Decepção



Capítulo 9: Decepção

Ginevra encontrava-se na Sala Precisa. A decoração atual da sala consistia numa lareira acesa, um tapete negro e macio que cobria o chão e uma cama de dossel com lençóis de seda. Havia também uma cadeira de espaldar alto na qual sua capa de inverno estava pendurada e um sofá de estofado branco, que ficava virado para a lareira, portanto de costas para a porta. A ruiva estava sentada no mesmo. Tinha as pernas cruzadas e balançava um pé ritmadamente, como se com aquele gesto pudesse expurgar de si a frustração por Draco estar atrasado. Sentia que se virasse a cabeça para vislumbrar mais uma vez a porta da Sala Precisa, acabaria ficando com torcicolo. Bufou com impaciência.
“Merlin, eu não mereço isso. O Draco tá me fazendo de palhaça ou o quê? É a terceira vez nessa semana que ele me deixa esperando.” Pensou inconformada.
Tais tipos de pensamentos nada amistosos cruzavam sua mente com crescente freqüência. Como ele ousava deixá-la esperando por...Quanto tempo fazia mesmo? Ah sim, um relógio apareceu em cima do console da lareira quando a grifinória pensou sobre o horário. 20h e 30min. Ele estava meia hora atrasado. Draco Malfoy que preparasse os ouvidos, pois Ginevra Molly Weasley planejava um longo sermão.
Quando a ruiva pensava que sua impaciência já não tinha como aumentar, mãos taparam-lhe os olhos e uma voz rouca e arrastada sussurrou-lhe no ouvido. A voz dele:
-Boa noite, Kittie. –e fez questão de roçar os lábios no lóbulo da orelha dela enquanto falava.
-Você está atrasado. –ela disse friamente.
Draco deu um suspiro cansado e rodeou o sofá, sentando-se ao lado dela. Fora convocado por Voldemort sem aviso prévio e só tinha sido liberado pouco tempo atrás.
-Eu sei que está brava comigo, Ginevra. Eu também sei que me atrasei quase uma hora e que parece um descaso, mas isso não é verdade. Peço que me perdoe. Tive um compromisso de última hora.
-Compromisso de última hora?!? –ela bradou, ainda muito brava –Claro, porque para você a última coisa na escala de importância é o nosso namoro e você não se importou em me avisar que se atrasaria. Que compromisso é esse que te faz ficar atrasado 50 minutos?
“Você acha que ela vai querer ficar com um Comensal da Morte?” o que Pansy havia dito na noite do baile ecoava em sua mente.
Parkinson provavelmente estava certa. Por que Ginevra Weasley, que possui Harry Potter aos seus pés iria querer ficar com um Comensal da Morte que luta do lado em que ela repudia tudo? Por um lado Draco forçava-se a pensar que não contava a ela porque se o fizesse o plano de Voldemort estaria perdido. No entanto, ele sabia que mais do que a segurança de seu próprio pescoço e de sua mãe, ele queria Gina perto de si porque a amava. Era um sentimento agridoce e paradoxal. Ao mesmo tempo em que lhe trazia forças, era sua fraqueza. Havia felicidade em simples gesto como uma troca de olhares, mas também havia tristeza por trás dos olhos cinzentos. E a culpa...Constante companheira de Malfoy, a qual já ia apresentando-lhe marcas como olheiras. Mas ele era um Malfoy. Ele era forte, precisava ser forte. Ou pelo menos era nisso que ele tentava acreditar e no que se apegava com todas as forças.
-Tive que ir a Hogsmeade. Caso de envenenamento. Tive que ministrar e levar às pressas a poção. –mentiu de maneira extremamente convincente.
Preocupação surgiu no semblante da Weasley:
-Nossa, Draco. Envenenamento? Seria obra de algum Comensal da Morte?
Ele pegou ambas as mãos da namorada e respondeu:
-Possivelmente. Mas não vamos falar sobre isso. Não quando temos coisas muito mais interessantes a fazer. –disse e alcançou os lábios dela.
