Capítulo Único



Era apenas um homem sentado do lado de fora de uma casa. Um homem de pele branca, cabelos louro aplatinados, e uma expressão perdida no rosto. Grossas lágrimas desciam de seus olhos uma vez e outra, e em alguns momentos ele alternava em passar a mão desesperadamente pelo cabelo, e soluçar deprimente.
Aquela rua, apesar de movimentada e grande, não tinha importância para ele. A paisagem, tão linda e única, igual áquela que vira certa vez no ano anterior, já não era tão agradável. Nem sequer o barulho dos passarinhos era para ele confortável. Nada. Absolutamente nada tinha valor para ele naquele momento. As pessoas que passavam lançavam-lhe olhares intrigados, comentando entre si sobre o homem que chorava sentado em frente á uma casa simples. Não ligava. Queria ficar ali. Precisava ficar ali. Somente ali. Em alguns momentos ele podia jurar para quem quisesse ouvir que a brisa que despenteava levemente seus cabelos pronunciava o nome dela de vez em quando. Era inconsolável, e ao mesmo tempo assustadora a falta que aquela mulher fazia. Quando chegou á acreditar que fosse impossível que existissem mais lágrimas, ouviu passos apressados e contínuos vindo em sua direção. Em um movimento rápido, seu coração se contraiu levemente. Levantou rapidamente a cabeça, com uma ponta de esperança de encontrar certos cabelos castanhos e o rosto delicado da pessoa que mais amara em toda sua existência olhando para ele. Respirou profundamente, e sentiu os olhos marejarem quando se deu conta de que não era ela - e nem poderia ser. "Porquê... Porquê não te tenho aqui comigo, Hermione?"

Find me here
(Me encontre aqui)

And speak to me
(E fale comigo)

I want to feel you
(Eu quero te sentir)

I need to hear you
(Eu preciso te ouvir)

Dois anos. Este fora o tempo que passaram juntos. Moravam numa pequena casa no subúrbio de Godric's Hollow. Ela, certinha e complicada, no seu modo tabelado de viver, e ele, um completo mimado, acostumado á levantar tarde e ver a comida sobre a mesa. A vida com Hermione Granger poderia ser, de longe, chata e entediante, mas não era isso o que ele pensava. Viver com aquela pessoa era simplesmente a experiência mais maravilhosa, diferente, e inexplicável que alguém poderia experimentar.

You are the light
(Você é a luz)

That's leading me to the place
(Que está me guiando para o lugar)

Where I find peace... again
(Onde eu encontrarei paz... novamente)

A guerra não havia terminado - e estava longe disso. Voldemort havia reunido um exército tão grande quanto o exército de Dumbledore. Haviam alguns dementadores do seu lado, e haviam muitas pessoas mortas. A única pessoa que dava forças para que Draco continuasse á acreditar na vida, á caminhar em frente, e ter esperança por dias melhores era ela. Seu jeito delicado de lidar com as coisas, seu jeito cômico e atrapalhado de fazê-lo rir, e seu jeito de dar um lado melhor para as coisas perdidas era surpreendentemente lindo.

You are the strength
(Você é a força)

That keeps me walking
(Que me faz andar)

You are the hope
(Você é a esperança)

That keeps me trusting
(Que me faz confiar)

Lúcio Malfoy era um Comensal da Morte assumido. Ao que sabiam, havia matado três pessoas de muita importância na guerra. Draco só usufruia de seu dinheiro porquê, obviamente, antes de tudo aquilo começar, seu pai reservara uma parte da herança para que ele usasse durante a guerra, caso alguma coisa acontecesse a ele - mas não contava que seu próprio filho ficasse do lado contrário. Quanto ao dinheiro, Lúcio não ligava. Mas havia algo que lhe perturbava muito, motivo o qual voltou-se completamente para o lado do mal: Hermione. Era insuportável a idéia de que seu filho namorasse uma sangue-ruim. Uma traidora do sangue. Tivera muitas conversas com o filho sobre isso, porém Draco parecia cada vez mais decidido á não dar ouvidos.
- DRACO! POR MERLIN! - dissera seu pai uma vez.
- Pai! Não adianta! Nada do que diga fará com que eu mude de idéia! Eu a amo! EU A AMO, PAI! - Draco tinha algumas gostas de suor sob a testa, o que indicava que aquela discussão havia se extendido muito além do que ele tinha planejado.
- MEU FILHO! NÃO VÊ QUE É O LADO DO MAL QUE VENCERÁ? O LORDE NUNCA O ACEITARÁ SE VOCÊ SE JUNTAR Á UMA... Á UMA... - mas não completou a frase. Seu filho - seu próprio filho - havia sacado a varinha em sua direção.
- SAIA! ESTOU AVISANDO! SAIA DE MINHA CASA, PAI! - ele respirava arduamente, como se aquilo realmente doesse.
- Draco, por favor - disse seu pai, mais baixo - Porquê não enxerga o óbvio quando ele está bem debaixo de seu nariz?
- SAIA! - encararam-se por alguns minutos. Lúcio recolheu seus pertences, e caminhou em vagarosos passos até a porta da frente. Olhou uma última vez para seu filho - mas não sabia se retornaria á chamá-lo disso. - Só mais uma coisa, Lúcio...
- Sim? - seu tom era formal e definitivamente não era o mesmo de alguns minutos atrás.
- Nem sempre o óbvio é o correto. - e Draco viu faíscas rodopiando pelos olhos azuis de seu pai uma última vez.

