Sara - Uma Rival em Potencial?



- Capítulo Seis -

Sara



"A Toca - Sábado, 05 de Janeiro.
Querida Sara,

Nem acredito que já faz um semana desde que nos falamos no trem! Como o tempo passa rápido não?
As coisas aqui não andam nada bem. Pensei que conseguiria ficar em paz com Rony, mais ele às vezes é tão irritante! Desde que cheguei, ele está me provocando por causa daquela história com o Krum. Vive falando mal dele e dizendo que só uma idiota poderia se apaixonar por um patético sem cérebro.
Fiquei tão nervosa com isso, que acho que exagerei um pouco. Quando fomos passear em Hogsmead com Sr. E a Sra. Weasley na segunda, fiquei indignada: Não consigo entender como ele consegue gastar todo o seu dinheiro com doces! Quando vi aquilo, explodi: - Rony, porque você não gasta seu dinheiro com livros, assim como eu? Talvez assim você pare de ser tão estúpido...
Aí você já viu: ele revidou. Disse que estúpido era se apaixonar por uma pessoa que não tem cérebro. Aí começamos a discutir. Eu falei a ele que o único sem cérebro era ele, que não conseguia assumir seus sentimentos.
Conclusão: estamos sem nos falar desde aquele dia. A única coisa que me anima é o fato de pensar que as coisas com você e Harry podem estar andando melhores que as minhas com o Rony.
Te desejo sorte. Com carinho,
Hermione Jane Granger."




Já passava das três da tarde. A casa de campo onde nós estávamos hospedados estava envolta em silêncio. Guardei a carta de Hermione na gaveta da escrivaninha do meu quarto. Eu responderia aquilo mais tarde.
Saí da casa. Harry havia desaparecido logo que acabamos de almoçar. Eu estava um pouco preocupada. Ele poderia estar metido em alguma confusão ou ter voltado para a casa dos Dursleys. Essa segunda suposição me deu calafrios. Se Harry voltasse para lá não só ele estaria em perigo, como também os trouxas. Sem contar que meus planos de conquistá-lo estariam temporariamente fora de cogitação. Dei alguns passos colina acima e olhei para os lados: a única coisa que via era um monte de pavões correndo em minha direção. Mais que depressa, eu tirei um saquinho de ração do bolso do short azul-celeste que usava e espalhei no chão. Era incrível como eles eram dóceis: bastava alguém colocar o pé para fora de casa e lá estavam eles, em busca de comida.

Eu joguei os cabelos para trás e olhei para o horizonte, enquanto mais pavões corriam até a ração que havia espalhado. Foi aí que vi um rapaz. Os cabelos negros, brilhavam ao sol. Apesar dele estar de costas, aquela postura era inconfundível. Saí em disparada subindo colina acima. Aquilo não foi uma boa idéia: nem correr em Hogwarts durante à noite escapando dos olhares dos monitores era tão difícil! Quando o alcancei, estava ofegante e sentia que a minha testa estava levemente suada.

- Harry, estava te procurando! Por onde andou? - perguntei, jogando para trás uma mecha do meu cabelo comprido que teimava em cair sobre meus olhos e colocando as mãos na cintura.
- Resolvi dar uma volta por aí.. Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou, inocente.
- Mais é claro que sim! Harry, você desapareceu! Me deixou preocupada! - respondi, tentando recuperar o fôlego.
- Bem, desculpe. Não achei que ia se preocupar. Estava só dando uma volta por aí, pensando.

Harry sentou-se embaixo de uma árvore verde e frondosa à minha frente.
Balancei a cabeça em sinal de desaprovação. Ele continuou a me fitar com cara de inocente. Depois, respirei fundo: aquilo estava sendo difícil para Harry. Ele deveria sentir-se culpado por tantas mortes e até por achar que eu não estava em segurança com ele por perto. Eu deveria compreender. Olhei para o horizonte, enquanto sentia a brisa brincar com meus cabelos. Depois olhei para ele novamente.

- Desculpe, Harry. - desculpei-me sentando ao lado dele - É que eu me preocupo com você. Está tudo bem?
- Está, está sim.
Silêncio.
A esta hora, todos da minha casa dormiam. Os pavões continuavam a andar no pé da colina, buscando algum resto de ração na grama.
Olhei um pouco para o céu. Quase não havia nuvens e o sol brilhava por trás de uma enorme montanha mais à frente. Aquilo me lembrou o Brasil e suas belas fazendas. As praias, Ipanema, Leblom, Minas Gerais, O Cristo Redentor, Fernando de Noronha, Bonito... Lugares maravilhosos em que já estive ou que desejava visitar em minhas próximas férias. Lembrei-me de como era bom ir a um sítio, deitar-se na grama e ficar observando as nuvens, caminhar por entre a mata e escalar montanhas, ou ficar simplesmente observando as estrelas quando anoitecia, sentindo o vento frio tocar meu rosto e ouvindo o barulho da água. É engraçado que, às vezes, estamos tão acostumados que não damos valor à esses pequenos detalhes. Suspirei de saudade do meu país e passei a mão na grama fofa.
Eu sorri - Sinto falta do Rony e da Mione. - disse, me lembrando de como tínhamos ficado estudando em baixo das frondosas árvores de Hogwarts, antes das provas finais. Era engraçado ver como tudo o que antes era normal, agora me fazia falta.

