Familiar



Quando o sol estava se pondo seu brilho entrou com tudo pela janela incomodando muito os dois que descansaram ali por horas. Até mesmo a Sra Tonks estava começando a ficar preocupada com eles .Ela sabia que eles tinham tido o dia anterior muito cansativo e já estava prestes a ir acordá-los... Mas viu a cortina do quartinho se fechar e achou que logo eles apareceriam.
Lupin acordou com o sol em seus olhos e logo ordenou a cortina que ela se fechasse. Olhou em seu relógio (depois que o tirou com certa dificuldade de seu bolso) e se assustou, passaram muito tempo ali. Em seu ombro havia uma bruxa babona que ele amava e que continuava a dormir, e do lado de fora... Bem, do lado de fora ele não sabia o que tinha, mas podia imaginar...
Uma barulheira de pessoas andando, falando e martelando que ele não sabia duas coisas: como não acordaram antes e como acordar Tonks, que parecia mais embalada ainda, e depois que ele se mexeu, sua cabeça rolou para traz e ela começou a roncar.
—Tonks querida, acorde...- Disse ele calmamente tocando em seus ombros.
—RRRRRRRRR – era tudo que ele teve de resposta
—Tooonks, é tarde, acorda. Você não está com fome?
—RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRr.
—Nimphadora! Ac... Nem chegou a terminar.
—Ai! Eu já falei que...- Tonks abriu os olhos irritada e se deparou com a luz ofuscante da janela – Lupin! Que horas são? Como você pode me deixar dormindo desse jeito?
—Bom, me desculpe por ter um ombro tão confortável (apontou a roda de baba que ela deixou), mas como você eu também acordei agora, bom quanto a isso não creio que nada possa ser feito... – Disse sorrindo para ela. – E você, como eu, deve estar com um pouco de fome, não?
—Bom, não estava... Mas agora que você falou... – Disse ela enquanto ajeitava a roupa e os cabelos, ambos amassados. - Vamos a cozinha, mamãe certamente deixou algo para nós.
—Quer que eu vá buscar algo para você? Posso atravessar o seu quintal... Mostrar que eu sei um jeito menos barulhento de se montar uma tenda... – Disse zombeteiro.
—Ai! O jantar...A minha família...- Tonks pareceu só agora entender que eles não poderiam sair dali sem gerar uma grande fofoca familiar.
—Bom e então, o que vamos fazer?
—Remus Lupin, você gostaria de ficar para um jantar e conhecer minha família? - Disse ela com um olhar suplicante.
—Não sei se esta é uma boa idéia...- Lupin foi interrompido pela careta que Tonks começou a fazer. - Mas tenho certeza que nos sairemos bem? Não soube definir se queria afirmar isso.
—Era isso que eu queria ouvir! – Tonks abriu um sorriso, que pareceu até maléfico...
—Então vou até minha casa, e já volto...
—Não, vamos comer algo antes... Vem comigo.
ZAP - Tonks e Lupin aparataram no quarto dela, e Lupin ficou chocado com a arrumação, nenhuma roupa fora do lugar ou sapatos embaixo da cama, sem camisetas das esquisitonas pendurada na porta.
—De quem é este quarto? Será que é seguro que eu fique por aqui?
—Rá, rá, rá...
—Sabe Tonks, dizem que as filhas com o passar do tempo acabam se tornando suas mães... Existe alguma chance de algum dia...
—Você está tão engraçadinho, quero ver se você continua assim até o final da noite... – Disse ela num tom sinistro. – Agora sente-se aqui, vou buscar a mamãe e algo para comermos. – Saiu e fechou a porta.
Lupin não se conteve e ficou olhando o quarto de Tonks, o mural de fotos, os sapatos, meticulosamente arrumados na sapateira... – Não posso perder as esperanças, pensou ele.
Tonks voou escada abaixo e foi parar na cozinha, onde havia no mínimo umas 7 pessoas observando sua mãe cozinhar. Tonks as cumprimentou uma a uma, enquanto ouvia : Mas quanto tempo... Era tão pequenininha, olha só agora... – E o pior de tudo: era um tal de Nimphadora pra cá, Nimphadora pra lá. Ela mesma já estava se arrependendo de ter ficado para o jantar.
