De Volta Para o Presente



Capítulo 11: De Volta Para o Presente

Uma semana havia se passado desde a última conversa entre Draco e Gina, na qual ela havia contado a ele sobre estar noiva de Harry. Uma semana que parecia ter se arrastado como nunca e ela se perguntava se a partir de então todas seriam assim. Era torturante ver Malfoy todos os dias, fosse no Salão Principal ou nas aulas de Poções, e não poder matar sua sede de tocá-lo, de beijá-lo, de mirar aqueles belos orbes cinzentos.
Se para a ruiva não estava sendo fácil, para o Malfoy também não. Vê-la andando para cima e para baixo com Potter, encenando para Hogwarts – E que mais quisesse ver – serem o casal perfeito, não estava sendo a mais doce das realidades. Tinha vontade de matar Pansy da maneira mais dolorosa em que pudesse pensar, no entanto, não lhe era permitido fazer tal coisa.
“Infelizmente.” Pensava com raiva.
O Mestre de Poções sabia que precisava seguir em frente com o plano que Voldemort lhe designara, mas só de pensar em colocar a grifinória em perigo...Não queria ter que fazer isso. A alternativa que passava em sua mente era loucura. Mas o que era seu sentimento pela Weasley senão a perda de sua capacidade racional? Quando se tratava dela, tudo parecia mudar para ele. Porém, sabia que se afastasse o perigo de Gina, estaria o aproximando de sua mãe. Sentia-se entra a cruz e a espada e simplesmente odiava aquela espécie de sentimento. Ainda podia se lembrar do quão impotente se sentiu ao ver que Narcisa Malfoy fora transformada em prisioneira de Voldemort.
***Flashback***
Esconderijo de Voldemort
-Não vão devolver a minha varinha? –Draco perguntou, tentando parecer calmo.
-Eu não esperaria por isso se eu fosse você, Malfoy. –Macnair respondeu, cínico, enquanto olhava desdenhosamente para a varinha do loiro em uma de suas mãos –Ordens do Lorde. –deu de ombros.
-Anda mais depressa, Malfoy. –Nott empurrou-o –Pensei que estivesse ansioso para ver a mamãezinha. Nunca se sabe quando pode ser tarde demais... –deixou no ar, provocando-o.
-Seu filho da... –o loiro começou a dizer e sem esperar levou um soco na bochecha direita.
Sentiu a dor atingir seu rosto, implacável. No entanto, não deixou que nenhum vestígio da dor tomasse forma sonora e abandonasse seus lábios. Fora humilhado, mas ainda assim possuía seu orgulho e não permitiria que lhe arrancassem isso.
Chegaram ao final de um corredor e havia uma imponente e ornamentada porta de madeira. Não precisava ser adivinho para saber que sua mãe estava no cômodo por trás daquela porta, ainda mais quando os demais comensais fizeram-no parar a caminhada.
-Alohomora. –um deles pronunciou o feitiço de destranca.
A seguir, a porta foi aberta com violência por Macnair e Draco foi empurrado bruscamente para dentro do recinto. Narcisa, que estivera olhando a paisagem pela janela, virou-se para descobrir a fonte do barulho. Ficou ainda mais que surpresa ao ver seu filho a frente dos homens mascarados.
-Draco, meu filho! –ela exclamou, correndo até ele e o abraçando fortemente.
O loiro ficou um tanto surpreso com a ação tão espontânea da mãe. Narcisa não era dada a demonstrações públicas de afeto como aquela. Portanto, aquele ato fez com que ele percebesse a urgência e o desespero dela. Abraçou-a de volta:
-Calma, mãe. Vai ficar tudo bem. –ele sussurrou ao ouvido da loira o que ele sabia serem palavras vazias.
Não possuía qualquer certeza de que as coisas melhorariam. Não sabia o que viria pela frente, mas não tinha grandes esperanças de que deixariam sua mãe e a si próprio saírem ilesos daquela situação. Aqueles Comensais da Morte não estavam para brincadeiras, muito menos Voldemort, o qual tinha prazer em demonstrar seu humor sádico.
-Oh, mas não é uma gracinha ver mãe e filho reunidos? –Nott desdenhou.
