Clube do Slug



Capítulo 25 – Clube do Slug


Ver o finalzinho da última foto fez Harry entender o que Remo quis dizer quando lhe contou que Tiago sempre agia como um idiota na frente de Lily. Aquela risada espalhafatosa e a pose exibida eram comportamentos típicos de quem queria chamar atenção. E ele sabia que aquilo era só o começo. Ainda falta praticamente dois anos até chegar ao auge da idiotice como na cena que ele vira na Penseira de Snape...



A segunda semana transcorreu com a mesma velocidade da primeira e a única novidade foi a segunda aula de DCAT com o novo professor. Depois de uma primeira aula tão estimulante, todos os alunos estavam animados e ansiosos para voltarem à sala do professor Goldsmith. Exceto Remo, é claro. Na tarde de quarta-feira, o loiro rumou pelos corredores como um animal indo para o abate.

Mas ao contrário do que o garoto imaginava o professor não voltou a tocar no assunto sobre “seu problema”, nem mostrou qualquer diferença entre Remo e os outros alunos. O mestre pôs-se a falar sobre a idéia central de seu plano de aula e de alguns temas que abordariam naquele ano, argumentando que o ser humano era a espécie com maior tendência a auto-destruição.

_ Imagino que vocês devam estar se perguntando por que eu estou tratando desse assunto com tanto rigor... – falou o professor, ao constatar que alguns alunos começavam a sentir-se desconfortáveis com os exemplos de miséria e maldade que ele vinha expondo durante a aula – mas é necessário que vocês entendam desde cedo que a decisão é de vocês... O Bem e o Mal estão aí foram e cabe a cada um escolher o caminho a seguir... – continuou ele, sendo interrompido pela sineta que anunciava o final da aula.

_ Sr Lupin, o senhor poderia esperar um momento, por favor? – chamou ele, quando os quatro garotos passaram, enquanto o restante dos alunos começavam a deixar a sala, despedindo-se do professor.

Remo suspirou resignado, pensando que estava bom demais para ser verdade o fato de o professor tê-lo ignorado durante toda a aula, mas atendeu ao pedido do mestre. Esperou que os outros alunos saíssem do local, dizendo aos amigos que não precisavam esperá-lo.

_ Espero não tê-lo constrangido na aula anterior, sr Lupin... – falou o professor em tom formal, até um pouco frio.

_ Não. – respondeu o garoto de maneira seca. Não daria a ele o gostinho de achar que aquilo o tinha ofendido.

_ Ótimo. É claro que eu, assim como todos os professores, conheço a sua condição e prezo pela continuidade do seu anonimato... – continuou o professor, o tom de sua voz parecia não concordar com o as palavras ditas – mas obviamente nenhum deles precisa abordar o assunto em suas aulas, o que é muito cômodo para eles...

Remo continuou encarando o professor em silêncio. A fala do professor abria precedentes para que o garoto tirasse algumas conclusões, mas ainda sim, ele não falou nada.

_ O que estou querendo dizer – retomou Goldsmith, vendo que o aluno não respondia – é que vai chegar o momento em que teremos que abordar o seu delicado assunto em nossas aulas uma vez que os outros alunos têm direito de saber reconhecer e se proteger de tal perigo...

Novamente o menino não esboçou reação visível. Apenas seus punhos se fecharam lentamente, tentando desviar a tensão que seu corpo sentia.

_ Por isso espero que quando este momento chegar, o senhor compreenda que não o faço para prejudicá-lo, mas apenas para cumprir a minha função de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. – terminou ele de uma só vez, vendo que o aluno não retrucaria.

_ Certo. – respondeu Remo, depois de alguns instantes de silêncio quando o professor terminou de falar – se era só isso, posso ir agora? – perguntou, escondendo o máximo possível a raiva e a frustração que o preenchiam.

_ Pode. Até semana que vem, sr Lupin. – despediu-se o professor.

_ Até. – respondeu o garoto em tom de desafio, saindo da sala.

Ao cruzar o umbral da porta da sala de DCAT em direção ao corredor, ele viu longos cabelos loiros desaparecerem rapidamente pela esquina do corredor, mas não deu importância ao fato. Provavelmente seria alguma aluna atrasada correndo para chegar a tempo à próxima aula, ponderou ele. Coisa que ele também deveria fazer para não perder a aula de Astronomia pela segunda semana consecutiva.

Remo apressou o passo e quando olhou para o relógio, começou a correr, caso contrário só chegaria a Torre de Astronomia quando a aula já estivesse no final. Quase na entrada da torre, encontrou Melina Wellek que estava apoiada numa das paredes, curvada e ofegante.

_ Você está bem? – perguntou ele, se aproximando.

_ E-estou! – respondeu ela, assustada com a chegada do garoto – s-só estou recuperando o fôlego...

_ Também veio correndo? – concluiu ele.

_ É melhor subirmos ou a professora Sinistro não vai deixar a gente participar da aula... – desviou a loira, começando a galgar os degraus da escada.

No topo da torre, os dois alunos se separaram. Mel foi até onde Lily e Louis estavam enquanto Remo rumou até o local que os amigos haviam armado os telescópios.

_ E então? – perguntou Lily, assim que a loira chegou.

_ E-então o quê? – gaguejou a menina afetada.

_ Recuperou o livro que você esqueceu na sala de DCAT? – emendou Louis.

_ Ah! Não... – respondeu a loira, ainda se recuperando do estado aéreo em que se encontrava – o professor estava conversando com o Lupin, e eu não quis interromper... – falou ela, olhado interessada para o grupo de quatro garotos do outro lado da torre.

_ Você ouviu sobre o que eles estavam falando? – Louis apressou-se em perguntar, passando também a fitar atentamente o amigo do outro lado da torre.

_ Não. – mentiu descaradamente a loira, começando a montar seu telescópio enquanto novas dúvidas e hipóteses começavam a borbulhar em sua cabeça.



O restante daquela semana e as semanas seguintes transcorreram com tranqüilidade até mesmo para os padrões de Hogwarts. Quem observasse com atenção, porém, veria que os jornais apresentavam mortes estranhas e desaparecimentos não esclarecidos com cada vez mais freqüência, mas nada que mudasse a rotina dos adolescentes na escola.

Depois da aula de Poções, na quarta semana, Slughorn pediu mais uma vez que Tiago, Sirius, Lily, Snape esperassem após o término da aula.

_ Bem, como eu expliquei a vocês na primeira semana de aula, vocês estão convidados a se juntar às reuniões do Clube do Slug... – sorriu o pançudo professor, entregando aos alunos um pequeno convite – espero ver todos vocês lá neste sábado. Será uma ótima oportunidade de confraternizar com outros alunos tão especiais quanto vocês...

