As desconfianças de Gina



Capítulo 4
AS DESCONFIANÇAS DE GINA

Harry abriu com dificuldade os olhos por conta da claridade que invadia o quarto. Piscou diversas vezes tentando se acostumar. Olhou a sua volta, procurando Ron, o possível causador do violento despertar.
-Ron, fecha isso!-mandou ele com a voz embrenhada
-Não é o Ron, Harry.
Harry sentiu o sangue fluir a cabeça. Coçou os olhos forçando-os a enxergarem direito.
-Gina?-perguntou ele confuso - O que está fazendo aqui?
-Vim lhe acordar – esclareceu ela calma, procurando algo nos bolsos – Achei que seria melhor você levantar e tomar o café logo e...
-Que horas são? – indagou ele achando estranho que Ron não estivesse dormindo
-São onze, e você tem exatamente meia hora para comer. Mamãe tira a mesa ás onze e meia quando temos visitas em casa - disse Gina achando no bolso da sua calça um prendedor de cabelo e prendendo os seus - portanto, acho melhor se apressar...
-Ok, já estou descendo. Obrigado Gina. -murmurou olhando-a demoradamente
-Por nada, Harry – falou por fim saindo do quarto e fechando a porta.
Harry tratou de levantar e se arrumar antes que não pudesse tomar seu café.
“Você dormiu muito!” - pensou reclamando para si mesmo - “Mas pense pelo lado positivo... ela se preocupou com você”.
Rapidamente ele desceu as escadas e chegando à sala não encontrou ninguém, mas reparou que a mesa ainda continuava posta.
Sentou na ponta e logo pegou algumas panquecas do outro lado da mesa, que por conta da demora, já estavam frias; pôs em seu copo suco de abóbora e começou a refeição.
Ele estava muito concentrado no que estava fazendo a comida da Sra Weasley era saboreada lentamente e só agora ele tinha percebido o quanto estava faminto.
De repente a porta dos fundos abre e Harry salta de susto. Instintivamente vira-se para ver quem abria a porta.
Hermione estava de cara amarrada e vermelha de raiva, vinha dando passos largos e sem dizer ‘bom dia’ a Harry ela se sentou na outra ponta, apoiou os cotovelos na mesa e a cabeça nas mãos.
Harry fitou a garota por alguns segundos. Ficou em dúvida se questionava ou não o que havia acontecido. Porém, devido a tal nervosismo, tomou a sábia decisão de perguntar somente mais tarde sobre o que lhe acontecera; o melhor que ele faria naquele momento seria voltar a comer, e saborear a deliciosa comida da Sra. Weasley.
A porta abriu novamente, e Harry, assim como antes, virou-se para ver quem entrava.
Ron sorria sem-graça e dirigiu-se à Hermione que virou a rosto bruscamente para não o olhar.
-Saia daqui, Ron!-ordenou ela com raiva
-Mione, pelo amor!Não foi tão horrível assim... -disse a ela; Hermione tornou a cabeça e o encarou tão furiosamente, que Ron passou a mão pelos cabelos, tenso.
-O quer dizer com isso, Ron? -indagou levantando-se e indo a sua direção; Ron dava passos para trás com medo da garota – Como? O que quer dizer com “não foi tão horrível”, Ronald?
-Calma Mione... -pediu olhando para o chão, como se estivesse arrependido de tê-lo dito - eu quis dizer que eu sou seu amigo e Gina também... Não foi nada de mais...
-Não foi nada de mais? É realmente isso que você acha? - berrou indignada – Maldito dia que fiz essa aposta! Maldita saia! Maldita vassoura!
Harry observava a tudo quietamente, tentando sem perguntar a eles, entender o que tinha acontecido.
-Ron, você fala isso por que não foi você que caiu de... De... daquele jeito!- continuou aborrecida
Ron segurou o riso, e Harry, não suportando mais a curiosidade que lhe aflorava, o olhou querendo saber de mais detalhes. Ron sinalizou com as mãos que depois falaria com ele.
Hermione que continuava em pé se sentou largando-se na cadeira e fechando os olhos. Ron a estudou, suspirou paciente, e segundos depois, pegou uma outra cadeira e sentou de frente para a garota.
-Eu estou morrendo de vergonha... - confessou a ele baixinho abrindo os olhos e o fitando
-Mas não se sinta dessa maneira; foi um pouco constrangedor naquele momento, mas agora, está tudo bem –falou com meiguice tentando acalmá-la – Além do que, essas coisas acontecem.
Hermione olhou para baixo e sorriu pelo canto dos lábios. Ron pareceu aliviado ao vê-la sorrir e cautelosamente, pegou de leve sua mão. Hermione tomou um susto e o olhou surpresa. Harry estava definitivamente envergonhado por ser o único a presenciar aquela cena e o pior era que agiam como se ele não estivesse ali. Já havia sido tratado daquela forma pelos dois outras vezes e sempre se sentia deslocado.
Para desespero de Harry, Ron sorriu e disse tranqüilo, mas aparentemente vermelho:
-Não fique nervosa Mione, esquece isso. É tão bom ver você feliz...
-Então tudo bem – e subitamente o abraçou deixando-o vermelho assim como a cor de seus flamejantes cabelos - Obrigada Ron.
Harry desviou a atenção ao que estava acontecendo e admirou a paisagem lá fora. Fazia mais um lindo dia de verão. Ele continuou contemplando a paisagem, mas seus pensamentos vagavam nos dois que ali se encontravam. Ele tinha certeza de que eles continuavam a se olhar; no momento em que ia tornar os olhos ao dois para ter certeza do que pressentia, viu de relance quatro pontos escuros no céu.
-Vejam! – disse apontando para a janela e levantando da cadeira num súbito pulo – São...
-Corujas! -exclamou Hermione também se levantando.
Ron correu e abriu a janela. As quatro corujas entraram graciosamente, deixaram as cartas na mesa e foram embora.
Os garotos com a cabeça acompanharam-nas atentos, depois se entreolharam. Todos pareciam curiosos, mas temerosos. Se Hogwarts fosse aberta Harry teria certeza de que iram sofrer por perderem o ano, e se não abrisse, também teriam o mesmo sofrimento. Estavam em um fogo cruzado.
Os três foram ao mesmo tempo em direção às cartas. Havia quatro envelopes. Cada um endereçado ao referente dono. Harry pegou a dele, Ron também e Hermione, hesitante, pegou a sua carta por último. Suas mãos tremiam e Harry sabia que, por mais que ele e Ron adorassem o lugar, Hermione seria a que mais sofreria por não voltar a estudar em Hogwarts.

Ele abriu a carta e começou a ler vagarosamente.


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


Prezado Sr.Potter,
Estamos enviando-lhe esta carta para informar que, apesar dos difíceis tempos atuais, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts continuará aberta.
O Ministro da Magia, Rufus Scrimgeour, afirma que a escola terá a proteção especial de trinta aurores, dia e noite, e que o Ministério da Magia fará de tudo para que Hogwarts se torne o lugar mais seguro para os estudantes.
Estamos enviando, anexada à carta, a lista dos materiais necessários.
O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho.


