SOB A NEVE



PRÓLOGO


Dizem, e eu acredito, que as verdadeiras histórias de amor não são aquelas onde se vive “feliz para sempre”. A verdadeira história da paixão é escrita na areia da praia, e você pode tentar lutar contra a maré, uma hora as ondas irão apagar essa história.
Mais amor não é paixão.
Se houver amor, haverá sofrimento, e se houver sofrimento então realmente não há “feliz para sempre”.
Porque histórias de sofrimento não são histórias escritas na areia, são histórias escritas na alma, que atormentam a mente e sufocam o coração.
O sofrimento não se apaga.
A verdadeira história de amor é essa que vivemos, meu amor.
A verdadeira história de amor é esta. A verdadeira história de amor é aquela onde a lágrima se esconde atrás de um sorriso, o beijo sufoca a tristeza e o prazer distraí a mente.
A verdadeira história de amor é a nossa... Meu amor.
A verdadeira história de amor é aquela em que sempre nos pegamos pensando... E se...





*Sete Almas*



O Natal não tem sido desta forma há muito tempo naquela casa, para aquela família, ou tampouco para aquele mundo.
Vinte e cinco de Dezembro tem sido lembrada pelo último ataque dos comensais. Lembrado como o “Dia Sete”, sete mortes, sete feridos, sete desaparecidos e sete sobreviventes.
Naquela fria manhã, onde a neve caia e o sol se precipitava timidamente Ginevra Potter acordou aconchegada por seu marido. Sorriu pelo canto dos lábios ao ver que ele a observava dormindo.

- Não se cansa de olhar para mim Harry?
- Não Sra. Potter. Não tem como cansar – Ela sorriu.
- Acho que não corro mais o risco de te perder então, onze anos me parece tempo suficiente.
- Na verdade você tem meu coração desde que eu tinha dezesseis. O que te dá, vejamos, doze anos de amor.
- Bom, me desculpe Sr. Potter, mas eu sou obrigada a ganhar de você. Amo-te há dezessete anos.
- Foi a primeira vista.
- Também; me olhe com esses olhos e me apaixono novamente.
- Os olhos de minha mãe – Disse Harry desviando o olhar da ruiva para a grande janela descortinada por onde o sol começava a adentrar o quarto.
- Por isso que Tiago tomou juízo. Acho que entendo ele.
- Só por isso se apaixonou por mim?
- Hummm...Acho que seus outros talentos são herança genética dele, o que me leva a entender porque Lily cedeu.
- Outros talentos? – Perguntou o moreno fingindo-se muito intrigado.
- É.
- Exemplo?
- Certo. Vou ter que agüentar você mais convencido depois disso, mas eu vou dizer. Acho que você joga bem como ele executa azarações perfeitas, seu jeito de despentear o cabelo é simplesmente um charme, o modo como até hoje se mete em confusões e se sai bem de todas elas, esse seu sorriso maroto – Disse ela apontando a expressão safada no rosto de Harry – A preocupação com as pessoas que ama, esse seu heroísmo, seu jeito de me beijar e me tratar com carinho e; vem cá! – Disse ela puxando ele pra perto.

Ela cochichou algo no ouvido dele e sorriu marota.

- Depois eu que sou safado – Disse ele risonho antes de puxa-la para um caloroso e demorado beijo.

Harry foi para o banho enquanto Gina descia para a cozinha.






- Dobby! Winky! Feliz Natal!

- Obrigada Sra., para você também! – Disseram os dois elfos.

Dobby vestia várias meias natalinas desparelhadas e Winky um vestidinho vermelho em conjunto com um gorro de Papai Noel.

- O café está pronto?

- Sim Sra. Eu fiz biscoitos natalinos com glacê, chocolate quente e panquecas. Winky fez torradas com geléia, bacon, ovos e bolo de abóbora.

- Nossa! Que maravilha. Vou chamar Harry e as meninas.





A ruiva subiu as escadas e Harry se juntou a ela. Entraram em um grande quarto em tons de rosa e encontraram as meninas já abrindo a segunda, de três enormes pilhas de presentes e cartões.

- Feliz Natal! – Disseram os dois.
Todos se abraçaram felizes e as meninas começaram a mostrar animadas os presentes.