Draco e Narcisa se soltaram e se posicionaram um de frente ao outro com toda a dignidade que conseguiram juntar. Nenhum dos dois se deu ao trabalho de responder à provocação.
-Eu tentei, Draco. Eu juro que tentei fugir de forma discreta. Mas eles me acharam e eu não consegui fazer nada para impedir que me prendessem aqui. Estava muito preocupada com você, mas você não deveria ter vindo. Não queria que ficasse em perigo por minha causa. Por que você veio aqui?!?
-Você é minha mãe. –ele respondeu como se fosse óbvio –Não podia te deixar aqui nas mãos desses canalhas.
-Mas será que você não percebe que aqui não há nada que eu possa fazer pra te proteger? –ela perguntou, começando a se alterar.
-Mas será que não passa pela sua cabeça que é a minha vez de tentar te proteger? –encarou-a seriamente.
-Draco.. –ela murmurou, não conseguindo pensar no que responder.
-Mas que comovente. –sibilou Voldemort de maneira cínica enquanto adentrava o cômodo.
No momento em que ouviu aquela voz gélida o corpo de Draco endureceu e ele sentiu medo. Contrariando este sentimento virou-se e postou seus olhos na figura extremamente pálida e asquerosa que Voldemort era. Inegável também era a aura de poder emanada daquele ser.
-Trouxemos Malfoy assim como nos pediu, milorde. –Macnair se dirigiu a Voldemort com toda a deferência que pôde colocar – ou fingir – em seu tom.
-Eu por acaso tenho olhos para notar isso. –respondeu maldosamente, o que fez os dois comensais temerem um castigo. –Bom trabalho. –concedeu –Já podem se retirar. –ordenou em seguida.
-Tem certeza de que é seguro, milorde? –Nott indagou, prestativo.
-Está ousando questionar as minhas ordens, Nott? –as fendas vermelhas que eram os olhos de Voldemort se estreitaram.
-De maneira alguma! –Nott se apressou a responder.
-Já estamos indo. –Macnair emendou e ambos deixaram o local.
-Tolos. O que acham que dois bruxos desarmados poderiam fazer contra mim? –falou mais para si mesmo, mas em um volume audível para os Malfoy.
Draco teve que concordar com ele contra sua própria vontade. Nem ele ou sua mãe poderiam tentar algo contra o bruxo das trevas e ser bem-sucedido nisso. Ainda mais quando não possuíam qualquer arma trouxa ou bruxa. O loiro foi tirado de seus pensamentos pela voz de Voldemort:
-Imaginei que a presença de sua mãe o traria aqui. Tão fortes são os laços, tão forte são as fraquezas. Eu não tinha tido a oportunidade de te castigar. Então prender a sua mãe me pareceu uma idéia muito boa. Minha intenção inicial era que você viesse aqui e eu pudesse torturá-lo antes de matá-lo por não ter matado Dumbledore como eu te ordenei e ainda ter se bandeado pro lado deles...
-Eu quis me formar. –o Malfoy interrompeu.
-Você já tinha aprendido o suficiente para se rum bom Comensal da Morte, Malfoy. Além do mais, se fazia tanta questão assim de se formar poderia ter esperado eu tomar Hogwarts, eu pretendo fazer isso. O fato de sua lealdade ter falhado é imutável. No entanto, Lorde Voldemort é piedoso. Estou disposta a te oferecer uma segunda chance, Malfoy.
Draco respirou profundamente. Mil e um pensamentos passavam por sua mente. Olhou de esguelha para Narcisa antes de voltar a olhar o outro bruxo:
-Vai deixar a minha mãe em paz se eu fizer o que quer que eu faça? –indagou seriamente.
-Não quero que faça nada por mim, Draco. –a loira disse ao filho –Faça o que quiser fazer, mas faça por você.
-Cale a boca, Narcisa. –Voldemort disse rispidamente –Você é omeu objeto de barganha. Não tem que concordar ou não. –e dirigiu-se ao filho -E sim, eu a libertarei. Mas apenas se cumprir até o final o que quero.
-E o que você quer?
