"cozy in the rocket"

- Lily... – chamou James ao encontrar a esposa no vão da escada. Ela não respondeu. Respirando fundo, ele continuou se aproximando. – Você sabe que nós vamos ter que contar a verdade para ele um dia não sabe?

- Eu não quero que ele passe por isso James... – a sua voz tremia, ela estava chorando. Ele não disse nada. Se aproximando da mulher, puxou-a para si afagando-lhe os cabelos e dando um beijo de leve na testa da esposa.

Lílian aceitou o abraço e encostou se no ombro do marido fechando os olhos... Segundos depois ela reabriu os olhos, alarmada:

- O que foi isso? – perguntou apurando os ouvidos. Ao longe parecia uma... O barulho de explosão se repetiu mais uma vez. Seguido agora de um murmúrio crescente vindo de fora do bar...

- Gritos... – aos poucos os gritos do lado de fora aumentaram

- James...! – Lílian se voltou para ele assustada. A expressão da mulher denunciou o fato de que o pensamento dela era o mesmo dele: Harry.

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Puxando a varinha da jaqueta Harry olhou a sua volta. Uma sensação de desespero tomava conta dele agora... Ele sabia que não deveriam parar... Mas havia tanta gente na rua, gritos, fumaça, confusão. Na realidade ele nem tinha certeza de estar indo para a direção correta, visto que as pessoas ao redor pareciam tão assustadas e atordoadas quanto ele.

- Harry! – a voz de Giny chegou aos seus ouvidos. Se virando para procurar a origem do chamado, ele pode ver o grupo compacto de comensais vindo na direção deles. Estavam indo pela direção errada...

Sentindo um ligeiro esbarrão no ombro esquerdo, Harry se voltou para o lado. Granger... Ela parecia em completo choque. Havia pessoas flutuando acima dos encapuzados, como que pendurados rodopiando no ar... Obviamente, dentre todos eles ela era a mais assustada. Talvez ela realmente estivesse em mais perigo que os outros...

- Vamos! – chamou ele meio que saindo do transe tentando afastar a menina da visão perturbadora, mas ela não se moveu. – Vamos! –gritou ele puxando-a pelo braço e entrando no primeiro beco que viu. O barulho de passos logo atrás denunciava a presença dos Weasleys. Harry parou por um momento. O beco estava completamente vazio.

- Onde nós estamos? – perguntou Fred que segurava a irmã pelo braço.

- Aqui! – chamou Rony apontando para a primeira porta que viu. Com um chute desesperado, George abriu a porta para os outros entrarem. Numa rápida olhada, Harry identificou o que pareceu ser um homem de cabelos compridos e escuros agachado atrás de uma das prateleiras da loja. Correndo para trás das prateleiras logo em seguida.

Presumindo que ele tomara o grupo de pessoas por comensais, ignorou o olhar assustado do homem procurando rapidamente um lugar seguro para todos ali. Mas um barulho repentino chamou sua atenção.

- Você tem certeza? Era ele mesmo? – Harry pôde ouvir uma voz fria e seca vinda de uma mulher. Se voltando para os outros, que pareciam tão desesperados quanto eles, não foi preciso dizer para que procurassem um lugar para se esconder.

Pegando a irmão ambos, Fred e George, seguiram para trás do balcão enquanto Rony seguia para trás da escada no canto. Harry parou por um momento. Aonde ele ia se esconder?

- O armário! – murmurou a garota que também estava tão desesperada quanto ele. Correndo em direção a menina, Harry varreu os conteúdos do local puxando a menina pelo braço e fechou a porta em silêncio.

Hermione podia jurar que menos de um segundo se passara do momento que ele fechou a porta para o momento que o barulho de madeira se estilhaçando denunciou a chegada dos comensais. O armário estava completamente escuro, e apertado, exceto por um veio de luz amarela que entrava pela fresta das portas.