Embora fossem gêmeas, elas não eram iguais, apenas haviam nascido no mesmo dia.
Bella era morena com lindos olhos azuis acinzentados.
Lily era ruiva como a mãe e os olhos verde esmeralda como os do pai.
Todos tomaram café juntos na enorme mesa. Depois as gêmeas foram brincar na neve e Ginny foi cuidar da Grande Festa de Natal daquela noite.
Harry, porém, pegou seu casaco e saiu da casa colina abaixo. O vento frio cortava seu rosto deixando seus olhos lacrimejados. Deixou para trás a enorme casa branca escondida sob a neve e a centenária faia, cujo tronco se destacava na neve.
Passou o vilarejo e desceu uma outra colina. Enormes portões negros indicavam o cemitério, quase vazio.
Andou pelas belas lápides de mármore negro, que contrastavam com a neve muito branca que caia, até que chegou a única lápide branca, com os dizeres: Lily e Tiago Potter. O moreno puxou a varinha cabisbaixo, e com um floreio conjurou um belo lírio que colocou sobre o túmulo da mãe. Olhou para os dois lados e pegou uma carta de seu bolso endereçada “Ao meu querido Pai, onde quer que esteja”.
Não era como se ele ainda chorasse pela morte dos pais, mas agora que ele tinha suas próprias filhas podia perceber o quanto teria sido feliz. Intimamente ele amaldiçoava o dia em que ouvira aquela profecia, ou talvez, o dia em que ela fora feita, mas mais que isso, porque aquele bruxo tinha de ter existido e porque a responsabilidade de derrota-lo tinha que ter sido dele...?
A tristeza invadia seu ser...Era sempre assim. Talvez Harry não devesse mais retornar aquele lugar onde lembranças tão tristes o invadiam tão vividamente como se fosse ontem.
Mas aquela batalha, embora parecesse, não acontecera ontem.“Já faz onze anos” - Pensou ele dando as costas ao túmulo dos pais e se dirigindo a uma parte mais deserta, onde havia uma estranha construção: Sete lápides formando um semicírculo quase fechado.
Harry caminhou em direção aos túmulos e parou no primeiro, colocando uma rosa vermelha em cima.

- Uma para Victor Krum, que salvou a vida dos meus melhores amigos. Jamais terei como agradecer e espero que de certa forma saiba que lhe sou eternamente grato. Aqueles amigos são tudo para mim.- Harry avançou alguns passos em direção ao segundo túmulo e repetiu o ato de colocar uma rosa em cima antes de dizer em voz alta.

- Uma para Guilherme Weasley. Grande amigo, companheiro de luta, membro daquela que sempre foi e sempre será minha segunda família.

- Uma para Fleur Delacour, que deu sua vida para proteger os Weasley’s naquela batalha. Que teve a mais tenra beleza mesmo na hora da morte. Que formou com Gui o verdadeiro “Romeu e Julieta”.Tenho certeza que estão juntos onde quer que estejam, e que lá eles vão poder se amar eternamente.

- Uma para Cho Chang, alguém que eu nunca vou esquecer. E que mostrou coragem ao defender sua família e se juntar ao seu verdadeiro amor, Cedrico Diggory.

- Uma para Minerva McGonagall, uma grande professora e guerreira. Que com certeza está ao lado de Dumbledore.

- Uma para Bellatrix Lestrange e uma para Draco Malfoy, que deram suas vidas para salvar a mim e minha amada.


