o tabuleiro novamente com um franzido na testa.

- O qu...? – retrucou confuso.

- Então...? – insistiu Rony. Hermione respirou fundo e parou a pena no ar ainda com os olhos no papel.

- É um círculo. – respondeu simplesmente. Ambos continuaram em silêncio. – Um círculo. – repetiu visto que os dois não pareciam ter compreendido a mensagem.

- Pra quê serve? – perguntou Rony enquanto Harry se voltava para o tabuleiro.

- Várias coisas... – respondeu rabiscando outros símbolos no papel.

- Tipo o que? – insistiu Harry. Enquanto Rony jogava a sua vez. Hermione bufou impaciente:

- Se eu conseguir terminar eu agradeço! – exclamou Hermione irritada. Mas ambos continuaram interessados nos rabiscos aparentemente completamente estranhos aos dois. – Um círculo serve pra um monte de coisas... Geralmente se você quiser prender algo, ou proteger algo... Depende... – acrescentou vagamente, voltando a atenção ao papel.

- Ela é sempre...? – começou Harry.

- É. – completou Rony simplesmente e com um sorriso acrescentou. – Xeque. Harry resmungou.

- Por que você está fazendo isso? – questionou Giny, que se encontrava sentada ao lado de Harry observando a partida.

- Para Lupin. – respondeu Hermione. – Eu achei que seria uma boa idéia... Assim, os outros podem fazer companhia a ele quando estiver transformado sem correr perigo algum... – explicou calmamente.

- Ah... – exclamou Giny levemente impressionada. – E você pode fazer isso?

- Claro... – respondeu Hermione com um sorriso atingindo um leve tom rosado.

- Você sabia que Lupin é um lobisomem? – questionou Harry sem esconder a surpresa.

- Você não? – retrucou com frieza. Ele ignorou, retornando a pergunta.

- E você não liga? – Hermione franziu a testa com ar de confusão e impaciência:

- Por que eu ligaria? – e baixando a cabeça concluiu mais um símbolo se levantando em seguida. – Pronto. Terminei...

- Posso ver? – pediu Rony. A menina entregou-lhe o papel. Harry observou o que pareceu ser um complicado diagrama.

Era de fato, extremamente impressionante. Harry já tinha noção de que a menina era inteligente, num level fora do normal deveria acrescentar. Entretanto, se absteve de qualquer comentário. Até mesmo porque, apesar de não admitir, parte da surpresa era advinda da irrelevância do fato de que Lupin era um lobisomem tinha para ela... Mas tomou o devido cuidado de manter tal observação para si próprio...



- Então o que isso significa exatamente? – questionou Harry enquanto se servia de mais um pedaço de peru.

A casa estava lotada naquela noite. Era Natal, e não só seus pais como também Lupin e Tonks que haviam se juntado a eles há pouco tempo. Entretanto eles não haviam chegado com notícias muito agradáveis...

Pelo que Harry entendera, o Ministério havia dado permissão para que qualquer comensal encontrado que resistisse a prisão não obtivesse misericórdia alguma...

- Significa que Fudge deu permissão aos aurores utilizarem maldições imperdoáveis... – explicou Hermione com um ar enojado.

- E fse eflefs não resisftirefmf? – interrogou Fred assim que pôs uma garfada na boca.

- Fred não fale de boca cheia! – reclamou Sra. Weasley com ar irritado. – James franziu a testa forçando um entendimento antes de responder:

- Bom... Então, eles serão mandados direto para Azkaban... – explicou sério.

- Sem julgamento? – perguntou Giny.

- Isso. - confirmou seu pai.

- Mas isso é bom não? Quero dizer antes eles que nós certo? – expressou Rony estendendo a mão e pegando uma tigela de arroz à sua frente.

- Honestamente... Eu acho que isso é horrível! - disse Hermione logo em seguida sem esconder o ar de revolta.

- Essas foram as mesmas pessoas que tentaram matar agente lembra? – ressaltou Harry acompanhando a menina se levantar com os olhos. Ela pôs seu prato na pia e voltou e direção à mesa onde todos estavam sentados:

- E? – rebateu sentando se em sua cadeira e servindo-se de cerveja amanteigada. Harry encarou a menina, abismado:

- Eles merecem ser punidos! – insistiu com a sensação de que explicava algo a alguém extremamente obtuso.

- Eu sei disso, mas... Nada nos dá direito de tirar a vida de alguém assim, sem mais nem menos...