- Não tem ninguém aqui Lucius. – falou a mulher sem esconder o tom irritado. Harry viu os olhos da menina encararem os seus surpresa ao ouvir um nome conhecido. Obviamente ela não sabia que Lucius Malfoy era um comensal. O que não era surpresa nenhuma para Harry...

- Você tem certeza? – o seu olhar se voltou para a fresta da porta, a luz foi coberta por um vulto. Eles iam abrir o armário. Tudo aconteceu muito rápido. Prevendo a reação da garota Harry se apressou em tapar a boca da menina com a mão esquerda, enquanto segurava a varinha firmemente na direita, abafando o grito.

- Espere. – chamou a mulher. – Você ouviu isso?

- O que? – questionou Malfoy agora denotando certa irritação também. Harry pode perceber a aproximação da voz do homem agora diminuía. – O que?

A mulher não respondeu, ou pelo menos Harry não ouviu resposta alguma. Apenas um momento de silêncio suspenso, que foi seguido por um barulho forte de passos interrompidos por um som oco de pancada. Harry sentiu a respiração parar. O que foi aquilo?

- Foi ele que você viu? – questionou a mulher impaciente. O outro não respondeu parecendo considerar. Momento no qual pode se ouvir um gemido de dor vindo da pessoa que se estendia agora no chão da loja imóvel.

- Talvez... Foi muito rápido. – respondeu Lucius. – Mate-o. – sugeriu simplesmente. – foi o necessário. A mulher estendeu o braço e murmurou com enfado:

- Avadra Kedrava. – o veio de luz amarela foi substituído rapidamente por uma luz verde ofuscante. E então amarela novamente. Harry sentiu um ligeiro espasmo de terror vindo de Hermione, que mantinha os olhos arregalados agora. Não demorou muito para que ele sentisse uma lágrima quente escorrendo pela sua mão que ele tirou logo em seguida. Ela estava chorando...

Quem era? Rony? Talvez Giny? Ou... Harry ouviu passos novamente. Uma sensação de ódio tomou conta dele, de tal modo que nunca sentira antes. Num impulso impensado, ele segurou a varinha mais firmemente fazendo menção de sair. Mas uma mão segurou a sua impedindo-o. Hermione fez sinal negativo. Mas Harry não deu atenção, ele tinha que ir, tinha que...

Abrindo a porta com violência, Harry empunhou a varinha. Mas não havia mais ninguém ali. Seus olhos correram rapidamente para o corpo jogado no chão. O dono da loja. Os olhos do homem estavam escancarados como se encarasse o nada, com a expressão de choque estampada no rosto.

A sensação de alívio de não encontrar nenhum dos Weasleys deitado ali tomou conta de Harry que relaxou quase que instantaneamente.

- Rony? – chamou Harry. – o amigo apareceu logo em seguida, acompanhado dos irmãos, tão chocados quanto ele que mantinha os olhos no cadáver jogado ali.

- Vamos sair daqui... – comentou Fred com tom de desgosto na voz.

- Talvez não seja seguro... – acrescentou Giny virando o rosto para a janela e espiando por trás de uma cortina. – A rua está vazia... – continuou.

- Nós vamos ter que arriscar. – decidiu Harry simplesmente. – Vamos.

- Esperem. – falou Hermione pela primeira vez. – E ele? – todos a encararam confusos. Rony se aproximou da garota meio que medindo as palavras:

- Hermione... Ele está...

- Eu sei! – retrucou com a voz tremendo ligeiramente. – Mas nós não podemos deixá-lo aqui!

- Nós não podemos levá-lo conosco também. – disse Harry, reparando que a menina estava à beira das lágrimas novamente.

- Mas... N... – tateou ela. – Certo... – murmurou concordando finalmente baixando a cabeça e se voltando para a porta. – Vamos então...

