A ira de Malfoy



Uma dor muito aguda que vinha dos pés e subia ate as costelas acordou Harry, atordoando-o. Ele soltara um urro de agonia estridente ao sentir o frio que parecia corta à navalha sua pele. Estava deitado no chão, vestindo apenas uma camisa fina de algodão aberta, deixando todo seu tórax a amostra e uma calça de linho preta. Não enxergava nada, estava vendado. Então, tentou levar suas mãos ao rosto, para retirar a venda, mas não conseguiu. Percebera então que suas mãos, assim como seus pés, estavam fortemente amarradas, impossibilitando-o de fazer qualquer movimento muito extenso.

Ele ouvia sons de goteiras por toda parte e, se não fosse o fato de estar vendado, poderia dizer que estava em algum esgoto. O mau cheiro, que lhe causava náuseas, era insuportável e as fortes correntes de vento, que faziam a frio triplicar, traziam todo aquele fétido aroma na direção dele. Ele não podia ver, mas sentia a atmosfera do ambiente. Tudo ali parecia de alguma forma estar morrendo.

“Como fora parar ali?”... Pensava Harry. “Draco estava lutando comigo... Eu não tinha varinha e ele me encurralou... Ele me prendeu e... A porta!.. A porta! O que tinha atrás da porta?” Tudo parecia muito confuso. Depois de um tempo esforçando-se para relembrar tudo, finalmente os fatos pareciam ter começo, meio e fim, mas para sua decepção, não conseguia lembrar-se da coisa mais importante: o que tinha depois da porta.

- Socorroooo! Socorroooo! – Em um ato de desespero começou a se debater o que fazia a corda em torno de suas mãos e pés apertar ainda mais e não demorou muito para que começassem a corta-lo – Socorroo, SOCORRO!

- Caaaalma Potter... – Uma voz cínica pegara Harry desprevenido, que ate então parecia estar só. – Você parece tão assustado. Cadê a coragem? Vamos, levante... Me enfrente, lute como antes.. – Então uma gargalhada chegou aos ouvidos de Harry que percebeu que a voz lhe parecia muito familiar. - ...Se puder. – Completou.

- M-a-l-f-o-y. – Harry dissera a palavra demasiadamente devagar, trincando os dentes como se tivesse pronto a digladiar ate a morte com o sonserino, ate perceber: estava em desvantagem. – Seu miserável, filho da p...

- Electristatus – De repente uma corrente elétrica atingiu o corpo de Harry fazendo-o se debater por longos segundos, que para ele, mais pareciam uma eternidade. – Vamos deixar uma coisa clara aqui: ou você aprende a falar comigo ou vou ser abrigado a pegar mais pesado da próxima vez.

Um silêncio mortal se fez perceber na sala, dando a entender que Harry concordara em não ofender-lo em tais circunstâncias.

Não era a primeira vez que Harry se via em uma situação totalmente venerável as vontades sanguinárias de seu inimigo. Da primeira vez, e ele lembrara bem, estava no trem indo de volta a Londres, depois de ter sido pego por Malfoy dentro da cabine dele, ouvindo suas conversas. Apesar de a situação ser a mesma, agora ele não sabia o que estava acontecendo de fato.

- Bom. Parece que você concorda que não será nem um pouco agradável para você continuar com essa boca suja.

Outra grande pausa antes que Harry começasse a falar:

- Onde eu estou Malfoy?

- Ah Harry... Você tem tanta coisa pra perguntar e vem logo com essa! Mas não se preocupe que seus gritos não chegarão aos ouvidos de seus amiguinhos.

A raiva subira as têmporas de Harry que não estava fazendo nenhum esforço para evitar ofender o inimigo.

- Draco seu miserável, Covar...

- Clemência!

- Covarde, Viad... – Harry que, ate o momento, achara que o feitiço tinha falhado percebeu os efeitos na hora que tentou respirar. O ar não vinha. Tentou respirar fundo, mas novamente falta de ar. Dois minutos depois seu rosto estava vermelho e a corda que segurava os seus pés fez um corte profundo, devido aos movimentos angustiantes que o garoto fazia, como se isso fosse lhe trazer o ar de volta. Quando estava prestes a desmaiar o ar volta a encher seus pulmões, para seu alívio.

- Eu avisei. – Draco parecia se deliciar com toda a cena e Harry podia notar os risos abafados que ele deixava escapar. – Será que terei que lançar mão de outro feitiço para fazer você aprender quem está MANDANDO aqui?

- Voldemort andou lhe ensinando?

- Não meu caro... Pra que você acha que servem os professores de Hogwarts Harry? Eles podem ensinar muito mais coisa do que você imagina.

- EU SABIA! Snap estava com você o tempo todo... – O ódio dominava a mente de Harry que se encontrava em estado de crise por tantas informações ao mesmo tempo.

