Face a face ( Façonnable)






“Sentimentos não desaparecem, apenas adormecem e basta a sua lembrança pra trazê-los à tona já que eles insistem em permanecer no coração. Você já faz parte da minha vida...”

.(MOREIRA, Felipe C.).




Capítulo Treze: “Face a face”





“- LANA VOLTE JÁ AQUI!

Olívio revirou os olhos por trás do jornal que lia. Um meio sorriso apareceu em seus lábios quando ele escutou os passos apressados da filha descendo as escadas e se aproximando dele.

- O que você aprontou dessa vez? – perguntou ele sem sequer tirar os olhos do jornal.

- Nada. – ele escutou a voz inocente e infantil da garota com um inconfundível resquício de riso.

Olívio ergueu as sobrancelhas, voltando seus olhos para a coluna de eventos mundiais, quando um rosto angelical apareceu a sua frente, puxando o jornal que lia para baixo e amassando-o por completo.

- Papai, me salva! – a garota de cabelos extremamente negros pediu, abrindo um enorme sorriso, mostrando dois dentes que faltavam bem na frente; um em cima e outro em baixo.

Olívio tentou manter a feição séria, mas sorriu quando a garota ergueu as sobrancelhas em um indício de súplica, fazendo uma careta ainda mais cômica somada aos dentes que lhe faltavam na boca.

- Ok, ok. – respondeu o homem com uma voz cansada, segurando a menina no colo. Lana afundou o rosto no peitoral de Olívio, enquanto novos passos foram ouvidos descendo as escadas; dessa vez eram passos duros e severos, perigosamente lerdos.

- Lana Aya Wood. – chamou a voz feminina novamente, mas em um tom absolutamente mais calmo.

Olívio sorriu ao sentir a filha estremecer em seu colo. Virou-se para observar o saguão de entrada da casa e viu uma mulher elegante de cabelos extremamente negros descer o último degrau da escadaria de mãos dadas com um menininho de cabelos lisos e castanhos de aparentemente dois anos, com enormes bochechas rosadas, seguida de uma velha senhora de rosto redondo, cujo coque na cabeça batia no ombro da primeira mulher.

- Onde você está? – perguntou Mia perigosamente, virando-se para a porta que levava à sala de jantar, do lado oposto da biblioteca, onde Olívio e a filha se encontravam.

- Papai, por favor, não fala nada. – sussurrou a garota com os olhos arregalados. Olívio sorriu ainda mais.

- Queria saber o que você aprontou dessa vez pra ficar com tanto medo. – murmurou ele em voz baixa, enquanto girava a poltrona a fim de ficar de costas para a porta da biblioteca.

- Oli você viu a Lana por aí? – perguntou Mia na porta do aposento.

- Hm... Lana?

- É, sabe, sua filha. – respondeu Mia impaciente.

- Por que? Ela não é sua filha também? – questionou ele, ainda sem se virar para encará-la.

Mia sorriu, ainda de mãos dadas com o menino que parecia se divertir com a situação.

- Mamãe – chamou o menino puxando a calça jenas de Mia – Mã, é Lan!! Lan-Lan!

- É mesmo? – fez ela erguendo as sobrancelhas com uma voz de falsa surpresa – Cadê, Henry? Cadê Lan-Lan?

O menino abriu um gostoso sorriso, deixando suas enormes bochechas em evidência, enquanto corria com passos trôpegos em direção a poltrona em que Olívio e a filha se encontravam.

- Achôô!! – gritou ele entre gargalhadas, apontando para a poltrona – Achô Lan-Lan!

Henry abraçou as pernas de Olívio e tentou subir no colo do pai junto à irmã, quando foi impedido pela mesma.

- Ah, não! – reclamou a garota emburrada – Cheguei primeiro!

Henry fez uma careta de choro, e fitou o pai com os olhos marejados.

- Lana, você sabe muito bem que posso segurar os dois! – respondeu Olívio lançando à filha um olhar de advertência, e sentando Henry em sua perna esquerda, e Lana na direita.

A garota ainda lançou um olhar emburrado ao irmão que gargalhava enquanto batia palmas.

Mia pigarreou brevemente, fazendo a filha pular do colo de Olívio.

- Ma-mamãe – ela gaguejou lançando à mulher um olhar assustado. Mia lutou consigo mesma para não sorrir da feição da filha.

- Lana, você ainda não acabou a lição que a Sra. Parkins te passou. – disse Mia suavemente, embora seus olhos estivessem estreitados.

