A carta que não te entreguei



“Harry Potter,

Nunca imaginei que um dia fosse gosta de você. Pensava em você sempre com muito carinho e afeto, mas sabe, era só coisa de amigo. Eu vivia em um mundinho muito meu, e você chegou para me tirar dele. Os abraços, os carinhos.. Eu, boba, via aquilo como uma demonstração de amizade. Nunca pensei que aquele garoto “popular” e “fofo” fosse se tornar tão importante e especial para mim. Justo para mim. Eu via minha amigas constantemente se derretendo em paixões platônicas, loucamente perdidas em amores impossíveis por pessoas que não davam a mínima para elas, e eu sempre lá, só rindo e as ajudando. Elas não acreditavam como eu nunca me apaixonava. Diziam que aquilo não era normal. Mas quem disse que eu sou normal? Comigo tudo acontece ao contrario. Lembro-me como se fosse hoje dos dias que passamos juntos, os dias que antecederam o campeonato de quadribol entre as casas. Ah! Esses dias serão lembrados por mim durante toda a minha vida. Cada minuto foi uma eternidade. Não nos desgrudávamos para nada, lembra? Eu, você e o Rony, às vezes acompanhados da Mione ou da Parvati.Passávamos brincando e nos divertindo. Foi tudo muito especial, de verdade. Vocês me fizeram perder a pose de “menina comportada”, mas da melhor forma que existe. Aprendi muito. Ai... Lembro dos abraços que você me dava, de quando você segura minha mão e andávamos juntos, de quando você falava que gostava muito de mim. Sabe, uma garota gosta de ouvir essas coisas. Eu delirei quando você me roubou um selinho, quando estávamos indo para o campo. Só não sei porque não deixei que você desse outro. A chuva! Sim, esse foi o melhor dia. Cada vez que ouço o barulho da chuva lembro do nosso primeiro beijo. Em cada detalhe. De como você me colocou contra a parede e me beijou, embaixo da chuva. Estávamos todos molhados. Depois daquele beijo, tudo mudou. Seu conceito comigo mudou, e para melhor. Eu perdi a cabeça quando senti seus lábios nos meus, sua língua explorando a minha boca, seus braços envolvendo a minha cintura.. Não sei o que você pensou sobre tudo aquilo, mas eu senti que estava perdendo o chão e que só o que eu queria era ficar te beijando para o resto de minha vida.Seu beijo começou mansinho, como quem não queria nada, então você começou a me beijar com mais intensidade, ardência, calor, como quem queria conquistar um território. Seu beijo é caloroso, quente, intenso, profundo. É encantador e apaixonante, tanto que fez com que eu me apaixonasse por você, seu hipócrita nojento! Eu não quero gostar de você, não como eu gosto. Eu sinto algo que não consigo descrever, algo inexplicável, inimaginável, al go que eu nunca sentira antes. Eu não sei se amor, paixão, o que for, mas sei que é realmente bom. Ou não. Eu tenho plena consciência do seu jeito meio mulherengo, e de como as outras gostam de você. Sinto ciúmes de você, mas não mais que antes. Há algum tempo atrás, eu não podia te ver com qualquer garota que eu já sentia uma fisgada no peito, e aquilo corria minha alma. Não sei se você sentiu ciúmes por alguns amigos meus, ou por algum boato. Se você sentiu, sabe do que eu estou falando e como me senti. Pensei que aquilo fosse o fim do mundo. Porque você parecia ter, de alguma forma, se afastado de mim. Falava comigo só quando tinha algum treino ou coisa do tipo. Não me dava mais nem se quer um abraço. Mostrava que não gostava de mim. Aquilo me abalou muito. Mas as pessoas sempre têm “aquela” amiga fofoqueira, que vai contar o que se passa com a gente para algum amigo de quem gostamos. E parece que ela escolhe exatamente um amigo que “vai” contar aquilo para ele. E foi isso que aconteceu. Não sei se foi por isso que você mudou comigo, só sei que mudou. Me dando abraços cada vez mais ardentes. Mas beijos como os do inicio de tudo, não. Você me magoou, sim. De maneiras que não me agradaram nem um pouco. Mas esta perdoado, pois, como dizem, “o amor é cego”. Não quero citar como você me magoou, pois ainda dói um pouco. Sabe, eu nem ligo para esse seu jeito meio tarado, nem para essa sua mania de descer a mão pela minha cintura, ou das caricias um tanto impróprias que você faz em mim. Para ser sincera, eu gosto. Quando você faz isso, sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo inteirinho. Só de lembrar, fico feliz. Feliz por ter você. Mas não sinto que o tenho por completo. Sinto que algo o impede de assumir algo comigo. Não sei se é falta de sentimento de sua parte, ou se é influencia de algum de seus “amiguinhos”. Sinto que quando você esta comigo, você me dá atenção, conversa, ri, elogio, é carinhoso, meigo, fofo e tudo mais. Mas, às vezes, você parece fingir que nem me viu direito, ou sei lá o que. Isso notei eu, tem mudado de uns tempos pra cá. Parece que você esta gostando mais de mim. Mas, poxa vida, não faça isso comigo! Se eu gosto de você, a culpa é sua. Sim, sim. Sua! Se você não tivesse me beijado naquele dia, eu jamais teria me apaixonado por você. Eu gosto de você, mas não quero gostar. Não quero porque tenho medo, medo de me decepcionar com você, medo de levar o fora, medo de ser julgada como boba, medo de fazer papel de ridícula, medo de perder tudo o que eu conquistei, medo de perder minhas amigas e meus amigos, medo de entrar em depressão, medo de me iludir com isso tudo.. Enfim, eu tenho medo que você não goste de mim como eu gosto de você. Quando eu soube que você queria ficar comigo, quando a Angelina me falou, eu fiquei sem reação. Meu medo era e é perder sua amizade, que eu considero muito. Pelo que Angelina disse, você falou para ele que gostava (ou gosta, não sei) de mim. Por Merlin Eu quase capotei quando ouvi aquilo. Talvez eu tenho começado a gostar de você de uma maneira diferente naquele momento, mas minha mente não tinha percebido ainda. Precisou daqueles dias juntos e daqueles beijos para me fazer crer que você gostava de mim, e que eu gostava de você. Perdi amigos, ganhei inimigas e rivais com isso. Mas aprendi a amar. Penso que você possa ser meu primeiro amor. Mas acho que ainda é cedo demais para saber isso. Por ora, prefiro continuar com os carinhos e afetos trocados por nós quando podemos. Tentarei, com todas as minhas forças restantes, te esquecer, e te querer apenas como um amigo. Quero te esquecer para não sofrer. Mas, creio eu, que se você me falasse que gosta de mim, se eu tivesse certeza disso, se eu tivesse uma prova mais concreta de eu você gosta de mim, eu me entregaria a esse romance. Se isso acontecer, vou me entregar de corpo e alma a você. Caso contrario, meu destino vai ser apenas as boas lembranças. Por ora, vamos “deixar rolar”. Sinto que não pude expressar tudo o que sinto ou senti nessa carta, mas ela fala alguma coisa, e alguma coisa é melhor que nada. Precisei desabafar. Espero que, aconteça o que acontecer, a nossa amizade nunca se acabe. Quero dizer uma ultima coisa, é sincera e de todo o coração, e espero que você me entenda, pois é duro admitir isso. Então, ai vai: Eu Te Amo! E espero o mesmo de você. Nunca esqueça disso. Bom, acho que isso foi o Maximo que consegui escrever.