Atenciosamente,

Minerva McGonagall
Diretora




Ele releu a carta mais umas três vezes para não esquecer nenhum detalhe. Dobrou e a colocou de volta ao envelope. Passou os olhos a sua volta. Ron estava concentrado lendo, de pé, a sua carta. Hermione havia se apoiado no parapeito da janela e via a paisagem, mas parecia pensar em outra coisa, justamente como Harry tinha feito há alguns segundos atrás.
-Vamos ter de contar que não vamos para Hogwarts este ano antes de irmos para o Beco Diagonal – Hermione crocitou baixinho –E é bom termos consciência de que não será nada fácil...
O silêncio reinou. Hermione tinha razão, essa era a mais pura e crua verdade. O Sr. Weasley iria os levar ao Beco Diagonal não só para comprarem as roupas para o casamento, mas principalmente para comprar o material já que ele sabia que a escola seria aberta muito antes deles.
Harry imaginou o desespero da Sra. Weasley quando ficasse sabendo que ele iria levar Ron consigo para o caminho tortuoso que o espera. Ele achou que não suportaria vê-la gritando e chorando...
Por mais que lhe dissessem que precisava de aliados na busca das horcruxes ele não se sentia bem com isso.
-Irei agora - sentenciou Ron decidido
-O que?
-É isso mesmo Harry! Vou agora contar a eles – repetiu fechando sua carta e indo para a cozinha.
-Ron! -chamou Hermione. Ele se virou esperando que ela continuasse - Você vai mesmo falar agora? Digo, você está pronto?
-Uma hora ou outra eu iria que fazê-lo, não é? –indagou - Então que seja o mais breve possível.
Continuou andando e virou o cômodo, desaparecendo. Harry olhou para Hermione que retribuiu o olhar.
Ela deu um pequeno sorriso, nada feliz, e disse:
-Não precisa ficar preocupado Harry. Nós vamos porque queremos ajudar você, queremos estar ao seu lado, nesta longa, e dolorosa batalha. Mas sei que estamos fazendo a coisa certa, estamos nos pondo contra o mal. Contra todos aqueles que agiram impunes por tantos anos. Contra a maldade que nos ronda. Vamos Harry, não tenha medo, estamos indo por nossa vontade. Não se sinta culpado. Nós queremos ir com você!
Ele ficou surpreso, mas não quis demonstrar. Será que estava sendo transparente demais? Ou será que descobrir o que os outros sentiam era mais um dos pontos fortes de Hermione?
-Nunca pensei que minha vida seria tão...
-Complicada? - decifrou Hermione; Harry balançou a cabeça afirmando - E você ainda querendo a complicar mais!
-Como assim? – indagou
-Sua vida é cheia de mistérios e perigos, isso todos nós temos de admitir, mas o engraçado, e até incompreensível, é que você queria fazer tudo sozinho, sem ajuda de ninguém, dificultando ainda mais a situação - disse voltando a analisar a carta.
Harry não disse nada.
-Bom – continuou – acho que vou chamar Gina para ler a carta dela - disse apontando para a quarta carta que continuava pousada sobre a mesa.
Ela pegou a carta e já ia saindo quando a própria apareceu vindo da cozinha.
-Gente, Ron está chamando vocês. Eu queria ir também, mas fui expulsa de lá... - ela viu de relance a carta que estava nas mãos de Hermione - Ei! Isso é para mim?
-É – disse Hermione apressada, entregando-a a Gina – Vamos Harry.
Eles atravessaram a sala deixando para trás Gina que abria o envelope rapidamente e adentraram a cozinha.
Ron estava encostado no canto da parede. Ao ver que eles já se encontravam ali, lançou-lhes um olhar aflito.
A Sra. Weasley estava aninhada aos braços do marido e ambos choravam, porém o Sr. Weasley fitava Ron, parecendo sofrer ainda mais com isso.
Ron foi até os pais e os abraçou comoventemente.
Harry procurou com o olhar, a ajuda de Hermione e ela, percebendo o pedido do amigo, chegou mais perto dele.
-Fique calmo – murmurou ela – tudo vai dar certo...
Mas Harry achou que a amiga não era a pessoa aconselhada para dizer isso. Hermione estava nervosa e exibia preocupação.
Ron desvencilhou-se do abraço que ofereceu aos pais e apertou o ombro do pai apoiando-o. A Sra. Weasley estudou Ron e em seguida passou seus olhos em Hermione e Harry que observavam tudo quietos, em um silêncio perturbador.
A Sra.Weasley se levantou da cadeira e correu para os dois envolvendo-os cada um com um braço. Dava beijos alternados na cabeça de Harry e depois na de Hermione.
-Harry, eu sinto muito, querido - lamentou fungando – Oh Meu Deus! Vocês são tão pequenos para todo esse sofrimento!
-Nada de mal vai nos acontecer Sra. Weasley - tentou Hermione, mas não conseguiu convencer nem a ela mesma – temos de ser otimistas.
-Hermione tem razão – disse o Sr. Weasley pesaroso – Para nós eles sempre serão crianças, mas na verdade Molly, eles já são adultos, e conseqüentemente, têm responsabilidades a cumprir e escolhas a fazer...
-Eu compreendo Arthur, mas é difícil, ainda mais se tratando d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado! - esganiçou a Sra. Weasley.
O silêncio prevaleceu entre eles durante minutos. Harry refletiu sobre o que a Sra. Weasley havia dito, e concluiu que a cada dia sentia-se mais temeroso. Em suas mãos estavam a vida de milhares de pessoas inocentes e ele, querendo ou não, teria de salvá-las.
-Eu disse a eles... – falou Harry baixinho – Eu disse que não precisam ir comigo, que é perigoso e que eu ficaria bem melhor se eles não corressem esses perigos, mas eles não aceitaram e...
-Ainda bem! – interveio o Sr. Weasley – Estamos muito orgulhosos de você, filho! A coragem e a dignidade são qualidades abençoadas, e você Ron, demonstrou possuí-las.
Ron corou e esboçou um sorriso fino e tímido.
-Ah! - guinchou Hermione virando o rosto e tapando-o no ombro da Sra. Weasley – eu estava me controlando para não me emocionar, mas sinto que não conseguirei.
Todos deram risadas abafadas, e depois voltaram ao assunto seriamente.
-Então vocês irão hoje ao Beco Diagonal para o quê exatamente? – indagou o Sr. Weasley franzindo o cenho.
-Fred e Jorge me deram roupas formais – sentenciou Ron um pouco mais animado – Bem melhores do que as daquele maldito baile... E você Harry?
-Acho que a que eu tenho ainda serve – falou Harry – Mas eu preciso ver... Caso contrário terei que comprar uma nova.
-Creio que não servirá Harry – comentou Hermione - Você cresceu muito nestes três anos!
-E você querida? Você me disse que teria de comprar outras não é mesmo? – perguntou a Sra. Weasley a lembrando.
-É, eu terei, as roupas do baile não me servem mais... Estão um pouco curtas –disse pausadamente – Posso lhe pedir uma coisa Sra. Weasley?
-Claro querida!
-A senhora me ajuda? – indagou baixinho – Fico muita indecisa, você sabe?
-Será um prazer Hermione! Você sabe que eu adoro essas coisas! Eu também comprarei um vestido e desejo sua ajuda. Peça também ajuda à Gina - falou por fim.
A pronunciação daquele nome fez Harry se sentir gelado. Ele já havia pensado em como Gina ficaria em relação á toda essa história de Horcruxes e da profecia que o envolvia, mas agora era real; ela iria saber em questão de horas, afinal ela não era boba e perceberia que algo estaria errado com os pais e com eles, que não iriam comprar os materiais.
Harry pensou se seria melhor não procurar Gina porque ela perguntaria o que estava havendo na cozinha e ele não conseguiria mentir para ela. Depois refletiu sobre tudo o que Hermione o disse quando ainda estavam na casa dos Dursley’s.
O que ele mais queria - além de achar as horcruxes e exterminar Voldemort - era beijar Gina pelo menos uma última vez. Se ele contasse a ela, Gina ficaria mais grata do que se soubesse por outro alguém. Além do mais, todos na Ordem já sabiam, e ele confiava nela.
Mas será que isso seria realmente bom? Será que não seria melhor continuar tudo como está? Ele a queria demais... Mas a queria viva. O amor que sentia por Gina, muitas vezes o impedia tomar certas atitudes, assim como no ano anterior, onde abriu mão de seu grande amor, para que não sofresse riscos.