- Mas, mãe – resmungou a garota com a voz manhosa – Eu já falei que não preciso aprender a escrever! Quero ser jogadora de quadribol igual ao papai!

Olívio sorriu orgulhoso quando seus olhos encontraram as orbes cintilantes da filha, mas logo seu sorriso murchou ao fitar o olhar furioso da esposa.

- Mesmo sendo uma jogadora de quadribol, você precisa aprender a escrever, filha! – insistiu Mia em um tom carinhoso, agachando-se para encarar a garotinha nos olhos – Como você pretende ir a Hogwarts se não souber escrever?

Essa frase pareceu fazer o devido efeito em Lana. Ela ergueu as sobrancelhas e abriu um tímido sorriso de compreensão.

- Ok, mamãe. – respondeu com a voz derrotada.

- Eu não ganho um abraço? – pediu Mia fazendo beicinho.

A garota de seis anos revirou os olhos enquanto envolvia o pescoço da mãe com seus braços magros.

- Você vive dizendo que quer ser igual ao papai. – disse Mia depois que a filha a soltou – E eu? Não mereço ser um exemplo a seguir também? – e fez uma careta pidona.

Lana revirou os olhos novamente, e fez uma careta irritada quando sentiu o irmão a empurrando para o lado e abraçando a mãe.

- Eu qué ser igual mã-mã! – disse Henry esfregando as bochechas rosadas na face de Mia e abraçando seu pescoço – Qué ser jornaísta!

Mia gargalhou gostosamente, enquanto abraçava o filho com uma mão e puxava a filha emburrada para um abraço com a outra.

Olívio sorriu ao ver os três embolados e se juntou ao abraço, envolvendo as três pessoas que ele mais amava com seus braços fortes e protetores....”




Acordou com os finos raios de sol que penetravam no dormitório masculino pela janela, e que perfuravam o cortinado vermelho-sangue, atingindo-o no rosto.

Soltou um longo suspiro, com um sorriso bobo insistindo em dançar em seus lábios. Sentiu um peso adicional sobre seu peitoral, e abriu os olhos lentamente, alargando o sorriso ao encontrar Mia aninhada em seus braços.

- Será que um dia...? – sussurrou, enquanto observava a garota piscar os olhos lentamente e depois erguer o olhar para encará-lo.

- Bom dia. – disse ela sorrindo, com o olhar sonolento.

- Bom dia Bolinha. – respondeu ele dando-lhe um beijo na testa – Tive um sonho tão bom essa noite...

- É mesmo? – perguntou ela apoiando a cabeça novamente no peitoral do rapaz – Sonhou com o que?

- Não posso dizer. – respondeu ele abrindo um sorriso quando ela lhe lançou um olhar desconfiado – Senão, ele não se realiza.



*-~*-~*~-*~-*~-~*-~*~-*~-~*-~*~-*~-*~-~*-~*-~*~-*~-*~-*~-~*-~*~-*~-~*-~*-~*~-*~-*~-~*-~*~-




- Será que eu poderia entrar?” – ela perguntou com a voz trêmula.

Mia tentou desviar seus olhos do corpo de Olívio, mas suas pálpebras pareciam simplesmente não querer obedecer aos comandos de seu cérebro.

Olívio... Como estava sexy!

Ele parecia querer brincar com a libido da mulher, que ao longo do último ano afastada do rapaz havia se tornado tão confiante, desenvolta, mas vendo-o daquela forma, parecia ter voltado ao tempo, sendo apenas mais uma garotinha absolutamente encantada com o jogador de quadribol eleito o mais bonito da Inglaterra.

Xingou-se em pensamentos. Raios! Era só o Olívio! O porquinho... “MEU porquinho...”. Seus lábios se contorceram a fim de evitar uma careta desgostosa.

Olívio encarou-a nos olhos. As orbes cor-de-mel cintilaram ao encontrar com as dela.

Com uma expressão indecifrável, ele assentiu e se afastou, indicando a ampla sala de visitas. Ela agradeceu com a cabeça, e adentrou no aposento com as pernas trêmulas. Talvez esse efeito fosse por parte do frio, mas ao passar por Olívio ela sentiu aquele cheiro de chuva e grama molhada que a enlouquecia. Aquele cheiro natural de Olívio; refrescante, afrodisíaco, que fez um arrepio percorrer seu corpo.

Mia observou Olívio fechar a porta vermelha de seu apartamento vagarosamente, e depois ele se virou para ela com a mesma expressão séria, mas ao mesmo tempo intrigada no rosto.