- Como você é tolo. Claro que estava comigo, mas aquele verme nojento não me ensinava nada que valia a pena ser aprendido... hahahah e ele dizia que queria me ajudar. HIPOCRITA! Estava tentando roubar toda a Glória para ele... Era isso que ele queria, mostrar a Voldemort que eu era incapaz e ao mesmo tempo se promover. – Draco, que ate agora se manteve calmo e, de certa forma, imparcial as dores de Harry, agora, pela primeira vez, depois que Harry acordara, parecia ter se descontrolado.

Novamente um silêncio Infernal antes de Draco começar a falar:

- Quem mandou você ficar me seguindo. Nada disso teria acontecido! Mas não, você sempre quer dar uma de “garoto de Dublemdore”, limpando as sujeiradas dele.

- E você de Voldemort – Concluiu Harry, pois agora estava mais do que claro que ele fazia parte do clube dos comensais.

- Hora-hora, como você é esperto. – Se tinha uma coisa que Harry odiava eram as piadinhas de deboche de Malfoy, e esse sentimento parecia ter se ampliado consideravelmente. – Não desperdice seus últimos minutos de vida tentando me afrontar. Há muita coisa que você deveria saber e se você ainda não percebeu, não sou eu quem está amarrado aqui. – Harry podia ouvir os passos de Malfoy se aproximando.

Malfoy se abaixa encostando seu ouvido no peito de Harry. O coração dele dispara ao sentir o toque da pele de seu inimigo de tão perto.

- Não pensei que você fosse tão medroso assim. – E num movimento sorrateiro, sobe ate o rosto de Harry ficando cara a cara com ele, sentido a respiração em seu rosto. – Você não vale o meu esforço. – E se dirige a orelha de Harry encostando seu rosto no dele. – Passar bem... – E então se afasta, cuspindo no rosto do garoto.

Draco se levanta. Parecia ter recuperado a calma de antes. O som da respiração ofegante de Harry e os passos leves de Malfoy eram as únicas coisas que se ouvia na sala. Draco se dirige a uma abertura estreita escondida atrás de um quadro dourado, mas antes de sair da sala vira-se para Harry, que aflito, por não poder ver nada, entra em pânico.

- Sabe, já que provavelmente este frio não vai lhe deixar viver por muito tempo, seria bom você saber o motivo de estar aqui... – Outro riso irônico de Draco. – Talvez isso te conforte um pouquinho... Alias, não sou eu quem vai dizer, é você mesmo. O que tinha atrás da porta Harry? Diga...

- Eu não me lembro.

- Claro que não... Eu fui mais rápido Potter. No momento em que você abriu a porta eu lancei um feitiço, perfeito, diga-se de passagem. Você não viu nada! – Ele parecia se vangloriar e a cada palavra sua voz ficava mais irritante.

- Então finalmente você conseguiu o que queria não é Malfoy?

– Ainda não Potter, ainda não... Mas você está perdendo a melhor parte com essa conversa mole. Cala a boca e escuta. – Já tinha chegado ao limite, se Harry não estivesse sendo detido pelas cordas já teria matado ele. – O rei das sombras, o todo poderoso Voldemort... Era ele sim. Era ele que estava lá, atrás da porta. Não é maravilhoso? Ele estava lá pra mim e por mim... Você estragou tudo. Depois que ele lhe viu lá teve que ir embora. TEVE QUE IR EMBORA. Deixou-me e é por isso que você deve morrer, lentamente.

- Você deve esta brincando... Voldem...

- VOCÊ NÃO MERECE PRONUCIAR O NOME DELE! – Agora Harry tinha certeza que não estava em hogwarts, pois o grito que Malfoy soltara, com certeza, se estivesse em alguma dependência do castelo, todos teriam escutado.

- Espera, não vai... Draco, não me... – Harry ouvia os passos do sonserino se distanciarem cada vez mais.

- Ate mais Potter... Aproveite o dia, enquanto pode.

Harry já não tinha certeza de mais nada. Estava desnorteado... “Voldermot, em hogwarts?”. Harry tentava achar algum modo de Voldemort ter conseguido entrar na escola, mas era impossível. Dublemdore estava lá naquele dia e, além disso, milhares de aurores tinham sido convocados para vigiar dia e noite cada aposento do castelo e fora dele, sem falar nos inesgotáveis feitiços de proteção lançados e cuidadosamente planejados, sobre o castelo. E se Voldemort estivesse lá Hermione, Ronny, Gina e todos os seus amigos corriam perigo. Mas uma coisa estava deixando-o confuso: Porque Draco falara tão mal de Snap? Será que Snap estava realmente do lado de Dublemdore. Será que ele não era mais um comensal da morte, todo esse tempo estava tentando apenas retardar os planos de Draco.

Ele precisava sair dali. Tudo que amava estava correndo risco de vida e ele não podia fazer nada. Impotente diante de tantos fatos. Por horas se debatia na esperança que a corda se soltasse de seus membros, mas a única coisa que ele conseguira fora cortes. Estava fraco, confuso e com raiva e aos poucos o frio o deixava sonolento também. Ele não resistiria muito.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.