A ruiva não prolongou muito o beijo, logo se afastando:
-Você é um garotinho mimado. Eu não esqueci que me deixou esperando. Não pense que eu vou fazer o que você quer. Você não merece.
O loiro revirou os olhos:
-Kittie, eu já te disse que precisei cuidar de um caso de envenenamento. Queria que eu deixasse a pessoa morrer?
-Draco, eu me arrumei toda para você e deixei de jantar para vir te ver. E você nem elogiou o meu penteado ou sequer teve a consideração de me mandar um bilhete avisando.
Só agora o loiro percebia a trança embutida que havia sido feito com o cabelo rubro:
-Desculpe, Kittie. Essa trança ficou bem no seu cabelo. E eu prometo que se precisar me atrasar de novo, irei te avisar.
Ainda assim ela cruzou os braços e virou de costas para ele.
Malfoy revirou os olhos.
“Isso deve ser TPM.” Pensou com desgosto.
O loiro abraçou-a por trás e sussurrou em seu ouvido:
-O que você quer fazer, Kittie?
Gina soltou-se de Draco e em seguida empurrou-o de costas no sofá. Ela beijou brevemente os lábios dele e depois se aninhou contra o corpo dele:
-Eu só quero ficar assim pertinho de você. Sentir que o que nós temos é real.
Draco não ousou retrucar, apenas abraçou o corpo da grifinória. Sentiu uma sensação de paz, a qual prevaleceu sobre a culpa. Daria tudo para poder ficar assim com ela todos os dias sem nenhuma preocupação. Daria tudo por um mundo em que não houvesse uma guerra, um mundo em que ele não precisaria ser um Comensal da Morte e que pudesse apenas ser ele mesmo: Draco Malfoy, senhor de sua própria vida.
No entanto, se ele fosse realmente sincero consigo mesmo, sabia que isso era apenas uma utopia distante. Ele era um Comensal da Morte e o mundo bruxo estava sim em guerra. E ele nem de longe poderia considerar-se dono de seu próprio nariz, porque tinha um bruxo de olhos vermelhos e sem nariz, que mandava nele.
O olhar do loiro tornou-se vidrado, enquanto ele encarava as chamas da lareira.
“Eu não queria realmente ter me tornado um Comensal...Se ao menos eu pudesse fugir.”
Mas ele não poderia deixar tudo para trás. Tinha se tornado um Comensal para proteger sua família. Agora seu pai estava morto e sua mãe...Como ele havia ficado preocupado com ela ao receber a carta de Snape há aproximadamente um ano. Temera pela vida dela. Sonhava que estavam torturando-a e depois a matavam dolorosamente.
Pouco depois que tinha terminado a escola, Draco ficou sabendo que sua mãe fora feita prisioneira de luxo de Voldemort. Narcisa era bem alimentada, bem vestida e apesar de não estar em uma cela, era impedida de sair do “modesto” esconderijo do Lorde das Trevas, uma mansão no interior da Inglaterra.
Voldemort tinha deixado perfeitamente claro para Draco que o loiro deveria seguir à rica seu plano ou Narcisa Malfoy sofreria as conseqüências. Ela poderia não ser a mãe mais amorosa do mundo, mas Draco estava ciente de como ela o amava e também amava seu pai. Fora com surpresa que ele presenciara a máscara de mulher independente e feliz cair quando seu pai morrera. Não houvera corpo para ser enterrado, mas testemunhas afirmavam que não havia como Lúcio ter sobrevivido. Narcisa chorara por dias e Draco era o único que estava lá para consolá-la. Ainda podia lembrar-se dela dizendo “Agora somos apenas nós dois, meu filho. Cuide-se, porque eu não suportaria perdê-lo também.”
