Será?




Eles se entreolharam. Ela, desconfiada, resolveu perguntar de novo:
- E então? Como eu vim parar aqui? - ainda assim, eles ficaram calados - GENTE! - os amigos se assustaram com o grito.
- Tudo bem -Pedro disse olhando para os amigos - ela tem de saber, né?
- Saber o que? - Lílian perguntou olhando curiosa para os amigos.
- Você sumiu quase um dia todo. A gente te encontrou em uma sala - começou Cherr - você estava desmaiada.
- QUE? - Lílian não conseguia acreditar em uma palavra. Ela não lembrava de nada algum, aliás, a ultima coisa que ela lembrava era de ter sido puxada por alguém ‘invisível’ para dentro da sala. Depois ela aparecera ali, olhando para o teto. Ela contou isso aos amigos, que aumentaram o ar de preocupação - Se vão ficar com essa cara, me digam ao menos a razão...
- Lílian, a nossa preocupação é se alguém fez isso. - Remo explicou, olhando sério para ela.
- Essa pessoa fez um feitiço provavelmente ilegal - continuou Carie, abraçada a ele.
- E ela tem de pagar bem caro! - disse Sirius “nossa! Eu nunca vi eles tão preocupados... só nos N.O.M’s, mas isso é irrelevante”...
- Isso aí... - apoiaram Anne, Pollyana e para a surpresa dela Jimmy e Thomas “eles estão mesmo preocupados...”
- Gente, eu realmente não quero falar sobre isso, ok? - ela falou, e os amigos concordaram prontamente - E aí, como foi quando eu tava aqui dormindo? - ela terminou, forçando um sorriso.

Eles ficaram conversando por mais alguns minutos, até a madame Pomfrey aparecer, expulsando todos da ala hospitalar. Ela pensou que a expulsão se aplicava a ela também, mas para seu desgosto ela teria de ficar em observação até o almoço do dia seguinte. Ela não conseguiu dormir à noite. Pensava no que acontecera com ela, e tentou puxar na lembrança... então ela lembrou de ter pego sua varinha no chão, depois de constatar que a sala estava vazia. Ela se abaixou, pegou a varinha e quando levantou viu o...
- Lírio... - terminou o pensamento em voz alta. Tentou novamente puxar a linha de lembrança, mas nada lhe vinha.
De repente um pensamento cruel invadiu a sua mente: Tiago. Ele deu lírios a ela, tinha uma capa da invisibilidade, sempre estava por perto quando um deles aparecia. “Nem sempre Lily... ele não estava lá quando a primeira flor apareceu... e nem da última vez.” Ela tentava defendê-lo, mesmo sabendo ser impossível, já que como ela listou antes: ele tinha uma capa da invisibilidade. “Não Lílian! O Tiago GOSTA de você!! Ele não iria fazer isso com você!” Mas ela tinha que assumir que ele parecia muito estranho naquela vez que eles se encontraram no salão comunal, quando encontrou o primeiro lírio no chão, amassado... “e hoje à noite quando eles estavam aqui, ele só perguntou se eu estava bem, e ele parecia preocupado... ou seria culpado?”
Ela tentou por muitas vezes tirar aqueles pensamentos da cabeça, mas tudo que ela pensava, levava ao lírio, e tudo que pensava a respeito do lírio, por sua vez levava a Tiago, e por mais que ela tentasse se convencer de que ele era inocente e que ela estava louca, ela já acreditava em suas suposições, e estava magoada com ele. E com aqueles pensamentos, ela dormiu.
No dia seguinte, ela acordou com o sol brilhando forte, e olhando para um relógio preso na parede, se deu conta do porquê: já eram mais de nove horas. O que ela menos queria agora era perder mais aulas, afinal ela havia perdido muitas aulas no ultimo mês, e as que não perdia, estava distraída demais para saber do que o professor estava falando. “Sorte minha ter lido grande parte dos livros nas férias...senão eu tava ferrada” pensou tentando levantar da cama, sem sucesso. Sua pernas pareciam pesadas demais para tal tarefa, e sua cabeça girou, quando ficou sentada.
- Nem pense em sair daqui, mocinha! - disse a Madame Pomfrey entrando na ala onde ela estava - ainda faltam tres horas até que você possa melhorar.
-Mas eu estou bem, veja! - mentiu forçando um sorriso. - E mais, eu não quero ficar aqui, ainda posso assistir alguma aula antes do almoço...
- Hoje é Domingo! E se a senhorita ficar quietinha, eu deixo você ir para Hogsmead de tarde - ela terminou em um sussurro. Não era permitido aos alunos irem para o vilarejo fora do horário das carruagens.
- Não dá prá eu sair só um pouquinho mais cedo? - ela aproximou os dedos, mas sem encostar um no outro. - Por favor! - terminou em súplica.
-Você tem certeza que está bem? - ela assentiu com a cabeça. - Então tá bom, mas nem faça essa cara de alegre - acrescentou rápido ao ver o sorriso de orelha a orelha que a garota abrira - você vai tomar essa poção - a enfermeira entregou - lhe uma garrafa - todos os dias antes de dormir e assim que acordar, durante três dias. E começando de hoje, portanto tome - terminou entregando um copo com o mesmo líquido - volte aqui na terça-feira.
Ela se sentiu um pouco de frio e bastante desperta quando o líqüido tocou sua língua. “Engraçado, é uma poção quente.” O gosto era um pouco doce, e enjoativo. Terminando de tomar a poção, ela despediu-se de Madame Pomfrey, que lhe deu um pequeno bilhete. Tinha recebido instruções de entregar isso ao guarda - caças, que a levaria para Hogsmead. Passou no dormitório rapidamente, apenas para tomar um banho e foi diretamente para os portões do castelo.
- Oi Lilían! Há muito você não vem me visitar, né? - cumprimentou o guarda-caças Hagrid, sorrindo amigavelmente para ela.
- Oi Hagrid! É que eu tive não muito tempo esse ano, sabe, os estudos... - desculpou-se entregando o papel a ele. - A madame Pomfrey pediu para que você me levar até Hogsmead.
- Ahã, vamos! - disse abrindo a porta de uma das carruagens.
Eles subiram e passaram os minutos calados. Ela conhecera Hagrid no quinto ano, quando Tiago e Sirius quase foram para detenção por causa de uma ‘pequena’ briga deles com Malfoy.