As coisas que se passaram depois disso rasgaram como um estilete o coração do rapaz.

Estavam reunidos na sala da Mansão Black. Revisavam e discutiam meios e táticas para a guerra. Lá fora tudo era caos. Hermione segurava firmemente a mão de Draco, e uma vez ou outra suspirava nervosa.
- Fique calma - disse ele, em certo momento - Vai dar tudo certo. Logo tudo isso passará, e estaremos em paz, juntos. E assim que tudo terminar, Hermione - e tirou uma mecha da frente dos olhos da namorada - eu quero te pedir algo - e sorriu, com o sorriso mais aconchegante e lindo que alguém poderia produzir em meio á guerra.
- Draco - Hermione desviara o olhar - Há algo que preciso dizer - estava sendo extremamente difícil para ela. Eram apenas namorados... Apenas moravam juntos... Como tinham deixado acontecer? Nem casados não eram, e tinham deixado que uma coisa tão importante e frágil acontecesse...
- O que aconteceu, Hermione?
- Eu... Não acho que seja o local ideal para dizer, porém não vejo outro alternativa... - ainda não tinha encarado-o nos olhos - Draco, eu... - e passara desesperada a mão pelo rosto - Eu estou...
Mas Hermione não pode terminar sua frase. Houve um baque ensurdecedor, e barulho de madeira caindo sobre o assoalho. Vidros sendo quebrados, e os sons de vozes invadindo o corredor principal. As pessoas encararam-se por um segundo com uma expressão horrorizada e um olhar de pânico: chegara a hora. Em um movimento rápido, os membros postaram-se como haviam combinado. Harry deu as últimas coordenadas, e Dumbledore pronunciou alguns feitiços na porta para que essa demorasse algum tempo á mais depois de ser enfeitiçada por quem quisesse entrar. Harry sacara a varinha, e respirava pesadamente encarando a porta. Tentavam não fazer barulho, o que era quase impossível: a guerra estava começando. Encarando a porta como se ela fosse o perigo de tudo, faziam o máximo de silêncio. Draco olhou uma última vez para a expressão de Hermione: mantinha uma expressão indecifrável. Permanecia firme, como sempre fazia em todas as decisões importantes. Outro baque ensurdecedor aconteceu. Estavam tentando entrar naquela sala. Outro baque, e outro, e sucessivos golpes de mágica foram sendo lançados por alguém do lado de fora. Tudo aconteceu rápido demais: o último baque aconteceu, e esse foi suficiente para quebrar a porta ao meio. Um a um, os Comensais foram invadindo a sala, mas não tinham muito tempo para se defender. Haviam membros da Ordem escondidos em pontos estratégicos, em lugares que não podiam ser vistos. Ela estava linda. Radiante. Mas ele não podia apenas observá-la: tinha que lutar, precisava se proteger, e principalmente precisava protegê-la. Estava concentrado em acertar uma Comensal que tentava lançar continuamente em Lupin um feitiço imperdoável quando viu um homem encapuzado fazendo um movimento rápido, e lançando um feitiço alaranjado na direção oposta. Não teve tempo de dizer um contra-feitiço, mas ao olhar para trás pode perceber o rosto da pessoa que havia sido atingida. Sentiu algo bem pesado descer por sua garganta e parar no estômago. Sentiu-se quente e atordoado. Sentia vontade de desmaiar, mas com as poucas forças que ainda tinha correu desnorteado até a pessoa que fora atingida. Hermione permanecia deitada de costas, atrás de uma poltrona. Tinha uma expressão de dor espalhada pelo rosto.
- Hermione - sua voz não saía direito. Era horrível. Não podia ter acontecido - Hermione, fala comigo.
- Draco - ela tinha a voz bem fraca - Que bom que tenho você aqui. Não sei quanto tempo ainda vou durar. Fui atingida por um Subliv....
- Não! Não importa... Vou tirá-la daqui.
- Draco - sussurrou ela - Esse feitiço é instantâneo...
- Não, não diga isso...
- ...mas não estou sofrendo, pode ter certeza...
- ...não pode ser...
- Deixei me aqui, vá lutar com os outros...
- ...eu te amo mais do que tudo nessa vida, Hermione...
- ...não adianta você ficar aqui.
- ...nós íamos casar!
- E íamos ter uma filhinha linda...
- ...sim, muitos fihos nós podíamos ter...
- Não, Draco... Querido... Queria ter te dado essa felicidade antes...
- Como assim, o que você está dizendo? - Hermione suspirou lentamente. Eram seus últimos minutos.