A situação de Malfoy não era das mais favoráveis. Enquanto por um lado era pressionado por Voldemort, por outro Pansy Parkinson o chantageava. Ela queria encontrá-lo na sala dele na noite seguinte e Draco podia perfeitamente imaginar o que ela queria com ele.
“A vaca da Parkinson, tenho vontade de esganá-la com minhas próprias mãos.” Pensou com raiva.
Gina, que olhava para o rosto do namorado, notou a mudança da expressão facial dele.
-O que foi, Draco? Parece incomodado com alguma coisa.
-Não é nada, Kittie. Estou sobrecarregado. –ele respondeu e não deixava de ser verdade.
-Você precisa descansar, Draco. E eu estou aqui te prendendo. Desculpe, vá dormir.
-Não, não. Tá tudo bem. –ele respondeu, não querendo deixar de sentir o calor do corpo dela entre seus braços.
Ela bufou:
-Draco, seu teimoso. –ela fez menção de levantar-se, mas então levou uma mão à testa e fechou os olhos por alguns segundos.
-O que foi? –ele perguntou, preocupado.
-Nada, só tontura. –ela respondeu, reabrindo os olhos –Nada demais.
-Como nada demais. Deve ser porque você não foi jantar. Também está com dor-de-cabeça? Estômago vazio dá dor-de-cabeça.
-Não é porque não jantei. Eu tenho isso já faz algum tempo.
-E por que não foi até Madame Pomfrey? Você tá comendo mal ultimamente?
-Juntando os estudos e nossos encontros, tá me deixando bem cansada, então não posso dizer que minhas refeições estão o mais regradas possíveis, mas eu já disse que não é nada demais.
-Depois eu sou o teimoso...
Ela revirou os olhos:
-Ah, eu vou indo embora então.
-Ai, essas pessoas da grifinória que não agüentam ouvir verdades.
Gina empurrou Draco, mostrando não ter gostado do comentário do loiro. Ele então a apertou num abraço:
-Ai! –ela reclamou.
-O que foi? Nem foi um abraço de urso, vai.
-Doeu aqui. –ela apontou inocentemente os mamilos e passando os dedos levemente por eles, como que para checar que tudo estava normal.
Draco abriu um sorriso muito do malicioso ao dizer:
-Se eu beijar, sara.
-Draco! –ela exclamou, falsamente indignada.
-Vai dizer que não gosta da idéia? Duvido.–desafiou.
-Você me conhece bem demais. –ela respondeu.
Draco encarou aquilo como uma permissão e deitou-a no sofá. A seguir abriu os botões da camisa dela, olhando-a diretamente nos olhos, o que a fez corar. Ela usava um sutiã cor-de-rosa e delicado. Para o deleite do sonserino, abria na frente e ele não teve qualquer dificuldade em tirá-lo. Ele passou as mãos muito levemente pelos seios dela, o que trouxe arrepios no corpo da ruiva e causou o enrijecimento dos mesmos.
Malfoy subiu e desceu as mãos algumas vezes as mãos pela curva da cintura da namorada antes de abaixar-se e começar a beijar um dos mamilos.
-Ai, Draco!
Não tinha sido por prazer e ele parou, olhando-a seriamente:
-Tá sensível demais pra ter doído assim tão facilmente. Você tá grávida?
-Não. Não pelo que eu saiba. As regras estão atrasadas, mas apenas 3 dias. Já aconteceu de atrasar antes. Além do mais eu tomo as devidas precauções pra não engravidar.
-Acho bom. –ele respondeu, sem perceber um pouco rude.
Os olhos amendoados estreitaram-se e ela empurrou-o:
-Então eu sirvo pra deitar na sua cama, mas não sirvo para ser a mãe dos seus filhos, é? Acha que eu engravidaria só para por as mãos na sua maldita fortuna?!? –indignou-se, já fechando os botões de sua camisa.
-Não é nada disso, Ginevra. Apenas esta não seria a melhor hora para alguém ter um filho. Caso não tenha percebido, há uma guerra lá fora e...