_ Tem mais algum aluno nascido-trouxa que participa desse “grupo de estudos”, professor? – perguntou Lily de maneira educada, porém bastante firme.

_ Hã... – hesitou o professor por um instante – Agora que você mencionou o fato, srta Evans, não que eu me lembre... mas é claro que isso não faz diferença! – concluiu em tom de defesa, alisando os bigodes de morsa.

_ Sei... – retrucou a ruiva, estreitando os olhos, mas não falando tudo mais o que gostaria naquele momento.

_ Então não será tão ruim assim... – murmurou Snape com seus botões, mas alto o suficiente para que todos ouvissem.

_ Ficarei contente em comparecer, professor! – respondeu ela, em tom de provocação – quem sabe assim mostro a alguns sangues-puros como fazer um perfeito antídoto para a Poção do Orgulho Desmedido... – concluiu sorrindo convicta e saindo com suas madeixas ruivas balançando encantadoramente pela porta.

O professor sorriu admirado pela audácia da garota. Embora fosse diretor da Sonserina, não tinha problemas com os nascidos-trouxas. O fato era que, em geral, eles não tinham parentescos importantes que pudessem interessar a longa rede de relações que o professor mantinha. Mas definitivamente aquela garota tinha talento e ele não seria bobo de recusar-se a detê-la entre seus favoritos por uma bobagem como esta.

_ Já podem ir, garotos... – falou ele para os outros alunos, ainda sorrindo e dirigindo-se a sua mesa.

Snape foi o primeiro a escorrer oleosamente para fora da sala, seguindo para o caminho que levava às masmorras sonserinas. Sirius gostaria de aproveitar a oportunidade para abordar o professor a respeito de alguns ingredientes para a “poção de revelar a essência”, que eles pretendiam realizar para descobrirem em quais animais se transformariam quando se tornassem animagos, mas Tiago o impediu, puxando-o pelo braço para fora da sala.

_ Perdemos uma grande oportunidade de perguntar ao pançudo sobre onde conseguir todas aquelas coisas! – protestou o moreno, quando os dois saíram para o corredor.

_ É, mas vamos ter uma oportunidade muito melhor no sábado! – corrigiu Tiago – Essa tal “reunião” vai estar lotada dos maiores nerds de Poção da escola... – começou explicando o moreno – é só a gente se enturmar um pouco e perguntar como quem não quer nada sobre um ou outro ingrediente...

_ Hm... você tem razão. – cedeu Sirius – Se perguntássemos para Slughorn sobre TODOS os ingredientes de uma vez, ficaria muito óbvio...

_ Exatamente! – exclamou Tiago, contente por ter convencido o amigo com sua desculpa, mas tendo a completa consciência de que havia um interesse maior em ir a tal festa do que simplesmente conseguir informações sobre a poção que eles pretendiam preparar.



As aulas de sexta-feira passaram normalmente, e o sábado amanheceu como o primeiro de muitos dias frios e chuvosos daquele ano. No salão comunal da Grifinória as meninas estavam conversando, estiradas preguiçosamente nos puffs vermelhos.

_ Então a srta Evans tem mais um encontro hoje? – provocou Mel, quando Lily comentou que chamaria Amos para acompanhá-la na reunião do Clube do Slug.

_ Não é um “encontro”... – corrigiu a ruiva, corando – só não quero ficar lá sozinha no meio daquele monte de filhinhos de papai metidos a besta...

_ Se a sua preocupação era essa, você poderia ter chamada uma de nós duas... – cutucou Louis, fazendo Lily corar ainda mais e Mel rir do embaraço da amiga.

_ É... mas se eu escolhesse ir com você a Mel ficaria chateada... – fingiu explicar Lily – se eu fosse com a Mel você é que ficaria chateada... E eu não poderia cometer uma injustiça dessas! – completou, num tom não descaradamente mentiroso que as três começaram a rir juntas.

Do outro lado do salão, Tiago, Sirius e Remo também estavam comodamente acomodados nas poltronas, enquanto Pedro continuava roncando no dormitório masculino do quarto ano. (N/As: sim, nós não queremos nos dar ao trabalho de colocar falas para ele, então é melhor que ele nem participe da cena! >/)

_ Então vocês vão mesmo a tal festa do Slughorn? – perguntou Remo, ainda sem entender os motivos dos amigos.

_ Vamos... – respondeu Tiago, lançando a Lily um olhar de soslaio.

_ Vocês vão se encontrar com alguém? – tornou a questionar o loiro.

_ Por enquanto não... – respondeu Sirius, brincando displicentemente entediado com sua varinha e fazendo pequenos furos no grosso tecido da poltrona em que estava.

_ Hm... sei... – resmungou Remo sem se dar por vencido – se não têm garotas envolvidas, então o que é que vocês estão pensando em aprontar?

_ Ah, Remo! – exclamou Tiago, fingindo estar indignado com a acusação do amigo – não podemos simplesmente participar de uma pequena e saudável agremiação estudantil? – completou, rindo.

_ Como se eu não conhecesse vocês dois a tempo suficiente... – retrucou Remo.

_ Não estamos pretendendo aprontar nada, Remo... – respondeu Sirius – pelo menos não por enquanto... – completou com um sorriso maroto – nosso interesse nessa reunião é puramente acadêmico, acredite!

_ Eu sei que deveria desconfiar, mas não vou continuar gastando meus neurônios com as idéias malucas de vocês dois... – falou o loiro – preciso adiantar minhas coisas, já que semana que vem é Lua Cheia novamente... – completou com um toque de tristeza e irritação na voz, levantando-se para pegar o material escolar deixado em cima de uma das mesinhas de estudos.

Quando Remo se afastou um pouco, os amigos se entreolharem frustrados por ainda não poderem fazer nada para ajudar. Numa comunicação muda, ficou claro que eles precisariam adiantar os estudos de animagia e descobrir o que eram e onde conseguir os ingredientes da poção.

Com a chuva gelada que caia do lado de fora do castelo, os alunos não podiam aproveitar a tarde livre nos terrenos. Por isso, Lily e Mel passaram a tarde com Alice, passeando aleatoriamente pelos corredores do castelo até encontrarem-se com Amos e Collin. Quando os garotos se aproximaram, Alice saiu de cena estrategicamente, voltando para o salão comunal apinhado de alunos que não tinham mais para onde ir.

_ Uau, Evans! Você deve ser mesmo muito boa em Poções... – comentou Collin – o Slughorn não costuma chamar nascidos-trouxas para participar do seu Clube...

_ Ela é sim... – confirmou Mel – Nas aulas do Slughorn, ela deixa até o seboso do Snape para trás. Ele é sonserino e um dos alunos preferidos do professor, mas mesmo assim não é páreo para a Lily...

