Insípida Lua de Mel



Os primeiros anos de casamento com Hermione foram bons. Havia a suspeita, é claro, de que Voldemort não havia de fato se acabado e que ele ainda voltaria para atormentar a todos e essa ameaça, espalhada por comensais com auxílio do Profeta Diário, foi a principal fofoca cochichada às escondidas no dia do meu casamento com Hermione. Aquilo tirou a nossa paz. Não foi o casamento de sonhos nem para mim, nem para ela, mas Hermione havia sido minha amiga e companheira muito mais do que Gina e sabia dos meus sentimentos. Apenas com o olhar, conversávamos. E eu, tão desajeitado, não percebi naqueles dias o quanto aquele olhar me faria falta.


Passamos a lua de mel em Paris, e depois em Veneza, mas nem mesmo as românticas praças parisienses, nem os gôndoles foram capazes de transformar aquela Lua de Mel em férias românticas. Eram passeios simplesmente e conversávamos sobre tudo, sobre Voldermort, sobre o futuro.


Eu a amei na primeira noite após o casamento. Amei-a de verdade, tentando desesperadamente entregar minha alma à Hermione. Por mais que tentasse, contudo, era o rosto de Gina que eu via. Ao final de nossa estadia no exterior, voltamos a Inglaterra.


Hermione parecia cansada e abatida no avião, mas apenas me disse que era a viagem e eu, tão incapaz de perceber os sentimentos da minha então esposa, não vi que era tristeza o que ela sentia. Hermione sabia que eu não a amava e talvez, naquele avião, com o rosto voltado para a janela, uma primeira lágrima de arrependimento lhe tenha surgido.


Eu perguntei o que havia de errado, tentando ser cordial, mas Hermione respondeu apenas que sentia falta dos dias de Hogwarts.


Afastamo-nos eu e ela quando os dias tornaram-se anos. Ela passou a trabalhar para Ministério, como eu. Entretanto, enquanto o trabalho de Hermione era burocrático, eu partia em missões com Rony e Gina, também aurores como eu.


Gina parecia aborrecida no início com o casamento, mas sempre respeito minha relação com Hermione. Apenas um vez sucumbimos a tensão que havia entre nós. Foi numa missão para a Grécia.  Gina e eu nos beijamos depois de termos escapados de um ataque de terroristas feiticeiros. Foi um beijo apaixonante e provocante. Nos abraçamos mutuamente por alguns minutos, mas depois eu me afastei.


- Hermione é minha esposa – falei, tentando justificar-me. – Eu não posso...


Depois daquilo, nunca mais tivemos nada, nem mesmo um beijo, nem mesmo um abraço mais caloroso. Três anos depois, Gina casou-se com Neville Longbottom, no mesmo ano em que ele ganhou um prêmio por suas descobertas na área de Herbologia.


Até onde sei, Gina e Neville tiveram e ainda têm uma vida feliz juntos.


O mesmo, entretanto, não aconteceu comigo e com Hermione. Nossa relação era apenas sustentável, mas apesar de tudo, não nos separávamos, nem expúnhamos nossos sentimentos.


Um dia, entretanto, quando retornava de uma missão que havia durado quase 15 dias e, antes de chegar em casa, vi um bruxo desconhecido saindo de nossa casa em Grimmauld Place.  Como era conhecedor do segredo, pude testemunhar o beijo que Hermione depositou no rosto dele.


Um estranho sentimento apertou meu peito na mesma hora. Era um ciúme doentio. Mal podia passar os dias com Hermione e estava tendo um estranho ataque de ciúme e possessividade, como se ninguém mais pudesse chegar perto ou tocar minha esposa, uma esposa que nunca antes admitir amar.


Depois de me esconder para que não me vissem e depois de ter a certeza de que o estranho homem havia partido, subi as escadas externas e abri a porta.


Hermione, que ainda estava na sala de entrada, virou-se assustada. Parecia radiante, bela e adorável como nunca havia percebido antes. Entretanto, meu sangue queimava nas veias e eu tinha vontade de sacudir minha esposa traidora.


- Ah, Harry, querido, que bom que já chegou... – começou ela a dizer, aproximando-se de mim, mas não deixei que ela me dissesse mais nada.


- Cheguei a tempo de te flagrar, Hermione. Como sempre, a maior mestra da dissimulação. – Acusei-a.


- Do que está falando, Harry.


- Você não tem vergonha? Não tem senso de fidelidade? Depois de tudo o que vivemos, Hermione?


