Capítulo II



Harry Potter © J.K. Rowling




Capítulo II




I'm acting confused,
Estou agindo de modo confuso,
When you're close to me,
Quando você está perto de mim.




A pequena viagem do expresso para o castelo, em que os alunos mais velhos faziam em carruagens que andavam sozinhas, costumava ser demorada e incômoda, devido aos buracos que eram encontrados pelo caminho. Lílian assustou-se com a rapidez com que essa passara. Ela poderia até reclamar de Potter e Black, mas era inegável que eles eram divertidos e sabiam como fazer o tempo passar rápido.

Ela sorria o tempo todo, eles faziam piadas de tudo, pareciam crianças! Belas crianças, corrigiu-se rapidamente ao permitir-se analisar Tiago quando o Maroto estava distraído teimando com Sirius.

Ela reparou no blusão de gola alta que ele usava por baixo da capa da escola, era de fio. Tão escuro quanto seus cabelos desgrenhados. O sorriso era fácil, terrivelmente safado. A boca parecia dura, bem desenhada e masculina. Seus olhos eram o que ela mais admirava e temia. Poderiam ser quentes, alegres e inocentes como os de uma criança, e no segundo seguinte, poderiam se encher de malícia e cinismo. O tom era do mais incrível e raro castanho-esverdeado possível. As sobrancelhas eram negras e espessas, o que ajudava na sua masculinidade latente. Ela analisou os óculos, redondos. Não ficariam bem em muita gente, ela pôde perceber. Mas para Tiago caia perfeitamente, ela se arriscava a dizer que lhe dava uma aparência quase intelectual. Ele parecia ser mais velho do que realmente era, resultado do belo corpo esculpido a anos pelo quadribol. Ao observá-lo por apenas alguns segundos, não era preciso ser nenhum gênio para perceber que Tiago transpirava vontade de viver para todos os lados.

-- Então, prontos para mais um inicio de trimestre? – ele sorriu novamente, colocando as mãos na nuca, inclinando a cabeça para cima e cruzando as pernas na altura dos tornozelos.

Lílian não deixara de perceber que de alguma forma, ele sempre conseguia relaxar de modo negligente sem parecer desleixado. Podia-se sempre perceber que estava alerta, que seus sentidos estavam aguçados, e que havia uma energia enorme percorrendo seu corpo pouco abaixo da superfície calma. Lílian sabia que ele observava as pessoas sem ser óbvio – não que ele se importasse que ficassem desconcertadas, não ligava a mínima --, simplesmente era algo que ele conseguia fazer. Parecia que estava a todo tempo buscando segredos. E quando Tiago Potter buscava, costumava encontrar o que quisesse.

-- A única coisa particularmente difícil é voltar a acordar cedo, não? – lembrou Sirius com uma careta. – Merlin, isso deveria ser proibido. Uma coisa tão ruim não pode fazer bem a saúde...

Tiago riu, assentindo. Mas antes que pudesse comentar mais alguma coisa, a carruagem parou abruptamente.

-- Já chegamos? – assustou-se Lílian.

-- Já – assentiu Tiago, depois sorriu para ela – Viu como o tempo passa rápido perto de mim, gata? – ele piscou um olho, equilibrando-se entre o charmoso e o brincalhão.

Ela revirou os olhos verdes nas órbitas enquanto saia da carruagem, resmungando algo inaudível. Parou na porta de entrada do castelo, mordendo o lábio, como sempre fazia quando estava pensativa ou nervosa.

-- O que há? – Tiago ergueu as sobrancelhas, olhando para o mesmo ponto que ela.

Ela sacudiu a cabeça violentamente.

-- Não é nada... é só que não posso parar de pensar que essa vai ser a ultima vez que vou subir esses degraus.

Ele riu, mais relaxado agora que vira que o problema era pequeno.

-- Prometo te trazer aqui mais vezes até o ano acabar.

Ela riu levemente, surpreendendo-se. Ela nunca riria para Tiago Potter, sob hipótese nenhuma. Mas ela sentia que tinha alguma coisa de diferente nele nesse ano.



Ao alcançarem o Salão Principal, Lílian se viu no mar de alunos gritando cumprimentos, distribuindo abraços e apertos de mãos. Era o burburinho do reencontro depois das férias. As quatro compridas mesas estavam dispostas no Salão. As velas flutuavam acima da cabeça dos estudantes, transformando todo o ambiente na magia literal que era a iluminação por velas. A ruiva reparou na mesa da Corvinal, onde todos já haviam se sentado e esperavam obediente o professor Dumbledore se virar e lhes dar as boas vindas. A mesa da Lufa-Lufa continuava eufórica, alegre. A da Grifinória, a mais distante da porta de entrada, no canto direito do Salão, estava bagunçada. Alguns alunos sentados, outros em pé e outros ainda ausentes. A mistura de cor dos uniformes mostrava a óbvia amizade entre alunos de diferentes casas. Dumbledore observava os alunos atentamente, os olhos azuis brilhando e um pequeno sorriso nos lábios, parecendo satisfeito com o que via.