_ A questão é que eu gosto de estudar... – falou a ruiva um pouco a vontade com os elogios – e Poções é uma das minhas matérias preferidas, então tenho uma facilidade maior... – explicou.

_ Mas que vai ser engraçado ver você dando um baile no Malfoy e naqueles outros idiotas cheios da grana que pensam que são donos do mundo, isso vai! – comentou Amos, que já tinha aceitado prontamente o convite de Lily para acompanhá-la.

Naquela mesma tarde, Louis, Tiago e Sirius foram convocados por Chloe para a primeira reunião do time de quadribol. A capitã estava no último ano em Hogwarts e pretendia dobrar as exigências para os jogadores a fim de coroar seu mandato de capitã com mais um campeonato inter-casas. Os três, juntamente com os outros jogadores do time, passaram longas horas ouvindo as explicações, motivações e novas táticas que Chloe tinha para a temporada.

Pouco antes do jantar, os quatro garotos estavam reunidos no salão comunal. Tiago e Sirius já estavam prontos para a reunião, equipados com a lista de ingredientes da poção nos bolsos. Sirius insistia para eles irem logo, mas Tiago estava enrolando, esperando por algo que nem ele sabia explicar. Embora o fato de uma certa ruiva ainda não ter aparecido no salão lhe parecesse um forte indício.

Tiago só cedeu, e os quatro finalmente saíram, quando Pedro reclamou pela sétima vez que estava com fome e Remo, que passara a tarde toda tentando preparar Amy para sua futura “visita a uns tios distantes”, disse que eles tinham que descer para o jantar, pois tinha combinado de revisar algumas matérias com Pedro na ausência dos outros dois.

Assim que os amigos passaram pela passagem do retrato, quase como se tivesse sido cronometrado, Lily apareceu no topo da escada dos dormitórios femininos. Louis e Mel estavam com ela, mas era a ruiva que chamava a atenção. Embora a menina estivesse arrumada de maneira simples, a diferença entre o usual uniforme escolar era gritante.

Apesar do friozinho causado pela incessante chuva, a garota vestia um vestido verde-musgo, sem mangas, mas de alças largas, com um decote reto e comportado. A saia do vestido descia levemente plissada até a altura dos joelhos, conferindo ao andar dela um gracioso balanço. O longo cabelo ruivo estava trançado nas costas, dando bastante destaque ao seu rosto bonito e alegre.

O vestido fora uma exigência de Melina, que não permitiu que a amiga saísse do dormitório usando a já batida combinação “saia e camiseta”, praticamente iguais ao uniforme, emprestando a ruiva um de seus vestidos. A trança foi idéia de Louis que penteou e arrumou os sedosos fios rubros, afirmando que assim seria muito mais fácil para hipnotizar a todos com seus exuberantes olhos verdes.

Só quando as duas amigas consideraram que ela estava finalmente “pronta”, apesar dos constantes protestos de que se chegaria atrasada ao local que combinara com Amos, é que Mel e Louis deixaram Lily sair.

Descendo os degraus rapidamente, as três amigas se separaram quando Lily foi encontrar-se com Diggory e as outras duas desceram para jantar. Mel e Louis continuaram descendo até chegarem ao Hall do Salão Principal, encontrando, por acaso, Collin e David.

_ Olá, meninos... – cumprimentaram as duas ao passar.

_ Melina! – exclamou Collin feliz em encontrar a garota – que bom te ver! Será que você gostaria de me fazer companhia e jantar comigo na mesa da Corvinal? Meus amigos simplesmente me abandonaram! – convidou ele, em tom de brincadeira.

_ Te abandonaram?! – repetiu a loira confusa, olhando para David que se encontrava exatamente ao lado de Collin.

Antes que qualquer um deles pudesse explicar, Megan Olsen surgiu atrás dos garotos, pigarreando alto numa clara tentativa de chamar a atenção. Seus cabelos loiros estavam impecavelmente arrumados em delicados cachos dourados e a roupa da garota, justa e decotada em cores vibrantes, valorizava tanto cada uma das curvas de seu corpo que quase beirava a vulgaridade.

Todos olharam para a recém chegada, abismados. Mel e Louis já haviam visto Megan pela escola, mas a garota que sempre gostara de chamar a atenção, nunca tinha se esforçado tanto para tal. Sem nem ao menos dar mostras de ter percebido a presença das meninas, Megan aproximou-se de David enlaçando seu braço no do garoto. O corvinal corou levemente ao sentir o olhar pesado de Louis sob si e evitou encará-la.

_ Vamos, David? O professor Slughorn deve estar nos esperando... – falou ela, continuando a ignorar os outros três presentes.

_ Hã, vamos... – concordou o garoto, sem jeito – Até mais, Collin... Tchau, meninas... – completou sem ter coragem de olhar para elas.

_ Eles estão juntos? – Mel fez a pergunta que fervilhava a mente de Louis.

_ Mais ou menos... – tentou explicar Collin, obviamente receoso de tocar no assunto na frente de Louis que aparentava ter sido atropelada por uma manada louca de hipogrifos, enquanto acompanhava as costas de David e Megan se distanciarem num dos corredores laterais.

_ Como assim “mais ou menos”? – questionou a loira.

_ Bom eles moram perto um do outro, se falaram nas férias... – começou ele, quase num tom de quem defende o amigo de uma grave acusação – ela é uma garota muito bonita e tudo mais...

_ E-eu acho que perdi a fome... – murmurou Louis – te espero no Salão Comunal! – avisou ela, saindo praticamente correndo do Hall em direção a Torre da Grifinória.

_ LOUIS!! – chamou a loira, mas a amiga era rápida e já estava longe.

Por um momento, Mel e Collin se encararam sem saber o que dizer ou fazer. Mel gostaria de seguir Louis, mas conhecia bem a amiga para saber que ela gostaria de ficar sozinha por algum tempo. Se ela tinha dito que a esperaria, é porque realmente iria esperar e então as duas poderiam conversar melhor. O máximo que a loira poderia fazer naquele momento seria tentar descobrir de Collin mais alguma coisa de David e a tal Megan.

_ Vamos jantar... – falou ela, sem muita emoção e os dois entraram juntos no Salão Principal.

***

Quando Lily chegou ao local combinado com Amos, o garoto já estava lá encostado em uma das paredes do corredor, olhando absorto uma das pinturas penduradas. Ela se aproximou lentamente, sem que ele percebesse sua chegada e só quando a menina já estava praticamente ao seu lado é que ele desviou o olhar do quadro.

_ Uau, Lily! Você está muito bonita hoje! – elogiou ele, aproximando-se para beijá-la – Mais do que de costume, eu quero dizer... – apressou-se em completar, depois de um rápido selinho.