*Flashback*

Ela estava indo para a aula, junto com as amigas, que conversavam sobre as “marotices” dos amigos. Não demorou muito, viram uma aglomeração no corredor. O mais estranho é que quanto mais tentava se aproximava, as pessoas iam abrindo espaço para que ela passasse.
- Ah, chegou a sangue-ruim mais ‘querida’ de Hogwarts! - exclamou uma voz fria e arrastada. Ela olhou para de onde viera a voz e viu Lúcio Malfoy, sorrindo ironicamente para ela - estava aqui conversando com seu amiguinho Potter...
- Quem te disse que o Potter é meu amigo Malfoy? - ela disse em uma voz tão ironica quanto o sorriso dele - No mínimo você chegou a essa conclusão sozinho, né?
- Ora sua...
- EXPELLIARMUS! - gritou Tiago e Sirius juntos. Ela não viu absolutamente nada. Em um segundo Lúcio estava avançando contra ela, e no segundo seguinte, estava no chão com a boca partida.
- Quem mandou você me defender hein? - Ela olhou irada para Tiago, que sorria satisfeito consigo mesmo.
- Não precisa agradecer, meu bem! - ele sorriu com uma ironia absurda.
- Eu não ia agradecer, querido! - ela respondeu, olhando para ele com desdém.
- O que significa isso, posso saber? - disse uma voz severa atrás dela. Ela virou e deu de cara com uma barba escura. Levandou um pouco mais a cabaça e vieram-lhe em foco um pouco mais de barba, e os olhos severos do guarda-caças. - Senhorita? - ele olhou para ela, que se assustou.
- Evans. O Malfoy estava avançando sobre mim e o Sirius fez a bondade de defender-me, com uma pequena ajuda do Potter. - ela disse após se recuperar do susto. Depois olhou para Sirius e acrescentou polidamente - Obrigada, Sirius.
- Srta. Evans, depois entrarei em contato com você, para que me explique melhor essa história, certo? - ela assentiu. Ele olhou para trás onde ainda se encontravam muitos curiosos - Agora vão para suas aulas, todos vocês!
* Fim do Falshback *