-E o quê, Draco Malfoy? Eu deveria saber que você nunca mudaria. Não sei por que eu insisti...
-Você disse que me amava, mas pelo visto prefere ficar com alguém que você não precise querer mudar, como o maldito Potter Perfeito.
Gina calçava com pressa seus sapatos, quando respondeu:
-Não me procure mais, Malfoy. Se é alguém que deite na sua cama que você quer, vá procurar uma das prostitutazinhas que adorariam abrir as pernas pra você. Pensa que eu não vejo como as alunas te olham? Ou então vai e escolhe a prostituta mor da Parkinson, você não vai ter nem que estalar os dedos. –disse, sem medir as palavras ou as conseqüências.
Ela levantou-se do sofá e foi andando determinada em direção a porta. Não tinha dado nem cinco passos, quando Draco segurou-a pelo braço:
-Espera, Ginevra! –falou seriamente –Você está sendo precipitada e está colocando palavras na minha boca.
-Me deixa, Draco! Eu não quero mais te ver! –se soltou dele e saiu da Sala Precisa sem ao menos olhar para trás.
Gina foi direto para a Torre da Grifinória e começou a sentir uma cólica terrível pelo caminho.
“Desgraça pouca é bobagem. Eu tinha que ficar com essa cólica maldita justo agora? Culpa daquele canalha do Malfoy. Grávida? Que absurdo! Como se eu quisesse algum centavo do dinheiro da família idiota dele.” Pensou com raiva.
Depois de um banho e de se preparar para dormir, Gina deitou-se na cama. O sono não veio. Ela ficou pensando em sua briga com Draco e sentia-se cada vez pior. A raiva sendo substituída por tristeza. Ela tinha chutado o pau da barraca, mas seu orgulho não a deixava cogitar a possibilidade de pedir desculpas a ele. Também duvidava que o loiro pisaria em seu orgulho e implorasse perdão. Ao pensar que talvez aquele realmente tivesse sido o fim do relacionamento entre eles, lágrimas brotaram de seus olhos. Realmente amava Draco Malfoy. Ela tinha confiado a ele tudo. Seu amor, sua virgindade, sua alma.
Ele era seu professor, ter que vê-lo e saber que nunca mais poderia tocá-lo era deveras tortura. Mal acreditava que novamente estava sofrendo por amor. Depois de sofrer por Harry tinha prometido a si mesma que não mais iria se apaixonar, mas o destino lhe pregara uma peça. Se apaixonar por Draco fora algo completamente fora de seus planos, mas simplesmente acontecera. Era fantástico estar com ele e ela não queria que isso acabasse. No entanto, aquela briga entre eles fora algo muito grave...
Gradualmente suas pálpebras foram se tornando mais pesadas e a última coisa que passou por sua cabeça era se Draco estava se sentindo tão miserável quanto ela pela briga que tiveram.

***

A muito contragosto, Draco Malfoy levantou-se naquela fria manhã de dezembro. Com a varinha silenciou o estridente despertador. Bocejou e sentou-se na cama. Não tinha dormido quase nada e sentiu-se tolo ao perceber que havia adormecido abraçado a capa de inverno que Ginevra tinha esquecido na Sala Precisa. Dobrou com cuidado a capa dela e depositou sobre sua cama, pensando em devolver mais tarde. Ainda não acreditava na briga estúpida que tinham tido. Ele não estava nem perto de querer insinuar que ela estava interessada no dinheiro dele ou que apenas a queria para sexo. Será que ela não entendia que ter filhos era algo complicado com eles sendo tão jovens e o mundo bruxo em guerra?
Sabia que para o plano de Voldemort dar certo era fundamental que a ruiva confiasse cegamente nele. Mas a verdade era que há muito tempo Draco não tinha mais a mínima vontade de concretizar aquele plano. Infelizmente não era uma questão de escolha. No entanto, ele estava mais do que aborrecido pelas coisas que tinha ouvido da namorada e pedir desculpas não era de seu feitio, ainda mais quando ele achava que ela era a culpada por ter o interpretado mal.
