Sara - A Fuga para um Recomeço



- Capítulo Oito -

Sara


- Eu não queria! - gritei, o encarando - Mas você acha que é fácil ver sua prima dando em cima do garoto pelo qual você sempre sonhou? Acha que é fácil vê-lo beijando outras garotas, sonhar acordada com um cara que a vê como irmã? Eu não tive culpa! - desabafei.

Harry me olhou pasmo. Eu me levantei e saí correndo o mais rápido que pude. Sentia meu peito doer á medida de que as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Havia feito tudo errado, eu sabia. "Quando você começa uma coisa desse tipo não há como voltar atrás" - lembrei.
Corri desesperada em meio à soluços por entre às árvores, saltando troncos e pedras. Não olhei para trás, tinha medo de que Harry me seguisse. As lágrimas tomavam toda a minha vista, mal via um palmo à frente do nariz. Sentia-me idiota por ter me apaixonado, idiota por contar-lhe tudo, idiota por sair correndo. Não sabia para onde estava indo, só queria desaparecer da vista de Harry. De repente, parei ajoelhada à beira de um rio. Passei a mão pelos cabelos e desatei a chorar.


Isto não era para ser sentido desta maneira
Preciso de você, preciso de você
Mais e mais a cada dia
Isto não era para machucar, ferir desta maneira
Preciso de você, preciso de você, preciso de você


Estava confusa. Se voltasse para casa, poderia encontrar Harry no caminho. Se ficasse ali, deixaria meus pais preocupados ou poderia ser picada por algum bicho perigoso. E o pior é que aquelas nuvens de chuva haviam escondido o sol e ventava muito, deixando aquela mata mais perigosa ainda.
Molhei as mãos na água do rio e lavei o rosto. Agora não havia como voltar atrás. Harry já sabia de tudo e eu havia agido de uma forma estúpida. Ai, como detestava ficar nervosa, sempre entregava tudo! Dei um soco na água e me levantei. "Se eu tivesse um vira-tempo, poderia concertar as coisas e..." - pensei - ".. Espere, o que estou pensando! Muitos bruxos enlouqueceram por mexerem com o passado. Seria arriscado demais. Além do mais, eu não tenho um vira-tempo, nem ninguém que conheço e esta por perto tem um".
Comecei a andar sem rumo por entre às arvores, descendo a colina. Estava com a cabeça quente demais para encontrar uma solução palpável. Iria para casa, tomaria um bom banho quente e tentaria resolver a minha vida.





Mais tarde daquele mesmo dia, eu havia resolvido escrever para Hermione. Ela era minha melhor amiga e nós havíamos feito uma irmandade. Certamente ela teria algo produtivo para me dizer.
Peguei um pergaminho e um tinteiro e, sentando-me na escrivaninha de meu quarto, pus-me a colocar meus sentimentos no papel:


"Sítio Finnegan - Sábado, 05 de Janeiro.
"Mione,

O tempo aqui também está passando depressa. Devo confessar, estou com saudades.
Me ajude... Estou tão triste! Até agora não sei como me meti nessa confusão. Acabei discutindo com Harry e lhe contei tudo. Depois saí correndo chorando e acabei ficando fora de casa até à noite.
Cheguei em casa agora. Não quis comer nada e não sei onde Harry está. Fico aliviada por não tê-lo encontrado, mais essa situação ficará insustentável. Moramos na mesma casa, mais cedo ou mais tarde eu terei que falar com ele.
Droga... como me meti nessa? Não tenho coragem de encarar Harry. Tremo só de pensar em escutar sua voz. Por favor, me mande uma coruja, rápido! Pergunte à Senhora Weasley se posso ir passar o resto das férias aí. Estou com medo. Tenho medo do meu futuro. Mione, me ajude!


Fiquei feliz quando recebi sua carta. Acho que você deveria falar com Rony. Com certeza você ter dito a ele que ele é um covarde por não assumir seus sentimentos mexeu com ele. Você sabe como o Rony é: medroso e cheio de incertezas, mais corajoso quando preciso. Acho que você deveria dar uma chance a ele de tentar demostrar essa coragem.
O.K., O.K, sei que isso é difícil. Mas tenha em mente que ele só te provoca por ciúmes. Na certa ele sente-se inferior ao Krum, por ele ser rico e famoso. Rony te conhece suficientemente bem para saber que você não se importa com dinheiro e fama. Mas sabe como os garotos são, não sabe? Para eles significa muito impressionar uma garota.
Quando eles encontram um cara que, eles sabem, todas as meninas suspiram por ele, ficam inseguros. Você deveria tentar mostrar que ele não precisa ficar inseguro, porque você gosta dele.
Quanto a mim... Bem, me responda logo. Agora consegui me acalmar, mais só a lembrança de Harry me deixa aterrorizada. Tenho medo da sua reação. Me ajude amiga, estou precisando de você... Por favor...

