Versus



Capítulo VII
Versus

Tivera três dias de silêncio. Sem pronunciar uma palavra sobre o incidente. Irônico que o fizesse quando Harry supostamente já se esquecera ou não mais se importasse.

Retorcia nervosamente as mãos enquanto se aproximava e se censurou mentalmente por isso. Aquilo era ridículo!

-Harry, podemos falar um instante? – ele se voltou imediatamente para ela, cortando sua conversa com... Elizabeth Mcflair. A tal dos sorrisos falsos, devoradora. Hermione arfou e mordeu o lábio inferior, resignadamente.

Harry a inquiriu com o olhar, parecia querer dizer “Mas...”. Hermione franziu o cenho. - Agora - e foi a vez de Harry franzir a testa, por um momento a morena pensou que ele iria protestar fervorosamente. Mas Harry apenas sorriu desconcertado e ofereceu seu melhor sorriso de desculpas para Lizzie.

-A gente se vê, pequena – então com as mãos cerrando-se fortemente, Hermione o viu se inclinar perigosamente sobre Lizzie e depositar um curto beijo em sua bochecha.

O que, em nome de Merlin, estava acontecendo naquele lugar?!
Harry nunca beijava meninas. Pelo menos, não aquelas que não fossem suas namoradas. Ele relutava em abraçá-la – e o cúmulo, detinham mais de sete anos de amizade! - e agora saia distribuindo beijos para aquela... aquela garota abominável?
E ainda, Harry nunca chamava nenhuma garota (além de Gina e ela própria) de “pequena”. Ao menos não a chamara de “carinho”. Aquele era seu “apelido”.

Expirou com força, abrindo as mãos, e sorriu falsamente. Foi mais fácil do que esperava. Então eles se afastaram.

-Lamento por lhe atrapalhar.

Harry lhe ofereceu um sorriso sarcástico que a machucou. – Não precisa se desculpar, isso não muda o fato de que já o fez.

Ele não estava em seus melhores dias, acontece que Hermione também não.

E ela o ignorou completamente quando tornou a falar. – A questão é se -- e isso é só uma hipótese, porque tenho praticamente certeza de que tem dedo dele nessa história – não foi o Rony, quem poderia ter nos ‘envenenado’?

-Já parou pra pensar que pode não ter havido poção alguma, Hermione? Que pode ser paranóia sua? E essa sua vontade de culpar o Rony?

-Ah, não foi uma poção? – ela cruzou os braços, olhando-o com mal-humor. – Então o que nos fez agir como se fossemos um para o outro, pratos de comida para um esfomeado?

Harry não queria chegar àquele assunto. Fora melhor nos dias que ignoravam que ‘aquilo’ ocorrera.

-Talvez tenhamos nos deixado levar pelas circunstâncias...

Hermione o encarou zombeteira. – Então, se eu desabotoar minha blusa agora, – disse olhando-o de maneira calculista. – Nesse corredor temporariamente deserto, você virá, esfomeado, me tocar?

Harry corou furiosamente, e Hermione sentiu um prazer inefável ao perceber que ele criara a cena em sua cabeça. – N-não quis dizer isso. É só que – se calou.

A garota continuou a pressioná-lo. – Digamos que fiquemos presos numa dessas inúmeras salas do colégio, - ela ergueu a sobrancelha. - Acha que eu seria capaz de despi-lo, ou melhor, de arrancar sua roupa e...

-Hermione – Harry a interrompeu, a voz falhando. Áspera, tamanha era a sequidão de sua boca, garganta. Pigarreou. – Eu não sei, está bem? – indagou com enfado, recusando-se a fitá-la. – E, se quer saber, nem quero ter conhecimento. Isso provavelmente não voltará a ocorrer, então, não precisa se preocupar.

Hermione se aproximou o suficiente para deixá-lo nervoso. Seus olhos faiscavam. – Acontece Harry, que eu realmente preciso saber e só porque está constrangido com o que aconteceu ou queira esquecer, não muda meu desejo... de sabê-lo.
**--

–O que pode fazer para livrar Harry de mais essa? Quero dizer, Lizzie, com certeza, não é pra ele.

Hermione deu de ombros. – Ele não se importa.

Gina franziu o cenho. – O que quer dizer?

-Eu o vi com ela essa manhã – contrapôs com indiferença.

-Mas Hermione! Lizzie com certeza irá partir o coração dele, se ele a quiser de verdade.

-E o que você quer que eu faça, Gina? - A ruiva sorriu e Hermione ergueu a sobrancelha.

-Nada que lhe desagrade, certamente.

-Gina! Por Merlin.

-O que é? Não está disposta a um pequeno sacrifício para ajudar seu amiguinho?