Os três saíram da cozinha com olhares cabisbaixos, e sem dirigir nenhuma palavra. Quando já estavam na sala pararam sem saber para aonde ir.
-E então? Vamos subir? – perguntou Hermione desanimada
-É, vamos – respondeu Ron – Meu quarto...
Eles subiram as escadas silenciosamente e adentraram o quarto de Ron. Ele estava tenso e a prova viva disso foi que não se esparramou na cama como sempre fazia, ao invés disso, ficou em pé andando de um lado para o outro.
Harry se sentou na cadeira e Hermione no chão, encostando suas costas na cama desmontável de Harry.
Eles não pronunciaram nenhuma palavra durante longos e silenciosos minutos. Hermione agora estava fitando algum lugar na parede; Harry era perturbado por perguntas e dilemas sem fim, e Ron que estava andando de um lado para o outro, de repente chutou o guarda-roupa. Antes disso, o único barulho perceptível, eram dos pássaros lá fora, que piavam animadamente, e iam para lá e para cá.
Com o barulho, Harry despertou de seus pensamentos e viu Hermione olhar de Ron para ele.
-Não podemos mais ficar assim! - contestou a garota levantando num salto assustando os garotos – Já sofremos e temos certeza de que iremos sofrer ainda mais por causa de Vol... Voldemort! - Ron estremeceu – Vamos tentar esquecer isso por um tempo, mesmo sendo muito difícil, e ter um pouco de alegria, ou vamos ficar lamentando e chorando pelos cantos?
Os meninos se entreolharam e permaneceram calados. Ela os estudou mais uma vez e confessou em voz alta:
-Por mim, já chega! Estou farta!
-Você tem razão. – concordou Harry - Não podemos perder nosso tempo dessa forma...
Ron parou de andar de um lado para o outro, contemplou o teto e depois com um sorriso malvado no rosto disse:
-Como sempre Mione, você está certa... Que tal então irmos então, curtir a vida jogando Quadribol?
-Não mesmo! – recusou firmemente – depois de hoje, nunca mais!
-Nada disso Hermione! Quem mandou você apostar?
-É diferente Ron! Na aposta nós não falamos sobre acidentes como cair em posições desagradáveis!
-Por isso mesmo! Se não falamos isso não tem nada a ver! Além do mais, você deveria ter pensado que jogar Quadribol de saia poderia ser perigoso! –falou Ron em tom jocoso.
Harry apenas ria. Então era isso que tinha acontecido; Hermione tinha caído da vassoura e digamos, em uma posição constrangedora por demais.
-E por que nem você, nem Gina me falaram isso? - indagou em tom de acusação
-Não somos Sibila’s! Como poderíamos adivinhar que você teria essa má sorte? - caçoou Ron.
Hermione torceu a boca e cruzou os braços enquanto Ron e Harry riam.
-Vocês adoram rir da minha cara, não é mesmo? Por um acaso eu sou uma palhaça? - perguntou irônica
-Não Hermione, você não é uma palhaça! –replicou Harry gargalhando ainda mais ao ver que Ron não tinha entendido
-Acho melhor irmos jogar – Disse Ron num tom desentendido.
-Vocês! Eu estou fora!
-Você que pensa!- disse Harry lançando para ela um olhar desafiador
Hermione suspirou raivosa e a contragosto dela, eles desceram as escadas e saíram rumo ao quintal pela porta dos fundos.
-Gina? Gina cadê você? - chamou Ron rondando para ver se a encontrava – Aonde será que ela está?
-Ron! - acenou ela parecendo ter o escutado - Mamãe está com pressa!Vamos!
-Vamos aonde Gina? – perguntou gritando para que ela pudesse ouvi-lo
-Ela quer sair daqui o mais rápido possível! - respondeu dando meia volta e entrando na casa
-A sua mãe quer ir para o Beco Diagonal agora, Ron... - esclareceu Hermione
-Ah! Não acredito! Justo na hora em que você iria jogar com a gente!
Hermione sorriu aliviada.
-Mas eu nem experimentei minha roupa! - lembrou Harry
-Eles esperam... Mas é melhor ir logo! - alertou Ron
Harry subiu as escadas de dois em dois degraus deixando no andar de baixo Hermione conversando com Gina sobre os vestidos que gostariam de usar no casamento de Gui e Fleur e Ron olhando-as abobado.
Correu para o quarto abriu o malão, e, no meio da bagunça achou as vestes formais que usara no Baile de Inverno em seu quarto ano.
Vestiu e se analisou no espelho.
-Cara, todo mundo diz isso, mas agora eu percebi que você realmente cresceu muito! –falou admirado a si mesmo - É Harry... Você terá que comprar outras maiores.
Trocou-se novamente e desceu as escadas.
-Já? - indagou Hermione; Harry assentiu - E aí?
-Precisarei de novas vestes!
-Eu disse! - retorquiu ela sorrindo
-Garotos, está na hora – interpôs o Sr. Weasley – Hermione você poderia me fazer um pequeno favor?
-Sim, pode falar.
-Por favor, suba e veja se Fleur está bem. Pergunte a ela se não gostaria de ir conosco e não se esqueça de dizer que Gui não irá hoje e sim amanhã.
-Ok - respondeu Hermione apressada já subindo as escadas
-Gui não irá hoje ao Beco Diagonal? - indagou Gina – Eu não acredito que vou ter que agüentar a Fleuma escolhendo o vestido de noiva dela e o meu!
-Gina não fale assim dela – ordenou o homem censurando-a.
-Pelo menos Tonks e Lupin irão?
-Sim, eles provavelmente já estão lá – respondeu o pai sem dar muita importância, pois estava observando sua esposa – Molly, não se aflija!Tudo vai dar certo!
-Não tenha tanta certeza, Arthur!
O Sr. Weasley abriu a boca para tentar, mais uma vez, acalmar a esposa, mas, Hermione desceu correndo e todos se voltaram para ela.
-E ela? Está bem? - indagou a Sra. Weasley – Ela vem?
-Em minha opinião... - começou Hermione - Ela está bem depressiva...
-Não lhe falei Arthur? - instou choramingando - Mas ela vem ou não?
-Eu a convenci de que seria melhor se ela viesse - respondeu Hermione desviando o olhar de Gina
-Que bom! –exclamou o Sr. Weasley - Muito obrigado Hermione!
-De nada.
Gina chegou perto de Hermione e rumorejou, em tom de fúria:
-Você também não colabora, não é mesmo? Por que foi convencê-la de vir?
-Ah Gina! Ela está tensa! - explicou-se - É o casamento dela!
Harry estava prestando atenção na conversa das duas, até quando sentiu uma cotovelada em suas costelas, e se virou para o lado e encarou Ron.
-Pirou Ron? - perguntou zangado.
Ele não respondeu nada, apenas apontou com a cabeça em direção à escada.
Harry seguiu o aceno do amigo e deparou com Fleur.
Ele ainda não a tinha visto tão de perto e agora, não pode deixar de reparar que a moça estava mais magra, com o rosto inchado e com olheiras.
-Fleur! - disparou a Sra. Weasley indo ao seu encontro – Vamos?
Harry olhou para Gina, ela imitou o modo com que a mãe tratou a futura nora e fez uma careta de nojo. Ron e Harry seguraram o riso e Hermione revirou os olhos, mesmo que achando graça.
-Venham aqui! - ordenou a Sra. Weasley chamando-os – Cheguem mais perto!
Eles foram à direção aos Weasleys e Fleur.
-teremos de aparatar, devemos evitar a Rede Flú por causa da rigorosa ação do Ministério.
-Mas nós ainda não podemos! - argumentou Gina – Harry e eu ainda não temos dezessete anos e Ron não passou nos testes! A menos que...
-Hermione você pode aparatar, Harry, Gina e Ron não... - falou Sr. Weasley seriamente ignorando a filha – Vejamos então... Gina você vai com Hermione, Ron, você vai com sua mãe e Harry, comigo, certo?
Todos concordaram e se postaram ao lado de seus acompanhantes.
-Prontos? - perguntou a Sra. Weasley a todos – Segurem firme e, no três, partiremos.
A Sra. Weasley fez a contagem, e subitamente, Harry sentiu um solavanco; teve a impressão de que estava sendo puxado para baixo, depois para cima e para os lados; tudo escureceu e ele não conseguia respirar direito; então...
Ele sentiu seus pés tocarem no solo; abriu os olhos cautelosamente, observou a sua volta que todos haviam chegado e soltou o braço do Sr. Weasley.
Analisou mais atentamente todos os presentes e percebeu que Gina estava do seu lado, pálida e assustada.
-Tudo bem Gina? - questionou preocupado o Sr. Weasley
-Tudo pai, só um pouco confusa – murmurou colocando as costas da mão na testa.