- Sem mais nem menos? – Rony, obviamente discordava da amiga. E Harry, agradecia profundamente o apoio do colega.

- Além do mais... – continuou Hermione como se a interrupção não houvesse existido. – Não é cargo nosso decidir que morre e quem não morre certo?

- Fudge não pensa assim eu receio... – acrescentou Lupin, que parecia partilhar da mesma opinião da garota.

- Uma asneira colocar aquela mulher como chefe de segurança do departamento... – comentou Tonks sem esconder a revolta.

Dolores Umbridge havia sido selecionada pelo Ministro para ocupar a posição, se lembrava bem de ter lido a notícia que saíra no Profeta aquela manhã sobre a decisão. Harry não conhecia a mulher, apesar de já ter ouvido falara de seu temperamento, que segundo Tonks, não era dos melhores, entretanto, apesar de não a conhecer, admitia não ter ido com a cara dela... Não sabia bem o porquê, só não fora...

- Você era quem deveria estar mais satisfeita com isso... – comentou Harry, que ainda não conseguia acreditar na compaixão que ela apresentava para com as mesmas pessoas que fariam o possível para matá-la.

- Por quê? Só porque sou um sangue-ruim? – rebateu Hermione antes que pudesse se conter e se arrependendo logo em seguida. Harry atingiu um tom rubro e várias pessoas se mexeram desconfortavelmente nas suas cadeiras...

- Não! Eu não... – titubeou Harry desconcertado. Não era aquilo! Pelo contrário... – O que eu estou dizendo é que se fosse você eles...

- Então, digamos que nós comecemos a fazer com eles o mesmo que eles fazem conosco... – cortou Hermione com ar displicente com relação ao ligeiro desconforto que percorria pela mesa. – Se agente começar a agir como eles, então o que é que nos faz melhores?



Harry abriu os olhos focalizando a cama acima da sua. Não precisou apurar muito os ouvidos para notar os roncos que ressonavam pelo quarto... Rony ainda estava dormindo... – um ronco particularmente alto sobressaltou Harry. – A sono solto ao que parecia... – Ponderou em seguida. Levantando, tentou focalizar o quarto completamente escuro. Nada. Estendendo as mãos, Harry tateou pela mesa e encontrou os óculos pondo-os no rosto em seguida. Entretanto, a escuridão continuava total ali. Harry respirou fundo. Tivera um sonho estranho... Não se lembrava de ter tido um sonho como aquele antes, pareceu tão... Real. E ainda sim, não havia possibilidade alguma daquilo ser verdade, até mesmo por que... Bom, pra começar... Não só ele, como seus pais também, estavam vivos...

Um uivo vindo do andar de cima retirou Harry de seus pensamentos. Harry não tinha certeza sobre ter Lupin ali como lobisomem... Bem, não era exatamente Lupin, ou mesmo o fato de ter um lobisomem no andar de cima... Ele só não era exatamente confiante no que dizia respeito ao feitiço de Granger... Na realidade, sua própria mãe dera uma olhada nos rabiscos que a menina havia feito no chão quarto do sótão. E ao contrário do que Harry esperava a parabenizou dizendo que era uma boa idéia de fato. Bom, pelo menos Lupin estava mais seguro dentro da sede da ordem que rondando por aí como lobisomem...

Calçando os chinelos e ciente de que não conseguiria dormir nem tão cedo, Harry deu uma última espiada em Rony e abriu a porta em completo silêncio. Se o amigo estava dormindo, preferia que ficasse assim a ter que dar explicações sobre o motivo pelo qual ele próprio estava acordado tão tarde da noite.

Harry chegou à cozinha com ligeira surpresa ao notar uma luz fraca acesa em cima da pia. Ao lado, uma garrafa de água e esticada na ponta dos pés, obviamente procurando por um copo, estava Granger. Entretanto, a ação da garota não chamou exatamente muita atenção... Vestida em uma camisola, o olhar de Harry desceu elas pernas da garota e seguiu invariavelmente para seus pés. Segurando uma risada, e desanuviando a mente quase que instantaneamente disse:

- Belas pantufas...

Hermione, que havia manejado pegar um copo no armário finalmente, se moveu em um espasmo repentino e quase o derrubou no chão de susto.

- O qu...? – Harry riu abertamente. Ao reconhecer o garoto em pé em sua frente, Hermione se empertigou quase que imediatamente. O que na opinião de Harry a fazia ainda mais engraçada... Hermione respirou fundo e pigarreou.