_ Ah, obrigada! – agradeceu, um pouco sem jeito – vamos?!

_ Claro... – concordou.

Os dois seguiram pelos corredores, até chegar à sala indicada por Slughorn no convite. A porta estava aberta e lançava bastante luminosidade e música para o corredor. Quando os dois entraram, muitos alunos já estavam presentes e a chegada de LIly não passou despercebida para duas pessoas: Tiago que, discretamente, vinha acompanhando todos que chegavam na esperança de ver Lily entrar; e Snape que estava próximo a porta e não pode deixar de notar como a garota estava bonita e perfumada naquele dia.

Antes da chegada de Lily, Tiago conversava com uma sextanista da corvinal, que o professor convidou por ser boa aluna em Poções, e já havia conseguido tirar dela dois ingredientes para a poção de animagia. Dando-se por satisfeito, praticamente deixou a garota falando sozinha e foi ao encontro de Lily.

Somente quando o garoto estava no meio do caminho é que ele notou que a ruiva não estava sozinha, mas que tinha vindo com Diggory e, a contragosto, desistiu de ir falar com ela, desviando seu caminho para o lugar em que Sirius conversava animado com uma lufa-lufa de cabelos castanhos.

Snape estava um pouco sozinho naquela noite, a maioria dos seus “amigos” não fora convidado para a festa por não se destacarem em nada e nem pertencerem a grandes famílias bruxas. O garoto não era muito dado a festas e só viera porque queria agradar o professor de Poções, um dos únicos de quem gostava e diretor de sua Casa.

Estando praticamente sozinho, pois Malfoy preferira ficar junto com outros filhos de família rica, Severo concentrou-se na companhia do professor que sempre vinha saldar os recém-chegados a porta. Quando Lily apareceu na porta, Slughorn adiantou-se e foi recebê-la, com Snape ao seu lado.

_ Seja bem vinda, srta Evans! – cumprimentou ele, alegre pela presença da menina – que bom que o sr Diggory veio se juntar a nós... – completou, recebendo Amos cordialmente – Entrem e sintam-se a vontade...

Lily sentiu muitos olhares sob si, mas a presença de Amos ao seu lado lhe passou alguma segurança e logo os dois estavam percorrendo mais descontraidamente a sala. Estavam servindo-se da comida oferecida e de um pouco de hidromel e cerveja amanteigada, quando David chegou com Megan.

Amos acenou para o amigo assim que o professor os recebeu, e o casal recém chegado veio até onde Lily e Amos estavam. Obviamente, não agradou nenhum pouco à ruiva o fato de David ter vindo com Megan, principalmente quando pensou no que Louis diria quando descobrisse. Porém, Lily não disse nada e até conseguiu ser simpática com a loira, que não se esforçou em retribuir a simpatia.

_ E depois meus pais até foram convidados para trabalhar no Ministério... – tagarelava Megan, para o desespero de Amos e Lily – nós ganhamos uma boa quantidade de ouro neste verão e agora somos uma das famílias bruxas mais ricas da Inglaterra, não é mesmo David?

_ É, Megan... – concordou o garoto, que não parecia estar prestando muita atenção no que a menina dizia, limitando-se a admirá-la.

Lily e Amos se entreolharam: “Isso explica porque você foi convidada”, estava implícito nos olhos de ambos que prenderam o riso. A loira continuou a falar sobre as muitas coisas novas que os pais tinham comprado, sobre as viagens feitas e que pretendia fazer até que Slughorn se aproximou e os interrompeu.

_ Srta Evans, poderia vir aqui um momento? – pediu ele.

_ Claro, professor! – concordou ela prontamente, alegre por ter uma desculpa para se afastar de Megan – vamos comigo, Amos?

Os dois acompanharam o professor até um grupo de alunos, no qual estavam dois corvinais do sétimo ano, um sonserino do sexto ano, além de Severo Snape. Mesmo sem entender, a ruiva seguiu o professor. Tiago, que não estava muito longe dali, acompanhou interessado a movimentação da ruiva, deixando Sirius falando sozinho.

_ Tiago! – chamou o moreno – você está ouvindo?

_ Eu também acho ótimo que já termos conseguido todos os ingredientes... – concordou ele, que estava, de fato, ouvindo o que o amigo dizia – mas gostaria de esperar mais um pouco... – completou, voltando a fitar Lily indo ao encontro dos outros alunos.

_ Você é quem sabe... – concordou Sirius, sem entender muito bem – então eu vou ter que achar alguma coisa melhor para fazer... Será que o Summers foi embora ou só dar uma voltinha? Uma garota como Olsen não deveria ficar muito tempo sozinha... – declarou com um sorriso maroto, saindo de perto do amigo.

Tiago voltou o rosto para ver o amigo se afastar, rumando diretamente para loira e ocupando o lugar que David deixara no sofá ao lado da garota. Tiago sorriu maroto. Se o corvinal havia ido embora ou apenas saído para buscar alguma coisa, teria uma péssima surpresa ao voltar, pois a garota já se desmanchava em risinhos insinuantes em direção a Sirius.

Desinteressado do que Sirius conseguiria ou não da garota, Tiago retornou sua atenção a Lily. Agora que o amigo estava longe, ele poderia observá-la mais detalhadamente, embora ele não conseguisse assimilar o porquê da presença de Sirius ser um empecilho para isso. O garoto não precisou olhar muito para constatar que Lily estava muito mais bonita naquele dia: os cabelos rubros trançados davam um destaque enorme para o rosto alvo e os olhos incrivelmente verdes, enquanto o vestido, de maneira simples e singela, marcava as belas curvas que a ruiva tinha adquirido durante o verão.

Tiago balançou a cabeça para os lados, a fim de espantar um pouco tais pensamentos. Algo estranho e quente se remexia em seu estômago todas as vezes que ele via ou pensava na ruiva. Não gostava de se sentir assim, mas não sabia exatamente o que fazer para evitar. Quanto mais olhava para ela, mas queria estar perto para continuar a observá-la e esta constatação, somada ao total desinteresse da garota o incomodava profundamente.

Se ao menos ela pudesse prestar mais atenção a ele, talvez essa inquietação diminuísse um pouco... Tiago decidiu seguir a ruiva e também juntar-se ao grupo de alunos que esperavam pela volta do professor. Quando o garoto se aproximou, ouviu o mestre começar a falar.

_ Estamos num interessante impasse aqui, srta Evans – começou o professor – Snape está afirmando que para se preparar uma Poção Wiggenweld a cor da Moly e a espécie do verme que fornecerá o muco gosmento são irrelevantes para o resultado final, correto, sr Snape?