Ela pigarreou brevemente quando seus olhos insistiram em encontrar com o abdômen de Olívio, e logo, lutando contra todas as suas vontades, desviou seu olhar para o fogo que crepitava na lareira.

- Por que não se senta? – ela escutou a voz de Olívio perguntar de longe. Virou-se para trás e o viu colocar uma boa dose de whisky de fogo em um copo de cristal – Quer...?

Ela negou com um movimento da cabeça; parecia incapaz de pronunciar um simples “Não, obrigada”.

Sentia seu corpo todo tremer violentamente, e pedia a Merlim para que Olívio não percebesse. Aproximou-se ainda mais da lareira, mas era inútil; ela não estava com frio. Ao contrário... estava ardendo de calor.

Olívio bebeu um dedo do whisky e logo seus olhos pousaram novamente em Mia.

- Tem certeza que não vai se sentar...? – ele perguntou, enquanto sentava-se em um banco alto do mini bar instalado na sala.

- Eu... – começou ela com a voz rouca, e pigarreou levemente – Eu ia molhar seu sofá.

Ele sorriu pelo canto dos lábios, e jogou os ombros pra trás, apoiando os cotovelos no balcão do bar.

Mia fechou os olhos com força. Posicionado daquele jeito Olívio ficava simplesmente irresistível. O rapaz pareceu notar seu constrangimento e alargou o sorriso. Mia observou que, para seu total desespero, ele não parecia nem um pouco incomodado por estar usando apenas uma toalha.

- Olívio – ela finalmente teve coragem de reabrir os olhos, encontrando-o na mesma posição, e soltou um gemido baixinho – Eu vou ser curta e grossa. - sua voz tremeu levemente quando ele se ajeitou no banco, fazendo com que a toalha deslizasse mais para baixo – Eu sei que não tenho direito nenhum de vir aqui te pedir alguma coisa depois de tanto tempo, mas não viria se não fosse absolutamente necessário. – Olívio arqueou uma sobrancelha de um modo intimidante, fazendo-a hesitar por um momento – Eu... eu preciso de uma entrevista sua.

Ele encarou os olhos de Mia com uma expressão séria, o sorriso esvaindo de seu rosto.

Seguiu-se um momento de incômodo silêncio, até que Olívio desceu do banco e caminhou em direção à escada que levava ao andar superior.

Mia balançou a cabeça confusamente. O que ele ia fazer...? Antes que pudesse se conter, ela perguntou, com a voz ainda trêmula:

- E então...?

Ele parou de subir as escadas, faltando apenas dois degraus para chegar ao topo, e ignorando-a, continuou a subir novamente.

Mia sentiu seu rosto ferver. O que ele estava fazendo, afinal...? Ignorando todo o seu raciocínio lógico, ela o seguiu, subindo as escadas em direção ao andar superior.

Parou na porta do quarto de Olívio, e lançou um olhar hesitante ao aposento antes de entrar. Havia uma espaçosa cama de casal coberta por um lençol de seda negro e reluzente, um criado-mudo de uma madeira escura de cada lado da cama e uma porta em cada parede do quarto. A porta que ficava de frente para a porta de entrada do quarto era a que levava para a varanda, a do lado esquerdo da cama era a do banheiro da suíte, e a que se encontrava na parede de frente para a cama era a que levava ao closet do rapaz.

Seus olhos brilharam ao observar a vista da porta de vidro que levava à varanda. Dava para ver todo o centro de Londres em uma noite típica da capital do país; um chuva fina e gélida e muita neblina, incomum à estação do ano em que se encontravam. Mia sorriu nostalgicamente. Sentia falta desse clima eterno de Londres. Por mais que gostasse de Nova York, Londres sempre seria sua casa.

Virou-se automaticamente para a porta do closet ao escutar um barulho de gaveta abrindo, e sem que tivesse tempo de se esquivar, sentiu um tecido macio acertar seu rosto.

- Mas o que...? – perguntou confusa, e olhou para o chão encontrando o que a havia atingido: uma toalha.

Pegou a toalha do chão com uma certa violência, e virou-se novamente para a porta do closet, encontrando Olívio ainda de toalha, apoiado no vão da porta.

- O banheiro é logo ali. – disse ele indicando a porta na parede contrária – Tome um banho quente ou vai ficar resfriada.

Ignorando a careta confusa no rosto de Mia, ele se deitou na cama de casal, apoiando a cabeça no antebraço.

- Banho? – repetiu Mia impaciente – Que banho o quê Olívio! E a entrevista?