—Mamãe... Acordei agora e tô com uma fome... Será que você tem algo para eu comer lá em cima? Ta cheio aqui né? Não quero atrapalhar ninguém...
—Claro filha, achei que você estaria com fome e separei um lanche, está na geladeira... E se você estiver com muita fome, basta “pedir com cuidado”....
Tonks pegou um copo de suco e o lanche que sua mão deixou na geladeira e após se desvencilhar das pessoas ao redor de sua mãe subiu as escadas, bem devagar, pois não poderia se arriscar a fazer a maior meleca por ali.... Teria que limpar tudo do jeito trouxa.
Abriu a porta do quarto e podia jurar que viu Lupin fechando a gaveta do criado mudo.
—Lupin! O que é que você está fazendo aí? – Disse ela quase derrubando o suco.
—Você havia deixado a gaveta aberta, eu só estava fechando, pois daqui a pouco você ia meter a sua perna ali... Como você sempre faz.... – E foi ajudá-la.
Sentaram-se a cama colocando o prato com os pães e frios entre eles, então Tonks puxou sua varinha, pois como sua mãe havia sugerido, devia haver algo mais para eles.
Lupin olhou meio incerto de que ela deveria apontar na direção da comida, pois parecia haver o suficiente para os dois, mas ela fazia questão, não era sempre que sua mãe a aconselhava a usar magia dentro de casa, então ela ia aproveitar a oportunidade.
Zaz – Num instante a comida saltou da cama e se transformou em uma mesinha com sua cadeiras, sobre a mesa pães e uma tabua de frios, duas velas e uma jarra de suco e borboleteando por sobre eles um bilhete.
—Ainda bem que não comi aquilo! Disse Tonks rindo enquanto tentava pegar um bilhete– Agarrou – o e leu:

Sabia que você não ia resistir... Não coma demais Nimphadora, o jantar logo será servido.
Andrômeda

Lupin deu um suspiro profundo e soltou – Não devo perder as esperanças...
Sentaram se e fizeram vários lanchinhos, e certamente aquele pratinho que ela havia trazido deixaria o Lupin faminto, pois se tivesse mais algo para comer a Tonks tinha comido.
—E agora, posso ir para minha casa, ao menos colocar outra roupa? Algo mais, trouxa?
—Ah, eu duvido que você tenha algo mais trouxa do que isso... Mas pode ir, mas temos que voltar ao quartinho, para que você possa usar a lareira.... Então até mais?
Eles se despediram e trocaram um beijo...Zap lá se foi Lupin.
Tonks então usou sua varinha para poder levar o prato e o copo para a cozinha, colocou um sobre o outro e se dirigiu a escada, onde caiu, faltando apenas três degraus para o chão, xingou muito enquanto era acudida por seus parentes que agora pareciam ter dobrado de número, tomando agora a sala também.
—Eu estou bem! – Repetia ela tentando limpar o joelho ralado enquanto a ajudavam a recolher os cacos pelo chão.
Logo Andrômeda veio da cozinha para verificar o que sua filha havia quebrado desta vez.
—Ai, Nimphadora! Você está bem? Igualzinha quando era criança! Espero que tenha sido o único acidente que tenha acontecido... Você não derrubou nada lá em cima, né?
—Não, não se preocupe mamãe, estou bem... Foi só um ralado e algum trabalho com a vassoura.... A comida estava deliciosa, por sorte derrubei o prato já vazio... Agora deixa eu correr que o Lupin já deve estar chegando.
Tudo esclarecido, Tonks foi se arrumar e Andrômeda foi terminar de cozinhar seu banquete.

Quando Tonks ouviu a campainha ela sabia que era Lupin, apesar de ela soar de 5 em 5 minutos.
—DEEEEEEEEEeixa que eu atendo! - Correu escada abaixo, tomando o cuidado de pular os últimos três degraus e voou para a porta.