Com carinho,
Sara Connely."



Coloquei a carta em um envelope vermelho-sangue e entreguei à minha coruja. Esta saiu pela janela e sobrevoou o imenso lago, desaparecendo na escuridão. Encostei a janela, apaguei o abajur e fiquei observando as estrelas, pensando no caos que em que a minha vida havia se transformado nas últimas cinco horas. Como havia conseguido falar aquilo? Como conseguiria encará-lo de novo? Há pouco tempo estávamos observando as estrelas no Lago de Hogwarts, iluminados apenas pela luz do luar. Ele nem desconfiava do meu amor e agora, de uma única vez, consegui fazê-lo descobrir e me achar uma idiota.
Ouvi alguém bater na porta. Minha respiração ficou suspensa. Andei lentamente até a cama e me cobri com a coberta. Se fosse Harry, fingiria estar dormindo.
Um feixe de luz iluminou meu quarto. Prendi a respiração e apertei os olhos.
- Ela está dormindo - escutei a voz da minha mãe sussurrar - Acho melhor você falar com ela amanhã, Harry. Vá dormir querido.










Na manhã seguinte acordei com um raio de sol queimando meu rosto. Olhei para a janela e percebi que já devia ser quase meio-dia. Sentei-me na cama esperançosa com a idéia de que à noite anterior pudesse ter sido apenas um pesadelo. Levantei-me e tranquei a porta do quarto. Estava um pouco confusa e minha cabeça latejava. Olhei para minha escrivaninha e vi alguns papéis amassados e o tinteiro aberto. Droga, não havia sido um pesadelo. Era real. Eu realmente havia dito aquilo à Harry e havia escrito para Hermione.
Minha coruja, Doroti, estava sentada no encosto da cadeira da escrivaninha. No bico ela trazia uma carta em papel azul-ciano. Acariciei Doroti na cabeça e peguei a carta. A abri cuidadosamente e logo reconheci aquela letra redonda: Era de Hermione.


"A Toca - Domingo, 06 de Janeiro.
Querida Sara,

Assim que recebi sua carta, falei com a Senhora Weasley. Disse à ela que você queria vir visitar Gina e ela concordou. Fiquei preocupada com você. Está tudo bem? Quer que eu vá te buscar?
Sara, cuidado, não faça nenhuma besteira! Você sabe tão bem quanto eu que fugir de nada adiantará. Você e Harry se conhecem há muito tempo e estudam na mesma escola. Não conseguirá o evitar para sempre (se é o que pretende).
Mais, em todo caso, se quiser escapar para esfriar à cabeça, aqui tem lugar. Responda se mudar de idéia...
Te desejo sorte. Com carinho,
Hermione Jane Granger.

Os.: Rony e eu voltamos a nos falar. Ele acabou admitindo que me acha bonita! Ah Sara, estou tão feliz! Acho que se continuarmos assim, tudo dará certo. Beijos... "


Sorri ao terminar de ler a carta. Pelo menos ela havia conseguido conquistar seu grande amor. Fiquei pensando em como seriam os filhos de Hermione com Rony. Ele era tão inteligente e ele, tão engraçado! Seria uma mistura bem interessante...
De repente, a imagem de Kelli me veio à mente. Agora que eu havia decidido fugir de Harry, o caminho estaria livre para ela.
Puxei minha mala de debaixo da cama e andei até o guarda-roupa. Arrumaria minhas coisas e sairia dali. Não me importava mais Kelly, A Irmandade ou Harry. Havia me convencido de que aquele era um amor impossível.
Peguei uma saia jeans e uma blusa vermelha, vesti e calcei um par tênis vermelhos. Arrumei os perfumes da frasqueira e as minhas roupas na mala de rodinhas. Assim que a fechei, ouvi alguém bater na porta.
Puxei a mala pelo quarto e parei em frente à porta. Poderia ser Harry, Lisa, minha mãe ou Kelli. Nada me impediria de sair dali. Respirei fundo e girei a maçaneta.