- Você vai ter sua entrevista. – respondeu ele erguendo uma sobrancelha – Mas antes vai tomar um banho. Não quero você molhando meu apê.

Mia franziu o cenho, claramente confusa. O que Olívio pretendia, afinal?

- Se eu tomar um banho, você vai me conceder uma entrevista? – ela perguntou, empertigando-se.

Olívio sorriu.

- Sim. Eu te “concedo” uma entrevista. – e frisou bem a palavra, achando graça na formalidade da mulher.

Mia respirou fundo, e com a toalha em mãos caminhou rapidamente até o banheiro da suíte e fechou a porta, perguntando-se o que raios Olívio estava fazendo com ela... Estaria ele brincando com seus desejos, provocando-a...?

- Bom, querendo ou não, ele está conseguindo – resmungou ela antes de entrar na água quente e reconfortante do chuveiro.



*-~*-~*~-*~-*~-~*-~*~-*~-~*-~*~-*~-*~-~*-~*-~*~-*~-*~-*~-~*-~*~-*~-~*-~*-~*~-*~-*~-~*-~*~-


- MUITO BEM PESSOAL! CHEGA DE TREINO POR HOJE!

Rapidamente os pontinhos distantes entre as nuvens alaranjadas de fim de tarde cortaram o céu e pousaram na grama vistosa do campo. Olívio fora o último a descer, com uma expressão satisfeita no rosto.

- Vocês voaram muito bem hoje! – elogiou ele sorrindo – Não vejo o que poderá nos deter amanhã!

O time respirou entre o alívio e a surpresa. Eram raras as vezes que Olívio não tinha absolutamente nenhuma crítica ou advertência quando se tratava de uma partida contra a Sonserina, ou, como Fred Weasley bem ressaltara, em uma partida contra qualquer time.

Eles já se preparavam para sair do campo e tomar um banho quente em seus respectivos dormitórios, quando Olívio soltou uma exclamação.

Bufando e revirando os olhos, eles se viraram juntos para encarar o capitão.

- Ah, Harry! – disse Olívio em um tom que lembrou muito o desespero – Não se esqueça! Só capture o pomo...

- Quando tivermos cinqüenta pontos à frente! – o time completou, em um uníssono entediado.

- Ahn, ok! Bom que todos saibam! Podem ir!

O time caminhou em direção o castelo, rindo juntos por uma imitação que Jorge acabara de fazer da careta de preocupação de Olívio.

Olívio soltou um suspiro resignado, antes de sorrir ao ser abraçado por trás.

- Tudo pronto pra amanhã? – perguntou Mia beijando o ombro do rapaz.

- Espero que sim. – respondeu ele envolvendo os braços da garota com os seus.

- Não se preocupe, vai dar tudo certo. – disse ela roçando o nariz nas costas do rapaz e fechando os olhos para inspirar melhor o cheiro maravilhoso que emanava de Olívio. Ele podia ter acabado de sair de um treino, mas aquela essência de chuva e grama molhada parecia impregnada no rapaz.

Ele sorriu e se virou para encará-la. Ela tinha assistido metade do treino sentada pacientemente da arquibancada, o que era muito incomum, geralmente ela se impacientava e começava a gritar do banco, ou voltava para o castelo para fazer suas próprias coisas. Olívio sabia muito bem que ela só esperava pacientemente alguma coisa quando tinha feito algo de errado.

- Sei que vai. – respondeu Olívio envolvendo a cintura de Mia e se aproximando de seu rosto – Agora, será que a senhorita poderia me dizer o que foi que fez dessa vez?

Mia lançou um olhar surpreso para Olívio, mas logo em seguida sorriu tristemente. Olívio franziu o cenho. Não era coisa boa.

- Precisava falar uma coisa com você, mas longe do castelo. – respondeu ela em uma voz que só era mais alta que um sussurro.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele preocupado.

Ela apenas assentiu com a cabeça com os olhos fechados.

- Mia... – Olívio começara com uma voz urgente, mas foi interrompido.

- Wood! Chang! – Madame Hooch advertiu com a voz severa – Já vai anoitecer! Os dois para o castelo! Agora!

- Es-espere só um instante, Madame Hooch. – pediu Mia com o olhar suplicante.

Madame Hooch ergueu as sobrancelhas, e lançando um olhar reprovador ao casal, virou-se para caminhar em direção ao castelo.

- Dez minutos senhorita Chang! – disse ela sem se virar para trás – Se passarem disso, aviso McGonagall!