-É normal meu bem – acalmou a mãe e logo em seguida ficando séria – Então vamos às recomendações; Primeiro: não quero ninguém andando desacompanhado por aí e sem minha permissão; Segundo: nada de conversas sobre o que infelizmente está acontecendo com o nosso mundo e sobre teorias, planos e estratégias. Entenderam? - eles confirmaram - Se por um acaso eu descobrir que algum de vocês me desobedeceu, saibam que estarão fritos, cozidos e assados! -ameaçou duramente franzindo o cenho.
Ron, Hermione, e Harry se entreolharam significativamente. Sabiam que a Sra. Weasley estava se referindo a eles quando disse “teorias, planos e estratégias”.
Harry esperava ansiosamente por um momento em que ficassem à sós para ele relatar o sonho que tivera na madrugada passada, e, havia pensado que poderia saber a opinião de Hermione e Ron em algum cantinho na loja de Fred e Jorge. Em todo o caso, depois do aviso da Sra. Weasley, Harry concluiu que seria melhor não tocar no assunto com os dois enquanto ainda não estivessem n’A Toca.
-Bom Molly, presumo que seja melhor irmos logo – disse Sr. Weasley – Lupin e Tonks já devem estar por aqui.
-Ah sim, sim! Vamos andando!- mandou empurrando levemente as costas de Fleur.
Eles começaram a andar e Harry se postou entre Ron e Hermione. O Beco Diagonal não parecia o mesmo. Estava relativamente vazio, viam-se poucas pessoas e as lojas, que sempre estiveram cheias agora possuíam duas ou três pessoas.
Hermione chegou mais perto deles e se curvou minimamente.
-Vocês entenderam, não? - cochichou
-Ninguém iria escutar se falássemos baixinho como estamos fazendo agora! - replicou Ron quase em um sussurro.
-Eu também estou curiosa para saber, ou você acha que não? - falou Hermione - Mas todos nós sabemos que não será seguro conversarmos sobre os planos e sonhos de Harry aqui!
Harry preferiu não se manifestar; só observava os dois discutindo sem pronunciar uma palavra até que viu Gina se aproximar deles, que estavam um pouco mais á trás dos outros para não correrem o risco da Sra. Weasley os escutar falando de Harry.
-Gina está vindo para cá - comentou apressadamente.
Os dois pararam de falar abruptamente e olharam para frente à procura da garota.
-Posso saber por que vocês pararam de conversar quando Harry viu que eu estava me aproximando? - perguntou desconfiada com os olhos semicerrados.
-Do que está falando Gina? - falou Hermione; Gina a olhou mais desconfiada ainda.
-Sinto muito Hermione, mas você não sabe mentir, e ainda mais com a cara desses dois aqui! – disse apontando para os garotos
-Você está falando isso justamente por que não estamos mentindo! - retrucou Ron
-Está bem! E eu sou Celestina Warbeck!- ironizou - Se vocês quiserem, eu até posso cantar...
-Depois eu quero um autógrafo! Minha mãe te adora Celestina! – disse Ron brincando na esperança de Gina esquecer que tinham parado de falar no momento em que a viram.
Harry e Hermione riram forçadamente; também esperavam que ela mudasse o assunto da conversa.
-Ok, ok – guinchou, balançando os cabelos ruivos ressaltados pelo sol que batia, e resplandecia ainda mais sua beleza, fazendo com que o bicho dentro de Harry despertasse, e fizesse com que seus sentimentos viessem à tona, tanto nesse, como em outros vários momentos repentinos – Se não querem me contar tudo bem, vou fingir que aceito. Agora vamos mudar de assunto. Deixe me pensar... Sim! Quem será o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas este ano? Espero que seja um... O que deu em vocês?
Harry percebeu que a conversa estava caminhando para lados escuros e perigosos. Desse modo eles teriam de contá-la que não iriam para Hogwarts aquele ano, o que estava terminantemente proibido naquela ocasião.
Ron começou a corar e Hermione fitou o chão, tentando não olhar para Gina, enquanto andavam. Gina olhou para Harry, como que querendo entender o que estava acontecendo.
Subitamente, a garota se postou na frente deles, os impedindo de continuar a rápida caminhada até a loja dos gêmeos.
-O que está havendo? – indagou irritada - Eu odeio ser a última, a saber, das coisas! E vocês sabem disso! Por que não falam tudo, de uma vez só. Falem, falem!
Eles se entreolharam nervosos; Hermione voltou a olhar o chão e Ron, angustiado, passou a mão pelos cabelos, desarrumando-os.
Harry não sabia o que fazer.
-Falem logo! - ordenou Gina colocando as mãos na cintura.
-Gina... Nós... Nós... - começou Harry lentamente; Ron e Hermione o fitaram. Ele respirou fundo e continuou – Explico para você quando voltarmos, tudo bem? Faço questão! Aqui não é um local apropriado para lhe contar com os devidos detalhes essa história. Fique calma.
-Crianças! - gritou a Sra.Weasley – Não parem!
Aquilo fora a salvação para Harry. Gina pareceu lembrar do que a mãe tinha dito ao ouvir sua voz, pois não tocou mais no assunto até chegarem mais perto dos Weasley e de Fleur.
Um estranho silêncio permaneceu entre eles; Gina, que outrora estava irritada, agora transbordava curiosidade, o que seria tão importante, que não pudera lhe contar instantes antes. Harry sabia que hora ou outra ela teria de saber. E, pelo jeito, seria mais rápido do que imaginava.
Harry realmente estava começando a sentir pena de Fleur. Ele estranhou o atual comportamento da moça, por que, sempre que ela o via, ficava contente e o envolvia em abraços e beijos, mas, agora apresentava um estado preocupante. Até àquela hora ela estava junto de Harry e não havia percebido que ele estava ali (ou assim lhe pareceu). Harry achou que Hermione devia pensar á mesma coisa que ele, devido suas tentativas de fazer Gina aceitar os acessórios ou de alegrar Fleur.
-Não estou agüentando esse silêncio – disse Gina baixinho – Não pensei que eu fosse uma companhia desagradável, mas vocês estão demonstrando uma acerta distancia de mim.
-Não é isso Gina! - interpôs Harry ligeiro – Eu já disse que irei te explicar tudo quando formos embora, os motivos de tal demora já lhe expliquei.
-Tudo? - perguntou ela, que por algum motivo, estava descrente – A história completa, aposto que não!
-Por que não, Gina? - foi à vez de Hermione dizer algo.
-A conclusão é simples... Se fosse você, Hermione, quem me contasse o que está fazendo vocês ficarem tão esquisitos, me contaria tudo porque confia em mim.
Harry pensou. Será que aquilo era uma indireta para ele? Claro! Ele é que iria contar para ela, havia dito que fazia questão! Mesmo sem ainda ter tanta certeza...
-O que está querendo dizer com isso?
-Quer que eu esclareça mais? – falou irônica - Você não confia em mim!
-O que? -indagou perplexo - Não acredito que você ache isso Gina!
-Sim! Acho! Na verdade, tenho certeza desde o funeral de Dumbledore, quando eu aqui, –apontou o dedo indicador ao peito – fui deixada sozinha por uma pessoa que sempre foi muito especial para mim!
Harry a fitou, indignado, e ela retribuiu o olhar, mas logo depois, se adiantou mais á frente, ficando do lado da mãe.
-Cara, essa foi bem direta! - comentou Ron – AI! - guinchou recebendo um beliscão de Hermione e amarrando a cara para a garota.
-Sabe, Harry – disse Hermione cautelosamente – Acho que você deve conversar com ela...
-Lógico. - respondeu violento – Vou fazer isso assim que chegarmos á Toca, depois de contar exatamente tudo o que está acontecendo, talvez assim, ela acredite que eu realmente nela.
-Sabe Harry, as mulheres são os seres mais assustadores que eu conheço! - falou Ron pensativo
-Estou começando a achar que está certo Ron – concordou ignorando o olhar furioso de Hermione
-Ora! Não generalizem, por favor! - exclamou ríspida.
-E você Hermione, é um desses seres - disse Ron por fim.
Hermione ia retrucar, mas Harry percebeu que o olhar da garota se estatizou no final da rua.
Harry com o olhar seguiu a direção em que a amiga olhava e pôde ver duas pessoas.
-Eles já estão lá – sentenciou Ron.
-Vamos mais rápido – disse Hermione puxando, levemente, os dois pela blusa.
Eles chegaram mais perto e ficaram logo atrás do casal Weasley, Gina e Fleur.