Harry olhou para mim sorrindo e voltou-se para o horizonte novamente - Eu também. Mais acho que eles estão muito bem sozinhos...
Harry sabia que eu torcia para que Rony e Hermione ficassem juntos. Sempre acreditei que todas aquelas briguinhas escondiam, no fundo, uma grande atração. Era impossível alguém brigar tanto por motivos tão fúteis. Eu inclinei meu lábio, em um leve sorriso malicioso. Esperava que ela tivesse mais sorte.
Inclinei-me para trás e me encostei no tronco da árvore, assim como ele. Nossos ombros se tocaram e eu senti uma faísca com atrito. Harry, que estava olhando para a deslumbrante e calma paisagem verde ao nosso redor, virou o rosto para mim.
Nós nos encaramos. Senti um frio na barriga quando observei como estávamos próximos. Ai, o que eu não daria por um pouco de coragem para beijá-lo! Talvez ele não gostasse de mim por que eu não era tão corajosa...
Respirei fundo: eu não podia fazer um garoto se apaixonar por uma coisa que eu não era. Se ele gostasse de mim, teria que ser como eu realmente sou. Sorri e encostei minha cabeça em seu ombro. Eu adorava estar perto dele. Adorava poder sentir seu perfume de tão perto assim. Jurava que poderia passar minha vida inteira sentada ao lado de Harry com ele acariciando meus cabelos. Meu coração explodia de felicidade e na maior parte do dia eu não conseguia me concentrar em nada, há não ser na lembrança de seus belos olhos verdes. Ficava juntando o antes, o agora e o depois, imaginando como seria nosso primeiro beijo apaixonado, como minhas pernas fraquejariam quando ele roçasse seus lábios nos meus. Fechei os olhos e senti ele deslizar os dedos pelo meu cabelo. Estava com o garoto de que eu realmente gostava.

- Harry... Já sentiu que poderia passar o resto da vida sentado ao lado de uma pessoa? Como se estar ao lado dela te desse toda a felicidade e segurança de que precisa? - perguntei sem pensar, quebrando o silêncio.
De repente observei o que havia dito. Senti vontade de dar um tapa em minha testa, por ser tão estúpida. Estava quase me entregando à Harry! Se continuasse assim, ele descobriria que eu o amava.


(...)
O que há de errado com a minha língua?
Essas palavras ficam escorregando
Eu gaguejo, eu tropeço
Como se eu não tivesse nada para dizer


Ele parou a mão no meu cabelo. Senti-me gelar. Por que ele havia parado de acariciar meus cabelos do nada? Minha respiração ficou suspensa. Eu levantei os olhos em sua direção, em busca de alguma resposta. Ele apenas sorriu e voltou a acariciar meus cabelos.
- Já. - respondeu. Eu respirei aliviada.


Isso não me faz bem nenhum
É só uma perda de tempo
O que vale para você?
O que está na minha mente?
Sem assumir quem nós somos
Não podemos ir a lugar algum
Então porque não posso apenas te contar que gosto de você?

Porque estou nervosa
Tentando ser tão perfeita
Porque eu sei que você vale a pena
Você vale a pena