You are the life
(Você é a vida)

To my soul
(Para minha alma)

You are my purpose
(Você é meu propósito)

You're everything
(Você é tudo)

- Eu estou grávida, meu amor... - era demais para seu coração. Algumas lágrimas juntaram-se nos olhos de Draco.
- Isso é maravilhoso! Maravilhoso, Hermione...
- Mas, Draco... Quero que continue sua vida. Não deve pará-la por minha causa...
- Você não sabe como fico feliz com essa notícia, Hermione! Mas você vai ficar bem, eu te juro...
- ...faças as pazes com seu pai...
- E nós vamos nos casar!
- E seja feliz. Te amo muito... Não duvide disso...
- NÃO, HERMIONE, NÃO! NÃO FAZ ISSO COMIGO, EU PRECISO DE VOCÊ!
- ...sempre te amei, e sempre vou te amar...
- NÓS VAMOS TER UMA FILHA! VAMOS NOS CASAR!
- ...por toda a eternidade.
Draco gritou. Lágrimas caíam de seu rosto na direção de Hermione. Passou a mão - tremendo - delicadamente pelo rosto da amada. Disse tudo o que iriam fazer depois que aquilo acabasse. Sugeriu nomes para aquele bebê em sua barriga. Beijou-lhe os lábios, mas nada do que estava fazendo fez ela abrir os olhos. Não tinha apoio. Não havia chão sob seus pés. Tudo estava escuro, e a única fonte de luz era Hermione, deitada, ali á sua frente. Olhava para seu rosto, e uma agonia terrivelmente dolorosa passava por seu coração inteiro.

And how can I stand here with you
(E como eu posso ficar aqui com você)

And not be moved by you?
(E não me comover com você?)

Would you tell me how could it be any better than this
(Você poderia me dizer como isso poderia ficar melhor?)

Alguns Comensais passaram por ali, mas não fizeram nada. Talvez fosse á pedidos de seu pai, por ver que seu filho - que não tinha ouvido nada de seus conselhos sobre o mal - estava sofrendo demais. Uma dor que nem mesmo um feitiço era capaz de produzir: a dor da perda. E ele ficou por ali por alguns minutos, chorando abraçado ao corpo sem vida de Hermione. Logo, Lupin passou a mão por seu ombro, e segurou-lhe para tirá-lo dali. Ele não queria. Lutou com as últimas forças que tinha para permanecer lá, mas quando outra pessoa chegou, ele desistiu de tentar. Hermione não estava mais com ele. Nem ela, nem seu filho.

You calm the storms
(Você acalma as tempestades)

And you give me rest
(E você me dá repouso)

You hold me in your hands
(Você me segura em suas mãos)

You won't let me fall
(Você não me deixará cair)

You still my heart
(Você roubou meu coração)

And you take my breath away
(E me deixou sem fôlego)

Would you take me in?
(Você me receberia?)