Harry se colocou no espaço vazio da formação e já não pode conter as lembranças. Seus joelhos cederam e ele sentiu a neve fria.
Harry podia sentir com exatidão o vento cortante daquela tarde, ainda podia ver as enormes manchas de sangue que tornavam a neve vermelha, ainda podia ouvir o choro, os estalos que os comensais produziam indicando que fugiam, podia ouvir as maldições que os duelistas diziam em seqüência, podia ouvir aquele canto da fênix ao longe.
Ele se lembrava como se fosse hoje, e com certeza jamais esqueceria.
Malfoy começara um duelo com ele, o vento cortava seus rostos e a neve se prendia em seus cabelos, os feitiços eram lançados numa velocidade tão grande que ricocheteavam nas lápides.
Com um relance Harry pode ver Voldemort aninhar Nagini em seus braços. Agora só faltava um horcrux, e era aquele pedaço de alma que ainda ocupava aquele corpo ofídico.
Naquele momento ele ouviu um grito, era aquela voz que ele tanto amava, sem prestar mais atenção ao duelo aparatou em cima da mais alta lápide para poder encontra-la. Gina estava ao lado do corpo de seu irmão Gui. Uma lágrima quente desceu por seu rosto.
-Foi isso que você causou Voldemort! Morte, destruição, infelicidade!Você nunca foi nem jamais será amado. Você não é humano e nem tampouco perfeito. Você vai morrer Lorde das Trevas! E sou EU que vou matar você. Eu estou me vingando. Sabe porque? Porque você me tirou meus PAIS, AMIGOS, PESSOAS QUE EU AMO! Está entendendo? NÃO É CLARO QUE NÃO! Você não sabe o que é amor! – Harry gritava aquelas palavras de tal forma que elas produziam um eco mesmo com aquele vento forte. Mas ao descer daquela lápide já não havia mais vento nem neve caindo.
Iluminando uma áurea de poder Harry continuou seu duelo com Draco que parecia ter ficado hipnotizado enquanto o moreno falava. Ao seu lado Gina duelava com Bellatrix.
O que não podiam ver era que atrás deles Voldemort
procurava desesperado uma varinha. E encontrou. Com um último olhar cúmplice Malfoy e Bella se colocaram à frente da maldição imperdoável lançada em Harry e Gina. Bella caiu na neve com um baque surdo. Harry e Gina correram para trás da lápide mais próxima no que Malfoy aparatou ao lado deles. Levantou a mão num gesto que pedia que eles deixassem ele falar. Ms ele não disse nada apenas pegou uma carta e entregou a Gina.
No segundo seguinte foi à vez de Voldemort aparatar ali. A maldição foi lançada em Harry que desviou por pouco.
-Você não pode fugir pra sempre garoto!
- Você vai morrer hoje Voldemort! – Disse Gina a sua frente.

Certamente aquilo foi um erro, pois no instante seguinte Voldemort lançou uma maldição imperdoável em direção a ela. E desta vez Draco interferiu entrando na frente.
Com um urro de ódio o bruxo correu atrás de Harry, mas o moreno foi mais rápido e aparatou atrás dele. Quando o Lorde foi se virar Harry atacou.
-Sectumsempra!
O feitiço atingiu a perna do bruxo que caiu no chão. Gina o desarmou e Harry se aproximou sem medo.
- Adeus! – Harry olhou nos olhos do bruxo e viu pela primeira vez a sombra do medo ali, mas não se importou a sombra do medo iria embora com aquela morte – Avada Kedavra!
Um raio verde luminoso prorrompeu da varinha de Harry um silêncio profundo tomou conta do local. Já não se ouvia o choro, os estalos ou o canto distante da fênix. A luz incidia sobre aquele corpo intensamente e Harry sentiu sua cicatriz queimar como nunca, suas pernas perderem os sentidos e sua mente mergulhar no breu.



Era aquilo que Harry se lembrava. E talvez fosse pro isso que ele gostava tanto da noite, do escuro, do breu. Aquele breu foi para ele o primeiro suspiro da tranqüilidade.

Harry levantou-se da neve e enxugou as lágrimas, virou-se para o portão de saída do cemitério, a cada passo “flashes” vinham em sua mente. Lembrava-se de cada lugar onde estavam os corpos.
Quando chegou no portão, porém, viu aqueles cabelos flamejantes esvoaçarem a sua frente emanando calma e segurança.
A ruiva passou as mãos delicadas no rosto dele e o beijou com calma.
Os dois caminharam de mãos dadas até a enorme casa emoldurada pelo pôr-do-sol avermelhado.
Sob a enorme faia Bella observava o sol se por com lágrimas nos olhos enquanto Lily patinava sorridente do outro lado.

-Harry?

-Que foi minha ruiva?

-Você acha que ela sabe que é filha deles?

-Não, ela sente.

-O que?

-As Sete Almas.

-Você acredita?

-Elas estão por aí, sabe. Eu posso sentir – Disse uma voz sonhadora atrás deles.

Ao se virarem lá estavam todos os seus amigos prontos para a festa de Natal. Luna, Neville, Ron, Mione, Tonks, Lupin, os filhos de todos...
Bella enxugou o rosto e correu em direção a eles. Foi uma maravilhosa festa de Natal.
É, o Natal não tem sido desta forma há muito tempo naquela casa, para aquela família, ou tampouco para aquele mundo.

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