- Sem dormir? – perguntou Harry ainda com um sorriso satisfeito no rosto. Hermione deu as costas a ele e pegou a garrafa na pia levando-a até a mesa e servindo-se de um copo de água.

- Eu estava com sede... – explicou sentindo o rosto ruborizar. Agradecendo mentalmente a penumbra, Hermione deu a volta na mesa e ajeitou a camisola, com súbita noção do tamanho da roupa que ate agora não a incomodara... Até agora.

- Certo... – continuou Harry. Um momento de silêncio desconfortável se seguiu.

- E você? – questionou ela, a guisa de conversa. Harry pegou seu copo e caminhou em direção à mesa em silêncio. Era justamente a pergunta que não gostaria de responder.

- Eu só... – Hermione viu a expressão de contentamento sumir do rosto do garoto quase que instantaneamente. – Eu não consegui dormir, só isso... – desconversou voltando a atenção para o copo. Hermione abriu a boca para dizer algo, mudando de idéia rapidamente e apenas acrescentando:

- Certo... – mais uns minutos de silêncio se sobrepuseram ao ensaio de conversa. Aquilo estava se demorando demais. – pensou Hermione se ajeitando desconfortavelmente na cadeira.

- Hei... Sobre anteontem... – começou Harry, sem pensar. – Eu não quis...

- É eu sei... – cortou Hermione sem dar muita atenção. Harry considerou por um momento antes de continuar. Não tinha muita certeza do motivo pelo qual sentia necessidade de se explicar à garota, normalmente ele simplesmente ignoraria, mas...

- Minha mãe é nascida trouxa... Como você. – disse ele sem se conter. Hermione levantou os olhos:

- Eu não sabia... – murmurou, sentindo-se corar novamente.

- Eu sei. – disse Harry. – Bom, eu só estou dizendo que apesar... Eu sei que agente não se dá muito bem, mas não tem nada haver com...

- É eu não achei que tivesse... – apressou-se Hermione com sinceridade.

- Ok então... – acrescentou Harry começando a se sentir estranhamente desconfortável, e não parecia ser o único...

- Então... E vou...

- Certo. – falou Harry rapidamente, sem ao menos esperar a garota se levantar, e com uma sensação de contentamento.

- ‘Noite... – disse Hermione caminhando e saindo porta a fora sem demora.

- Boa... – respondeu Harry com um alívio mal disfarçado. Aqueles foram de longe os cinco minutos mais estranhos que já tivera...



Harry já tinha colocado seu malão no corredor e agora esperava sentado frente ao amigo, que também se aprontara cedo.

Era sexta, e dali a meia hora eles pegariam o Noitebus de volta para Hogwarts. Entretanto, por motivos de segurança, os quatro deveriam ser escoltados até o fim do largo, por pelo menos três integrantes da Ordem, dentre eles, Tonks e Rabicho que os acompanhariam até o castelo. O que significava que estavam atrasados... Para variar...

- Eu não sei... – disse Harry que mantinha a cabeça apoiada sobre os dois braços em cima da mesa da cozinha.

- O que? – questionou Rony com ar monótono, tinha a atenção voltada para outro lugar, aparentemente bem longe dali...

- Esse gato. – falou Harry observando o animal que se mantinha ereto na cadeira à sua frente. – Ele é estranho...

- Quem? Bichento? – disse Rony se voltando para o gato ao seu lado. Procurando algo de esquisito no animal, franziu a testa ligeiramente ao obter um resultado negativo. Não havia nada de esquisito nele... Exceto a imensa semelhança com a dona quando esta estava enervada, ou com fome... – acrescentou duvidoso.

- Sempre encarando. Estranho... – comentou Harry e falando logo em seguida. - Eu não acho que ele gosta de mim... – Rony sorriu.

- É sério! – insistiu Harry. – Olha só pra ele!

- Pra quem? – questionou Giny que acabava de chegar à cozinha.

- Ele. – apontou Harry erguendo o dedo indicador em direção ao gato. Este se absteve de qualquer reação, se contentando em apenas sacudir o rabo longo e felpudo de um lado para o outro num ritmo cadenciado e manter os olhos ainda em Harry. – É como se ele soubesse...

- O que? – questionou Giny, sentando-se ao lado do amigo.

- Eu não sei... Ele só sabe. – explicou Harry sem fazer muito sentido.