-Não me olhe assim, e eu sei muito bem o “sacrifício” que quer me submeter.

-Como se não gostasse da idéia...

Hermione meneou a cabeça negativamente, sem vontade de retrucar.

-Você deveria falar com ele.

-Estou muito enfadada com Harry para tentar uma conversa outra vez – Hermione suspirou. – Além do mais, você deveria saber, ele nunca me escuta.

-Sabe que não é verdade!

A morena sorriu sarcástica. – Harry é mais teimoso que uma mula, Gina. E – ela expirou com força, tratando de se acalmar. - Depois do enorme incentivo do seu irmão, provavelmente Harry se sente confiante o suficiente para convidar pra sair metade da ala feminina de Hogwarts.

-Acontece que você não está incluída nessa parcela, Herms! Não vê?

A morena se ergueu e deu as costas para a amiga. – Já se perguntou se eu realmente me importo? – indagou olhando-a por cima dos ombros, antes de sair do aposento. Ela era toda e completamente orgulho e ciúmes.

Gina postou a mão na cabeça. Aquilo não era bom, Hermione deveria estar armando algum modo de Harry nem sequer se aproximar de Elizabeth, não fingir que não estava nem aí para as coisas...
Precisava fazer algo, e imediatamente. Com esse pensamento, a ruiva também saiu pelo retrato da mulher gorda.
**

Hermione sentiu um gosto amargo nos lábios quando saiu do salão comunal. Gina tinha razão, certamente nunca estivera, assim como não seria agora que estaria, na “lista” de Harry.
Só de pensar que Lizzie conseguiria um encontro com ele, sentia-se doente. Francamente, aquela garota era... Hermione suspirou, pensando em um “atributo” ameno, não havia muitos...

Antes que pudesse ponderar mais sobre algum predicado “educado” para qualificar aquela garota horrível, Hermione se viu presa em sua própria armadilha ao imaginar Harry tocar e beijar, como a havia beijado e tocado, Lizzie. E sentiu náuseas.
Ele a chamaria de linda também? E perderia o ar quando a visse apenas de roupa interior? Ele estremeceria com ela quando tocasse seu corpo? E pareceria tão sedento, curioso e apaixonado quando a beijasse? A acariciaria cuidadosamente?

Mordeu o lábio inferior, certa de que Lizzie não merecia aquilo.
Talvez pudesse enfeitiçá-la de tal maneira que só iria recobrar a consciência quando o ano letivo tivesse terminado e com Harry bem, mas bem longe de Hogwarts. Ou simplesmente transformá-la numa planta ou numa minhoca e então...

Hermione riu massageando o pescoço ao encontrar-se no salão principal para o almoço. Por Merlim, estava tornando-se uma jovem perigosa, premeditando crimes perfeitos... Bom, se visse Harry perdidamente apaixonado por aquela moça ela teria um primeiro nome para praticar suas atrocidades...

Seus olhos encontraram os de Ron e ele engoliu duro o grande pedaço de carne que tinha na boca, que por sinal entrara garganta abaixo de maneira bem dolorosa, tamanho desconforto, desespero e desconfiança do rapaz – “Qual a chance de ter sido descoberto?”, “se eu correr agora, será que ela me alcança?” - sob o olhar estranhamente concentrado de Hermione.
Com o sorriso estranho da garota, Ron desviou o olhar incomodado. “Não é comigo, não é comigo, não pode ser comigo” pensava o ruivo repetidamente. “Além do mais, ela não me azararia na frente dos professores, verdade?” Ponderou não muito certo, olhando de esgueira para a grande mesa dos professores. Ele quase suspirou aliviado por ver a diretora Minerva esquadrinhar o salão com seus olhos de gato.

-Oi, será que pode me ceder um lugar, Ron? – Hermione disse às suas costas e Ron sobressaltou-se.

-C-claro. Eu estava mesmo, mesmo de saída.

-Mas... – ela ergueu a sobrancelha divertida, segurando seu braço. – Não vai terminar de comer? – indagou fitando o prato do rapaz, praticamente cheio. “Ela não riria se tivesse descoberto, não é?”

-Esse é meu... bem, meu terceiro prato. Percebi tarde que não agüentaria tudo – disse de maneira defensiva.

Ela o fitou reprovadora - Você não deveri--

-Tá, ta. Já sei o sermão de cor. E se me dá licença – disse rapidamente se desvencilhando do aperto dela e saindo do salão o mais depressa que seus pés o deixavam ir.
**
(Continua)
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Obrigada pelos comentários!
Fico feliz que tenham gostado. Então, nem demorei muito né?^^
Divirtam-se xD

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