Take me deeper, now
(Me leve mais fundo, agora)

Estava ao pé da escada, quando olhou novamente para trás. Entre muitos comensais e muitos membros da Ordem ele reconheceu o rosto da pessoa que atingira Hermione. Uma pele branca, magra e desconhecida. Seu coração, que estava gelado e inconsolável, encheu-se de fúria. Era o que precisava fazer para vingar a morte de Hermione. Sacou a varinha, e se soltou das duas pessoas que estavam lhe segurando. Caminhou rapidamente em direção áquele Comensal. Desviou-se de alguns feitiços, lançou outros em algumas direções. Estava á apenas alguns passos daquela pessoa. O Comensal pareceu ter reconhecido o rosto de Draco, pois começara a andar mais depressa para outro lugar. Draco não desistiu. Esse era o seu único objetivo. A única coisa que o mantinha de pé, vivo. Perseguiu-o por alguns minutos, mas em meio á toda confusão não conseguiu encontrá-lo. Três comensais vinham em sua direção no corredor, e ele estava sozinho. Os três apontavam a varinha para sua direção. Não sobravam-lhe forças para fugir ou para se defender. Hermione não estava mais viva, e não havia sentido ele continuar vivo. Os três estavam á apenas alguns passos dele, quando um quarto Comensal chamou a atenção deles. Sussurrou desesperado algo que Draco não conseguiu entender, mas logo depois disso os quatro saíram correndo por outra saída. Ouviu vozes no andar de cima. Resolveu sentar ali, e esperar que alguém passasse e tivesse vontade de matá-lo. Talvez fosse porquê esperou muito, talvez fosse porque começara a sentir o perfume de Hermione naquele corredor, talvez fosse a carência de algum abraço de consolo, depois de alguns minutos, ele não aguentou mais.

Harry estava sob os ombros de alguns membros da Ordem. Havia um corte feio em seu rosto, e mantinha uma expressão extremamente exausta. Assim que entrou no cômodo, foi recebido com as palmas de todos, e o som da vitória ecoando por toda a casa.
- VENCEMOS! NÓS VENCEMOS, DRACO! - era Rony. Abriu-se um sorriso no rosto de todos os presentes, aliviados por saber que não tinham perdido mais uma pessoa - ACABOU! VOLDEMORT FOI DERROTADO, DRACO! - tudo estava muito barulhento, e o efeito que aquilo causava em Draco era de longe confortável. Então ele avistou Lupin e um outro homem, que ele lembrou-se de serem as duas pessoas que haviam lhe segurado antes. Lupin olhava-o incerto, estava com medo do que poderia acontecer. Sentia tanto quanto ele pela morte de Hermione. Caminhou lentamente até ficar de frente para Draco, e não foi preciso dizer nada. Abraçou-o, e sussurrou:
- Sinto muito.
Os olhos de Draco encheram-se de lágrimas. Ela poderia estar com ele naquele momento, poderia estar comemorando a vitória ao seu lado, poderia estar lhe dando a notícia mais maravilhosa de sua vida, mas ela não estava lá. Aos poucos as pessoas foram chegando mais perto, tentando ouvir alguma coisa, saber o motivo o qual Draco estava chorando se uma coisa tão boa havia acontecido. Então como se tudo fosse óbvio demais, Harry sentiu a falta de sua melhor amiga. Perguntou por ela e chamou o seu nome, e foi Draco quem teve que responder, desesperado:
- Ela não está mais entre nós, Harry. Hermione se foi. Ela me deixou, Harry, ela me deixou.


And how can I stand here with you
(E como eu posso ficar aqui com você)

And not be moved by you?
(E não me comover com você?)

Would you tell me how could it be any better than this?
(Você poderia me dizer como isso poderia ficar melhor?)


E agora era apenas um homem sentado do lado de fora de uma casa. E ele ouviu a voz dela, ele sentiu seu perfume, sentiu sua presença, e ouviu seu nome. E ele sentiu sua falta, e ele chorou. Ela era tudo o que ele queria, tudo o que ele precisava. Ela era tudo.

Cause you're all I want
(Porquê você é tudo que eu quero)

You're all I need
(Você é tudo que eu preciso)

You're everything, everything
(Você é tudo, tudo)

You're all I want
(Você é tudo que eu quero)

You're all I need
(Você é tudo que eu preciso)

You're everything, everything
(Você é tudo, tudo).




N/A: Oláaa! :D
bom, essa foi a primeira songfic Draco&Hermione que eu escrevi,
e eu realmente espero que vcs tenham gostado mais dela do q eu gostei qdo terminei!
heuhaiae...
comentem ! por favor :P

lembrando que em breve You're All I Need 2 vai entrar no ar, né.
\o/
beeeijo...

// Isah.

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