- Obrigada. – agradeceu Mia sorrindo.

A garota ainda esperou a professora desaparecer pela trilha para então virar-se para Olívio.

Uma brisa suave passou, brincando com os longos cabelos da garota. Ela fechou os olhos, sentindo cada instante daquele momento com Olívio... Poderia ser o último...

Olívio sorriu ao vê-la daquele jeito. Era um daqueles momentos em que você se xinga internamente por não ter uma câmera fotográfica. O céu era uma mistura de vermelho, amarelo e laranja, e alguns feixes dourados anunciavam o pôr-do-sol.

- Mia? – ele murmurou baixinho com um sorriso no rosto.

Ela inspirou profundamente antes de abrir os olhos para encará-lo.

- O que você quer me falar? – perguntou ele com a voz suave.

- Eu... – começou ela mordendo o lábio inferior – Olívio, não vejo outro jeito de dizer senão o direto.

Ele apertou os olhos em sinal para ela continuar.

- Acabando Hogwarts – ela começou, os olhos se enchendo de lágrimas ao fitar o sorriso esperançoso e cheio de planos que Olívio exibia – Acabando Hogwarts eu vou me mudar para Nova York.

Mia baixou seu olhar para o chão, esperando escutar um urro furioso de Olívio, ou uma reclamação decepcionada da parte do rapaz, mas Olívio continuava sorrindo suavemente.

Ela o encarou novamente, com uma expressão confusa.

- Olívio? – chamou, com a voz trêmula.

Ele continuava apertando firmemente sua cintura, e embora um sorriso suave dançasse em seus lábios, Mia observou seus olhos brilharem.

- Olívio, você entendeu o que eu disse? – perguntou ela com um sussurro, fitando-o preocupada.

- Você está brincando não está? – disse ele com a voz trêmula – Só pode estar brincando... – repetiu em um sussurro mais para si mesmo do que para Mia.

- Não. – respondeu ela negando com a cabeça e lutando contra as lágrimas que insistiam em perambular por seu rosto – Eu vou para Nova York logo depois da formatura.
Olívio soltou a cintura de Mia, encarando-a com uma tristeza inconfundível no olhar.

- Por quê...? – perguntou ele engolindo seco – Por que?

- Eu... – começou ela engolindo os soluços – Eu fui aceita como estagiária no “Nova York Bruxa”. É o jornal...

- EU SEI O QUE É! – bradou ele com uma fúria descomunal – MAS POR QUE RAIOS, VOCÊ PRECISA SE MUDAR PARA NOVA YORK? NÓS TEMOS JORNAIS MUITO BONS AQUI NO REINO UNIDO, MAS NÃÃO! – ele disse com uma voz de desdém – VOCÊ “PRECISA” SE MUDAR, VOCÊ PRECISA APARECER! AFINAL, VOCÊ É MIA CHANG... O REINO UNIDO NÃO É BOM O BASTANTE PRA VOCÊ! ALIÁS, NADA QUE ESTÁ AO SEU ALCANCE É BOM O BASTANTE PRA VOCÊ NÃO É MESMO? VOCÊ NÃO SE CONTENTA COM O “BOM”, VOCÊ QUER SEMPRE O “EXCELENTE”, O “MAGNÍFICO”!

- E O QUE TEM DE MAL EM QUERER SEMPRE O MELHOR? – bradou ela de volta – OLÍVIO, EU QUERO ESTAR NO MELHOR JORNAL BRUXO SIM, E DAÍ?

Mia tinha o rosto púrpura, e àquela altura da discussão ela já soluçava violentamente, enquanto Olívio permanecia encarando-a com os olhos faiscando perigosamente.

- ENTÃO ÓTIMO! – berrou ele em resposta, o rosto contorcido de raiva – VÁ PARA NOVA YORK! FAÇA SUA VIDA LONGE DE MIM! MAS NUNCA... NUNCA MAIS, ENTENDEU? QUERO VER VOCÊ NA MINHA FRENTE...

Mia desabou em direção ao chão, soluçando compulsivamente enquanto observava as costas de Olívio desaparecerem no breu da noite que se alastrara enquanto a discussão de desenrolava.

Será que valia a pena...?


*-~*-~*~-*~-*~-~*-~*~-*~-~*-~*~-*~-*~-~*-~*-~*~-*~-*~-*~-~*-~*~-*~-~*-~*-~*~-*~-*~-~*-~*~-


Mia fechou os olhos, sentindo a água quente inundar seu corpo trêmulo. Suspirou longamente ao lembrar-se da última discussão que tivera com Olívio. Será que teria, afinal, valido a pena largar tudo em Londres em busca de sua independência?