Nenhum dos garotos sabia exatamente o que fazer, agora... A rua estava completamente deserta e destruída. Uma névoa de poeira e cinzas cobria o chão e o ar no local, enquanto as lojas, algumas queimadas, outras ainda queimando, iluminavam o caminho morbidamente. Aqui e ali Harry conseguia ouvir um murmúrio, ou um grito de alguém perdido...

Hermione manteve os olhos baixos todo o caminho. Não sabia para onde Potter estava levando os outros, e francamente não ligava muito... Contanto que fosse para bem longe dali, estava mais que o suficiente. Não se arriscando a levantar o olhar e ver mais do que gostaria Hermione continuou caminhando, ciente de que muitas pessoas ali não haviam tido a mesma sorte que eles...

O grupo continuou caminhando em silêncio, mais por falta do que se dizer, que cautela por assim dizer. Ele deveria dizer algo? Sabia que os outros estavam apenas seguindo ele... Mesmo ele próprio não fazendo a mínima idéia de como chegar a algum lugar seguro... Que pelo menos chegassem até o Caldeirão Furado... De lá ele pensaria em outra coisa. – acrescentou mentalmente desejando que seus pais estivessem procurando por eles naquele momento junto com a ordem... Mal terminado esse pensamento, Harry pode ouvir uns murmúrios familiares vindo ao longe.

- A Ordem... – ele ouviu Rony murmurar. – Vamos!

- A o que? – questionou Hermione eu também parecia ter notado a excitação na voz do amigo. – O que? – gritou ela acompanhando os outros que agora desatavam a correr em direção as vozes.

- Garotos? – chamou Lupin. – James, você ouviu...?

- Aqui! – gritou Giny, que já corria em direção ao pai.

Ótimo... Eles iriam para casa... – pensou Harry calmamente.

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- Vocês estão terminantemente proibidos de ir àquele lugar sozinhos! – exclamou Sra. Weasley pela quinta vez, largando uma cópia do Profeta na mesa.

Uma enorme foto em preto e branco mostrava várias lojas em chamas, enquanto as pessoas ao redor corriam desesperadas: “Ataque ao Diagonal” – “O que virá em seguida?”.

- Do jeito que ela fala parece que agente atacou tocou fogo naquelas lojas... – comentou George indignado.

- O ministério está uma completa zona... – comentou Arthur com azedume ao observar a fotografia do jornal.

- Eles não sabem de nada? – questionou Sirius que mantinha um pano na testa cobrindo um corte profundo. Aparentemente eles próprios haviam tido seus problemas...

- Talvez tenha sido só um ataque aleatório... – comentou seu pai, chamando a atenção do filho, que o observou atento sob os cuidados da mãe.

- Não foi aleatório. – disse Hermione em voz baixa, um momento de silêncio se fez no local.

- Como assim? – questionou Lupin incisivo. A tal ponto que chegou a surpreendê-la.

- Bem... Pelo menos eu acho que não... – titubeou Hermione.

- Por que você acharia isso? – perguntou Sra. Potter, tão interessada agora que parou o curativo que fazia no marido.

- Quando Malfoy e aquela outra mulher entraram na loja... Bom, pela conversa, pareceu...

- O que? – instigou James soando mais alarmado do que gostaria.

- Pareceu que eles esperavam encontrar alguém... – continuou Hermione.

- É eu me lembro disso... – concordou Giny.

- Bom, eu posso estar errada, mas se você me perguntasse... Eu diria que eles estavam procurando por alguém em específico... – como silêncio se seguiu às suas palavras ela acrescentou logo em seguida insegura – Ou não... Quero dizer... É só o que eu acho...

- Porque eles teriam tanto trabalho só para achar uma pessoa? – raciocinou Harry logo em seguida. – A não ser que seja alguém muito importante, ou perigoso... Certo pai?

- Hãn...? – respondeu James que parecia ter acabado de sair de um transe. – Certo filho... – respondeu o pai sério. – Presumindo que Hermione esteja certo óbvio... – acrescentou num tom mais leve. – O que eu vejo é que aquele foi só um ataque como outro qualquer... Nós só tivemos azar de estarmos lá hoje...