_ Desde que a casca de Winggentree esteja em perfeitas condições e a quantidade de Ditamno seja a correta, sim, sr professor. – completou o sonserino, olhando desafiante para os alunos mais velhos.

_ Isso é um absurdo, professor! – protestou um dos corvinais do sétimo ano – o livro de poções diz perfeitamente, de maneira bem clara e específica, que a Moly tem que ser amarela e que o verme precisa apresentar uma coloração azul, para que no final o resultado exiba uma tonalidade de verde!

_ E como qualquer calouro sabe, o verde é a mistura do azul com o amarelo! – completou o outro corvinal, tão confiante quanto o amigo.

_ O senhor concorda com quem? – perguntou o professor ao sonserino do sexto ano que acompanhava Snape.

_ Com Severo... – murmurou o garoto, sem demonstrar muita certeza. Obviamente, ele não era uma dos alunos convidados por ser bom em Poções e só concordara por ser amigo de Snape.

_ Como vê, srta Evans, temos um impasse. – afirmou o professor, sorrindo satisfeito – você gostaria de dar a sua valiosa opinião?

_ Snape está certo – afirmou a ruiva, convicta.

Você apostaria nisto, Evans? – insistiu o professor, alargando ainda mais o sorriso.

_ Certamente que sim! – reforçou ela – a coloração verde não tem absolutamente nada a ver com o amarelo da flor ou a cor do verme. Isto é sim é que é um absurdo. – concluiu, olhando desafiante para os alunos mais velhos.

_ O livro de Poções diz que... – começou um dos corvinais, mas foi interrompido pela ruiva.

_ Se o livro de poções lhe mandar tirar o chapéu e enfiar a cabeça no líquido fervente, você enfiaria? – provocou Lily, fazendo o garoto corar levemente, enquanto os outros presentes riam. Snape olhou-a admirado, quase como se nunca a tivesse visto antes.

_ É claro que não... – respondeu o corvinal, ofendido – mas...
_ Bom, então só há uma maneira de descobrirmos isso... – interrompeu o professor, exultante – A poção é de simples e rápido preparo. Os senhores Prewett e Chang podem preparar a poção exatamente como o livro instrui – falou ele, indicando os dois corvinais – enquanto o sr Snape e a srta Evans a farão do jeito que bem decidirem. A dupla que terminar a poção corretamente primeiro leva 10 pontos para sua Casa, certo?

_ Ótimo! – exclamaram os 4 alunos, prontamente.

A mudança de “impasse” para “competição” esquentou os ânimos dos presentes. O fato de serem dois alunos da Corvinal - casa dos considerados inteligentes - e a diferença de 3 anos de estudo entre as duplas só não causaram mais curiosidade do que a inesperada parceria entre um sonserino e uma grifinória, agravado pelo fato de ela ser uma nascida-trouxa.

Com um aceno de varinha, o professor fez surgir duas mesas de trabalho com estojos de boticário repletos de ingredientes diversos e dois caldeirões. Os corvinais instalaram-se em uma enquanto Lily e Snape ocuparam a outra. Ao sinal do professor, os alunos começaram a trabalhar perante o olhar curioso dos demais convidados, que rodearam as duplas a fim de encontrar o melhor lugar para acompanhar a competição.

Tiago se espremeu para ser um dos primeiros da fila a observar todos os movimentos de Lily de perto. Amos também era um dos primeiros e olhava dividido entre os participantes. Os corvinais eram seus colegas de Casa e considerados ótimos alunos por todos os professores, mas, por outro lado, Lily demonstrara uma convicção assustada. David, sozinho, logo surgiu entre os convidados, vindo se acomodar ao lado do amigo.

_ Eles não vão ter nem chance... – comentou o moreno, com o amigo.

_ Não mesmo! – concordou a ruiva ao ouvir o comentário, piscando triunfante para Amos e sorrindo, mesmo sabendo que David referira-se a ela e Snape e não aos companheiros corvinais.

Enquanto um dos corvinais separava trabalhosamente as flores amarelas das vermelhas e laranjas, o outro procurava um verme de coloração azul para extrair o muco gosmento. Ao mesmo tempo, Snape já acendia o fogo jogou dentro do caldeirão a quantidade exata, milimetricamente medida e pesada, de Ditamno indicada na receita. Sem nem olhar para a receita entregue pelo professor, Lily picava displicentemente uma lesma gorducha.

_ O que é que você vai fazer com isso? – rosnou Snape, pois “lesma picada” não estava na receita.

_ Olhe e aprenda! – falou ela, despejando as grossas partes de lesma dentro do caldeirão, para o desespero do sonserino.

_ Você está louca?! Vai estragar a poção! – reclamou ele, entre os dentes.

_ Estragar?! Eu acho que não... – retrucou a ruiva, rindo – Vou apenas potencializar a ação curativa. Lesmas picadas também são ingredientes da Poção Simples, só vão ajudar a aumentar o poder cicatrizador. Você já viu uma lesma machucada, por caso? – brincou ela, sorrindo encantadoramente desafiante.

Snape não retrucou, apenas mexeu o líquido 5 vezes no sentido horário e mais 6 no sentido anti-horário, também contrariando a receita que indicava apenas 10 voltas no anti-horário.

_ As lesmas dissolvem melhor dessa maneira... – explicou o sonserino, em resposta ao mudo mas curioso olhar da ruiva, que assentiu com um aceno de cabeça.

_ A poção deve estar pronta em, no máximo, 3 minutos... – avisou o professor, mais para os alunos que acompanhavam a disputa do que para os que participavam dela.

Quando os 80 segundos de fervura passaram, a dupla corvinal apagou o fogo e esperou. Snape fez menção de também extinguir as chamas, mas Lily o impediu dando um estalado tapa na mão que segurava a varinha. Gesto que não passou despercebido por Tiago, que sentiu um estranho assomo de desgosto ainda maior que o de costume pelo sonserino.

_ Ainda não! – exclamou ela, erguendo uma colherada de liquido perfeitamente verde.

_ Vai queimar! – exasperou-se Snape.

_ Não vai, não. O muco estava muito grosso, precisa ferver um pouco mais. – retrucou.

Segundos depois, ela própria apagou o fogo, deixando que a poção fumegasse mais um pouco. Todos os alunos presentes acompanhavam ansiosos o resultado. O professor esforçou-se para passar com sua ampla pança pelos alunos que assistiam, parando entre os dois caldeirões. Muitos cochichos e sussurros preencheram a sala, todos palpitando sobre o desfecho da disputa. O professor dissera que a dupla que terminasse primeiro venceria, desde que estivesse corretamente preparada, é claro.