- Agora já é tarde demais... – disse ela com um lamento.

- O que é tarde demais? – ela escutou uma voz masculina no banheiro e soltou um grito de surpresa – Ei! Calma aí! Sou eu! – disse Olívio com a voz divertida.

- O-o-o- quê você pensa que está fazendo, Olívio? – gaguejou ela se afastando o máximo que podia do boxe de vidro. Ele poderia ser feito de um modo que “embaçasse” o outro lado, mas se ela ficasse muito próxima, era possível visualizar tudo...

Olívio soltou uma gargalhada, e Mia observou sua silhueta caminhar em direção à pia de marfim branco e se sentar nela.

- Não sei por que o escândalo – disse ele em uma voz despreocupada – Já vi você nua dezenas de vezes... Isso se não for centenas. – completou, com uma voz maliciosa que fez Mia corar.

- Mas isso foi há um ano atrás! – retorquiu ela com a voz esganiçada – Isso não te dá o direito de vir aqui e me espionar no banho!

- Vamos dizer então, que estamos quites. – retrucou ele com a voz suave – Você bate na minha porta em pleno domingo à noite, depois de um ano sem nos ver, pedindo uma entrevista, e eu te espio no banho, depois de um ano sem nos ver... Parece justo pra mim.

Olívio riu quando conseguiu arrancar um bufo raivoso da mulher.

- Sabia que teria alguma coisa. – resmungou ela ensaboando-se o mais rápido que podia. Olívio apenas continuava sentado na pia, observando atentamente cada movimento de Mia. Era verdade que ele já a tinha visto uma centena de vezes nua, mas ela havia mudado... Mudado demais. E ele estava louco pra ver a tal a mudança... senti-la, cheirá-la... degustá-la...

Balançou a cabeça levemente, afastando seus pensamentos pervertidos, e sorriu ao observar que, claramente tentando ser o menos sensual possível, Mia conseguia enlouquecê-lo ainda mais.

- Briguei com a Emm ontem. – disse ele casualmente.

Mia franziu o cenho. Que diabos ele estava fazendo...?

- Por que? – para sua surpresa, a resposta saiu naturalmente, como das inúmeras vezes em que ela e Olívio costumavam conversar enquanto ela ou ele tomava banho nos tempos de Hogwarts. Por mais que odiasse admitir, ela sentia muita falta do rapaz... Como sentia.

- É que Dumbledore acha que eu poderia “propagar” a Ordem da Fênix, - começou ele despreocupado – Já que eu sou famoso e tal por causa do quadribol, mas eu não acho legal... Vai que as pessoas começam a pensar que eu sou louco e o clube me afasta de jogar... Já Emma...

- Ela acha que você deveria obedecer cegamente as ordens de Dumbledore né? – completou Mia enquanto enxaguava o cabelo – É bem a cara de Emma.

Olívio sorriu, mesmo que Mia não pudesse ver.

- E o que você acha? – perguntou ele.

Olívio escutou um som abafado, e viu pela silhueta da mulher que ela se enxaguava. Ficou pensando em como a água e as bolas de sabão tinham sorte em deslizar por aquele corpo...

Foi despertado de seus devaneios pela voz abafada de Mia.

- Eu? – ela repetiu em um tom confuso – Eu acho que você está certo. Isso poderia comprometer sua carreira no quadribol. Mas acho que você devia tentar alertar as pessoas de um jeito que não fosse pela imprensa ridícula aqui do Reino Unido – sua voz se alterara por um momento – Você é uma celebridade. Devia usufruir disso para o bem. – concluiu, enquanto Olívio escutava o barulho de água cessar – Bem, é o que eu acho. – disse ela abrindo a porta do boxe de vidro. Olívio prendeu a respiração, imaginando por um momento que ela sairia nua, mas para seu total desagrado, ela tinha uma toalha bem amarrada no corpo.

- Agora... vamos à entrevista? – disse ela prontamente, sorrindo quando seu olhar encontrou com os de Olívio.

O rapaz vestia um samba-canção preto de seda e mais nada. Ele jogou uma de suas camisas sociais de grife para Mia usar.

- Obrigada – agradeceu ela, esperando Olívio se retirar, mas ele permaneceu sem mexer um músculo – Olívio, você não espera que eu vá me trocar na sua frente não é? – disse ela erguendo as sobrancelhas.