-Eu quero a isca perfeita que vai trazer Harry Potter para a morte. –disse, sorrindo malevolamente como se aquela fosse uma das melhores (ou a melhor) idéia que já tivera.
-Hum, e quem ou o quê seria essa isca perfeita? –perguntou, neutro.
-A amada de Potter, a garota mais nova entre os Weasley. Gina Weasley. Pansy Parkinson e eu tivemos uma conversa agradável sobre isso. É mesmo muito óbvio quando se pára um pouco para pensar. A menina tem os cabelos da mesma cor que Lílian Potter. Provavelmente Potter vê um pouco da mãe nela. A mãe que eu tirei dele. E agora vou também tirar a vida dessa garota na frente dele. –e riu, achando graça daquela ironia macabra que pretendia.
-Eu não sou amigo da Weasley. Como espera que eu consiga trazê-la pra cá?
-Sou mais informado do que pensa, Malfoy. Ter fontes no Ministério da Magia é algo realmente útil. Eu sei que a Diretora de Hogwarts te ofereceu o emprego de professor de Poções e que você aceitou. Tem um ano para realizar a tarefa.
-Mas... –tentou dizer, sendo cortado.
-Não quero desculpas, Malfoy. Não me importam os meio que você vai usar, apenas faça. Essa é a sua última chance. Você falha, a sua mãe perece. Fui claro?
Draco balançou a cabeça afirmativamente enquanto engolia em seco. Mais do que nunca, sabia que estava ferrado.
***Fim do Flashback***

Respirou profundamente, resignado. Em seguida molhou a pena no tinteiro e escreveu num pedaço de pergaminho:
“Ginevra,
Eu realmente preciso falar com você. Não adianta dizer que não quer se encontrar comigo. É mesmo de fundamental importância. Encontre-me hoje em Hogsmeade no Cabeça de Javali.
P.S.: Seja discreta e o horário é 8h da noite”
Decidiu que não deveria demonstrar sentimentos no bilhete. Sendo assim, levantou-se de sua mesa na Sala de Poções e dirigiu-se para o corujal. O destino parecia ter sido traçado.

***

A ruiva estava pronta para sair do dormitório e ir para Hogsmeade. Mas estava hesitante. Apertava firme na mão direita o bilhete de Draco. Nenhuma de suas colegas de quarto se encontrava no dormitório, estavam todas jantando àquela hora. Mordeu o lábio inferior e cruzou os braços. Estava sendo ridícula, era o que pensava. Já não tinha decidido que a despeito do que dizia seu lado racional iria ao encontro?
Olhou para seu relógio de pulso. 19h10min. Se perdesse mais um minuto que fosse era quase certo que chegaria atrasada. Respirou profundamente e uma onda de decisão tomou conta dela. Saiu do dormitório e desceu as escadas de dois em dois degraus, como se fosse perder a coragem caso desacelerasse seus passos. Planejava sair furtivamente, porém estacou ao ouvir a voz que a chamou:
-Gin!
Virou-se devagar e respondeu com a cara mais lavada do mundo:
-Oi, Harry! Tudo bem?
-Nem tudo, estou estudando para uma prova de Poções. Mas tenho um tempinho pra você, vem cá, amor.
-Hum, sabe o que é Harry? Eu to meio atrasada...
-Atrasada para quê? –quis saber.
-Ah...uma reuniãozinha entre amigas. Nada que vocês homens achem interessante. –mentiu e então aproximou-se do moreno e depositou um beijo casto e rápido em seus lábios –Até mais.
-Até, Gin. Bom clube da Luluzinha.
-Como?
-Boa reunião. Foi o que eu quis dizer.
-Tá, tchau então. –e partiu, sem olhar para trás.

***

Draco tamborilava seus dedos sobre a superfície rústica de madeira da mesa em que estava, o que claramente denunciava a sua impaciência. Não se importava. Não era como se estivesse preocupado em esconder. Seus pensamentos encontravam-se focados na Wesley:
-Malfoy. –ele ouviu a voz dela chamar de forma comedida.
Imediatamente o loiro levantou-se e puxou-a para fora do recinto:
-Eu não tenho tempo para explicar agora, você vai ter que confiar em mim. –disse ao perceber que ela estava relutante em acompanhá-lo.