_ Bom... – começou o professor, olhando para os dois caldeirões – Os disciplinados estudantes da sábia Rowena, Prewett e Chang, seguiram todas as instruções do livro e terminaram primeiro... – falou ele e sorrisos triunfais se espalharam pelos rostos dos alunos da Corvinal presentes na festa – só resta saber se a rapidez vai superar a qualidade. Prewett, por favor, leia para nós a nota de rodapé sobre o nível de excelência da poção... – pediu, educadamente.

_ Uma vez que a poção apresente a coloração verde, ela estará pronta e corretamente preparada... – leu o garoto, mecanicamente - Porém, - sua voz fraquejou um segundo antes de continuar – por ser uma poção de cura, quanto mais rala e bem fervida estiver, melhor será seu resultado final. Para uma excelência absoluta, o odor do Ditmno deve sobrepor-se ao da Moly. – concluiu.

Lily já sorria triunfante antes mesmo do professor aproximar duas amplas colheres dos respectivos caldeirões. A poção dos corvinais estava perfeitamente verde e, mexendo mais uma vez, o professor deixou escorrer a poção de volta ao caldeirão, testando sua densidade. Aproximou o rosto da fumaça que saia do liquido recém fervido e aspirou-a.

_ Verde e rala... – atestou o professor – apenas o odor da Moly permanece...

O professor deixou de lado o caldeirão dos corvinais, executando o mesmo procedimento na poção de Lily e Snape. O verde da poção era idêntico ao da dupla adversária, porém, o liquido escorreu da colher de volta para o caldeirão com mais rapidez, demonstrando estar mais rarefeito. O sorriso de Snape acompanhou em tamanho e confiança o de Lily quando o cheiro ácido do Ditamno encheu as narinas dos alunos mais próximos.

_ Ora, ora... – fingiu surpreender-se o professor – O livro certamente os ajudou a preparar a poção indicada corretamente... – falou, em direção aos alunos da Corvinal – mas o nível de excelência não está apenas em seguir instruções e sim em compreender o funcionamento e o comportamento dos diversos ingredientes envolvidos. Parabéns a Evans e Snape, pelo excelente trabalho.

Com mais um aceno de varinha as mesas e os caldeirões sumiram. A poção verde agora preenchia duas grandes garrafas, que o professor etiquetou e fez levitar porta a fora, juntamente com um bilhete.

_ Tenho certeza que Madame Pomfrey fará bom uso desse magnífico material. – explicou ele – agora aos pontos: 10 pontos para a Corvinal pelo bom trabalho de Prewett e Chang; - concedeu o professor que não gostava de desagradar seus favoritos – 10 para Grifinória e 10 para a Sonserina, conforme o combinado pela vitória de Evans e Snape...

Lily sorria satisfeita. Tiago e Amos, sem se preocupar em ao menos disfarçar a admiração, fitavam-na, encantados. Snape apenas acompanhava, discretamente, seus movimentos, recebendo ele próprio os cumprimentos pela vitória. Para o desgosto de Tiago, Amos aproximou-se da ruiva abrando-a.

_ Como professor de Poções... – recomeçou Slughorn – sinto-me no direito de acrescentar também mais 5 pontos à Grifinória pelo excelente acréscimo de lesma da srta Evans, e mais 5 pontos a Sonserina pela correta dissolução do novo ingrediente feita pelo sr Snape! – acrescentou ele, alegre.

_ Bom, se cada instrução da receita descumprida vale 5 pontos, acho que o senhor ainda me deve mais 5 por não respeitar o tempo de fervura... – acrescentou, confiante a ruiva.

Slughorn riu surpreso, porém, satisfeito, enquanto Amos e Tiago arregalavam os olhos perante a audácia da garota, gesto imitado por muitos alunos ao redor.

_ Mais 5 pontos para a Grifinória, então... – cedeu – Com tanta audácia e perfeição, como foi que a srta não foi selecionada para a nobre Casa de Salazar Slyntherin, srta Evans? – brincou o mestre, os olhos brilhando de orgulho da aluna.

_ Até onde sei, não aceitam sangues-ruins na Sonserina, senhor... – alfinetou, mordaz, fazendo muitos dos presentes se engasgarem com o uso da expressão “sangue-ruim” – Por alguma razão que desconheço, acho que nos consideram inferiores... – retrucou, olhando diretamente para Snape e, depois de demorar-se nele por alguns segundos, buscou outros sonserinos na sala.

_ O que certamente não é verdade... – contornou o professor, percebendo o clima tenso que começava a surgir entre os alunos – Uma mente brilhante e talentosa como a sua seria muito bem vinda em minha Casa...

_ Se o chapéu a escolheu para ser da Grifinória, então é à Casa de Godric Griffindor que ela pertence... – cortou Tiago, sem saber exatamente porque não conseguiu controlar-se, olhado desafiador para Amos e Snape.

_ Acho que nossa preciosa diversão acabou se estendendo na hora, sugiro que todos se sirvam mais uma vez à vontade e depois voltem para seus dormitórios... – falou o professor, ignorando a aspereza na voz de Tiago – Antes que Filch resolva pedir ao diretor para pendurar a mim pelos calcanhares nas masmorras por deixar aulas fora da cama além do horário previsto... – brincou, para tentar amenizar a situação.

Os alunos logo dispersaram da roda em torno do professor. Alguns voltaram para os lugares em que estavam, serviram-se mais uma vez de cerveja amanteigada ou hidromel e da comida posta a mesa, enquanto outros já começavam a despedir-se e a sair da sala. Prewett e Chang foram um dos primeiros a sair, irritados. Snape e seus comparsas também não demoraram a deixar a sala, saindo logo em seguida.

_ Você viu a Megan por aí? – perguntou David a Amos e Lily, esquadrinhando a sala a procura da loira.

_ Não, a última vez que a vi foi antes do professor vir chamara Lily... – respondeu Amos, culposamente omitindo o fato de ter visto, de relance, um rapaz moreno se aproximar do sofá no qual a garota estava acomodada.

_ Ela deve ter ido embora quando a disputa começou... – ponderou o rapaz, inseguro – Se é assim, vou indo também. Ela me disse que não gostava muito de Poções, deve ter se desinteressado da festa... – completou, despedindo-se do amigo e saindo.

_ Ou se interessou mais pelo Sirius do que por você, babaca... – murmurou Tiago maroto, sem que o corvinal ouvisse, ao perceber que o amigo também não estava nas vistas já há algum tempo.

_ O que você disse, Potter? – perguntou Lily, que ouvira bem o comentário.

_ Nada, Evans! – respondeu ele, um pouco rápido e alto demais, abrindo um amplo sorriso para a garota, feliz por ela lhe ter dirigido a palavra – Você viu o Sirius por ai? – perguntou, levando instintivamente a mão aos cabelos e despenteando-os.