Ele riu pelo nariz, fazendo-a se lembrar por que o apelidara de “porquinho”. Ela sorriu nostalgicamente e viu seu sorriso espelhado no rosto do rapaz. Encararam-se por um instante, as orbes tão familiares um do outro se encontrando depois de tanto tempo...

- Eu estou bem aqui, obrigado. – disse ele sorrindo maliciosamente.

Mia ergueu uma sobrancelha.

- Então ta. – respondeu ela dando de ombros.

Olívio remexeu-se inquieto, na esperança que ela fosse se trocar na sua frente. Mas para sua decepção, ela caminhou em direção ao quarto e fechou a porta do banheiro, deixando-o sozinho com um sorriso nostálgico nos lábios.

- Essa aí ainda me interna no St. Mungus... – disse sorrindo. Lembrou-se dos momentos que passara com ela... Momentos tão inesquecíveis... Nenhuma mulher conseguia ser como ela... Era única... Como a deixara escapar?

Olívio esperou alguns minutos antes de entrar no quarto, encontrando Mia abotoando o penúltimo botão de sua camisa.

A mulher ajeitou os cabelos molhados para trás, fazendo um coque desleixado que deixava algumas mechas de seu cabelo caindo no rosto, e sorriu quando seu olhar recaiu na figura do homem observando-a do vão da porta do banheiro.

Olívio tinha a boca entreaberta até então, observando a cena abobalhado. Mia estava fazendo aquilo de propósito... só podia. Estava provocando-o, queria enlouquecê-lo de vez!

- Acho que agora sim, podemos ir pra entrevista. – disse ela sorrindo.






- Olívio! Isso é uma entrevista séria! – repreendeu Mia com uma careta – Responde direito ou eu não consigo sair daqui esta noite!

Olívio sorriu.

- E se essa for minha intenção? – provocou ele aproximando-se perigosamente da mulher.

Mia estava sentada na cabeceira da cama de Olívio com as pernas cruzadas, enquanto ele se encontrava deitado ao seu lado apoiando a cabeça em uma das mãos. Já se passava das três da madrugada e Mia não conseguira extrair nada de muito importante em relação à carreira de Olívio; toda vez que ela fazia uma pergunta séria ele respondia com indiretas e provocações.

Uma garrafa de vinho italiano beirava a metade do líquido vermelho, e enquanto a taça de Mia continuava intacta, Olívio já havia entornado três cálices, não parecendo, contudo, alterado devido à bebida. Mia revirou os olhos. Ele sempre fora muito mais forte que ela em relação ao álcool nos líquidos.

- Olívio, por favor. – pediu ela fazendo beicinho.

Mia franziu o cenho levemente. Aquele não foi um gesto muito inteligente da parte dela, visto que fazia horas que Olívio se continha para não avançar sobre seus lábios avermelhados. Ela sorriu pelo canto dos lábios ao ver um brilho rápido passar pelos olhos cor-de-mel.

Olívio apertou os olhos. Com um movimento rápido ele ergueu-se da posição que se encontrava e empurrou Mia delicadamente até deitá-la na cama.

- Olívio, o que – ela começou, com os olhos arregalados e a voz trêmula.

Olívio sorriu de um jeito malicioso, enquanto passava uma perna de cada lado do corpo trêmulo de Mia, repetindo o gesto com as mãos.

Mia sentiu um arrepio vindo desde seu pé até a nuca. Observou as orbes cintilantes do homem, e naquela posição sentia-se totalmente impotente... Se Olívio tentasse alguma coisa ela não estava em condições de resistir...

Ele continuou encarando os olhos negros de Mia e aproximou-se lentamente de seu rosto, parando seus lábios a milímetros do dela.

- Tudo bem, o que você quiser. – sussurrou ele com a voz rouca, fazendo menção de sair de cima da mulher.

Ele sustentou o olhar de Mia por um instante, imaginando se ela o queria tanto quanto ele a queria. Seus lábios se contraíram em um meio sorriso antes de ele sair de cima dela. Mas antes que ele pudesse sair, foi puxado rapidamente pela nuca, encontrando, com um sorriso, uma Mia enlouquecida beijando-o vorazmente.

Seu corpo todo estremeceu quando ele sentiu as mãos de Mia percorrendo suas costas, e depois migrando para as depressões de seu abdômen. Fechou os olhos por um instante, sentindo cada músculo do seu corpo se contrair com aquelas mãos únicas.