Depois de alguns minutos, fazendo o possível para parecer apresentável sem ter que recorrer a poções, as quais teriam efeitos colaterais se ele as tomasse de estômago vazio, resolveu sair para tomar café-da-manhã. Cumprimentou normalmente os professores que já se encontravam à mesa e sentou-se no seu lugar de costume. Fez a refeição em silêncio e a única coisa que poderia denunciar que não estava tudo bem com ele eram seus olhos.
Pouco depois Pansy Parkinson chegou e sentou-se ao lado do Malfoy:
-Bom dia, Draco. –falou, aparentemente bem-humorada, após cumprimentá-lo com um beijo no rosto –Você sabe que é hoje à noite, não é?
-Sim, eu sei, Parkinson. –respondeu, entediado –E acho que você deve ter percebido o quão animado estou com isso que seria capaz de falar com você sobre isso durante horas. –seu tom transbordava ironia.
Pansy fingiu não ligar para o comentário dele e dirigiu o olhar para um ponto específico da mesa da Grifinória, onde uma ruiva olhava para os dois:
-Olha lá, Draco, acho que a sua namoradinha tá com ciúmes. Ela não pára de olhar pra cá. Será que você não ensinou a ela como ser discreta?
-Cale a boca, Parkinson, estou sem a mínima paciência. –foi curto e grosso, sem desviar o olhar de sua refeição.
Tudo o que Malfoy conseguiu foi arrancar um riso prazeroso dos lábios da professora de Herbologia:
-Ah, não me diga que o casalzinho 20 brigou.
-Não é da sua conta, Parkinson.
-Tsc, tsc. Pense pelo lado positivo, você se sentirá menos culpado essa noite. –ela disse antes de começar a comer.
Draco deu graças a Deus quando ela terminou de incomodá-lo com sua voz extremamente irritante.
“Que ódio! Quero matá-la lenta e dolorosamente.” Pensou maquiavelicamente.
Continuou evitando olhar para Ginevra, achando que ela merecia um gelo da parte dele.
Para ele o dia passou com cada minuto se arrastando e ele sentia como se nunca chegaria a aula dupla de poções que ele daria aos setimanistas. Observou os alunos entrarem na sala e sentiu-se o coração apertar ao ver Gina entrando de cabeça baixa e indo sentar-se ao lado do menino-que-sobreviveu. Ciúme queimou venenosamente dentro de si, mas ele fingiu que se sentia indiferente.
Pediu que eles preparassem uma complicada poção que servia para severas queimaduras. Quase no final da segunda aula, passou pelas bancadas dos alunos, observando o que eles tinham feito e fazendo anotações. Ao passar perto da bancada em que Ginevra e Potter se encontravam, Draco, sem que ninguém percebesse proferiu um feitiço não-verbal que abriu um buraco no fundo da mochila da ruiva que se encontrava apoiada no chão.
Assim que o sinal bateu, anunciando o fim da aula, os alunos apressaram-se em arrumar suas coisas e entregar uma amostra da poção a Draco para finalmente irem embora. Ao levantar sua mochila, o rasgo ampliou-se com o peso e os materiais dela caíram no chão:
-DROGA! –a ruiva praguejou.
-Algum problema, Srta. Weasley? –o loiro perguntou, erguendo a sobrancelha esquerda sugestivamente.
-Não, nenhum, Professor Malfoy. –respondeu de má vontade, fuzilando-o com o olhar.
-Quer que eu te ajude, Gin? –Harry perguntou, prestativo.
-Não, muito obrigada, Harry. A gente se vê no Salão Comunal. –fez questão de aumentar o tom de voz para que Draco ouvisse e então deu um beijo na bochecha do moreno antes que ele se fosse.