_ Não, não vi... – respondeu ela, indiferente – Vamos? –perguntou, virando-se para Amos e dando as costas a Tiago.

Os dois saíram da sala sem nem se despedir de mais ninguém. Tiago acompanhou as costas da ruiva passarem pelo umbral da porta, ainda atônito. Inconformado com o fato dela ela simplesmente tê-lo ignorado. Bufando, resolveu ir embora também. Sirius deveria estar se divertindo com Olsen em algum lugar do castelo e com certeza não iria voltar para a festa. Na verdade, conhecendo bem o amigo, Tiago acho que Sirius teria sorte se não levasse uma detenção por ficar fora da cama até ta tarde.

***

Depois de um rápido jantar, Mel apressou-se em dispensar Collin educadamente e voltar ao Salão Comunal. Obviamente, enquanto comiam, o corvinal evitara a todo custo o assunto David-Megan e só o que Mel conseguira descobrir foi que David parecia estar bastante impressionado com Megan. “Também, oferecida daquele jeito...”, pensou Mel, irritada, mas não falou nada. Assim que terminou de comer, a loira deu uma desculpa e correu de volta a Torre da Grifinória.

Ainda no Salão Principal, Remo percebeu a falta de Louis durante o jantar e ter visto Melina Wellek jantar praticamente correndo, deixar o namorado no ar e sair do salão praticamente correndo, não refrescou suas preocupações com a amiga. Ele também se apressou em terminar a comida e convenceu Pedro a levar a sobremesa, ou melhor as várias fatias de bolo e pudim, para comer no Salão Comunal.

Quando os dois garotos entraram pela passagem do retrato, Remo avistou Louis e Melina sentadas em poltronas, muito próximas e conversando. Louis parecia presa a cada palavra que Melina falava e a expressão da morena lhe dizia que a conversa não estava sendo das melhores.

_ E-então foi por isso!! – exclamou a morena, jogando-se tão drasticamente contra o encosto da poltrona que só não caiu de costas no chão, porque Remo se aproximava e segurou o encosto.

_ “Por isso o que”, Louis? – perguntou o amigo, , voltando a poltrona na posição normal.

_ Nada... – resmungou a morena, que não queria que o amigo se preocupasse a toa.

Remo olhou diretamente para Melina, intrigado. O loira corou levemente e desviou do olhar inquisidor do garoto.

_ Louis, eu te conheço a tempo suficiente pra saber quando algo aconteceu com você... – falou ele, paciente – porque é que você não me conta? – perguntou, contornando a poltrona da amiga e ajoelhando-se na frente dela, de maneira que seus rostos ficassem na mesma altura.

O estômago de Melina pareceu derreter diante da doçura no olhar de Remo. A maneira como ele preocupava-se com a amiga, tanta a dedicação, tanto carinho. Por mais que a loira lutasse contra isso, cada vez mais um sentimento forte e profundo crescia dentro dela e admirar Remo, assim, tão de perto, não ajudava em nada para evitá-lo.

_ Não é nada de mais, Remo... – desconversou a morena – Sério! – completou diante do olhar incrédulo do amigo.

_ Ah, certo... – zombou ele – Então você não foi jantar, a Wellek comeu feito uma desesperada e correu de volta pra cá por “nada de mais”? – completou, fazendo Melina se espantar com o fato do garoto ter reparado nela durante o jantar – Você sabe que eu não vou parar de insistir até você me dizer o que aconteceu...

_ Eu te odeio, remo Lupin... – brincou a morena, rindo triste para o amigo.

_ Odeia nada... – respondeu ele, rindo maroto – vai, desembucha... – falou puxando a garota pela mão e sentando-se no chão com ela.

_ Bem, não sei por onde começar... – falou ela, instintivamente, deitando a cabeça no colo do amigo, olhando aborta para o teto do Salão – mas acho que gosto do Summers... – murmurou, a contra gosto.

_ Hmm, mesmo? – ironizou ele, recebendo um olhar fuzilante da amiga em resposta – ok, ok, estou brincando... Continue... – pediu, começando a passar os dedos carinhosamente pelos cabelos negros da garota.

_ E a questão é que agora ele está namorando uma garota mais velha e mais bonita que eu, então sem chances... – desabafou ela, evitando os olhos castanhos do amigo.

_ Eu já disse a você que isso é besteira sua, Louis! – cortou Melina, ainda abismada com a intimidade dos amigos – se ele está realmente namorando a Olsen, então sinto muito, mas ele não é o garoto legal que nós achamos que era... todo mundo conhece a fama dessa menina... – completou indignada.

_ Megan Olsen? – perguntou Remo, curioso. Tinha péssimas lembranças da garota.

_ Essa mesma... – respondeu Louis, aborrecida – segundo consta eles moram perto e se acertaram nas férias... Até foram juntos a tal festa do pançudo do Slughorn hoje...

_ Então aposto que você vai interrogar Lily de cada passo dos dois, quando ela chegar, certo? – brincou ele – mas agora vamos pensar em outra coisa! O que nós, os relegados “não-favoritos” do Slug vamos fazer nesta noite de sábado? – perguntou, buscando o apoio de Melina para tentar levantar um pouco a humor de Louis.

_ Que tal algumas partidas de Snap Explosivo? – sugeriu Melina.

_ Nada como um pouco de sujeira para animar as coisas... – ironizou a morena, levando a cabeça do colo do amigo e endireitando-se.

Melina, que fora uma das primeiras alunas a dominar o feitiço convocatório, trouxe o baralho com um simples aceno de varinha. Também sentando-se no chão ao lado de Louis e Remo.

_ Quer jogar com a gente, Pedro? – convidou Remo, conhecendo a propensão do amigo de sempre ficar extremamente sujo. Quem sabe, pelo menos, ajudaria Louis a rir um pouco.

_ Claro! – concordou o balofo, pronto para fugir das aulas extras que Remo tinha prometido lhe dar.

Os quatro passaram um bom tempo jogando. Como Remo previra, Pedro estava com a cara imunda ao final do jogo, mas Louis não ficava muito atrás por estar mais distraída que o normal.

_ Acho que já vou subir... – falou Louis – preciso definitivamente de um banho... – sorriu a garota, passando as mãos pelo rosto e depois espalhando a sujeira em Melina e Remo.

_ Eu vou esperar a Lily mais um pouco... – avisou Mel – se ela não chegar logo, subo também...

Louis ainda estava no meio da escada quando o retrato se abriu e Tiago entrou pela passagem. Depois de um rápido olhar pelo Salão, resmungando alguma coisa que nenhum deles pode ouvir, o garoto se jogou numa das poltronas perto de Remo e Pedro, visivelmente irritado.

_ Cadê o Sirius? – perguntou Remo, quando Tiago continuou resmungando coisas sem sentido.