Hermione ficou ali, parado, com o cenho franzido, nem entender o porque daquela agressão verbal e psicológica.


- Não sei do que está falando – falou ela, com um tom imediatamente cansado na voz, antes alegre.


- Há quanto tempo isso vem acontecendo? – perguntei, irritado, aproximando-me perigosamente dela.


Ela percebeu que eu tinha intenções más para com ela e se afastou imediatamente, caminhando em direção à cozinha. Ela abriu a torneira e passou a lavar alguns copos. Ela começou a chorar baixinho enquanto continuava o trabalho, mas eu não me havia dado por satisfeito.


- Anda, Hermione... confessa... eu não tenho feito você feliz. Tenho saído em muitas missões, não é? Ou, não sou o garanhão que você esperava? O famoso Harry Potter talvez não seja homem o suficiente para você, não é? Não é?


- Você deve estar cansado, Harry – respondeu ela, suavemente, embora houvesse um embargo em sua garganta. – É melhor subir e tomar um banho. Eu prepararei algo para você comer.


- Vou fazer isso e quando descer, é melhor você me explicar quem era o homem que estava aqui agora a pouco. É melhor me explicar tudo...


Subi como um raio para o segundo piso, onde ficava o nosso quarto. Eu tomei um banho e vesti roupas mais leves. Estava mais calmo agora, mas ainda queria escutar as explicações de Hermione.


Desci depois de meia-hora ensaiando um discurso agressivo, como se eu pudesse ensinar Hermione a ser uma esposa melhor.


Caminhei em direção à cozinha, mas ela não estava lá. Havia somente um prato na mesa e um bilhete ao lado com o escrito “Harry”, na capa. Desdobrei imediatamente a folha para ler o conteúdo.


“Sempre amarei você, Harry, mas minha vida ao seu lado não tem sido fácil. Está na hora de nos separarmos. Quanto ao homem que estava em nossa casa, Harry, era o Dr. Simus, um medi-bruxo que acompanha a gestação. Antes que duvide, deve saber, você é o pai, Harry.


Com amor, Hermione.


Ps. Não sabe o quanto eu sinto, mas entrei com uma ação no ministério. Agora você está livre para se casar com quem realmente ama: Gina. Perdão por tê-lo feito perder o seu tempo comigo”.  


 


 


 


Os primeiros anos de casamento com Hermione foram bons. Havia a suspeita, é claro, de que Voldemort não havia de fato se acabado e que ele ainda voltaria para atormentar a todos e essa ameaça, espalhada por comensais com auxílio do Profeta Diário, foi a principal fofoca cochichada às escondidas no dia do meu casamento com Hermione. Aquilo tirou a nossa paz. Não foi o casamento de sonhos nem para mim, nem para ela, mas Hermione havia sido minha amiga e companheira muito mais do que Gina e sabia dos meus sentimentos. Apenas com o olhar, conversávamos. E eu, tão desajeitado, não percebi naqueles dias o quanto aquele olhar me faria falta.


Passamos a lua de mel em Paris, e depois em Veneza, mas nem mesmo as românticas praças parisienses, nem os gôndoles foram capazes de transformar aquela Lua de Mel em férias românticas. Eram passeios simplesmente e conversávamos sobre tudo, sobre Voldermort, sobre o futuro.


Eu a amei na primeira noite após o casamento. Amei-a de verdade, tentando desesperadamente entregar minha alma à Hermione. Por mais que tentasse, contudo, era o rosto de Gina que eu via. Ao final de nossa estadia no exterior, voltamos a Inglaterra.


Hermione parecia cansada e abatida no avião, mas apenas me disse que era a viagem e eu, tão incapaz de perceber os sentimentos da minha então esposa, não vi que era tristeza o que ela sentia. Hermione sabia que eu não a amava e talvez, naquele avião, com o rosto voltado para a janela, uma primeira lágrima de arrependimento lhe tenha surgido.


Eu perguntei o que havia de errado, tentando ser cordial, mas Hermione respondeu apenas que sentia falta dos dias de Hogwarts.


Afastamo-nos eu e ela quando os dias tornaram-se anos. Ela passou a trabalhar para Ministério, como eu. Entretanto, enquanto o trabalho de Hermione era burocrático, eu partia em missões com Rony e Gina, também aurores como eu.


Gina parecia aborrecida no início com o casamento, mas sempre respeito minha relação com Hermione. Apenas um vez sucumbimos a tensão que havia entre nós. Foi numa missão para a Grécia.  Gina e eu nos beijamos depois de termos escapados de um ataque de terroristas feiticeiros. Foi um beijo apaixonante e provocante. Nos abraçamos mutuamente por alguns minutos, mas depois eu me afastei.