- Vamos, Lilían, chegamos! - a voz do amigo a fez acordar dos seus devaneios. Ela saiu da carruagem e agradeceu. Já ia saindo, quando ele a parou novamente - Como vão você e Tiago? Brigando muito, ou já se entenderam de vez?
- Hagrid, eu nunca vou me entender com o Potter - ela disse lembrando das suas suposições. - Até mais, Hagrid. Se eu tiver tempo passo lá com as meninas depois! - ela não esperou resposta e saiu correndo em direção ao vilarejo.
Ela passou alguns minutos procurando as amigas pela vila, mas não as encontrou. Em vez disso ela deu de cara com
Remo e Clarie. Conversaram por um tempo, ela explicou o porque de estar ali, e ele contou lhe como Tiago estava preocupado com ela.
- Quase que ele não vinha hoje - concluiu.
- Seria bom que não viesse - ela pensou alto, sem se dar conta do ato.
- Vocês brigaram? - perguntou Clarie, tão espantada quanto Remo.
- Na verdade não. Clarie, você se importa de eu lhe roubar o Remo por um instante?
- Se for sobre o que aconteceu, pode falar aqui, Lily. Eu também ficaria feliz em ouvir - ela pensou ter sido Clarie falando, mas se assustou quando a voz veio de Tiago, que estava atras dela.
- Ah, oi Potter. Se me dão licença. Remo, depois a gente conversa - ela despediu-se dos amigos (Tiago não era amigo) e foi e na direção oposta. Por um momento pensou que ele iria impedir, mas isso não aconteceu. “Isso é bom ou ruim?” perguntou-se mentalmente, mas não soube responder. Queria muito estar com as amigas, mas parecia que estavam cada uma com seus respectivos pares.

Ela caminhou distraídamente por alguns minutos, quando viu de novo o Lírio. Então conseguiu finalmente puxar a lembrança. Ela correu em direção ao local que encontrara os amigos, mas não havia ninguém por lá. Entrou em várias lojas, inclusive o Madame Puddifoot. Já estava desistindo, quando lembrou de um lugar que não havia ido antes, e se achou estupidamente idiota. Correu em direção ao Três Vassouras, e encontrou todos em volta de uma grande mesa.
- Vai querer alguma coisa, querida? - perguntou madame Rosmerta quando ela sentou na mesa dos amigos.
- Uma cerveja amanteigada, por favor - pediu. E virando para Remo moveu os lábios num “preciso conversar urgente com você” e olhou para os lados, para se certificar que ninguém vira nada. Cherr e Sirius conversavam com Pedro e Clarie. Tiago e Pollyana discutiam quadribol enquanto os outros apenas concordavam ou discordavam.
Minutos depois Rosmerta chegou com a bebida, e ela resolveu entrar no clima de alegria ( forçada, já que ela estava extremamente magoada) dos amigos. Por fim o passeio acabou e eles voltaram ao castelo, divididos em quartetos, na qual ela ficou numa carruagem com Pedro, Tiago e uma lufa-lufa, que conversava animadamente com o último, que não estava tao animado assim. Ela não foi mal educada, mas também não falou com ele o caminho todo. Tentou se interessar nas conversa de Pedro, o que era muito díficil. Felizmente eles chegaram ao castelo e ela pode finalmente conversar com Remo.
- Então, o que você queria falar comigo? - perguntou o menino no primeiro momento em que ficaram a sós - ë sobre o Lírio?
- Como você sabe do Lirio? - ela perguntou surpresa.
- Simplesmente porque eu li sobre o assunto - ela ainda não entendia, e provavelmente isso estava claro na sua expressão, porque ele disse: - sente aqui que eu vou te contar o que eu sei.
- Só me diga se isso foi feito por alguém - ela pediu sentando no lugar indicado.
- Não. É uma mágica involuntária - ele explicou. Após hesitar um pouco ele terminou: - Mas tem uma parte que eu acho que você não vai gostar de saber...
- O que? - Ela perguntou ansiosa.
- Segundo a lenda que envolve essa mágica, quando duas pessoas se odeiam e começam a se gostar mutuamente, uma delas sempre vê a flor que mais admira - ele começou.
- E porque isso é ruim? Porque eu lembrei lá em Hogsmead que quando eu toquei a flor, eu de...
- Deixe-me terminar, sim? - ela assentiu, diante da impaciência dele. - Essa é a parte ruim da lenda. Quando elas começaram a aparecer?
- Desde que... - ela puxou a lembrança - desde que eu e a Cherr conversamos... e ela me disse que se eu ficasse com o Tiago que ela queria ser a primeira a saber. Foi quando eu fiquei em dúvida se... - ela hesitou. Não queria dizer para Remo que estava gostando de Tiago. Não que ele não fosse confiável, mas ela não havia assumido ainda para ela.
- Se gostava ou não do Tiago, né? Pois bem - ele continuou interpretando o olhar que ela lançou a ele como um “sim’ - então ela apareceu. Eu lógico, já sabia disso antes de você desmaiar. Lembra quando eu pedi para falar com você? - ela assentiu com a cabeça. - Eu ia te dizer para você ficar longe das flores que gosta até assumir para você mesma e para Tiago que gosta dele.
- E se eu não quiser ficar com ele? - Ela perguntou decidida. “Quem foi que disse que eu quero ser 'mandada' a gostar com alguém?” pensou um pouco irritada - O que acontece?
- Isso que está acontecendo agora - ela não estava entendendo. - Você estará constantemente irritada e distraída, e não vai parar de ver os lírios. E a cada vez que você ver ele, você vai lembrar de Tiago e vai ficar mais irritada e distraída ainda e isso vai virar um ciclo vicioso. E eu não quero nem pensar no que pode te acontecer - um arrepio de medo passou por sua espinha.
- Mas... - de repente veio algo em sua mente que ela ainda não tinha pensado - isso aconteceu com você e a Clarie? Digo... vocês se gostam também, né? E vocês nunca viram flor nenhuma...
- Você agora chegou exatamente no ponto em que eu queria! - ele exclamou sorrindo marotamente. “Coisa ruim não pode ser...” pensou aliviada - Isso só acontece com bruxos...
- Você não é bruxo? - ela interrompeu. Ele sorriu um pouco mais.
- Que se amarão eternamente!
- Que? - ela gritou atraindo olhares curiosos da sala comunal para ela. Ela respirou fundo, e terminou sorrindo incrédula - desculpe Remo, mas eu prefiro ver com meus próprios olhos. Você pode me emprestar esse livro?
- Estante 54 , Bençãos e Maldições de Todos os Tipos, Ruth Abramovay, capítulo 8: O que pode ser benção pode ser maldição também, página 547 - ele disse prontamente e sem pausas. - Quer que eu pegue ou você vai lá depois? - ele perguntou sorrindo, diante da cara assustada de Lilían.
- Eu....vou lá....depois - ela respondeu pausadamente. “Esse cara definitivamente não é normal...” - Eu acho que vou dormir agora. Obrigada por me esclarecer isso... boa noite, Remo.
- Boa noite...