Hermione saiu da sala junto com Harry e tinha um olhar que Gina não conseguiu decifrar na hora. Logo Draco e Gina estava sozinhos na masmorra e pouco depois ele fechou a porta com um gesto de sua varinha, além de lançar um feitiço de impertubabilidade:
-Precisava ter rasgado a minha bolsa, Malfoy? –Gina quebrou o silêncio, friamente.
-Não por isso. –e com mais gestos de sua varinha, ele arrumou a mochila dela e depositou dentro dela o que havia caído –Feliz agora?
Gina pegou sua mochila e colocou-a nas costas para depois aproximar-se da mesa de Draco:
-O que você quer?
-Devolver a sua capa. –ele respondeu –Espere enquanto vou buscá-la. –anunciou antes de abrir a porta numa parede adjacente que ela sabia dar acesso ao quarto dela.
Pouco depois o loiro voltou com sua capa:
-Obrigada. –ela agradeceu, sem olhá-lo nos olhos e guardando de qualquer jeito a capa em sua mochila –É só isso?-perguntou, dessa vez encontrando os olhos cinzentos.
Ele não respondeu. Ficou paralisado, olhando muito absortamente a face de Gina, como se quisesse decorar cada pedacinho do rosto dela: Os brilhantes olhos amendoados, as sardas pontilhando a pele alva, o nariz pequeno e levemente arrebitado. Era um conjunto que o hipnotizava.
A ruiva também o encarava. Seu coração batia acelerado ao sentir-se invadida tão profundamente pelos olhos cinzentos. Ela amava aqueles olhos, o rosto pontudo, o nariz aristocrático, a pose arrogante, as peculiares demonstrações de amor, os cabelos loiros claros. Tudo. Ela amava tudo nele.
“Lembre-se que você está magoada com ele. Controle-se Gina! Ele não te merece.” Ela pensou, forçando-se a desviar o olhar e então dando as costas ao loiro.
Draco deixou-a partir. Olhou para a aliança de compromisso que ia em seu dedo anelar direito e soltou um profundo suspiro que se traduzia em puro pesar.
“Ela tem razão, eu não a mereço.”

***

Gina sabia que precisava comer ou ainda acabaria ficando doente, mas estava tão concentrada na decepção por ele não ter dito coisas que apesar dela não esperar que ele realmente fizesse, ainda assim fantasiara, que não teve vontade e foi direto para o a Torre da Grifinória.
“Sou mesmo uma estúpida! Como pude pensar que ele diria que nunca estivera tão arrependido em toda vida e que precisava desesperadamente de mim?!? No fundo eu nunca devo ter passado de uma Weasley Pobretona para ele. Então por que eu não consigo parar de olhar para essa aliança e tirá-la do meu dedo de uma vez por todas?!?”
Disse a senha rapidamente para a Mulher Gorda e adentrou o Salão Comunal. Vários grifinórios encontravam-se por ali, inclusive o trio de ouro. Gina não chorava, mas era evidente que não estava bem.
Rony e Harry jogavam xadrez. O moreno levantou os olhos e fez um sinal chamando a ruiva. Gina então se lembrou que prometeu que se encontraria com Harry no Salão Comunal. Aproximou-se dos dois e percebeu que Hermione estava próxima a eles e lia um livro.
-Queria conversar comigo? –o moreno perguntou.
-Não, não era nada, Harry. Eu só queria...que você me dissesse o que você fazia andando com a Parkinson ontem?
-Tá com ciúmes, Gina? –Harry perguntou, sem esboçar nenhuma expressão, embora tivesse um trejeito de riso de triunfo.
-Não estou. Apenas acho que você deve tomar cuidado com aquela vaca leiteira. –disse com raiva e subiu as escadas para o dormitório feminino da grifinória.
Jogou-se na cama e ficou olhando para o teto. Pouco depois ouviu o barulho de passos e logo avistou a cabeça de Hermione Granger aparecer na porta.
-Gina?
-O que é?