- E ele sabe que agente sabe que ele sabe... – acrescentou Rony.

- É! – concordou Harry. – Estranho... Gato estranho... – e depois de um momento em silêncio acrescentou. – De quem ele é mesmo? – aqui, Giny riu abertamente após a associação:

- Hermione.

- Oh... Bom, isso explica a atitude.

- Eu ouvi isso. – avisou Hermione entrando na cozinha e apanhando o gato tomando seu lugar em seguida.

- Sério? – retrucou Harry com visível sarcasmo. Hermione abriu a boca para responder, mas Rony a interrompeu com uma habilidade que já havia requerido durante o último verão:

- Eu gosto do quão civilizados vocês são! – disse com um sorriso sarcástico. – Você não? – questionou se voltando para irmã:

- Absolutamente! – respondeu com um sorriso.

- Vocês estão prontos? – perguntou James parando no vão da porta.

- Estamos. – respondeu Hermione se levantando logo em seguida e apanhando seu animal. Ambos Rony e Giny seguiram-na até a sala. Harry pegou a gaiola de Edwiges e rumou em direção ao pai:

- Você não vem? – questionou. James pode notar um misto de esperança e desapontamento na voz do filho. Seu pai pareceu considera por um momento:

- Eu não posso filho... – retrucou James pondo a mão no ombro do filho.

- Certo... – murmurou Harry voltando os olhos para a coruja que piou gravemente.

- Tudo bem? – perguntou James forçando um sorriso que escondesse a sensação de culpa que se apossava dele no momento. Harry deu um pequeno sorriso:

- Ta sim. – Eu vou ficar bem! – acrescentou automaticamente e sorriu. Estava tão acostumado com a pergunta que a resposta positiva saía sem esforço algum de sua boca, por maior mentira que ela fosse...

- Sua mãe disse para você escrever assim que chegar... – Harry murmurou em desagrado.

- Pra quê? – questionou, não vendo razão alguma para preocupação por uma viagem tão curta como aquela...

- Não reclame... Você sabe quão teimosa ela pode ser. - avisou o pai apesar de ter um resquício de sorriso no rosto.

- Que seja... – murmurou Harry entregando a gaiola para o pai que apegou acompanhando o filho até o lado de fora.

Todos já se acumulavam do lado de fora da casa quando Harry se uniu ao grupo. Pensando com clareza, era absolutamente necessária a viagem noturna... Afinal, aquele grupo certamente não sairia despercebido em local algum durante o dia. De fato, aquele era um comboio no mínimo fora do comum...

- Então... Como nós vamos saber qual...? – começou Hermione que já se perguntava após cinco minutos de espera ao lado de um hidrante velho, se o tal do ônibus viria mesmo. Mas nem ao menos terminou a sentença, quando uma rajada forte de vento acompanhada por um borrão roxo berrante.

- Boa Noite! Bem-vindos ao Noitebus! – falou um rapaz com voz séria e monotonia. Hermione observou a figura à sua frente e seus olhos recaíram no sorriso amarelo que saltava em seus dentes, enquanto os outros entravam no veículo displicentemente. Franzindo a testa ligeiramente, Hermione acrescentou consigo mesma, apesar de nada dizer, que se fosse ela a dona do tal Noitebus, mandaria aquele cara embora... Antipático...

Hermione levantou as sobrancelhas assim que entrou no local. O interior era imenso, certamente algum tipo de mágica, pensou metodicamente. Ao invés de assentos, notou, o local estava lotado de leitos que a lembrava vagamente uma enfermaria sobre rodas...

- Eu me seguraria se fosse você... – ela ouviu Potter murmurar em tom de aviso:

- Como assim? – Ele sentou-se no leito e apontou para frente do ônibus. Hermione se voltou para o local e completamente de surpresa sentiu seu corpo ser jogado para trás num forte solavanco. Harry riu.

- Eu disse... – lembrou. Hermione bufou de irritação e ajeitou o cabelo com impaciência. Se voltando para a janela e sentando-se agora no leito mais próximo ao qual pudera se agarrar, Hermione observou a paisagem da janela... Eles estavam agora numa estrada de terra bastante estreita. Nada se via de lado algum, exceto arvores e mata...

Hermione voltou os olhos para os outros passageiros. Nunca havia feito aquele trajeto antes... Entretanto, algo lhe dizia que aquele não era o caminho para Hogwarts... E ela não parecia ser a única a estranhar... O que a deixou ainda mais preocupada...

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