A loja dos Gêmeos não estava mais como da ultima vez que Harry a vira. As vitrines continuavam com toda aquela variedade de artigos que giravam e quicavam e as cores fortes e piscantes que estavam nas paredes e nos cartazes ainda contrastavam a loja de Fred e Jorge das outras, porém, podia-se reparar que não estava lotada, como sempre.
-Demoramos? - indagou o Sr. Weasley apertando, energeticamente, a mão de Lupin; ele continuava com o mesmo jeito roto e maltrapilho, mas Harry notou que seus cabelos estavam ainda mais brancos.
Tonks não estava mais com os cabelos roxos e curtos, agora aderira à cor rosa - chiclete na altura dos ombros.
-Não muito – respondeu Tonks – Aproveitamos para conversar sobre algumas coisas que estavam pendentes... – falou sorrindo
-Que coisas? – perguntou a Sra. Weasley com malicia.
-Trabalho, Molly! – respondeu; os garotos riram descrentes – O que mais seria?
-Trabalho... Sei... - disse Gina piscando o olho para Lupin e Tonks.
-Gina! - exclamou Lupin, envergonhado.
Todos riram.
-Olá Harry! – exclamou Lupin; Harry o cumprimentou – Como vai?
-Bem, e você?
-Vamos entrando!Temos ainda muitas coisas a fazer! – alertou a Sra. Weasley
Eles entraram na loja com a maior facilidade. Harry viu que Ron estava desapontado com a decaída. O mesmo encostou-se ao balcão e Hermione permaneceu parada observando os artigos nas prateleiras.
Havia umas dez pessoas na loja e os gêmeos as atendiam com a ajuda de uma moça que Harry pensou ser a mesma no outro ano.
Os Weasley’s, Lupin e Tonks estavam do outro lado do balcão, um pouco mais adiante. Harry olhou envolta; onde estava Gina?
Naquele mesmo momento, ele sentiu uma mão tocar-lhe o ombro.
-Arry!
-Ah... Olá Fleur - falou ele desanimado; esperava ser outra pessoa.
-Eu querria me desculparr porr náu terr te comprriimentado antes... – disse plangente – É que o estou muit nerrvose com o casament...
-Tudo bem Fleur, eu entendo...
Ela sorriu para ele e o puxou para um abraço.
-Obrrigada - concluiu, beijando-o na testa e logo depois, indo à direção dos Weasley.
-Ela está muito apreensiva - comentou Hermione sobressaltando Harry – Admito que nunca gostei dela, mas agora, ela está em um estado de cortar o coração...
Harry apenas assentiu e seguiu, com o olhar, Fleur.
-Harry, me desculpe por insistir nesse assunto, mas eu gostaria de saber uma coisa...
-Eu vou conversar com Gina, Hermione! – respondeu ele indolente; sabia que era sobre isso que ela iria perguntar.
-Está bem. – sussurrou Hermione arrependida do que tinha dito.
-O que vocês tanto conversam? – Ron se aproximara dos dois sem que tivessem percebido.
-Coisas, Ron, coisas...
-E posso saber que ‘coisas’ seriam essas Hermione? – perguntou em tom desconfiado, talvez mais forte do que o que Gina tinha produzido minutos atrás.
Hermione, novamente, estava pronta para retrucar, mas de repente ela encarou Ron, e Harry pôde perceber que o amigo havia ficado encabulado.
-Por que quer tanto saber? – murmurou Hermione – Por um acaso não podemos ter uma... Conversa em particular?
Harry estranhou o que Hermione estava dizendo. Eles não estavam tendo nenhuma ‘conversa particular’.
-Hermione...
Mas antes de terminar a frase ele segurou para não gritar de dor. Ela tinha pisado em seu pé com uma força absurda que ele compreendeu na hora que era para ficar quieto.
Eles continuaram a se encarar. Mas o olhar de Ron começou a fuzilar Harry.
-O que foi? – perguntou ele indefeso.
Ron se voltou para Hermione e esbravejou:
-Vocês não podem ter ‘conversas particulares’!
Hermione riu alto, sarcástica.
-Posso saber por que não?
-Por que não! – berrou; Harry viu que todos, agora começavam a lançar olhares aos dois – Você... Você não tem esse tipo de conversa comigo!
-Não seja por isso Ron! Estou esperando por uma dessa há anos!
Hermione definitivamente havia se arrependido do que tinha dito. Ron se desarmara e conseqüentemente, ela também.
Ron continuou a fitando, mas ela desviava seu olhar para todos os lados menos para ele.
Os Weasley estavam parados assim como Harry, Fleur e os poucos clientes que estavam fazendo compras.
Ron chegou perto de Hermione; ela se esquivou temerosa, mas ele a segurou pelo braço e falou:
-Sinto muito... Mas eu não consigo...
E foi embora, de cabeça baixa, saindo da loja.
Todos o seguiram com o olhar menos Hermione que estava desnorteada, parada no mesmo lugar.
Lentamente, eles foram parando de cochichar e voltando a fazer o que estavam fazendo quando foram interrompidos pela discussão dos dois.
Harry viu que Lupin e Tonks estavam se despedindo de Fred e Jorge e que os Weasley, Fleur e Gina (que havia desaparecido deixando Harry preocupado) já estavam se dirigindo a eles.
Rapidamente, Harry disse para Hermione:
-Hermione, acho que ele esqueceu de uma palavra que faz toda a diferença... - ela levantou os olhos, curiosa, querendo saber a resposta - ainda.
Harry não sabia se tinha sido muito claro com aquela suposta ajuda. Ele não conseguiria ficar ali sem dar esse pequeno empurrão, que achou ser o máximo que podia fazer para ajudar. Bem lá no fundo, Harry tinha medo de ser excluído pelos amigos, mas, apesar disso, ele já estava ficando entediado com a passividade deles dois.
Eles saíram da loja conversando sobre os incríveis artefatos da loja dos gêmeos. Harry ficava cada vez mais impressionado com a rapidez que eles criavam novos objetos.
A Sra. Weasley ainda parecia contrariada com o trabalho que os filhos tinham escolhido, mas, entrelinhas admitia que eles possuíam uma criatividade exemplar.
Harry levou um susto quando fechou as portas da loja e um boneco de um polteigrest despencou, ficando seguro apenas por um fio, e começou a cantar uma música em que Harry, devido ao susto, escutou apenas palavras soltas como ‘maravilhosa’, ’compre’ e ‘volte sempre’.
Tonks e Gina gargalhavam da cara de assustado que Harry fez quando o boneco postou-se ao seu lado.
Até Fleur dava risadinhas e pareceu, por uma fração de minuto, mas alegre e relaxada.
Hermione continuava distante, absorta em devaneios assim como Ron que tinha ficado na larga calçada, esperando por eles.
-Agora que estamos todos aqui iremos aonde exatamente? – indagou Lupin escondendo que também havia se assustado com a réplica de pirraça.
-Precisamos ir à Floreios e Borrões e à Madame Malkin – respondeu a Sra. Weasley rapidamente
-Iremos à Madame Malkin, mamãe? – Gina franziu - Mas lá não é muito caro?
A Sra. Weasley torceu a boca e crocitou:
-É sim Gina, mas com certeza ficará mais em conta do que se optássemos pelo Tralhejusto e Janota.
-E eu prrecise ir lá! – retrucou Fleur violentamente à Gina – Lá as rroupes som marravilhoses!
Gina revirou os olhos e, disfarçadamente virou ficando de costas para Fleur.
- Vamos indo, então – disse por fim o Sr. Weasley, fazendo com que todos o acompanhassem.
Hermione e Gina estavam do lado oposto ao dos garotos. Harry percebeu que elas estavam os evitando, provavelmente por diferentes motivos.
Nenhum dos quatro conversava. Ron andava olhando para baixo e com as mãos nos bolsos. Harry fingia prestar atenção na conversa sobre o Ministério da Magia que Lupin, Tonks e o Sr e a Sra. Weasley estavam tendo. Gina e Hermione vez ou outra se olhavam e davam sorrisinhos sem-graças.
Harry não estava se sentindo muito à vontade com toda aquela encenação. Sabia que a loja de Madame Malkin não era muito longe dali e se sentiu aliviado quando a viu.
-Não acha melhor vocês irem comprar os livros primeiro, Molly? – perguntou Tonks; a Sra. Weasley mordeu o lábio inferior e olhou apreensiva para o marido.
Gina cutucou Hermione, procurando por informações e a garota apenas fingiu não ter sentido.
-Estamos em frente à Madame Malkin... - respondeu o Sr. Weasley continuando a andar e abrindo a porta da loja, provocando um barulhinho por conta do sino que estava preso no batente - Devíamos ter pensado nisso antes.
