Manhã



Capítulo Um: Manhã - Amanhece um novo dia. Todos os problemas de ontem são apagados.




A forte claridade do quarto chegou aos seus olhos. Acordou. Esfregou os olhos castanhos, passou a mão no rosto e deu uma olhada em volta. O enorme quarto em que dormia era silencioso. Assim como aquela casa.




Desceu da cama e foi andando lentamente para o banheiro. Olhou-se no espelho e encontrou uma palavra perfeita para descrevê-la naquele momento: pavorosa. Os olhos estavam inchados, profundas olheiras eram vistas abaixo deles; resultado de mais uma noite perturbada.




Lavou o rosto, o sabonete de camomila espalhado por todo seu belo rosto. Jogou água para tirar o sabão e depois passou uma toalha seca. Olhou-se novamente no espelho. Bem melhor.




Voltou para o quarto. Empurrou levemente as alças da camisola; no segundo seguinte a mesma já estava no chão. Ela ficou parada, nua, no meio do quarto. Os bicos dos seios ficaram rígidos subtamente. O frio pegou-a de surpresa e todos os pêlos de seu corpo se arrepiaram.




Escolheu uma roupa do armário e colocou-a cuidadosamente em cima da cama.




Caminhou novamente até o banheiro, murmurou algumas palavras mágicas e a banheira se encheu de água quente. Tirou a calcinha e entrou na banheira, sentindo a água tocar cada parte de seu corpo. Os cabelos ruivos foram ficando cada vez mais pesados, fechou os olhos e afundou o rosto.




Pegou o sabonete de camomila outra vez, agora ele passaria por seu corpo: circundaria os seios, desceria até a barriga - que estava começando a inchar-, dançaria pelas pernas, braços, pés e mãos.




Ligou o chuveiro, a água agora estava gelada. Não se importou, já tinha agüentado coisas muito piores. Deixou que toda a espuma saísse de seu corpo antes de se secar e sair do banheiro nua.




Pegou a calcinha branca e vestiu-a. Depois o sutiã, a calça e a blusa preta, os sapatos de mesma cor. Estava de luto. Um de seus irmãos tinha morrido numa batalha com um Comensal.




Saiu do quarto, desceu as escadas e foi andando até o salão. Abriu a porta devagar, logo avisou o marido e a sogra.




- Bom dia, Gina - ele murmurou parecendo animado.




- Bom dia, Draco, Narcisa...




- Para você também, Virgínia. Sinto muito por seu irmão.




Ela balançou levemente a cabeça, como se não fosse importante. Sentou-se e tomou seu café-da-manhã, para depois sair para os jardins e ficar um longo tempo andando sem rumo. Sentou num dos bancos e ficou olhando o jardim que ficava cada dia mais belo.




Seus olhos estavam perdidos em algum lugar do passado, no sorriso de Carlinhos, o único que não a tratava como criança. Não percebeu que as lágrimas caíam mesmo que ela as segurasse. Seus olhos estavam arregalados, fazendo-os ficar maiores do que já eram.




Voltou para casa, foi direto para a biblioteca. Pegou um livro qualquer e ficou sentada horas e horas passando os olhos pelas palavras, fingindo que estava concentrada. Leu quase metade do livro, no entando não poderia dizer do que se trarava. Sua mente estava em outro lugar.




Um dos elfos bateu na porta, anunciando o almoço. Pensou "como o tempo passa rápido" e levantou-se, indo novamente para o salão.




O relógio badalou treze vezes. Treze horas, uma da tarde. O céu já estava ficando mais escuro, o sol se preparava para se esconder daqui algumas horas.




A tarde começava. E as lembranças também.

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