Quando a porta se abriu, Lupin quase teve um ataque de risos... jamais imaginou aquela cena: Tonks num vestidinho solto rosa bebê, com um leve decote e um colar de pérolas, o cabelo preso para trás em um coque... se não a conhecesse tão bem era capaz de duvidar que era ela mesma... Mas para que não duvidasse, olhou para os pés... Como imaginara, nem tudo poderia estar perfeito, ela ainda estava descalça e no meio do caminho encontrou um joelho ralado. Tonks estava muito ansiosa para repreendê-lo pelo riso, e o convidou para entrar.
—Olá Nimphadora...- disse com muita vontade, se aproveitando da situação.
—Oi Remus, que saudades! Ela lhe deu um abraço apertado, como se não se vissem em dias, e quase amassando as flores que ele trazia.
—São para você. Então ele separou um dos ramalhetes e entregou a ela, eram Margaridas suas flores preferidas. Então ela o abraçou mias uma vez, e o beijou sua bochecha, e se divertiu ao perceber que ele corou por isso.
Ela abriu caminho em meio as pessoas, apresentando Lupin e tentando levá-lo a sua mãe.
—Mamãe, Lupin está aqui.... – Meio que gritou para onde sua mãe estava, e com isso levou vários olhares feios de suas tias avós.
—Olá, que bom que você resolveu... aparecer... – disse ela finalmente após atravessar o mar de gente.
—Acho que não poderia perder a ocasião... Bom, essas flores são para a senhora...- Passou a ela um ramalhete de flores do campo.
—Quanta gentileza, não precisava.... São lindas... – Andrômeda parou com elogios a medida que Lupin passava de vermelho para roxo. – bom, creio que esta é para a aniversariante – apontou o ramalhete que ainda restava nos braços dele - ela está no jardim.
—Vem Lupin... - Tonks o puxou até o jardim, que mais parecia agora um buffet mágico, com mesas e cadeiras espalhadas pelo quintal, com arranjos floridos com velas acesas sobre as mesas.
—Nossa... As pessoas da sua família levam muito a sério estes jantares, não?
—Bom, é o negócio da família... Tem uma empresa “Tonks Banquetes Maravilhosos”. E não temos este nome à toa, foi meu avô que começou, e basicamente a família toda trabalha nela. Peguei aversão a cozinhar de tanto que tentaram me ensinar... Bom, aqui está.
—Vovó Dora, este é Remus Lupin, meu namorado.
Lupin se conteve para não rir novamente, pois a avó te Tonks tinha os cabelos pintados de lilás e logo imaginou como seria o futuro de Tonks, pois elas se pareciam muito. E ela se encontrava em uma cadeira de rodas, pois tinha um pé quebrado.
—Olá meu rapaz, então está cuidando bem da minha menina? Ela está até mais alegrinha...
—Bom... Gostaria de dizer que estou encantado em conhecê-la... Estas flores são para você, e com elas desejo um feliz aniversário... – Desviou da pergunta mesmo, pois se havia algo que ele não havia sido era bom para Tonks. – Deu a ela um ramalhete com lírios brancos e lilases.
—Faz muito tempo que não recebo flores de um rapaz tão galante... Fico até sem graça - óbvio que não estava – espero que muito bem da minha neta daqui para frente... Aqui entre nós... Ela é minha preferida, mas você não ouviu isso, certo? E ela estava tão abatidinha...
—Ótimo Vó, mas deixa eu levar estas flores para um jarro – disse Tonks interrompendo, pois sabia que sua avó sabia sempre o que dizer e para quem dizer as coisas que ela sentia, Tonks até achou que ela tinha sido chamada para Hogwarts, pois ela sempre acertava.
E puxou Lupin contra a corrente de pessoas que se dirigiam ao jardim.
Da cozinha Lupin observou as pessoas no quintal, se arrumando nas cadeiras, como poderiam ter tantas ali... E se pegou pensando que nunca em sua família isso havia acontecido, principalmente após... Digamos seu acidente. E conseguiu se sentir ainda menos á vontade entre aquelas pessoas... Quando não havia mais ninguém por perto, ele puxou Tonks para a sala, e se certificou de que não haveria ninguém por perto.