Ela subiu ao dormitório e para sua surpresa as garotas estavam lá esperando para que ela contasse alguma coisa. Pensou em ir dormir e até chegou a deitar na cama, mas quem disse que o sono veio? “ Eu passei tempo demais dormindo...agora vou ter de contar pras meninas...e elas não me deixarão em paz se eu não contar” concluiu o pensamento quando ouviu a cortina da cama abrindo, com violência.

- Ok, Lilían Evans...Se você não contar para mim o que você e o Remo conversaram eu juro que te esgano! - falou Clarie olhando demoniacamente para a garota - Pode falar, eu te dou 10 segundos para começar.
- Tá, eu ia contar mesmo...é que ele tava me explicando porque eu desmaiei... - “nossa! Eu nunca pensei que a Clarie pudesse ser tão ciumenta...”
- Ah, Clarie, deixa de ser ciumenta!! - exclamou Anne aparecendo no campo de visão de Lilían - me conta, Lily, porque você desmaiou?

Ela contou a história que Remo tinha lhe contado minutos atrás, sempre seguidos de “aaah”s e “ohh”s de Pollyana e “Eu sabia”s de Clarie e Anne e “Finalmente”s de Cherr. As garotas conversaram trivialidades até todas - exceto Lilían - sentirem sono e irem dormir. A garota tomou sua poção, leu um pouco e dormiu sabe-se lá que horas.
No dia seguinte primeira coisa coisa que fez foi tomar a poção novamente, e depois da higiene pessoal, descer para tomar café. Ainda era cedo, com certeza. O sol estava frio e o salão estava quase vazio, ocupado apenas por alguns professores e o diretor. Tomou café antes do salão encher, e saiu em direção à biblioteca, que tinha acabado de abrir. Correu por entre as estantes, indo direto para a que tinha uma placa com os dizeres ‘n.º 54’, sob os olhares cheios de censura da Madame Pince. Correu os olhos velozmente até parar no que ela queria. Um livro de capa vinho, com letras prateadas. “Bençãos e Maldições de Todos os Tipos: Abramovay, Ruth”. Puxou o livro com cuidado, assinou uma pequena ficha com a bibliotecária e saiu para a primeira aula.
- Eu vou tentar me concentrar hoje e à noite eu leio - programou não tão mentalmente quanto desejara.

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