- Seu pai está certo. – concordou Lílian com urgência, acrescentando logo em seguida. – Agora já chega de conversa! Pra cama todos vocês! Já está tarde pra esse tipo de conversa... Vamos! – exigiu ela sob reclamações indignadas dos garotos que subiram as escadas cada um para seu quarto ao som de protestos.

- Você não acha mesmo que foi um ataque aleatório, acha? – perguntou Arthur para James que mantinha os olhos fixos na mesa.

- Não. Eu não acho.

- James... Você não acha que alguém...? – sugeriu a mulher. O marido pareceu extremamente desconfortável, respirando fundo ele respondeu:

- Eu não sei ainda... Mas talvez nós devêssemos falar com Albus sobre isso...

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- Então, você não vai mais ficar lá? – questionou Giny esperando a resposta da menina.

- Não... – respondeu Hermione voltando sua atenção para o livro novamente.

- Você não está chateada? – questionou Giny novamente depois de um tempo. - Sair do dormitório, eu quero dizer...

- Você ta brincando? – ironizou ainda de olhos baixos. – Eu estou adorando... Sem bagunças, conversinhas... Além do mais, quer coisa melhor que ter um banheiro só pra mim? – acrescentou Hermione à perspectiva das regalias que receberia.

- Monitores-chefe não são exatamente populares sabia...? – cutucou Rony, que não via a idéia da amiga em tal cargo com bons olhos. Apesar de nada dizer, concordava com Harry quando ele lhe confessou achar a idéia pavorosa... Se a amiga já se mostrava incomodamente mandona sem o distintivo, imagine com um...?

- Bem, diferente do seu “amiguinho”, eu não ligo pra isso! – retrucou Hermione simplesmente.

- Sabe, falar de uma pessoa quando ela não está presente não é muito polido. – falou Harry assim que entrou na sala.

- Nós estávamos falando sobre o distintivo que Hermione recebeu... - explicou Fred com uma risada.

- Ah, sim! Quão assustador isso vai ser! – riu ele.

- Eu suponho que é melhor você tomar cuidado então. - rebateu Hermione.

- Isso é um ameaça?

- Harry... – pediu Rony impaciente.

- O que? Porque você sempre fica do lado dela? Hoje é meu aniversário, será que dá pra ficar do meu lado, pelo menos hoje?

- Lado? O qu...?

Oh! Francamente! – retrucou Hermione. Interrompendo o argumento de Rony.

- Harry querido! Parabéns! – gritou Sra. Weasley da cozinha, pondo um fim na discussão.

- Obrigado Sra. Weasley... – respondeu Harry, amolecendo o tom de voz rapidamente ao observar a mulher preparar um bolo na cozinha.

- Meus pais, eles deram alguma notícia? – perguntou Harry, fazendo esforço para parecer o mais casual possível.

- Oh, meu amor... – começou a mulher avermelhando ligeiramente. – Eles passaram aqui mais cedo... Você ainda estava dormindo.

- Por que vocês não me acordaram? – se sentindo levemente irritado.

- Oh querido... Eles disseram que fariam o possível para passarem aqui mais tarde.

- Certo...

- Quem mais vem? – gritou Giny do sofá.

- Todo mundo eu suponho...

- E Tonks? Ela vem?

- Eu suponho que sim... – respondeu a mãe da menina. – Certamente esse bolo vai ser grande o suficiente eu espero... – divagou a mulher por um momento, antes de questionar confusa. – Por quê?

- Nada não... – respondeu a garota. Se voltando para Hermione logo em seguida. – Ela vem.

- Giny, eu não acho... – mas a menina não deu ouvidos, puxando Hermione pelo braço e arrastando a garota porta afora e pelos jardins logo em seguida.