Da sempre sua,

Ginny Weasley~.”

As lágrimas corriam pela bela face da garota. Ela as enxugou com a manga de seu suéter. Aquilo era muito duro para ela. Pensou se devia entregar a carta. Ficou ali, com o pergaminho nas mãos, durante algum tempo. Não soube quanto tempo exatamente. Era tarde da noite. Leu tudo o que tinha escrito.

-Se depender de mim, isso nunca vai chegar nem aos pensamentos do Harry.- disse enquanto mais lagrimas saíram de seus olhos castanhos. Lembrou-se de Harry. Cabelos pretos, olhos verdes, forte, sorridente, bonito. Ela sorriu. Seu sorriso era apaixonado, porem triste.

Levantou-se da poltrona e foi até a lareira. Sentou se no chão, com a carta firme em suas mãos. As chamas da lareira estavam apagadas. Ela tirou a varinha do bolso, apontou para as brasas e realizou um feitiço não-verbal para reacender a lareira. Dobrou delicadamente a carta, depositou um beijo suave sobre ela e murmurou:

-Eu te amo, Harry.

Colocou a carta no fogo e ficou observando-a queimar-se. Chorou. Tornou a enxugar suas lagrimas e levantou-se dali. Foi ate a poltrona,guardou sua pena e seu tinteiro. Suas pernas cederam, e ela atirou-se sobre a poltrona. Ficou ali por um bom tempo. A noite estava alta, e passavam das duas da madrugada. Resolveu dormir. “Uma boa noite de sono vai me fazer bem”, pensou. Foi para seu quarto, n’A Toca. Subiu as escadas, abriu a porta de seu quarto e se jogou na cama. Pensou em Harry. “Maldito que amo”, murmurou. Fecho os olhos, e logo a imagem de seu amado lhe veio à mente.
Sonhou. O mesmo sonho que tivera o verão inteiro. Harry em estado grave no hospital, ela, Rony e Hermione procurando algo que ela nunca lembrava o que era, só lembrava que podia salvar Harry. Depois, segui-se um sonho em que ela e Harry se encontravam num lago que tinha nos arredores d’A Toca. Acordou e perdeu o sono. Ficou deitada, pensando nele...

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