-Não. –ela negou em resposta.
-Por favor, Ginevra. –ele tinha certa urgência em seu tom e os olhos azuis-acinzentados a miravam com intensidade.
A grifinória suspirou e acenou afirmativamente. Assim que estavam do lado de fora do bar e sentiu que Draco queria continuar a puxá-la, perguntou:
-Para onde estamos indo?
-Para longe daqui. –ele respondeu, mas antes que Ginevra pudesse retrucar não estavam mais sozinhos.
-Bom trabalho, Malfoy. –Avery elogiou.
-O Lord vai ficar satisfeito. –foi o comentário de Nott.
Além deles havia mais três comensais só que encapuzados. Por um momento tanto o Malfoy quanto a Weasley ficaram paralisados. A seguir, Gina partiu pra cima de Draco:
-Você me enganou, Malfoy! EU TE ODEIO!!! –exaltou-se, fervendo de raiva.
O loiro segurou as mãos dela para impedir que o atingissem. Ele sabia de que a situação não era favorável para que ela interpretasse da maneira correta o que ele tentara fazer. Também estava consciente de que por mais habilidoso duelista que era não tinha a mínima chance contra 5 comensais.
Rapidamente Gina foi amordaçada e suas mãos amarradas. Draco assistia passivamente, teria que pensar posteriormente em outra forma de livrá-la. Antes que os outros passassem a suspeitar de si começou a atuar:
-Foi mesmo muito fácil. –e um sorriso presunçoso apareceu em seus lábios enquanto ele se gabava.
Havia ódio mesclado a dor no olhar que Draco viu Ginevra direcionar a si. E tudo o que ele pôde fazer foi desviar dele.

***

3 meses depois
Dia do casamento entre Harry e Gina
Hermione tinha acabado de sair do quarto da ruiva. Gina agradeceu mentalmente por isso, precisava de um tempo sozinha. No entanto, esse tempo não durou muito...
Foi para frente do espelho e percebeu que estava linda, mesmo que seus olhos não traíssem a tristeza que trazia dentro de si. O vestido que ela usava era um tomara-que-caia longo, branco e o corpete dele era decorado com cristais. Nos pés usava sapatos brancos de salto médio. Seu cabelo estava preso num elaborado penteado, o qual deixava alguns cachos soltos. A maquiagem era fraca, apenas acentuando a beleza delicada do rosto de porcelana dela. Estava tão entretida que não ouviu o ruído da porta se abrindo e se fechando em seguida. Aquela ali não parecia ser ela. Sentia-se como se estivesse ali presente apenas de corpo, como se sua alma estivesse vagando por aí. Fechou os olhos. Como era difícil. Estava dando um grande passo na sua vida e não tinha a certeza de que estava fazendo o que era certo, mesmo que as pessoas à sua volta dissessem que era. Braços enlaçaram a sua cintura e ela sentiu sobre seu ombro direito o peso de uma cabeça apoiada sobre ele. Permaneceu de olhos fechados:
-Pensei que o noivo não podia ver a noiva antes do casamento. –ela murmurou, sem emoção.
-Kittie. –foi sussurrado no ouvido dela e a ruiva arregalou os olhos como num passe de mágica.
Por um momento ela mirou o homem que estava atrás de si. Podia estar diferente com aquela peruca e cavanhaque pretos, mas aqueles olhos azuis-acinzentados por trás dos óculos de semi-aros pretos ela poderia reconhecer em qualquer lugar. Deixou que a frieza tomasse conta de si ao dirigir-se a ele:
-O que faz aqui, Malfoy? –questionou-o seriamente.
Ele suspirou:
-Você está linda, Ginevra. –mudou de assunto, com um meio sorriso.
A ruiva desvencilhou-se dele e virou-se para encará-lo de frente e não mais pelo espelho:
-Como foi que deixaram um Comensal da Morte como você entrar aqui?
Tristeza perpassou os olhos do agora moreno, Draco Malfoy:
-Não me reconheceram, é claro. –respondeu como se fosse óbvio –Mas essa não é a questão. Eu vim te impedir de cometer um erro.