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- E agora o que mais? – perguntou Giny ávida para se apossar da pequena garrafa nas mãos de Hermione. Esta pareceu ter notado o perigo escrito nos olhinhos da amiga. Se afastando rapidamente e tampando o objeto em suas mãos escondendo-o na blusa:

- Giny ouça. Se nós formos pegas... Lupin vai ficar uma fera... – lembrou preocupada.

- Exato. “Se” nós formos pegas... O que não vai acontecer... Agora tudo que devemos fazer e colocar isso no suco deles e esperar pra ver o que acontece... – disse Giny fazendo menção de pegar a garrafinha, que Hermione afastou novamente:

- Giny... – tentou a garota novamente. – Talvez... Olhe, melhor seria se nós conversássemos com Tonks sobre ele... Você mesma disse que o sentimento é mútuo...

- Oh! Hermione por Merlin! – se impacientou Giny, pegando o frasco num gesto rápido.

- Giny! – reclamou Hermione amaldiçoando a rapidez da garota.

- Ora vamos! Pense dessa forma... Agente não está enfeitiçando os dois... Agente só está dando um “leve” empurrãozinho... – insistiu a menina saindo pela porta do sótão logo em seguida.

As duas haviam passado o resto da tarde inteira preparando aquela poção. – Hermione passara na realidade. Giny simplesmente se deleitara imaginando a satisfação que ambas sentiriam se fossem elas as razões pela junção de Lupin e Tonks depois de tanto “chove-não-molha”. Enquanto Hermione ainda batia o pé achando que uma poção

Protestando, ainda, Hermione seguiu a garota escadas abaixo em direção à cozinha.

- Giny, trás essa jarra de suco pra mim! – exclamou Sra. Weasley da sala.

- Viu? Vai ser fácil! Fácil... – disse ela piscando um olho para Hermione que ao contrário, revirou os dela.

- Deixa que eu faço isso... – disse Hermione levemente impaciente ao ver a falta de jeito da menina. Tomando o frasco nas mãos, Hermione abriu a tampa prestes a virar na garrafa de Pumpkin - juice quando ouviu uma voz vinda da porta da cozinha:

- Giny, Hermione o suco? – questionou James aparecendo na porta de repente.

- Certo... Nós já estamos indo... – avisou Hermione sentindo uma mão puxar a poção da sua, que se encontrava atrás das costas.

- Pronto! – gritou Giny, entregando a garrafa para o homem que sorriu saindo logo em seguida.

- Giny, o qu...? – Hermione piscou confusa. E se ele tivesse visto? Ela era louca?

- Não se preocupe, eu coloquei tudo...

- Tudo? Tudo? Você colocou toda a poção? – exclamou Hermione num tom de desespero.

- Eu... Não era pra botar?

- Ai meu Deus! – exclamou Hermione pondo as mãos na cabeça em desespero. – O que você estava pensando?!

- Eu, eu fiquei nervosa...

- Agente ta perdida... - murmurou Hermione.

- Eles não vão nem perceber... - tentou Giny.

- Você acha?- sibilou Hermione num tom sarcástico.

- Olhe, mesmo que eles notem... Agente só tava tentando ajudar...

- Como? Fazendo os dois subirem na mesa e tirarem as roupas?? – retrucou a garota exasperada. – Giny ignorou as palavras desesperadas da amiga, raciocinando por um momento:

- Tudo que a gente tem que fazer é ficar de olho na garrafa “batizada”. Você lembra dela não? Era transparente... – disse Giny num tom prático.

- Lembro... – retrucou Hermione ligeiramente mais calma.

- Ok então... A transparente. – lembrou Giny seguindo em direção ao resto dos convidados.

- Qual delas...? – retrucou Hermione após um segundo, ao notar três jarras de suco, assustadoramente iguais na mesa enquanto os outros conversavam animadamente ao redor delas...

