Música, Xadrez e Chamas



— CAPÍTULO DOZE —
Música, Xadrez e Chamas




Hermione, Harry e Rony entraram na escola correndo, decididos a procurar Dumbledore. Encontraram Minerva McGonagall no caminho.
— Estamos procurando o prof. Dumbledore — disse Hermione.
— Para quê?
— Precisamos falar com ele — disse Harry. — É muito importante...
— Sinto muito, Potter. O diretor não está na escola. Recebeu uma coruja urgente do ministro da magia.
Os três trocaram olhares desesperados. Harry resolveu abrir o jogo.
— É sobre a Pedra Filosofal...
McGonagall deixou cair a pilha de livros que carregava. — Alguém vai roubá-la hoje à noite! — acrescentou Harry em tom de urgência.
— Não sei como sabe sobre isso, mas fique tranqüilo, a Pedra está muito bem protegida. Agora voltem para a rua, aproveitem o sol.
E ela se retirou, sem que eles pudessem dizer mais nada. Eles não voltaram para o sol. Harry bolou um plano de vigilância. Enquanto ele e Rony foram para o terceiro andar vigiar o corredor proibido, onde estava Fofo, Hermione ficou do lado de fora da sala dos professores, atenta aos movimentos de Snape. Algum tempo depois, ele saiu da sala, e ao vê-la ali perguntou:
— O que faz aqui, Srta. Granger? — o olhar dele era frio e desdenhoso.
— Eu... Eu... Estou esperando o prof. Flitwick, queria conversar com ele sobre a prova de Feitiços...
— Não seja por isso — disse Snape. — Vou buscá-lo.
Snape entrou na sala e, meio minuto depois, saiu dela com Flitwick ao seu lado.
— Sim, Srta. Granger? Preocupada com a sua nota? — perguntou o prof. Flitwick. Enquanto isso, Snape saiu andando para longe dali, e Hermione lamentou não poder segui-lo. — Pois fique tranqüila, você fez uma nota excelente; cento e vinte por cento.
Ao voltar para o salão comunal, Hermione surpreendeu-se ao encontrar Harry e Rony lá sentados. Contou a eles o que acontecera e eles contaram que a profa. McGonagall os vira no terceiro andar e os mandara de volta para a torre da Grifinória. Estavam de volta à estaca zero. Foi então que Harry decidiu tentar pegar a pedra antes de Snape, naquela noite. Hermione e Rony tentaram persuadi-lo a mudar de idéia, mas como não adiantou, ofereceram-se para ir com ele.


Naquela noite, então, os três sentaram-se na sala comunal, esperando que os colegas fossem deitar. Assim que ela ficou vazia, Harry subiu para pegar a capa da invisibilidade. Quando voltou trazia também uma flauta.
— Ganhei de Hagrid no Natal — disse. — Vamos usar para acalmar Fofo.
— O que estão fazendo? — perguntou uma voz vindo do canto da sala. Era Neville. Eles não tinham visto que ele ainda estava ali.
— Nada, Neville — disse Rony, nervoso. — Por que não vai se deitar? Já é tão tarde...
— Vocês vão sair outra vez.
— Claro que não, Neville! — disse Hermione.
— Eu sei que vão. Mas não vou deixá-los! — e postou-se na frente da porta. — Vou brigar com vocês.
— Saia já daí, Neville! — explodiu Rony. — Você não sabe o que está fazendo!
Hermione aproximou-se dele, e disse:
— Sinto muito, Neville. Sinto muito mesmo. — e ergueu a varinha, pesarosa. Neville tinha sido o primeiro colega que ela conhecera, e sempre fora muito simpático com ela... Gostava muito dele, nunca esqueceria a ajuda dele e de sua avó. Mas o que estava fazendo seria para o bem dele também. Respirou fundo e disse: — Petrificus Totalus!
Era o Feitiço do Corpo Preso. Os braços e as pernas de Neville se juntaram ao corpo e ele tombou no chão. Rony olhou para ela espantado. — Vamos — ela disse.