- Bom Dia! Aonde você vai com essa mala? - minha mãe perguntou, olhando para mim.
- Vou passar uma temporada na casa dos Weasleys, mãe. - respondi.
Minha mãe olhou-me pestanejando. Depois respirou fundo.
- Filha, Harry me contou que vocês brigaram. Mas não acho que isso seja motivo para ---
- Mãe, isso é um assunto acabado. Por favor, não me fale mais disso, ta bom?
- Ah, ta bom! Tudo bem faça o que você quiser. Já tem idade suficiente para decidir sua vida e aprender com seus próprios erros. E quando é que você vai?
- Agora.
- Não vai querer nem almoçar?
- Eu almoço lá. Já vou indo... - disse a abraçando e descendo as escadas em seguida. Ouvi minha mãe me desejar boa viagem. Estava sendo injusta com ela, mais esperava que ela me entendesse.

Queria fugir dali. Queria fugir de Harry. Minha cabeça dava mil voltas e a imagem de Harry me atormentava. Ele devia pensar que eu era uma idiota por falar uma coisa daquelas e ainda sair correndo. Como eu era estúpida!
Assim que pus os pés para fora da varanda, senti um nó na garganta. Procurei me afastar daquela casa o mais rápido o possível. Não queria que ninguém me visse chorando. As árvores balançavam lentamente e tudo respirava a calmaria do início de mais um inverno. Atravessei um riacho cruzado por uma ponte puxando a mala e entrei em uma pequena cabana de madeira.
Dentro dela, havia uma mesa com algumas cadeiras, um velho tapete, um sofá e uma lareira. Em cima desta
havia um ponte preto contendo um pó verde-esmeralda.

Olhei ao meu redor. Estava deixando para trás minha família em tempos difíceis. Uma pontada de culpa ardeu em meu peito. Lá fora, o céu estava fechando, tornando-se nublado. Ao longe podia avistar minha irmã Lisa na varanda e meu pai tentado pescar. Mais ficar ali seria pior. Meu mau humor iria estragar as férias de todos. Ficar perto de Harry, respirar o mesmo ar que ele, faria das minhas meu pior pesadelo. Ficaria com medo dele tocar nesse lamentável assunto a qualquer momento, viveria aterrorizada com cada movimento dele. Tinha esperanças de que longe de seus belos olhos verdes e daquele sorriso lindo de matar teria um pouco de paz e conseguiria me concentrar em esquecê-lo. Com os alegres Weasleys estaria segura e poderia até me divertir.
Entrei na lareira com minhas malas e peguei um pouco do pó-de-flú. Tinha que fazer isso enquanto tinha coragem. Fechei os olhos e mentalizei a Toca.

- Sara, espere! - ouvi alguém na porta gritar. Abri os olhos e vi Harry ofegante entrando na cabana.
- Harry?! - disse surpresa - O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Ele aproximou-se de mim enquanto meu coração batia um pouco mais forte. Senti aquele nó na garganta de novo, me forçando a chorar. Endireitei o corpo e o olhei, mais evitando encará-lo. Não tinha coragem para fazer isso. A mão quente de Harry segurou a minha e me tirou de dentro da lareira.
Estremeci.
Fiquei com medo do que ele iria dizer. Eu estava tentando fugir daquilo. Pensei que ao vê-lo conseguiria ser superior e fingir que nada acontecera, mas estava enganada. Eu o amava mais que tudo. Meus olhos encheram-se de lágrimas de medo pelo o que estava por vir e vontade de tê-lo em meus braços. Como eu queria não ter dito nada daquilo! Como eu queria que ele me amasse! Sentia minha mão gelada de medo, angústia, vontade de sair dali correndo, de nunca mais vê-lo. Minha respiração estava acelerada e havia um gélido nó no meu estômago. Harry me abraçou.
- Eu te amo. Fica comigo. Não vai embora - ele sussurrou no meu ouvido.
- Por que está fazendo isso? - perguntei, com os olhos marejados. - Piedade?? Pois saiba que eu não preciso da sua piedade, Harry! - disse, me afastando dele.
- Não! - ele gritou, segurando meus ombros - Estou fazendo isso por mim! Acredite, eu te amo!
Silêncio.
Virei meu rosto e fitei a imensa lareira à nossa frente. Era doloroso saber que tudo o que ele poderia me dar era piedade. Sentia minhas bochechas queimarem de vergonha, raiva, angústia, esperança... Eu só queria que ele me amasse. Um amor de verdade. Não um amor gerado por um sentimento de culpa.
Harry deu um passo à frente.