A morena sentou-se na cama da ruiva, mas Ginevra continuou a olhar para o teto. Houve alguns segundos de silêncio antes que Hermione se pronunciasse:
-O que foi que o Malfoy te fez?
-Nada.
-Você acha que eu sou idiota, Gina? Você e o Malfoy no mínimo tem um caso, mas a julgar por esse anel no seu dedo é mais sério que isso.
A Weasley engoliu em seco e sentou-se num rompante, encarando abismada, a outra:
-Como é que é? –perguntou, como se seus ouvidos se recusassem a “digerir” a informação.
Granger respirou fundo:
-Estou dizendo que eu sei de você e do Malfoy e nem tente mentir para mim, tenho evidências mais que suficientes.
-Evidências? –perguntou, tentando ganhar tempo.
-Sim. Você não usava qualquer anel, de repente aparece com esse que é igualzinho o do Malfoy. Além do mais, por muitas vezes você sumia, principalmente à noite. Também tem o fato do Malfoy ter interferido quando o Harry te beijou no Salão Principal e por último, mas não menos importante, você entra em salas vazias com ele e na Sala Precisa, isso quando não entra no próprio quarto dele.
Gina estava pálida e indignada:
-Você me seguiu, Hermione Jane Granger?
-Mapa do Maroto. –ela respondeu com simplicidade.
-Você não tinha esse direito!
-Eu estava preocupada com você, ok? Você estava estranha. E se estivesse sendo manipulada por magia negra novamente ou sabe-se-lá-o-quê?
A ruiva deu-se por vencida:
-O Rony e o Harry não sabem disso, não é mesmo?
-Não, só eu sei. Eu não sou louca de contar para eles. Não quero nem pensar no que eles seriam capazes de fazer. Mas Gina como é que você pôde trocar o Harry pelo Malfoy?
A Weasley olhou pela janela ao responder, tentando evitar o olhar extremamente acusatório da amiga:
-Eu amo o Draco, Mione.
-Meu Merlin! É mais grave do que pensei. Como isso foi acontecer?
Gina voltou dessa vez o olhar para ela:
-Não me condene. Aconteceu. Lembra a detenção em que eu tive que ficar algemada com ele? –e ela assentiu, lembrando-se de Luna contando –Nós fomos forçados a conviver 24 horas durante 10 dias. No começo eu repudiei a idéia, mas depois eu percebi que ele não era tão mau assim. Ele estudava pra caramba para os NIEM’s e ele adora tanto poções que até me ensinou algumas, inclusive a Veritasserum. Foi por isso que eu terminei tão rápido daquela vez. Mas o momento em que assumi para mim mesma, mesmo que inconscientemente, que eu me sentia atraída por ele foi quando a detenção estava quase acabando. Eu tinha acabado de sair do banho. Ele tava sentado na cama dele, estático. Eu falei com ele, provoquei e nada. Ele parecia em estado de choque e ele estava. Para tentar fazer ele falar, eu acabei beijando-o. Pensei que ele iria me repelir, mas isso não aconteceu. Ele correspondeu e aprofundou o beijo. Quando ele dormiu, eu peguei no bolso dele um papel, que era uma carta do Snape dizendo que a mãe do Draco estava desaparecida. Então eu entendi o porquê dele ter estado tão estranho. Quando teve o baile de formatura no ano passado, eu fui como par do Dino, mas eu acabei ficando com o Draco nos jardins. Foi ótimo Mione, mas você não sabe o quanto eu fiquei me sentindo culpada por causa do Harry. Então as férias chegaram e eu achava que não veria mais o Draco e que então ter ficado com ele seria um assunto enterrado. Você, o Harry e o Rony voltaram. Eu e o Harry voltamos a namorar e voltamos a Hogwarts. Você não imagina como eu tive medo do Draco contar ao Harry que eu tinha ficado com ele. Quando o Harry terminou comigo pela 2ª vez, eu fiquei muito brava! Pensei em desabafar com o Draco, então eu fui até as masmorras. Eu o abracei e ele me abraçou de volta. Eu chorei e disse a ele que o Harry tinha terminado comigo. Daí ele disse que o Harry era um burro por ter terminado comigo e feito eu chorar. Então eu o beijei, Mione. E uma coisa leva a outra e...nós dormimos juntos.