-Eu não vejo nada de errado por aqui, Malfoy. Então apenas dê meia volta e saia do meu quarto, saia da minha vida.
“Saia do meu coração!” sua mente gritou com notável intensidade.
Um sorriso surgiu nos lábios de Draco ao ler aquele pensamento de Gina. Aquilo o animou um pouco, não era uma causa perdida, afinal:
-Você é realmente a noiva mais linda que já vi, mas está para casar com o homem errado. –disse com simplicidade.
A Weasley riu sem emoção:
-Essa é boa. Suponho que você acha que é o homem certo. Mas não, Malfoy. Você não é. O homem certo me ama, não me trai, não é capacho de Voldemort e não me faz sofrer. Então sinto muito, mas você não preenche nenhum dos requisitos. –falou praticamente sem respirar e espantada consigo mesma por ainda estar sustentando aquela fachada.
O loiro não se deixou abalar:
-Ginevra, eu te amo. Eu não queria compactuar com o plano de Voldemort, mas eu não tive muita escolha. A vida da minha mãe estava em risco e ainda assim, no último minuto eu quis voltar atrás. Quando os comensais nos encontraram em Hogsmeade eu menti para eles. Eu não estava lá pra te levar pra Voldemort. Eu estava lá para te colocar num local seguro. Mas então não deu nada certo e você ficou brava comigo e se sentiu traída.
-Não minta pra mim, Malfoy! Você só me usou pra conseguir me levar até Voldemort.
-Não estou mentindo. E você deveria acreditar em mim. Não sou mais um deles. Eu estou foragido agora. Você deveria imaginar isso, já que depois do que fiz não tinha mais volta. –olhou para ela seriamente.
A expressão de confusão no semblante dela traduzia seus pensamentos:
-Como assim depois do que você fez? Eu não sei do que você está falando. A última coisa que me lembro foi de ser jogada numa cela. Depois de ter acordado no St. Mungus.
-Você não se lembra de mais nada? –e ela balançou a cabeça negativamente –Fui eu quem te levou para o hospital...
-Você??? –ela interrompeu-o, cheia de descrença.
-Sim, eu te salvei. Não sei se devo comentar sobre isso com você, se a sua mente bloqueou essa lembrança deve ser traumatizante pra você. –respondeu, sinceramente preocupado.
Gina levantou as sobrancelhas, sua curiosidade a guiando:
-Me conte.
-Não sei se é uma boa idéia... –tentou dissuadi-la.
-Agora, Malfoy. –disse, decidida –É da minha vida que estamos falando.
Ele respirou profundamente, antes de encará-la e revelar:
-A cela em que te jogaram, disso você lembra, certo? –e ela afirmou –Voldemort deu autorização para que os comensais se divertissem com você. Só que a idéia de diversão deles não é só tortura, ainda mais com uma prisioneira tão bonita quanto você. Eles... –hesitou e fechou os punhos, demonstrando que aquelas memórias realmente o incomodavam –Eles tentaram abusar de você. Eu estava por perto, eu ouvi os seus gritos. Quando eu cheguei, vi o que estava para acontecer, apesar dos seus esforços contra. E eu absolutamente não poderia permitir aquilo. Eu vi vermelho. Eu não quis saber quantos comensais tinham ali. Eu atirei feitiços pra todos os lados e não eram feitiços de brincadeira. Eram pra machucar, pra matar. –seus olhos estavam sombrios –Quando tinha incapacitado e matado os que estavam naquela cela, eu olhei para você. O Seu cabelo estava todo bagunçado, lágrimas caiam pelos seus olhos, seu rosto estava vermelho e inchado de um lado onde te bateram, suas roupas estavam rasgadas. Você se encolheu quando eu me aproximei, como um animal indefeso e acuado. Seu corpo estava tremendo e eu não sabia se de frio, de medo ou os dois. Eu senti ódio do que aqueles homens tinham feito com você e do pior que ainda fariam se eu não tivesse chegado. Eu envolvi o seu corpo nos meus braços e sussurrei “Sou eu, Kittie. Eu não vou deixar ninguém mais machucar você.” E então você me olhou e disse “Draco, você é meu herói.” Eu nem tive tempo pra ficar feliz com as suas palavras, já que no momento seguinte você ficou inconsciente. Você estava suando e a sua pele estava ardendo em febre. Eu te tirei de lá o mais rápido que consegui e fui pro St. Mungus. Te deixei lá e desde então tenho fugido e minha mãe está fora do país.