- Eu te amo e amo cada pedacinho de você. Amo o jeito como anda ou como você sorri. Amo o seu jeito de mexer no cabelo ou quando morde o lábio quando está nervosa, como está fazendo agora.
Eu sorri. Harry olhou nos meus olhos e segurou minhas mãos, fazendo com que o pó verde-esmeralda que eu segurava se esvaísse lentamente por entre nossos dedos, sujando o assoalho de madeira.
- Sara, tenho te amado por seis anos, fui muito arrogante e estava assustado demais para admitir isso e... Bem, agora estou apenas envergonhado por não ter tido coragem de assumir isso antes, em um lugar mais... Romântico. - disse sorrindo, enquanto seus olhos faiscavam. Eu olhei para as árvores lá fora. Depois voltei o olhar para ele - Então, eu sei que isso veio num momento muito inoportuno, mas eu realmente quero te pedir esse imenso favor. Me escolha, fique comigo. Deixe que eu te faça feliz. Sei que é injusto e que eu não mereço, mas me dê uma chance, deixe-me amá-la.
Silêncio.
Senti que tinha tanto a falar, mais as palavras fugiam à caminho dos meus lábios. Uma gota fria escapou de meus olhos. Harry estava na minha frente, dizendo que me amava e fazendo com que todos os meus sonhos se realizassem.

Uma onda de calor e esperança invadiu meu corpo, me fazendo arrepiar. Eu o olhei, sem reação. Harry apenas sorriu, como se já esperasse por isso.
- Parecem três favores, não é? - ele disse.

Definitivamente, tive que sorrir. Harry se aproximou e passou o polegar no meu queixo, enxugando minha lágrima.
Nossos lábios se aproximaram lentamente. Senti um frio na barriga com a ansiedade pelo o que estava por vir. Meu coração batia descompassado e minha respiração estava acelerada. Durante aqueles segundos, me perguntei se aquele não era mais um sonho. Se quando nossos lábios se tocassem, não acordaria. Apertei os olhos ao pensar nessa hipótese.
Quando nossos lábios se tocaram, senti um arrepio por toda a espinha. Fiquei confusa, senti vontade de rir, de chorar, de pular, de cantar... Harry apertou os braços em torno da minha cintura, enquanto sentia uma onda de calor rolar pelo meu corpo. Eu envolvi meus braços em sua nuca, aproximando nossos corpos.



Apesar dos desencontros e da chuva no caminho
Ao seu lado sigo meu destino
Apesar do vento forte e de todos os naufrágios
Ao seu lado sei que estou a salvo
Com você sou invencível, não conheço o impossível
Quando volto, te encontro aqui
Deixa-me viver acima assim sempre ao seu lado

O cantinho de algum beijo
No limite dos seus planos
Deixa-me viver sempre ao seu lado
E a lembrança de um suspiro
O calor de um abraço
Deixa-me viver sempre ao seu lado, sempre ao seu lado, sempre ao seu lado.

Apesar da tempestade que balança o nosso barco
Ao seu lado sempre estou calmo
Apesar do mais difícil, porque nada é tão fácil
Ao seu lado nada me da medo

Com você sou invencível, não conheço o impossível
Quando volto, te encontro aqui
Deixa-me viver sempre ao seu lado

À beira de um beijo
À beira de suas mãos
Deixe-me viver sempre ao seu lado..
Ao seu lado
À beira de um suspiro
À beira do teu abraço
Deixe-me viver sempre ao seu lado..
Sempre ao seu lado..

Eu nunca imaginei que aquilo um dia realmente fosse acontecer, mais me sentia feliz. Agora sabia que ele também me amava. Quando nossos lábios se afastaram, ele afastou uma mecha do meu cabelo e olhou nos meus olhos.
- E então... Você aceita ser minha namorada? - ele perguntou, muito sério.
Eu sorri.
- Isso responde a sua pergunta? - perguntei, enquanto aproximava meus lábios dos seus. Harry sorriu e me envolveu em seus braços.

Durante aqueles minutos, em me senti a garota mais feliz deste mundo. Harry era o garoto mais especial que havia conhecido, e senti que era o primeiro cara por quem havia realmente valido a pena chorar. E agora eu estava vivendo meu tão sonhado "E viveram felizes para sempre".




FIM

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.