- Hermione é minha esposa – falei, tentando justificar-me. – Eu não posso...


Depois daquilo, nunca mais tivemos nada, nem mesmo um beijo, nem mesmo um abraço mais caloroso. Três anos depois, Gina casou-se com Neville Longbottom, no mesmo ano em que ele ganhou um prêmio por suas descobertas na área de Herbologia.


Até onde sei, Gina e Neville tiveram e ainda têm uma vida feliz juntos.


O mesmo, entretanto, não aconteceu comigo e com Hermione. Nossa relação era apenas sustentável, mas apesar de tudo, não nos separávamos, nem expúnhamos nossos sentimentos.


Um dia, entretanto, quando retornava de uma missão que havia durado quase 15 dias e, antes de chegar em casa, vi um bruxo desconhecido saindo de nossa casa em Grimmauld Place.  Como era conhecedor do segredo, pude testemunhar o beijo que Hermione depositou no rosto dele.


Um estranho sentimento apertou meu peito na mesma hora. Era um ciúme doentio. Mal podia passar os dias com Hermione e estava tendo um estranho ataque de ciúme e possessividade, como se ninguém mais pudesse chegar perto ou tocar minha esposa, uma esposa que nunca antes admitir amar.


Depois de me esconder para que não me vissem e depois de ter a certeza de que o estranho homem havia partido, subi as escadas externas e abri a porta.


Hermione, que ainda estava na sala de entrada, virou-se assustada. Parecia radiante, bela e adorável como nunca havia percebido antes. Entretanto, meu sangue queimava nas veias e eu tinha vontade de sacudir minha esposa traidora.


- Ah, Harry, querido, que bom que já chegou... – começou ela a dizer, aproximando-se de mim, mas não deixei que ela me dissesse mais nada.


- Cheguei a tempo de te flagrar, Hermione. Como sempre, a maior mestra da dissimulação. – Acusei-a.


- Do que está falando, Harry.


- Você não tem vergonha? Não tem senso de fidelidade? Depois de tudo o que vivemos, Hermione?


Hermione ficou ali, parado, com o cenho franzido, nem entender o porque daquela agressão verbal e psicológica.


- Não sei do que está falando – falou ela, com um tom imediatamente cansado na voz, antes alegre.


- Há quanto tempo isso vem acontecendo? – perguntei, irritado, aproximando-me perigosamente dela.


Ela percebeu que eu tinha intenções más para com ela e se afastou imediatamente, caminhando em direção à cozinha. Ela abriu a torneira e passou a lavar alguns copos. Ela começou a chorar baixinho enquanto continuava o trabalho, mas eu não me havia dado por satisfeito.


- Anda, Hermione... confessa... eu não tenho feito você feliz. Tenho saído em muitas missões, não é? Ou, não sou o garanhão que você esperava? O famoso Harry Potter talvez não seja homem o suficiente para você, não é? Não é?


- Você deve estar cansado, Harry – respondeu ela, suavemente, embora houvesse um embargo em sua garganta. – É melhor subir e tomar um banho. Eu prepararei algo para você comer.


- Vou fazer isso e quando descer, é melhor você me explicar quem era o homem que estava aqui agora a pouco. É melhor me explicar tudo...


Subi como um raio para o segundo piso, onde ficava o nosso quarto. Eu tomei um banho e vesti roupas mais leves. Estava mais calmo agora, mas ainda queria escutar as explicações de Hermione.


Desci depois de meia-hora ensaiando um discurso agressivo, como se eu pudesse ensinar Hermione a ser uma esposa melhor.


Caminhei em direção à cozinha, mas ela não estava lá. Havia somente um prato na mesa e um bilhete ao lado com o escrito “Harry”, na capa. Desdobrei imediatamente a folha para ler o conteúdo.


“Sempre amarei você, Harry, mas minha vida ao seu lado não tem sido fácil. Está na hora de nos separarmos. Quanto ao homem que estava em nossa casa, Harry, era o Dr. Simus, um medi-bruxo que acompanha a gestação. Antes que duvide, deve saber, você é o pai, Harry.


Com amor, Hermione.


Ps. Não sabe o quanto eu sinto, mas entrei com uma ação no ministério. Agora você está livre para se casar com quem realmente ama: Gina. Perdão por tê-lo feito perder o seu tempo comigo”.  


 


 


 

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