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Harry olhou em volta. A sala estava relativamente cheia. Ele se sentia feliz em saber que os amigos tinham vindo para lhe dar os parabéns... Uma relativa satisfação tomava conta dele agora enquanto abria seus presentes... Entretanto até meia hora atrás se sentia num terrível mau-humor, visto que não tinha certeza de que seus pais iriram aparecer...

Qualquer um no seu lugar se sentiriam extremamente mal se os próprios pais não garantissem sua presença durante seu aniversário... Entretanto, Harry aprendera a aceitar as condições nas quais não só os pais como ele próprio vivia em termos de segurança... E com o tempo, apesar de não gostar, aprendeu a guardar a insatisfação para si...

- E esse? Abre esse. – apontou Rony, cortando a linha de pensamento de Harry e apontando uma caixa de madeira ainda lacrada em cima da mesa. Harry não havia notado o pacote. Puxando o objeto, ele abriu a caixa levemente curioso. Seu queixo caiu.

- O que é? – perguntou Rony, ainda mais curioso. Era um kit. Não qualquer kit. Um kit, pra sua Firebolt... – Uau...

Seus olhos passaram do padrinho para o pai, ambos recusaram ter dado o presente.

- De quem foi esse presente? – perguntou Harry ainda com os olhos no objeto. Os dedos coçando para ir limpar a vassoura naquele instante. A resposta veio da outra ponta da mesa, onde ambas Hermione e Giny pareciam estar tendo uma esquentada discussão aos murmúrios:

- Meu. – respondeu Hermione de modo displicente, e sem dar muita importância se voltou para Giny prestes a revidar o que quer que fosse. – O que? – questionou ela. Um momento de silêncio se seguiu no que ela continuou exasperada. – Eu estava tentando ser educada. – nada ainda. – Olhe, se você não gostou me dá de volta então! – exclamou fazendo menção de tomar o objeto das mãos de Harry, que afastou o objeto de repente:

- Não! – Harry pode ver um sorriso zombeteiro surgir no rosto do padrinho à sua frente. Um desconfortável ardor no rosto tomou conta dele enquanto titubeou. – Eu... Eu gostei. – um chute acompanhado de uma dor aguda na perna fez Harry se voltar irritado para a mãe que estava ao seu lado. Esta fez um gesto de leve com a cabeça, que Harry compreendeu rapidamente. – Obrigado... – murmurou em seguida.

- Certo... – retrucou a menina que também não parecia muito confortável ela própria acrescentando logo em seguida. – Bem... Eu suponho que você tenha tido sorte, foi uma das poucas coisas que sobraram daquele dia... – obviamente, Harry pensou, ela estava se referindo à ida ao Beco Diagonal. Com um leve revirado no estômago que reconheceu como sendo de culpa, Harry lembrou da discussão que os dois tiveram no caixa da loja...

- Ok... – retrucou Harry sem graça.

- Além do mais, você pareceu precisar de um... – acrescentou com interesse mal disfarçado. Sra. Weasley entrou na sala com duas jarras de suco nas mãos, enquanto um bolo decorado flutuava logo atrás dela:

- Quem vai querer bolo? – ofereceu. Murmúrios de aprovação se fizeram ouvir na mesa, enquanto Lílian se levantava para auxiliar a mulher. – Suco querida? – perguntou Sra. Weasley à Hermione que tamanho o olhar nas jarras, deveria estar com bastante sede.

- Er... Não obrigada... – retrucou a garota com ar desconfiado.

- Eu quero... – pediu Rony do outro lado, seguido logo por Harry. Hermione olhou de relance para Giny. A menina parecia fazer esforço para segurar o sorriso, enquanto observava todos se servindo de suco ao seu redor. Hermione por si só, apesar de não saber se por desespero ou graça mesmo, segurava a própria vontade de cair na risada ali mesmo, enquanto recusava qualquer contato com o líquido... Pelo menos – pensou ela - chata era uma coisa que a festa não seria...

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