Prólogo



Prólogo.


A casa no meio da escuridão tinha um belo e fantasmagórico brilho, um aspecto de bruma invadia todos os recintos. A mulher no centro da sala, ajoelhada, com raiva daqueles seres encapuzados e estranhos.


- Eu juro, peguem o que quiserem e dêem o fora daqui, simplesmente façam isso.


Os comensais riram com gosto. Um deles, postado ao lado da lareira, observava um dos belos quadros que havia na sala. Ele teria quase passado despercebido, se não fosse tão diferente dos outros. Diferente dos outros, que usavam roupas idênticas, este usava uma fina capa negra. Ela, apesar de toda a escuridão que os cercava, parecia que possuía brilho próprio. Era aparentemente feita de seda, e refletia a luz da lareira. Seu rosto, assim como os dois outros, estava oculto por uma máscara cor de marfim, extremamente reluzente. Ele se virou, lentamente, fazendo com que ela encarasse os olhos extremamente escuros que ele possuía e sentiu um leve tremor ao ver o brilho estranho que ele tinha.


- Senhor, eu faço qualquer coisa para vocês... Entrego qualquer coisa.


- Drakulya – Ele disse-lhe, os olhos brilhando intensamente, ela estremeceu. – Quero Drakulya.


- Aquela coisa não... Não existe mais. Morreu junto de meu marido!


Aquele ser gargalhou uma fria gargalhada. Ela realmente reparou que precisava entregar. Sua alma, ou aquilo.


- Está bem, façamos um acordo. – Ela levantou-se, ainda temerosa. – Não posso entregar-lhe aquilo, mas você sabe que talvez...


- Está começando a me irritar, mulher... – Ele andou lentamente até ela e segurou com força seu rosto. – Acho melhor me entregar o que tem, se não quiser se ferir.


- Com uma condição. – Ela falou, os olhos refletindo desespero – Eu quero uma promessa que não irá me ferir.


- Não temos que prometer nada para uma verme inútil como você – um dos comensais falou, com sarcasmo.


- Então nunca sequer chegarão perto daquilo.


- Senhor, não seria melhor apenas matarmos esse verme?


- Não... Ela tem razão – Ele largou o rosto dela, deixando a marca de seus dedos. – Leve-nos ao que você tem e terá minha palavra que não será ferida... Hoje.


Ela sabia que aquilo era o melhor que conseguiria. Com um pouco de sorte se livraria daquele peso que carregava já há tanto tempo e ainda poderia fugia para algum lugar distante, e não seria pega por aqueles seres repugnantes.


- Venham comigo, e não façam barulho, ou saberão que estão aqui.


Um dos comensais chegou perto do senhor deles, e cochichou algo.


- Tem razão, nós não devemos ir todos, apenas alguns de nós devem acompanhá-la. – Ele apontou para três comensais que começaram a acompanhá-lo, escadaria acima da casa.


A mulher fez sinal de silêncio quando chegaram no corredor. Os comensais pareciam nervosos e desconfiados, enquanto que o líder deles observava bem ao seu redor qualquer minimo movimento. Aquela podia ser a chance de sua vida, ou simplesmente uma tentativa frustada da mulher de criar uma armadilha. Caso ela tentasse algo, não conseguiria fugir, mesmo que matasse a todos que estavam no andar superior.
Quando chegaram a mais da metade do corredor, ela se virou para eles, tensa.


- Não posso entregar o que vocês desejam, mas darei a chave para que o tenham. - Ela sussurrou. Em seguida bateu na parede a sua direita. - Angéline! Lollyta! Venham, eles já se foram.


Um pesado silêncio se seguiu, enquanto a parede abria revelando uma passagem secreta. Quando a parede acabou de se abrir, duas jovens estavam paradas a porta. A mais velha de camisola longa branca e penhoir, e uma menininha que não deveria ter mais de 5 anos, com uma camisola rendada cor-de-rosano colo da mais velha, que olhava dos comensais para a senhora e da senhora para os comensais.


- O que acha que está fazendo, sua inutil? - Um dos comensais apontou-lhe a varinha.
- Disse que daria a chave para que vocês tenham o que querem. Apresento-lhes Angéline e Elizabeth Lollyta Drake. As duas filhas do meu finado marido. - Ela cruzou os braços - Agora quero que cumpra sua palavra.
- Milorde, deixe-me matá-la para o senhor.
- Não, dei minha palavra, mas aviso-lhe se descobrirmos que isso era somente uma armação, caçaremos-lhe até no inferno se for necessário, mas não sairá impune.
- Dou-lhe minha palavra de que, com relação ao que me pediu, isso é tudo o que eu posso fazer.
- Do que você está falando, Diana? - Angéline, a mais velha, olhava desesperada para a mulher a sua frente, enquanto segurava a menor com mais força no colo - O que você pretende fazer, Pelo amor de Deus!
- Agora vocês não serão mais problema meu. Agradeça ao seu pai por isso.


Angéline olhou suplicante para os comensais a sua frente.


- Façam o que quiserem comigo! Mas, por favor, deixem a meninha ir! Ela não tem culpa de nada.
- Cale a boca, imunda. Milorde, o que faremos?
- Peguem-nas e vamos logo, antes que amanheça.


Diana ainda olhou friamente, enquanto os comensais arrastavam as duas meninas. Não podia fazer nada para ajudá-las, e mesmo se pudesse, não o faria. Agora o destino delas não estava mais em suas mãos.


Continua...

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