Fleur passou tão rapidamente por Hermione que quase a levou junto para dentro da loja.
Uma senhora baixa e gorda veio os atender. Os garotos a conheciam há alguns anos. Harry pensou que ela não olhava para eles por conta de terem praticamente expulsado os Malfoy (que para a senhora, eram ótimos compradores) de sua loja da última vez que tinham ido comprar novos uniformes.
- Hogwarts? – indagou
-Non! Eu gostarria d’ verr seus modeles de vestides de noive! – respondeu Fleur ávida.
-Espera aí, Fleur! – interpôs Gina; Fleur a fitou começando a ficar nervosa – Não viemos aqui apenas para comprar os vestidos do casamento, temos de ver os uniformes também!
-Mas podemes ver isse depois! - disse por fim – Vemes Madam! M’ mostre os modeles!-ordenou ríspida
Madame Malkin olhou de soslaio para Fleur e bufou.
-E vocês? Não vão ter de experimentar nada?
-Precisamos de roupas formais – replicou Hermione
-Venham então! - chamou a mulher se dirigindo para uma mesa e abrindo um grosso livro no qual Harry pôde ler “Trajes para casamentos: dos convidados à noiva” – Vejamos...
Madame Malkin passou o gordo dedo pelo índice no inicio do livro e rapidamente abriu na pagina que estava procurando.
-Aqui está! – apontou sorridente – Damas de honra. Creio que também precisam ver isso...
-Sim – disse Gina
-É para você? - perguntou a mulher analisando Gina de cima a baixo; a garota confirmou - Uuuh! Esses cabelos... Esses olhos... Tenho um que com certeza ficará belíssimo!
E sacudindo os ombros, animada, Madame Malkin pegou outro livro - este, porém, menor – e mostrou um modelito à Gina, que Harry pensou ser muito bonito, pois Hermione que estava ao lado de Gina abriu a boca, encantada.
-Que lindo... - sussurrou Hermione
-É... Também achei! – confirmou Gina sorrindo
Harry se deslocou de onde estava e tentou, por cima do ombro de Gina, ver como era o vestido, mas Fleur o empurrou para o lado e tirou o livro das mãos de Gina.
Fleur fez uma careta de nojo e insatisfação antes de comentar:
-Qu’ orrorr! – Gina e Hermione a olharam escandalizadas – Esse tom de rose ficarria ridícule em você!
-Será que dá para ser um pouco mais anti-social!? - ironizou Gina fuzilando Fleur com o olhar.
-Não concordo com você Fleur – contrapôs Hermione – Acho que esse tom de rosa ficaria perfeito em Gina!
- Vamos acalmar os ânimos meninas! – disse a Sra. Weasley. Depois se virou para os garotos – Aliás, acho melhor vocês esperarem lá fora... Homens não ajudam muito com esses assuntos. Vamos, Vamos! – mandou, apressando Harry, Ron, Lupin e o Sr. Weasley para fora, acompanhando-os.
-Mas eu preciso de uma roupa também Sra. Weasley! - falou Harry
-Sim, sim querido. Daqui algum tempo vocês podem voltar. Por que não vão ver os artigos esportivos? – sugeriu.
-Ótima idéia mamãe! – exclamou Ron – Sinceramente, não agüentaria ficar lá dentro por muito mais tempo, sabe?
-Eu já suspeitava... - falou olhando para o filho – Querido - virou-se para o marido - aproveite a ausência de Gina e compre o material dela. A lista está com você, não?
-Sim, Molly, era justamente isso que iria fazer – respondeu o Sr. Weasley – Aposto como ela já está desconfiada.
Ron e Harry se entreolharam.
-Desculpe, mas eu queria me certificar de que não sei do que estão falando – interveio Lupin, confuso.
-Em parte, não. Mas logo saberá quando...
Harry continuaria sua frase se não tivesse sido interrompido pelo barulho do sininho (que ele detestava) da porta da loja de Madame Malkin, surgindo dela, Tonks, aflita.
-Molly, é melhor você entrar. Gina está discutindo com Fleur, e, a coisa não está nada razoável.
A Sra. Weasley olhou repreensiva para o marido antes de ir embora, pisando firme.
Ele, em resposta, bufou cansado.
-Até parece que ela me culpa por termos filhos com tanta... Personalidade!
Lupin e Harry riram.
- Fred e Jorge já valem pelos sete! - comentou, rindo também – Gui e Carlinhos são persistentes, e Ron teimoso – Ron indignou-se – É sim Ron! Gina determinada e Percy... Bom, esse causa um pouco de dor de cabeça.
O Sr. Weasley parou de rir assim como Lupin e Harry.
-Por falar nisso Arthur, você anda tendo notícias dele? – perguntou Lupin cautelosamente.
-Nunca mais o vimos... Apenas sabemos que ele continua trabalhando no Ministério da Magia – respondeu baixinho
-Não consigo entender qual é a do Percy! – disse Ron – Na verdade, ele nem parece que é da nossa família... Para mim se tornou um estranho.
-Ainda bem que sua mãe não está aqui, senão estaria encrencado... Querendo ou não ele é o seu irmão e você deve respeito a ele – concluiu sério.
Ron ficou quieto.
Eles passaram enfrente á uma loja que exibia, na vitrine, vassouras de quadribol dos mais variados estilos. Junto a elas, havia miniaturas de jogadores e pôsters dos mesmos.
Ron correu até a vitrine e chamou Harry:
-Harry, veja!
Ele seguiu até onde Ron apontava e dentre todos aqueles objetos em destaque ele pode ver uma velha e amada conhecida sua; uma firebolt.
A sensação do vento batendo em sua face em forma de carinho tomou-lhe todo o seu pensamento. Ao ver a firebolt, desejou mais que tudo naquele momento, voar.
-Lindas, não? - comentou o Sr. Weasley – Que tal entrar...?
O Sr. Weasley nem chegou a receber alguma resposta. Ron descolou o rosto da vitrine e, com um empurrão, abriu a porta de vidro, seguido de Harry.
Harry achou a loja grande, e de todas, parecia ser a que mais atraía pessoas. Os funcionários atendiam aos clientes e os balcões estavam totalmente cobertos por mais pôsters e miniaturas. Nas caixas e no chão, vassouras.
Eles ficaram contemplando os artigos durante muito tempo. Ron sempre chamava Harry para ver algo e o Sr. Weasley ia junto, no fim, comentando sobre o que tinham visto.
-Posso ajudá-los? – soou uma voz masculina atrás deles; eles viraram-se rapidamente.
-Oh... - começou o Sr. Weasley – Não, não... Estamos apenas observando, muito obrigado.
-Ok -respondeu o homem que estava vestindo o uniforme da loja – Qualquer coisa, estarei aqui. É só me procurar - acenou e foi-se embora.
Lupin, que até àquela hora apenas observava com um sorriso os garotos ficarem tão exaltados quando o assunto era quadribol, consultou o relógio e alertou:
-Será que já não está na hora de voltar?
-Ah não! Mal chegamos aqui! - reclamou Ron – Aliás, acho que elas vão ficar lá por muito tempo.
-Com certeza ainda estão experimentando roupas... - disse Lupin – Mas acho que por aqui já basta, não?
Ron já ia replicar, mas foi barrado.
-Isso mesmo. Precisamos comprar o material de Gina antes de voltarmos... - falou o Sr. Weasley.
Lupin olhou para Harry. O garoto esperou Ron (que estava de cara fechada), ir mais a frente, caminhando junto com o pai para cochichar à Lupin:
-Ficará sabendo de tudo. Seria muito arriscado falar aqui.
Lupin assentiu compreensivo e apontou com a cabeça para acompanharem o Sr. Weasley e Ron. Logo eles os alcançaram, e, juntos, conversaram sobre Quadribol até à Floreios e Borrões.
Harry recebeu vários elogios de Ron e até ficou um pouco envergonhado quando Lupin disse que ele só poderia ser mesmo filho de James, pois seria impossível ser mais parecido com ele.
-É verdade Harry – disse olhando-o – Você é o James mais novo! Vejo-o em você... Exceto pelos olhos é claro, que são de sua mãe.
Harry sorriu.
-Mas não sou só eu que jogo bem – argumentou apontando para Ron – De todos que vi nos testes, Ron foi o melhor, e nos jogos demonstrou ser um excelente goleiro!
Ron corou e exibiu um sorriso gigante que fez par com o do Sr. Weasley. O homem abraçou Ron pelos ombros enquanto continuavam a andar.
- Tenho muito orgulho de você filho – confessou baixinho – Mais do que você imagina...
Ron fitou o pai e ele correspondeu. Lupin e Harry se entreolharam.
Harry viu que estavam se aproximando de um embolado de pessoas, todas pareciam muito afobadas e corriqueiras. Em cima delas um cartaz muito grande informando:

Floreios & Borrões
A melhor livraria do mundo bruxo com o melhor desconto de todo o mundo!

De onde estavam podia-se ver a loja de Madame Malkin muito pequena, bem mais adiante.
Com dificuldade, Harry conseguiu entrar, depois de ser empurrado diversas vezes.
A multidão entrava e saída apressada e Harry sentiu-se um pouco desconfortável com aquilo.
O Sr. Weasley enfiou as mãos nos bolsos, murmurando algo incompreensível, parecendo um tanto irritado.
Ele soltou um palavrão e Ron e Harry riram, enquanto Lupin continuou olhando para a livraria lotada.
-Ufa! Achei! – exclamou – Vamos lá...
Eles foram à procura de alguém que pudessem ajudá-los e uma moça de longos cabelos cacheados - que Harry pensou ter mais ou menos sua idade ou talvez um ano mais velha - os ofereceu auxilio.
O Sr.Weasley entregou a lista e a jovem leu-a com atenção.
-Hum... Hogwarts, 6º ano, certo? – perguntou
-Exatamente.
-O senhor me acompanhe, por favor...
-Só um pequeno detalhe... -o Sr. Weasley olhou para a garota procurando por algum crachá de identificação
-Sarah... – respondeu sorridente
-Um pequeno detalhe Sarah... – e ele abaixou a voz – Preciso ver os de segunda mão... Sabe como é...
A moça franziu a testa e depois disse:
-Oh sim, sim! Sem problemas...
O Sr Weasley caminhou dois passos para segui-la, mas, parou, virou-se e disse à Ron, Harry e Lupin que se quisessem poderiam o esperar lá fora.
Aquele lugar não estava fazendo muito bem à Harry. Ele começou a lembrar das vezes que estivera ali, como um filme que passava muito rápido em sua cabeça. Relembrou a primeira vez que entrara na livraria com Hagrid, no primeiro ano, em que tudo era novo para ele; de Lockhart tirando fotos com ele para mais tarde saírem na primeira capa do Profeta Diário; de Hermione extremamente feliz por comprar livros; de um Ron descontente por as férias estarem acabando e por ter que conviver com livros de segunda mão durante todo o ano... Harry sabia que eram boas lembranças, mas pensando no passado, refletia sobre o futuro completamente incerto que o aguardava e conseqüentemente, sentia medo do que estava por vir. Era como um ciclo, onde tudo o que via,conversava ou fazia chegava sempre ao mesmo ponto, o qual ele tentava de qualquer maneira esquecer.
Ele pensou que talvez aquela fosse a ultima vez que fosse ao Beco Diagonal... Que talvez fosse a ultima vez que visse uma loja cheia... Que talvez fosse seu ultimo dia de vida...
Harry sacudiu a cabeça na esperança de lançar seus pensamentos para bem longe. Se continuasse assim ficaria maluco! ”E não seria melhor assim? Pelo menos viveria internado no St. Mungus sem saber de nada até o dia em que Voldemort me pegaria e mataria sem dó nem piedade!” - pensou irritado.
-Harry?
Lupin observava Harry com atenção.
-Harry, você está mesmo aí? Parece distante... - continuou
-Hum, hum - confirmou e voltou ao assunto: – Acho que podemos esperar aqui mesmo...
-Não! - exclamou Ron arregalando os olhos para ele - Pelo amor de Deus! Vamos sair daqui! Já pisaram no meu pé uma cinco vezes...
-É - disse Lupin – Aqui está bem cheio.
-Ok – falou; virou-se para o Sr. Weasley - Esperaremos lá fora.
-Ótimo. Lupin tome conta deles por mim.
Lupin assentiu.
O homem continuou seguindo a moça até desaparecer por entre as prateleiras de madeira maciça e as pessoas.
Eles enfrentaram o tumulto para a saída com a mesma dificuldade que sofreram na entrada, escutando, vez ou outra Ron resmungar.
-Odeio vir à Floreios e Borrões – comentou Ron quando já estavam do lado de fora - Não vejo graça.Ainda por cima quando está lotada desse jeito!
Lupin passou a mão no rosto, e pensativo, contou:
-Sempre gostei de ler assim como Lily - deu um sorriso – Era o mais estudioso de todos; James e Sirius diziam que eu era excepcional! Conseguia ser maroto mesmo sendo o chamado “sabe-tudo” - fitou o chão antes de continuar, em tom de murmúrio - Sinto muita falta desses tempos...
Harry teve a impressão de que Lupin estava à beira de lágrimas e que estava lutando para não deixá-las cair. Ele tornou a olhar o outro lado da rua, e, novamente passou a mão no rosto, descendo os dedos, da testa até o queixo.
Harry tinha muita vontade de saber como era que seus pais viviam quando tinham sua idade, mas, quando contavam algo para ele sobre os dois, a curiosidade se misturava com uma dor que sempre existiu no peito do garoto, e, que nessas horas era reativada com uma força avassaladora.
-Desculpe-me, Harry – pediu Lupin apressado como aquilo fosse a ultima coisa que pudesse fazer - Me perdoe por dizer essas coisas... Aposto como deve doer para você pensar neles.
Ron sentou na calçada e parecendo impaciente, fechou os olhos e girou a cabeça, indo de um lado para o outro.
Harry o acompanhou e sentou-se também, mas permaneceu com os olhos escancarados.
Lupin foi o último. Postou-se ao lado de Harry e continuou a olhá-lo intensamente, aguardando alguma resposta.
-Na verdade, nem eu mesmo sei se gosto ou não de escutar essas histórias sobre meus pais – retorquiu baixo, sem dirigir-se à Lupin – Às vezes acho maravilhoso e reconfortante pensar neles; outras vezes, porém, é... Tão complicado... Tão...
Ele suspirou. Não conseguiria continuar.
Ninguém falou mais nada. O único barulho era o que vinha de dentro da loja, e o das poucas pessoas que caminhavam nas ruas.
O sol estava iluminando exatamente o local aonde se encontravam. Os raios batiam nas lentes dos óculos de Harry e ele tinha a sensação de que a qualquer hora ficaria cego.
-Você era sabe-tudo? - indagou Ron à Lupin, interrompendo o silêncio; Harry olhou para ele, curioso para saber o que diria.
-Bom... Digamos que sim... - disse sorrindo pelo canto dos lábios, parecendo envergonhado.
-Mas em que nível? – continuou Ron, com os olhos semi-cerrados por conta do sol.
-Como assim, em que nível? - falou Lupin confuso.
Harry não fazia idéia do que Ron estava perguntando.
-Existem exageros - esclareceu - Um exemplo é Hermione. Neste caso é o ultimo nível de sabe-tudo.
Harry e Lupin riram.
-No último estágio, lê-se livros sem parar e prefere-se enfiar a cara em papéis empoeirados de bibliotecas do que se divertir. – disse Ron em tom jocoso, enquanto Harry e Lupin, no momento, gargalhavam - Entendeu?
Eles ainda ficaram mais um tempo achando graça do comentário de Ron, até que, novamente, os risos e as palavras não foram produzidos.
-Hermione pode realmente ser assim, Ron – falou Lupin –Mas ninguém pode negar que ela é uma pessoa muito inteligente, e convenhamos... Uma excelente bruxa.
Harry meneou a cabeça, concordando, e Ron apenas ficou quieto.
-Lupin!
Os três, ao mesmo tempo, se voltaram para onde tinham escutado alguém gritar.
Tonks vinha correndo e acenando para eles.
-Ah! - ofegou - Que bom que encontrei vocês! O que estão fazendo aqui? E onde está Arthur? – indagou, olhando para os lados, procurando pelo Sr. Weasley.
-Lá dentro – disse Harry apontando com o polegar para a livraria – Ele está comprando os livros de Gina.
-E vocês? Já compraram os seus?
Ron e Harry se olharam e depois negaram para ela.
-Creio que por algum motivo que ainda desconhecemos Tonks – interpôs Lupin – Ao que me parece, saberemos logo mais, não é Harry?
-Sim - balbuciou. Ele estava começando a desistir de tentar esquecer o que estava acontecendo e encarar tudo numa boa, como Hermione havia sugerido.
-Bom de qualquer forma, Molly está pedindo para vocês voltarem.
-Já terminaram? – perguntou Ron surpreso - Achei que demoraria muito mais!
-Até que foi bem rápido. Sua mãe, Hermione e eu não demoramos nada, já Gina e Fleur... Meu Deus! Essas duas discutiram várias vezes, Madame Malkin estava quase nos expulsando de lá – ela parou de falar e depois voltou ao assunto anterior – Mas,agora me digam, faz muito tempo que Arthur está na Floreios?
-Acho que ele já está acabando... – opinou Harry
E com razão. Em menos de cinco minutos, o Sr. Weasley apareceu carregando vários livros (um pouco desgastados), o cabelo ligeiramente colado á testa por conta do suor.
-Levante-se Ron!- ordenou - Me ajude com isso aqui!
Ron torceu a boca antes de levantar devagar e pegar alguns livros que o pai praticamente derrubou em sues braços fazendo-o cambalear por conta do peso.
-Por que fazem livros tão pesados? - falou com a voz embargada
Ninguém lhe deu atenção, mas Harry se ofereceu para carregar alguns livros no qual Ron aceitou imediatamente a ajuda do amigo. Harry concordou mentalmente com Ron de que eram realmente muito pesados.
-Agora que você já está aqui, Arthur, podemos ir, não? -Tonks não aguardou resposta. Adiantou-se, e saiu andando puxando Lupin consigo.
Ron se aproximou de Harry e cochichou:
-Será que eles estão namorando? – o olhar fixado nos dois
-Parece que sim – sussurrou Harry sincero – Tonks gosta dele, lembra-se?
-Lembro, mas e ele? Será que também gosta dela?
Harry pensou, e analisou-os.
Neste momento, Lupin passou o braço por cima da cabeça de Tonks e apoiou-o no ombro dela, procurando aproximá-la dele. Ela, em resposta, deu a mão a ele.
-Isso explica - concluiu Harry enquanto caminhavam pela rua, onde haviam sombras projetadas pelas lojas.
Eles passaram pela loja escura e feiosa do Sr. Olivaras, e dezenas de questões retornaram à mente de Harry. Durante a temporada que permaneceu na casa dos Dursley, o tédio apenas o torturou com duelos de perguntas, todas sem respostas e acompanhadas pelo temor. Uma delas era exatamente essa: Onde estaria o Sr. Olivaras? Indagações incansáveis que logo traziam outras: E Fortescue? Quem seria o próximo? Haveria próximos? Seria ele próprio?