_ Deve estar enviado em algum canto com a Olsen! Me deixou lá sozinho! – reclamou o moreno, mesmo sabendo que boa parte de sua irritação vinha do fato de não ter encontrado Lily e Amos no caminho e obviamente a ruiva ainda não ter chegado.

_ Com quem? – repetiram Remo e Mel, ao mesmo tempo, abismados.

_ Com a Olsen, aquela loira da Lufa-lufa... você sabe de quem eu estou falando, Remo! – respondeu sem nenhum entsiasmo.

Remo e Mel se entreolharam preocupados e, instintivamente, olharam para as escadas a procura de Louis, mas não havia nem sinal da garota.

_ Você tem certeza disso? – insistiu Remo.

_ Lógico que tenho. – respondeu o moreno, sem entender a preocupação do amigo – E qual é o problema? Se ele quer sair com aquela grudenta, pelo menos ela é gostosa...

Remo revirou os olhos, indignado frente ao comentário do amigo. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Mel se levantou e fez menção de rumar para os dormitórios, com uma feição preocupada.

_ Não comente nada com ela... – falou ele, segurando, de leve, o braço da loira, apenas para chamar sua atenção – pelo menos até eu confirmar com o Sirius... – pediu, soltando-a, em seguida.

Melina precisou de alguns segundos para se recompor daquele contato inesperado. Um calor estranho percorreu seu corpo a partir do local em que a mão de Remo estivera. Com um leve aceno, ela concordou e rumou, incerta e confusa, escada acima.

_ Ainda não chegou mais ninguém da festa? – insistiu Tiago, não querendo imaginar o motivo de seu desconforto com a idéia de Lily estar em algum outro canto do castelo com Diggory.

_ Não que eu tenha visto... – respondeu Remo, sem prestar muita atenção a pergunta do amigo – você sabe se Sirius vai demorar pra voltar? – perguntou.

_ Não faço idéia... – respondeu o moreno, indiferente – vou subir. Me faz um favor, Remo? Quando ele chegar, dê um chute na canela daquele idiota, por mim e avise que é por ter me deixado lá sozinho... – completou, Tiago, rumando para as escadas dos dormitórios.

O moreno ainda estava nos primeiros degraus, quando o retrato se abriu. Lily entrou andando de costas, acenando e despedindo-se de Amos.

_ Até mais, então... – sorriu a garota, antes do retrato se fechar.

Voltando-se para o Salão praticamente vazio, procurou as amigas entre os presentes e, não encontrando, foi até onde Remo estava.

_ Louis e Mel já foram deitar? – perguntou a ruiva.

_ Já... Wellek tentou te esperar, mas ela precisou subir pra ficar com a Louis... – respondeu.

_ E-ela já sabe então? – concluiu a ruiva, trocando com Remo um olhar significativo.

_ Sabe que Summers foi a festa com Olsen, mas pelo que Tiago me disse isso não é tudo o que há pra saber... – respondeu.

_ Black? – perguntou ela, erguendo inquisitoriamente uma sobrancelha, ao que Remo só confirmou com a cabeça.

_ Pedi a Wellek pra não contar nada a Louis até eu confirmar essas história toda com o Sirius, se você puder deixar esses detalhes pra amanhã... – pediu o garoto, torcendo para que a amiga já estivesse dormindo quando Lily chegasse ao dormitório.

_ Claro, vou subir também. – avisou a ruiva – Foi uma noite longa. Acho melhor você acordar o Pettegrew, ou ele vai ficar com dor nas costas de dormir aqui... – completou, apontado para o garoto que roncava estirado numa poltrona. (N/As: ele estava presente na cena, mas como não serve pra nd msm... ¬¬)

_ Boa noite, Lily... – despediu-se Remo, começando a chacoalhar o amigo balofo.

_ Boa noite... – falou, seguindo para as escadas, mas parando ao ver Tiago prostrado, ali.

_ Eu sei preparar aquela poção idiota muito melhor que o Ranhoso do Snape! – exclamou o moreno, sorriso confiante e cruzando os braços sobre o peito, numa pose imponente.

_ Que pena que você não foi chamado a tentar, não é mesmo... – debochou Lily, passando direto pelo garoto e subindo os degraus sem lhe dar a mínima atenção.

Remo apenas olhou a cena intrigado. Tiago não era de fato um exemplo de modéstia, mas esse comportamento também não era comum a ele. Antes que o loiro pudesse refletir mais sobre isso, o retrato se abriu novamente e por ele entrou Sirius. Ele vinha com as mãos nos bolsos da calça, cabelos despenteados e um sorriso que deixava claro o quanto a noite, para ele, havia sido boa.




Se Remo interrogou ou não Sirius ainda naquela noite, Harry não conseguiu saber por aquela foto. A imagem instantaneamente se apagou e voltou a mostrar a cena inicial, na qual Lily e Snape prepararam a poção ao lado dos Corvinais.

***

N/As: O que dizer?! O.o’ Nada do que dissermos vai servir de desculpas pra tanto tempo sem att, mas... Bom, pelo menos, finalmente, conseguimos postar mais um cap!! Esperamos que vcs não tenham desistido da fic e agradecemos sinceramente aos comentários pedindo por att! Super obrigada!! E uma boa notícia, a nossa facul está terminando!! Nos formamos dentro de pouco mais de um mês e, ai sim, nossos interesses voltaram a ter prioridade! Por enquanto é só! Não liguem para os erros q o cap não foi devidamente revisao e corrigido, nós tinhamos pressa em mandá-lo pro ar!!

Bjos!

E comentem!!!


Notas:
as poções e os ingredientes usados neste cap foram retirados do site:
http://potterish.com/wiki/index.php/Categoria:Po%C3%A7%C3%B5es


Atenção, spolier de HP7 na nota abaixo!!! Leia por sua própria conta e risco!!!

Só um porém: para qm já leu HP7 (tem alguém que ainda não leu?! ¬¬), pode achar que a idéia do Snape começar a gostar da Lily foi inspirada pelo livro, mas já era uma das nossas teorias antigas que o fato de Voldemort tentar poupá-la era porque Snape pediu... Embora a gnt não fizesse idéia do tamanho do amor do Ranhoso pela Lily. E mais: apesar dele ter ganhado a nossa simpatia, a gnt vai manter o “roteiro original” q elaboramos pra fic, ou seja, o Snape vai continuar sendo “do mal”, ok?? Pra provar como a gnt já estava afiada nos segredos da titia JK, vc podem ver que nós já acreditávamos na importância do Mostro, como escrevemos no Cap 20, postado há milênios atrás, antes inclusive do lançamento do HP7 em inglês e da onda de Spoilers q se seguiu...
;P




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