—Acho que deveria ter contado a sua mãe sobre a minha condição... Não me parece justo que eu esteja me aproveitando desta hospitalidade todos... - Disse meio temeroso.
—É lua cheia hoje? E eu me esqueci? Por que se não for, acho que você deve ficar e aproveitar... Ainda nem começaram a contar o que eu aprontava de criança, nem te chamaram para jogar rúgbi com eles... Estamos num mar de sossego por aqui e não acho que esta é a ocasião para conversarmos sobre isso. Não fica assim não... A maioria das pessoas aqui nem acredita em lobisomens...
—Mas sua mãe acredita, e sinto que estou abusando de sua confiança... Nem tinha me ocorrido isso...
—Claro, nada melhor que eu contar para ela, no dia que ela te conheceu, que você se tranforma em animal selvagem e que teve que caçar para sobreviver, ainda neste ano, melhor deixar uma carninha em separado... – Tonks viu que sua brincadeira não estava agradando, e parou, o abraçou.- Vamos deixar quieto por hoje... Aproveite, se divirta... Que tal, marcamos um jantar para você contar para ela... A gente escolhe uma data, na lua nova, que acha? Não fica assim não...
—Ei vocês dois... Só estão faltando vocês, sei que vão ter bastante temp para namorar depois... Vamos que estamos com fome! – Disse um primo dela.
E eles seguiram para o jardim. Havia um lugar para eles na mesa da aniversariante, a maior e mais enfeitada, um privilégio que era reservado aos anfitriões.
Bom, todos a mesa, comida servida, era hora do discurso. A avó de Tonks sempre tinha algo para falar em seus aniversários, e todos sempre aguardavam ansiosos, alguns até diziam que só vinham para ouvi-la. Embora isso a agradasse, ela sabia, muitos vinham era pela comida mesmo.
—Silencio, a vovó vai falar, silencio!
Fez se o silencio e a Sra Tonks se levantou apoiou na mesa e começou a falar:
—Bom, quero agradecer a presença de todos aqui hoje, para comemorar meu 77º aniversário (todos aplaudiram), embora eu perceba que jantar preparado por Andrômeda atraia muito mais pessoas, mas querida, sou eu quem agradece, afinal, quanto mais gente mais presentes...
—Neste ano gostaria apenas de desejar que todos vocês mantenham seus corações abertos e sejam muito felizes... Basta olhar em volta para ver que eu fui e sou muito feliz até hoje, a família, os amigos... Não é fácil manter todos juntos, mas é para isso que temos nosso “arrumador” de lugares... O Danny... Vamos dar parabéns a ele, que soube muito bem manejar os lugares, fazendo com que todos pudessem estar presentes hoje! Vamos brindar a ele!
Todos brindaram com champagne e logo começaram a se servir da comida que Andrômeda preparava desde cedo.
Quando Lupin ia servir-se Tonks viu algo estranho acontecer, sua mão abriu em uma ferida. Tonks então derrubou seu copo de vinho sobre ela e logo tampou a ferida, para que ninguém mais visse.
—Mais uma vítima dela! Nimphadora a mutiladora! – Gritou um tio ao longe.
—Aí, me desculpe... – disse ela cobrindo a ferida – vamos lá para dentro, tenho certeza deve ter um curativo...
E o levou para a cozinha enquanto escutava piadinhas no meio do caminho.

Ela retirou o guardanapo e reparou que a ferida tinha a forma de um corte, como de ele tivesse pego na parte afiada do talher.
—O que será que causou isso? Perguntou ela aflita, tentando enxugar o sangue que não parava de pingar.
—Não sei, mas está doendo muito. – Disse ele contorcendo o rosto. Mas, tenho certeza que vai melhorar.
Tonks tentou um feitiço para estancar o sangue,mas Lupin continuava a sangrar.
—Será que foi a prata do faqueiro? Os trouxas acreditam que afetam os lobisomens... Esse faqueiro é a única coisa que mamãe levou da família Black.
—Eu duvido que tenha sido a prata, mas a origem do faqueiro é preocupante.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.