Correram apressados até o corredor proibido.
Alorromora! — Hermione disparou o feitiço contra a porta e os três pularam para dentro, fechando-a novamente. Fofo rosnou, com uma baba muito especa escorrendo pelas três bocas enormes. Havia algo perto do pé dele que se parecia com uma harpa; devia significar que alguém já passara por ele. Harry começou a soprar a flauta. Saiu dela um som horrivelmente desafinado, mas foi o suficiente para Fofo cair em um sono profundo.
Rony adiantou-se para a tampa do alçapão, abriu-a e disse:
— Não tem por onde descer. Teremos que pular!
Harry entregou a flauta a Hermione e quis descer primeiro. Ela continuou tocando, lançando olhares furtivos e aflitos aos amigos. Depois de Harry, Rony também pulou. Ela ouviu Harry dizer:
— Venha, Hermione!
Ela largou a flauta e Fofo acordou imediatamente. Ele latiu e avançou para ela no momento em que ela pulou pelo buraco do alçapão. Caiu de uma grande altitude, mas algo amorteceu sua queda. Harry e Rony comemoravam não ter se machucado, sem enxergar que algo os enroscava completamente.
— Harry, Rony! — ela gritou, desesperada. — Isso é visgo do diabo! — Aprendera sobre a planta no livro de Herbologia. Esforçou-se para lembrar como matá-lo... — Gosta se escuridão e umidade...
— Então acenda um fogo! — disse Harry.
— Como? Não tem madeira...
— VOCÊ É UMA BRUXA OU NÃO É? — perguntou Rony desesperado, trazendo-a de volta à realidade. Hermione imediatamente produziu aquele fogo que podia ser guardado em um frasco. A claridade fez a planta afrouxar as amarras, e os três deslizaram até o chão.
— Que sorte que você presta atenção em Herbologia — disse Harry.
— É uma pena que perca a cabeça — retrucou Rony. — “Não tem madeira”, francamente!
— Vamos — Harry interrompeu a discussão que ia começar dali, apontando para a frente.
Os três seguiram por um corredor de pedra mal-iluminado, que dava para uma câmara. Havia uma porta de madeira fechada e acima dela voavam pássaros brilhantes, batendo-se uns nos outros e nas paredes. Haviam vassouras encostadas a uma parede. Avançaram para a porta mas não conseguiram abri-la nem com o feitiço Alorromora.
— Esses pássaros... Não podem estar aqui só para enfeitar. — disse Hermione.
— Não são pássaros! — Harry exclamou de repente. — São chaves!
Os três pegaram vassouras e se puseram a procurar uma chave grande e de prata, conforme a fechadura. Não era à toa que Harry era o apanhador mais jovem dos últimos tempos; ele logo achou uma que estava com a asa amassada, como se já tivesse sido apanhada. Já no chão, os três abriram a porta e passaram por ela.
O que surgiu à frente deles era assustador: um tabuleiro gigante de xadrez. As peças eram maiores que eles. As pretas estavam à sua frente, e as brancas do outro lado. Atrás delas, havia uma porta.
— Temos que vencer as brancas para passar — disse Rony. — Harry, fique no lugar daquele bispo e você, Mione, no daquela torre. Eu serei o cavaleiro.
Rony comandou magistralmente o jogo. Sempre demonstrara muito talento para xadrez de bruxo, e agora não foi diferente. Era assustador, entretanto, quando umas peças comiam as outras... Na verdade, elas se destruíam. Esmagavam-se, reduzindo-se a pó. Conforme as peças foram se escasseando, Rony chegou à conclusão final.
— Vou me sacrificar, e então você fica livre para dar o xeque-mate no rei, Harry.
— NÃO! — Hermione e Harry gritaram juntos.
— Vocês querem impedir Snape ou não?
Não havia escolha... Hermione quis fechar os olhos para não ver, mas ao mesmo tempo queria ver para tentar socorrê-lo quando fosse derrubado... Um braço de pedra atingiu Rony com força na cabeça, e ele rolou para fora do tabuleiro, nocauteado.