-Meu Deus! –a morena levou as mãos à boca –Gina...
-Foi impulsivo, eu sei. Mas na hora eu estava com muita raiva do Harry e o Draco tinha sido legal comigo. Eu achei que ele só tinha me usado, mas ele disse que não. Logo ele disse que queria namorar e eu aceitei. Então no dia do baile ele propôs usarmos alianças. Eu amo o Draco, Mione, e ele disse que me amava, mas agora eu nem sei mais... –terminou tristemente.
Hermione abraçou Gina, sentindo que ela precisava de consolo:
-Vocês brigaram?
-Sim. –respondeu com a voz meio embargada –Ontem à noite. Eu estava com dor-de-cabeça, tontura e excesso de sensibilidade nos seios e daí o Draco perguntou se eu estava grávida. Eu disse que não e ele disse que ainda bem. Daí eu briguei com ele, dizendo que ele só me queria na cama dele, mas não como mãe dos filhos dele e que eu não seria capaz de engravidar pra dar um golpe nele.
-E o que ele disse?
-Que eu estava colocando palavras na boca dele. E disse que eu deveria ir procurar o Harry, porque era alguém que eu não precisaria querer mudar. Foi a pior briga que já tivemos. Hoje quando eu fiquei sozinha com ele na sala, ele devolveu uma capa minha. Não aconteceu mais nada. Ele não pediu desculpas, não tentou me beijar. Nada. Eu nem sei o que pensar, Mione.
-O Harry realmente seria melhor que o Malfoy...
-Hermione! Você não está ajudando... –reclamou, saindo do abraço.
-Será que você não vê que o Harry apelou até pra Parkinson pra tentar te fazer ciúmes?
-Se ele realmente fez isso, não deu certo. –respondeu simplesmente.
Antes que a morena pudesse falar qualquer outra coisa, as duas ouviram um barulho de “tec, tec” na janela. Era uma coruja parda. Gina dirigiu-se à janela e abriu para que a coruja entrasse. Assim que retirou o pedaço de pergaminho da pata do animal, o mesmo levantou vôo.
“Eu sei que você está brava comigo, mas precisamos conversar. Meu quarto, hoje, 22h.
Draco”
-O que diz? É do Malfoy? –Hermione perguntou, curiosa.
-Sim, é dele. Disse para eu ir no quarto dele hoje à noite para conversarmos.
-Conversar? No quarto dele? –perguntou descrente.
-Bem, se ele assumir que foi um completo idiota e pedir desculpas com muito jeitinho, daí quem sabe não seja apenas conversar. –respondeu, suspirando.
Hermione fez uma cara estranha:
-Por favor, não me faça imaginar você e o Malfoy na cama.
Gina enrubesceu:
-Você acha que eu devo ir?
-Hum...você sabe que eu não exatamente apóio, não é mesmo? Mas se você ama o Malfoy e ele se retratar com você, isso vai te fazer feliz. Então vá.
Ginevra contou ansiosamente os minutos para às 22h e então saiu do Salão Comunal, mesmo sabendo que já tinha passado do horário do toque de recolher. Dirigiu-se silenciosamente até a masmorra em que tinha aula de poções. Abriu a porta com um alohomora. O lugar estava escuro, mas ela podia ver uma nesga de luz saindo por debaixo da porta que dava acesso ao quarto de Malfoy.
-Lumus. –murmurou e foi se aproximando da porta, que estava trancada –Alohomora. –sussurrou e abriu a porta cuidadosamente.
Viu a pior cena de sua vida: Pansy Parkinson montada sobre Draco, fazendo sexo com ele.

N/A: Não me matem por ter parado nessa parte, plz! E por favor comentem.

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