Com um sorriso débil, ele sentiu Mia desprender-se do beijo arrebatador e migrar seus lábios para seu pescoço. Ah, como sentira falta disso! Estremeceu levemente, os olhos fecharam-se novamente. Sentia cada pêlo de seu corpo de arrepiar a cada toque da mulher. Cada músculo se contrair na ansiosa espera de seus lábios.

Olívio encostou sua testa na dela, encarando-a firmemente nos olhos enquanto suas mãos desciam pelo colo de Mia, desabotoando lentamente cada botão da camisa. Ele a sentiu estremecer sob ele, e com um sorriso nos lábios, foi beijando seu pescoço, descendo pelo colo, seios, até abrir completamente a camisa e a retirar gentilmente, jogando-a de qualquer jeito no chão.

Olívio afastou-se por um instante, observando a mulher que diferentemente da primeira vez de ambos, pareceu gostar de ser observada por olhos tão admirados, extasiados... famintos.

Ele percorreu seus dedos por toda a silhueta da mulher, fechando os olhos como se quisesse decorar suas formas, para nunca mais esquecê-las. Começou pelo pé e foi subindo vagarosamente, sentindo-a estremecer a cada toque. Ao chegar ao rosto, a beijou com vontade, as línguas dançando em uma sincronia perfeita, como se estivessem lá para isso.

Desceu novamente seus beijos pelo corpo dela, sorrindo ao vê-la morder os lábios de prazer. Sua boca chegou ao abdômen da mulher, e ele o beijou lentamente, sorrindo ao lembrar-se de seu sonho em Hogwarts. Um sonho que parecia tão real, tão vivo... Lana e Henry...

Roçou seu nariz envolta do umbigo de Mia, e enquanto seus lábios refaziam a trilha de fogo para baixo, ele notou o ventre de Mia se contrair violentamente, e se perguntou se aquilo era bom ou mal. Beijou novamente seu abdômen, e seu ventre se contraiu de novo. Quando inclinou-se para beijar novamente, foi jogado no chão com um movimento brusco de Mia.

Ele ergueu seu olhar confuso para encarar as orbes negras da mulher.

- O que foi? – perguntou ele com uma voz rouca e preocupada. Notou que ela tinha os olhos lacrimejantes.

- Eu-eu- não posso. – ela respondeu com a voz embargada – Desculpe.

Ela simplesmente pôs-se de pé e pegou a camisa no chão, lançando um último olhar triste a um Olívio totalmente desnorteado no chão. Vestiu a camisa de qualquer jeito e aparatou.









N/A: Esse capitulo ficou meio NC neh.... heheheh ficou um pouquinho mais forte que o “Verry irrestiblé” mas espero que tenham gostado! Escrevi ele escutando “L´amour”, da Carla Bruni... pra quem gosta de música francesa... nossa, Carla Bruni é o maximoooo!!!

Lalala vamos aos comentários então! ^^


RFCs: Amo vcs! Saudadonas de todass!!



Thaty Brown: hahahah obriagada pelos elogios Thaty!! Capitulo q vem eh seu casamento!!1 Hahahahha vou me divertir mtooo escrevendo!! Hohohohoho espero q tenha gostado do capitulo!! E ah! Eu to enrolando, mas no Próximo EU PROMETO que conto quem eh o noivo da kahlen! Mas acho que vcs vão ter uma super-surpresa!! Hahahaha Realmente, Olívio Wood de toalhinha branca atendendo a porta... ai, estou sentindo até um calor!! HUAHuahuahuahauhauhuahau

Nash Moraes: finalmente apareceu sobrinha sumidonaaa!!! Amei o cap da FY e da BLH.... serio mesmo!! Mas vc ficou mto tempo sumidaa!! Vc ainda precisa me contar aquele negocio de coincidência da Mai estar grávida... hohohohohoh beijão! To curiosa!! Valeu pelo apoio constante!

Luisa ( _-_-_ ): Obrigada pelos elogios!! Hahahah deixei esperando mais um pouquinho soh ! hohohohohohohoho no PROXIMO PROMETO q vou contar quem é!! Hahahahahah mas que vcs vão cair de costas, ah vão!! Hahahahahaha

Tammie: Ah, obrigadaaa!!!1 hahahahahah ah, pq vai esperar?? Escreve siiiimm!! ^^ jhahahahah adoro fics com o Olii!!! Heheheheheheh !!



Agradecimentos a: Tati!!! Que ta sumidona mas eu sei q ta lendo! Obrigada por todo o apoio!!! E à todos q leram e comentaram! Desculpa se esqueci de alguém!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.