Parabéns, Mione



— CAPÍTULO SEIS —
Parabéns, Mione




A tarde passou extremamente rápido, e às oito horas Hermione se despediu de Harry e Rony, que iam cumprir suas detenções.
— Quando voltarmos você terá pena da gente e nos deixará ver os seus deveres de Poções? — perguntou Rony, com cara de vítima.
— Vou pensar. Agora vão, senão vão se atrasar.
Os dois saíram com desânimo pelo retrato da Mulher Gorda, como se andar devagar pudesse livrá-los da detenção. Hermione suspirou, e voltou a sentar-se em uma poltrona da sala comunal. Neste momento Gina entrou pelo retrato, aparentemente aflita.
— Oi, Gina... Como está?
— Bem — disse a outra, tentando retomar o fôlego. — Harry ia saindo quando eu ia entrar... Me escondi.
Hermione sorriu.
— Eles foram cumprir as detenções... Aliás, você tem alguma notícia sobre o processo do seu pai?
— Ah, não vai dar em nada. — Gina sentou-se ao lado de Hermione. — Percy disse que mamãe só falou aquilo no berrador para fazer o Rony se arrepender... Na verdade não é bem um processo... Enfim, achamos que não vai dar em nada.
Ela abraçava alguns livros no colo, com força, como se a última coisa que quisesse no mundo fosse que eles lhe caíssem dos braços. — Bem, — disse ela. — vou guardar isto e acho que já vou me deitar... Estou bem cansada. Boa noite.
Levantou-se.
— Boa noite, Gina. — disse Hermione. Gina subiu a escada em espiral para os dormitórios femininos.
Hermione pegou Viagens com Vampiros e continuou a ler. Não soube quanto tempo passou ali lendo. Via pessoas entrarem, subirem para os quartos, descerem, subirem, e aos poucos a sala se esvaziou. E em um determinado momento, ela simplesmente terminou de ler a última página do livro. Só então percebeu como estava cansada.
Lembrou-se de Harry e Rony. Já era tarde e eles ainda não tinham voltado... Queria esperar por eles, mas o sono e o cansaço a levaram a subir para o dormitório e se deitar.


No dia seguinte, Harry saiu cedo para treinar quadribol, então Hermione e Rony tomaram café juntos, sem ele.
— Foi horrível, Mione. Minha mão está toda vermelha, veja só! — Rony mostrou a ela a mão, que já era naturalmente avermelhada, mas estava um pouco mais. — Ainda por cima eu acabei vomitando lesmas em um troféu... Imagine a sujeira!
— Filch não deve ter facilitado mesmo. — disse ela, num esforço para dizer alguma coisa, qualquer coisa, pois não sabia o que responder. Não queria dizer que ele merecia, pois não pensava exatamente isso. Também não queria dizer que ele não merecia; afinal, o que ele tinha feito era muito errado.
— Ah, e o pior você não sabe...
Hermione preparou-se para mais uma avalanche de reclamações sobre Filch, troféus sujos e lesmas... — Harry — disse ele — ouviu uma coisa estranha ontem à noite, durante a detenção com Lockhart.
Hermione franziu o cenho.
— Como assim?
— Ele me disse que ouviu uma voz fria, gelada... Que dizia algo como “me deixe destruí-lo, me deixe matá-lo...”
— E quem era?
— Ele não soube... Perguntou se Lockhart tinha ouvido e ele disse que não. De certo estava distraído caprichando na assinatura de alguma carta...
— Que estranho... — disse Hermione, ignorando a implicância de Rony.
— Ele ficou morrendo de medo.
— Quem, o prof. Lockhart? — perguntou ela, apreensiva.
— Não! Harry! — Rony bufou impaciente, e não falou mais com Hermione até o final da refeição.

Mais tarde, Hermione ouviu a versão do próprio Harry.
— Era uma voz muito fria, que sussurrava. E o mais engraçado é que só eu ouvi, Lockhart ficou muito surpreso quando perguntei a ele.
— Isso é muito, muito esquisito... — disse Hermione.
— Eu não acho tão esquisito... Afinal, ele estava muito ocupado lendo cartas cheias de coraçõezinhos. — disse Rony.
— Não é disso que estamos falando, Ronald. É à voz que eu me refiro. Por favor, contenha-se. — disse Hermione, voltando-se depois para Harry. — Será que não era melhor contar a alguém?
— Não... — disse Harry logo. — Melhor não, pode não ser nada... Vamos mudar de assunto.


Na manhã do dia dezenove de setembro, Hermione acordou cedo. Estava ansiosa, pois era seu aniversário. Quando desceu à sala comunal, já vestida com o uniforme da escola, encontrou Rony ao pé da escada, com as duas mãos atrás do corpo. Ao vê-la, fez um sinal para Harry, que levantou-se de uma poltrona e postou-se ao lado dele. Sorrindo, ela parou diante dos dois sem dizer nada. Rony, no que pareceu ser uma explosão de ansiedade, disse:
— Feliz aniversário, Mione! Parabéns e tudo de bom pra você — e abraçou-a por menos de um segundo, antes de entregar-lhe desajeitadamente uma caixinha de sapos de chocolate.
— Parabéns, Mione! — disse Harry, abraçando-a também, mas de maneira menos atrapalhada, e entregando-lhe uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores.
— Obrigada, meninos... — disse, comovida. — Venham, vamos tomar café!
No café da manhã, Hermione recebeu duas corujas lhe dando os parabéns. Uma era de seus pais, em nome de toda a família. Mandaram junto alguns livros de presente. E a outra era de Hagrid, convidando-a e os amigos para um almoço de comemoração.
— Acho que vou comer mais mingau, então — disse Rony. — Que pena, o almoço de Hogwarts é tão gostoso, e o de Hagrid...
— Não diga besteira, Rony — disse Hermione. — Ele vai fazer um almoço para mim, isso é melhor do que qualquer comida!
Pôde ver nos olhos do amigo que ele não concordara, mas nenhum dos dois discutiu. “Seria bom se tivéssemos um dia de paz, sem discussões, pelo menos no dia do meu aniversário”, pensou ela.
Depois das aulas daquela manhã, os três seguiram para a cabana de Hagrid. Ele abriu a porta esfuziante.
— Mione! — abraçou-a com tanta força que ela pensou que seus ossos iriam quebrar. — Feliz aniversário!
A comida realmente seguia a tradição de tudo o que Hagrid lhes oferecia para comer; mas Hermione estava muito feliz que ele tivesse feito aquilo especialmente para ela. Não puderam demorar muito, pois tinham aulas à tarde.
— Você tinha meio que o direito de faltar à aula hoje, se quisesse — disse Rony.
— Exatamente, você falou certo: se eu quisesse, mas é claro que eu não quero. Aliás, que absurdo.
Os três despediram-se de Hagrid e voltaram para o castelo.


Na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, alguém acabou mencionando o aniversário de Hermione, e Gilderoy Lockhart fez questão de que a turma toda cantasse “Parabéns a você” para ela. Por fim, entregou a ela, que sentia o rosto em chamas de tão corado, uma foto autografada dele mesmo como presente.
Como ela passasse o resto do dia suspirando com a foto em mãos, Rony passou o resto do dia de cara fechada.

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