— Rony! — Hermione gritou, desesperada, pronta para correr na direção dele, mas Harry a impediu.
— Ainda estamos no jogo! — e então ele deu o xeque-mate.
Com o jogo terminado, puderam correr até Rony. Um filete de sangue escorria de um pequeno corte na testa dele.
— Rony! — Hermione choramingou.
— Venha, Mione... Ele vai ficar bem. Precisamos seguir em frente.
Hermione encarou Harry. Não estava convencida do que ele dissera e sentia que ele também não estava. Mas precisavam continuar. — O que será que vem agora? — ele perguntou.
— O primeiro foi o feitiço da profa. Sprout, o visgo do diabo. Flitwick deve ter enfeitiçado as chaves. McGonagall transfigurou as peças de xadrez para lhes dar vida. Faltam os feitiços de Quirrell e Snape.
Atrás da porta seguinte, sentiram um cheiro horrível. Era um trasgo; mas estava caído no chão, derrotado. Passaram por ele cautelosamente até a outra porta. Atrás dela, havia apenas uma mesa com sete garrafas de formatos diferentes em cima. Depois de passarem pela porta, chamas roxas irromperam atrás deles. Chamas pretas queimavam na frente da porta do outro lado, atrás da mesa.
— Deve ser o de Snape — disse Harry. — O que devemos fazer?
Hermione pegou um rolo de pergaminho ao lado das garrafas. Leu-o e interpretou-o. Era pura lógica; achou genial. Seu sorriso surpreendeu Harry.
— Você entendeu isso?
— Claro! Tudo o que precisamos está aqui. Sete garrafas: três contém veneno, duas, vinho; uma nos ajudará a passar a salvo pelas chamas negras; e uma nos levará de volta através das chamas roxas.
— Mas como vamos descobrir qual é qual?
— Me dê só um minuto... — e ela pôs-se a pensar. Leu e releu o pergaminho diversas vezes, apontando para as garrafas e resmungando. Depois, já certa da resposta do enigma, anunciou a Harry: — A menor é a que ajudará a passar pelas chamas negras.
— Mas tem muito pouco... Mal dá para um de nós. Qual ajuda a passar pelas chamas roxas?
— A mais alta, à direita.
— Você bebe esta. E então volta, recolhe Rony e manda uma coruja a Dumbledore. Certo?
— Certo...
Hermione abraçou Harry, subitamente preocupada com o que aconteceria a ele dali em adiante. — Você é um grande bruxo, sabia?
— Não melhor do que você... — ele disse, meio encabulado.
— Eu? Livros e esperteza... Harry, por favor, tome cuidado!
E bebeu o conteúdo da garrafa mais alta. Sentiu-se gelada por dentro, e atravessou as chamas. Voltou para a sala do trasgo, sentindo o efeito gelado passar e prendendo a respiração por causa do fedor terrível. Correu para alcançar a porta e do outro lado viu que as peças do jogo de xadrez estavam inteiras novamente, e em posição. Desejou fervorosamente não ter que jogar para voltar. Nada a impediu, para seu alívio, enquanto corria para Rony, que ainda estava deitado no chão, mas agora acordado.
— Rony! Como você está?
— Onde está Harry? E Snape? E a pedra?
— Depois, agora precisamos sair daqui. Você consegue se levantar?
Com dificuldade, Rony pôs-se de pé. Hermione choramingou mais uma vez quando viu o sangue na testa dele.
— Está tudo bem, Hermione — disse ele, parecendo corar. — Vamos logo.
Hermione apoiou Rony em seu ombro e andaram o mais rápido que puderam até a porta. Ali, pegaram as vassouras que tinham usado para caçar a chave.
— Consegue montar nela, Rony?
— Consigo.
Com elas, alcançaram o buraco do alçapão.
— Como faremos com o Fofo? — Hermione perguntou, mas nesse momento ouviram uma música a tocar, e o ronco do cachorro de três cabeças. Quem poderia estar tocando? Subiram para a superfície do alçapão, e então deram de cara com Snape. Era ele quem tocava.

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