Eu fechei os olhos e me concentrei no que estava acontecendo entre a gente. Senti a brisa suave bater em meu rosto, trazendo um leve aroma de grama e chuva. Aquela calmaria, o cheirinho de terra molhada, Harry... tudo estava tão perfeito!
Uma buzina de carro soou por todo o sítio. Eu tomei um susto e virei o olhar para os portões, que estavam se abrindo.
Um carro cinza entrou. Vi saindo de janela de trás, um cabelo louro platinado. A garota acenava freneticamente. Respirei nervosa: era Kelly.
Kelly era uma das minhas primas, por parte de pai. Era inglesa, loura, metida e arrogante. E o pior: linda. Kelly tinha um corpo de dar inveja e tinha a escola de Beauxbatons inteira a seus pés.
Eu não me considerava feia, mais Kelly tinha os maiores seios que já havia visto. Sua cintura era finíssima. A combinação, às vezes chegava a ser exagerada, mais agradava e muito aos homens.
Ela desceu do carro rebolando e acenando. Chegou até mim e me abraçou.
- Oi Sara!!! Tudo bem? Você está linda! - disse. Estava obviamente mentindo. Ela sempre tentou me passar para trás. Em tudo.
- Obrigada, Kelly! Você também está linda! - respondi, quase vomitando com toda aquela hipocrisia.
- Ha, eu sei, mais obrigada por admitir. E quem é ele? Seu namorado que não deve ser.. Né? - ela perguntou, deixando Harry corado com o jeito com que ela o encarava.
Eu ia dizer-lhe que ele era apenas meu amigo. Mais ao ver como ela estava interessada nele, não consegui fazer com que as palavras saíssem da minha boca. Não poderia dizer-lhe a verdade e lhe dar uma chance de conquistar o meu príncipe encantado e futuro namorado.
- É.. É sim. Kelly, este é meu namorado, Harry. Harry, esta é minha prima, Kelly.

Apresentei, torcendo para que Harry não desmentisse tudo. Ele ficou um pouco chocado com aquela história. Certo, certo, ele ficou muito chocado. Olhou para mim sem entender. Eu mordisquei o lábio e olhei para ele esperançosa.
Aquele silêncio todo estava me matando. Harry continuava a me olhar surpreso, enquanto Kelli ficava esperando uma resposta sem entender o que estava acontecendo.
- Oi. - ele finalmente cumprimentou, com um ar sério. Não havia dito que era meu namorado. Mais também não havia dito que era apenas meu amigo.
- Olá, Harry. - ela respondeu, jogando o cabelo louro para trás e dando um sorriso misterioso. Aquele foi um golpe baixo: todo mundo sabe que nenhum garoto em seu juízo perfeito resistia a jogada e cabelo e ao sorrisinho. - Então, vocês são namorados? Engraçado, Sara não me contou nada a respeito...

Kelly olhou para mim chateada, em busca de alguma resposta. Sempre que eu contava algo assim para ela, ela se sentia na obrigação de conquistar um garoto dez vezes melhor. Mas eu duvidava que ela encontraria um garoto melhor que Harry. Para mim ele era, simplesmente, perfeito.

- Bem... - comecei, tentando encontrar uma resposta - Harry e eu começamos a namorar faz pouco tempo.
- Ah, é mesmo? Quando tempo? - ela perguntou, ingenuamente. Aquela ingenuidade dela estava me dando bastante trabalho.
- Duas... Semanas. - respondi, olhando seriamente para ele. Estava em busca de qualquer expressão facial que indicasse que ele ia me dedurar.
- Ah.. - ela respondeu, desanimada - O Harry deve gostar muito de você.

Eu olhei para Harry nervosa. Ele estava sério. Sério demais para meu gosto. "O.K., está tudo perdido" - pensei.
Respirei fundo e me preparei para, quando ele desmentisse tudo, soltasse uma gargalhada e dissesse à Kelly que aquela era apenas um brincadeira. Ou poderia sair correndo.

- Com certeza. - ele respondeu, passando uma das mãos pelo meu ombro - Não sei o que faria sem a Sara. - terminou, sorrindo.
Meu corpo inteiro respirou aliviado. Senti um arrepio tomar conta de mim, quando ele desceu a mão pelo meu braço. Harry percebeu que eu me arrepiei e me olhou curioso.

- Bem... - começou Kelly, com cara de quem ia tramar algo - Harry, fiquei sabendo que você conjurou um Patrono. Gostaria que você me ensinasse, se não fosse incômodo. - ela pediu, fazendo-se de coitadinha.

Eu sorri ironicamente. Kelly conjurava patronos tão bem quanto eu. O patrono dela era um urso polar. O meu era uma fênix que se transformava em um tigre.

- Estranho.. Eu jurava que o seu patrono era um urso? - falei, com rosto mais inocente que conseguia.
- Bem.. Eu.. Ainda não consigo conjurá-lo tão forte quanto Harry. - explicou-se, um pouco nervosa - Por isso quero a ajuda dele. - continuou, voltando a ser a mesma.
Senti um pouco de inveja daqueles cabelos louros platinados e daquele ar de superior. Todos os garotos que conhecia se interessavam por ela quando a viam. Talvez fosse isso o que faltava para que eu pudesse conquistar Harry.
- Claro que eu te ajudo. - concordou Harry - Mais só que eu já havia combinado de pescar com a Sara hoje. Se quiser vir com a gente...

Eu sorri para Harry. Estava muito satisfeita de ele ter se lembrado de mim ao invés de cair nos encantos dela.
Kelly fez uma cara de nojo mais aceitou ir pescar.

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