As pessoas que caminhavam e que cruzavam com eles na rua ou nas lojas, tentavam disfarçar, mas todas, ao perceberem a famosa cicatriz na testa de Harry, arregalavam os olhos. Algumas se distanciavam, como se ele oferecesse perigo a qualquer um que estivesse ao seu lado. Outras o olhavam com pena e pesar. Não que já estivesse acostumado pelo fato infeliz de chamar atenção aonde quer que fosse, mas parecia a ele que agora era pior.
-Graças a Deus chegamos! – exclamou o Sr. Weasley lá na frente um pouco atrás de Tonks e Lupin que continuavam juntos.
-Ótimo – guinchou Ron – Não agüento mais!
O sininho tocou mais uma vez – para o nervosismo de Harry – e ele, Ron e o Sr. Weasley jogaram os livros em uma cadeira que jazia ao lado do provador de pano cor amarelo berrante.
Madame Malkin, fuzilou-os com o olhar e bufou antes de falar com a voz alteada:
-Estou certa de que acabaram não? – ela só faltou implorar para que saíssem de seu estabelecimento; com a varinha, ela arrumou toda a loja, e automaticamente, todos os tecidos se dobraram milimetricamente certos e mergulharam no ar pousando sobre um pequeno balcão.
-Ainda não – crocitou a Sra. Weasley – Ele precisa comprar.
Harry deu um pequeno passo a frente.
Madame Malkin girou os olhos.
-Ora! Vamos terminar logo com essa brincadeira! - disse com violência – Venha comigo garoto!
Harry continuou no mesmo lugar que estava. A mulher foi até ele, agarrou seu braço e puxou-o bruscamente.
-O que eu fiz para merecer isso? –indagou para ela mesma.
Ela empurrou Harry para o provador e pegou vários papéis.
-Aqui estão – entregou para ele os pergaminhos – Escolha um desses.
Harry passou os olhos em alguns e de cara descartou um que era de um vermelho tão rubro que ele chegou a piscar. Depois, vieram os brancos, os quais ele não gostou e os azuis-marinhos que não sentiu afinidade tampouco. Por fim sobraram os pretos que, para ele, eram os mais normais.
Não percebendo diferença entre um e outro se virou para Madame Malkin e disse indiferente:
-Qualquer um desses. De preferência o que menos chame atenção.
-Ok - a rechonchuda senhora examinou os pergaminhos e ficou com um na mão jogando, para trás os outros três, em um gesto intolerante – Vire-se – mandou; Harry obedeceu – Magro... Muito magro... Pois bem; – ela pegou a varinha e fez com que um banquinho viesse ao encontro dos pés do garoto – suba no banco, por favor.
Ela o mediu de cima a baixo e depois de alguns minutos, Harry sentiu-se aliviado ao ver que estava pagando e que estaria indo embora daqui a pouco.
Ele entregou a ela o dinheiro, e Madame Malkin despediu-se deles com uma enorme e visível satisfação.
Antes de saírem da loja, a Sra. Weasley agradeceu e pediu desculpas pelo comportamento das garotas, que inclusive não se olhavam e pareciam irritadas.
Todos agora, estavam carregando alguma coisa. Ron dividiu os livros com Lupin e o pai, porque não podia contar com Harry. O garoto, a Sra. Weasley, Gina, Fleur e Tonks seguravam grandes sacolas vermelhas que possuíam escritos “Madame Malkin – Roupas para todas as ocasiões”. As letras dançavam sincronizadamente e mudavam de cor minuto em minuto.
-Amei meu vestide! - Fleur não conseguia conter o sorriso – Tam linde! Oh, estou tam ansiose!
Gina fez uma careta.
-Eu disse a você que tudo ia dar certo, querida – falou a Sra. Weasley e não dando tempo para Fleur continuar com o assunto, tornou a fazer as mesmas recomendações que o marido tinha feito antes de aparatarem – Bom, eu sei que vai ser um pouco complicado aparatar carregados de sacolas e livros, mas precisamos arrumar um jeito. Acho que podemos manter como viemos então... Isso mesmo!Harry e Arthur, Ron comigo e Gina, você pode ir de novo com Hermione. Tonks e Lupin, vocês irão também.
A mulher disse tudo rapidamente, mas, todos assumiram os postos ditados por ela.
-Não, muito obrigada Molly, mas eu realmente não posso – falou Lupin.
-Já aproveitamos demais da sua comida, Molly – comentou Tonks rindo.
-Nada disso! Vocês estão convidados... E não aceito desculpas! – completou quando Lupin que estava prestes a retorquir.
-Se é assim... - murmurou Lupin
-No três... – Harry já conhecia aquela frase – um... – daqui a alguns segundos estaria rodopiando – dois... – essa contagem o deixava estranho, talvez nervoso – três!
Novamente Harry sentiu aquela sensação sinistra que já conhecia.
No momento em que seus pés se colidiram fortemente com o chão, Harry abriu os olhos e pensou que nunca se acostumaria com a aparatação.
-Isso me dá náuseas – esganiçou Gina parecendo enjoada.
A Sra Weasley fez um aceno rápido com a varinha e, quase no mesmo instante, um copo com água apareceu. Ela o agarrou e ofereceu a Gina.
-Beba. Você já vai melhorar. – disse carinhosamente
-Argh! Por favor, vamos logo entrar! – pediu Ron, zangado – Esses livros estão pesados demais, até parece que estou carregando caldeirões!
-Pelo amor de Deus Ron! Nem são... – Gina parou lentamente de falar; chegou mais perto do irmão e do pai e analisou os livros atentamente - Cadê os livros de vocês? – indagou mudando completamente o tom de voz; os olhos da garota passavam apressados por todos. – Vocês... Vocês não compraram!
-Ora essa Gina – o Sr. Weasley desatou a andar, atravessando os jardins com tamanha velocidade que quase os livros caíram de seus braços. A Sra. Weasley havia lançado olhares apreensivos e muito significantes, no qual deixara bem claro que não era para eles falarem absolutamente nada e apenas seguir o marido – É claro que compramos! Eles estão aí.
Ele abriu a porta dos fundos e entrou; Gina em seu encalço.
- Vocês não me enganam! – esbravejou; entrou em casa junto ao pia e bateu o pé, parando no meio da cozinha – Está me escondendo algo! Eu sei que estão!
Tonks e Lupin olhavam de Gina para o Sr. Weasley, completamente confusos.
-Falem logo de uma vez! - gritou
-Falar o que Gina? – fingiu o Sr. Weasley
Gina soltou uma risadinha nervosa e sarcástica.
Ron cruzou o recinto sem que a irmã percebesse e, com os livros, subiu as escadas.
Hermione e Harry se entreolhavam de minuto em minuto. Eles estavam lutando internamente sem saber se seguiam Ron ou permaneciam onde estavam, ouvindo as tribulações de Gina.
-Acho melhor ficarmos aqui – disse Hermione com a voz sufocada, sem desviar a atenção dos Weasley – A mãe de Ron não pediu para subirmos, então...
Harry concordou.
Fleur fitava Gina com desaprovação. A garota estava ficando cada vez mais brava.
-Agora o porquê disso eu não sei! – falou furiosa – Estou começando a achar que deve ser algum problema pessoal!
-Pare com essas sua teorias malucas! – o Sr. Weasley disse rispidamente, alterando a voz.
-Todos sabem, não é? – indagou revoltada – Menos eu! Vocês estão me fazendo de boba! Sempre me verão como a pequena Weasley! A pequena Weasley nunca crescerá, não é mesmo? Sempre será criança demais para participar de conversas, saber de assuntos, tratarem ela como...
-Já basta.
A voz da Sra Weasley sobressaltou a todos. Não porque tinha saído alta demais,ao contrário, baixa quase em um murmúrio, mas potente e principalmente, triste.
Gina e o Sr. Weasley pararam imediatamente.
A mulher estava sentada em uma cadeira, com os olhos marejados. Levantou-se com dificuldade e ordenou:
-Gina, suba. E você, Arthur, vem comigo.
De súbito, toda aquela gritaria tinha se esvaído.
-Queridos, - continuou a Sra. Weasley – me desculpem, mas o almoço ficará pronto um pouquinho mais tarde do que havíamos previsto...
-Não se preocupe Molly, esperamos tranqüilamente – disse Lupin.
-Sem problemas, Sra. Weasley.
Em seguida, o casal desapareceu da cozinha, subiu as escadas e todos escutaram um barulho que, com certeza, foi o de uma porta de fechando.
Lupin e Tonks saíram para os jardins sem dizer mais nada.
Gina fitou o chão, parecendo aturdida. Hermione puxou Harry pelo braço e eles, no fim, acabaram decidindo por ficarem com Ron.
Hermione ia mais à frente. Harry ainda estava entorpecido. E pensar que ele era o causador de desentendimentos o deixava péssimo.
Os degraus mal tinham começado a ranger por debaixo de seus pés,quando alguém,o segurou pelo ombro. Ele se virou.
-Ou é agora, ou é agora, Harry, você não tem escolha – instou sombriamente.






***





N/A:Gente,descupe a demora e as promessas de postar no final de semana...!

É que sempre eu achava que iria dar para acabar o capítulo...também ocorreram alguns problemas com o meu computador, e nesse fim de semana que passou eu fui fazer um teste.

EXPLICADO???
Álias,eu me empolguei e escrevi muito,não é mesmo?!?! E outra coisa,gostaria de esclarecer que, na verdade, não vejo problema em deixar 'Gina' ao inves de 'Ginny' mas que sou totalmente contra 'Tiago', 'Lílian' entre outros...por isso,não estranhem.

AH!Também gostaria de saber a opinião de vcs sobre deixar um espaço maior entre as linhas...estava pensando nisso mas,a fic ia ficar maior do que ela já é! Então...por favor...opinem!!

OK,OK,OK...chega de papo!
O 5º capítulo já está todo programado e sai logo mais....
bjooo e...

COMENTEM!!!



PS: Fih!!!Amigo lindo do meu coração!!!Vlw por ser meu beta...e por me incentivar,sempre!



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