Gina estava de boca aberta. Era difícil de acreditar na história dele, mas ajudava alguns lapsos que ela tivera enquanto ele contava:
-Draco, eu...obrigada.
-Seja Ginevra Molly Weasley Malfoy. –ele foi direto.
-Isso foi um pedido de casamento? –ela não pôde deixar de perguntar.
-Foi um pedido de deixe o Potter, fuja comigo pro exterior e case comigo.
-Você ficou louco? –ela perguntou, querendo dizer o mesmo de si mesma pela alegria que tinha se instalado dentro de si pelo pedido dele –Eu fico muito grata por você ter me salvado, mas eu empenhei a minha palavra. Eu não posso deixar o Harry no altar. Desmoralizaria ele, me chamariam de vaca sem coração. Não daria certo.
-E mais uma vez o estúpido altruísmo grifinório não está deixando que você pense em si mesma. É casar com o Potter que vai te fazer feliz? É com ele que você quer dormir e acordar todos os dias? Você quer ter filhos com olhinhos verdes de sapinhos cozidos? Porque se isso tudo te fizer feliz eu vou embora desse quarto nesse instante. –e ela ficou quieta –Porque mais do que te amar, Ginevra, o que me fez arriscar e vir aqui hoje é pensar que o Potter não pode te fazer mais feliz do que eu posso. Eu estou errado, Ginevra? Eu preciso de uma resposta. Se você disser que estou, isso é um adeus. Se você disser que não, então você vai ter que aceitar o que estou dizendo.
-Draco...Não faz isso comigo...por favor.
Ele revirou os olhos e numa passada chegou perto dela, puxando-a para um beijo. Gina sentia que estava traindo Harry, então empurrou Draco com toda a força que conseguiu reunir, o que só fez ele apertá-la mais forte em seus braços. No entanto, antes de estar traindo Harry, estava traindo a si mesma. Sabia que amava Draco e que se casasse com Harry nunca poderia dar o amor que ele merecia e também não seria plenamente feliz. Desistiu de trancar os dentes e entreabriu os lábios. Que falta tinha sentido da língua dele na sua, do cheiro do perfume dele, do calor do abraço, entre tantas outras coisas que só ele a fazia sentir. Fora um beijo longo, marcado de saudades, e ao fim dele, Draco disse:
-Talvez isso tenha te ajudado a pensar.
-Golpe baixo. –ela murmurou, os olhos brilhando.
-E então? –ele perguntou, com um sorriso sedutor –Apresse-se, eu não vejo a hora da noite de núpcias com a minha noiva.
-Mas eu não disse que sim.
-Então diga de uma vez. Sério, Ginevra, daqui a pouco vem alguém aqui e tudo estará perdido.
-Eu te amo, Draco...
-E? Você vai ou não desistir do pior erro da sua vida? Seja egoísta uma vez na sua vida! Pense no que você quer, se você me ama mesmo então vamos embora daqui.
-Mas...Draco, eu tô vestida de noiva. Você acha que eu vou passar despercebida???
Ele sorriu:
-Nada que um feitiço de desilusão não resolva. –falou, já retirando a varinha do interior de sua capa e colocando-a sobre a cabeça de Gina enquanto ele realizava o feitiço.
-Essa é a maior loucura que eu já cometi na minha vida. –ela declarou quando ele a puxou porta afora.
-Idem.
-Sério?
-Com que freqüência você acha que eu roubo noivas no dia de seus casamentos? –perguntou ironicamente.
Com sucesso conseguiram sair de perto da Toca, Gina nem conseguiu olhar para trás, tinha medo de fraquejar, mesmo sabendo que estava seguindo seu coração.

N/A: Tá, eu sei que mereço pedradas por demorar quase um ano pra postar. Sorry!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.