-- Lílian, aquela não é a prima de Sirius? – Lena parou de andar e apontou com a cabeça para a mesa da Sonserina, no lado esquerdo do Salão, por motivos óbvios o mais afastado possível da Grifinória.

-- Quem? – a garota procurou alguém levemente parecida com Sirius, mas falhou terrivelmente.

-- Ali, na ponta da mesa! Conversando com Malfoy. A loira!

-- A loira? – Lily franziu as sobrancelhas enquanto encontrava com os olhos.

Estranho. Ela sempre achara que toda a família Black teria cabelos escuros. Aliás, Bellatrix aquela prima terrível de Sirius, que terminara Hogwarts ano passado, não era até parecida com ele? Os mesmos traços arrogantes. Mas aquela garota que Lena apontara não se parecia em nada com eles.

Lílian Evans permitiu-se analisar melhor. A garota devia estar no sexto ano e estava sentada com as pernas cruzadas, numa pose elegante e digna de ‘puros-sangues’, sua mão de unhas compridas batiam levemente na mesa. As unhas eram cor de rosa choque, o que se chocava absurdamente com seus cabelos lisos, de um louro platinado impressionante, quase creme. Ela percebeu a maneira educada e interessada que ela sorria para Lucio, piscando os olhos azuis hipnotizantes lentamente. De fato, era bonita. Aquilo era inegável.

-- Vejo que conheceram mais um dos encantos de minha família. – Sirius, juntara-se as duas e também mantinha os olhos em Narcisa, desgostoso. – Essa garota é mais perigosa do que parece. – comentou, displicentemente. – Tiago gosta dela – sorriu maroto.

Lílian ergueu as sobrancelhas.

-- Ora, Potter gosta de tudo o que ande, não é mesmo?

Sirius riu.

-- Não é verdade. Ele não gosta de Snape, por exemplo.– eles colocaram-se a andar em direção a mesa da Grifinória, agora quase todos já tinham encontrado seus lugares. – Fato é que ela é louca por ele.

Lena observou Lílian torcer o nariz e sorriu internamente. Eles sentaram-se na mesa e gradativamente a conversa no Salão foi diminuindo, eles observaram a seleção dos calouros, aplaudindo e gritando toda vez que um era selecionado para a Grifinória. Sirius e Tiago gostaram particularmente de um garotinho, que se apresentou como Steve. Lílian só pôde vê-los conversarem aos cochichos e alguns segundos depois Steve sair dali para a outra extremidade da mesa, metendo um saquinho no bolso.

-- Oh, Merlin. O que vocês deram para ele!? – Lílian exclamou indignada.

-- Não é nada demais, apenas uns fogos para o garoto se divertir um pouco – Tiago sorriu, acomodando-se melhor sob o banco e encarando-a sem preliminares.

-- Oh! – exclamou ela – Se vocês continuarem a tornar calouros em infratores, eu vou confiscar tudo de perigoso que vocês tiverem.

Eles riram.

-- Minha cara Lílian – explicou Sirius, arrumando os cabelos – Os humanos são perigosos, não os produtos que gostamos e possuímos.

Ela abriu a boca para rebater, mas foi interrompida pela figura colossal de Dumbledore, erguendo-se com os braços abertos, num gesto muito seu. As conversas imediatamente cessaram-se.

-- Boas vindas a Hogwarts aos novos alunos – ele sorriu levemente ainda tentando abraçar todo o salão – E bom retorno aos alunos antigos. Eu sei que vocês assim como eu, ou até mais devido a longa viagem, devem estar mortos de fome – ele sorriu ao ver os alunos assentindo. – Mas, minha mãe já dizia, antes é necessária a obrigação. Sendo assim, tenho que dar apenas umas palavrinhas chatas de um velho cansado, além dos avisos habituais, nenhum aluno deve entrar na Floresta Negra e sair da cama depois das sete da noite, sim. Por medidas de segurança para com vocês, o horário de circulação permitida não é mais as nove. – seu olhar fixou-se demoradamente nos Marotos, com um sorrisinho quase imperceptível, eles sorriram culpados – Também lamento ter de informar que nenhum aluno poderá permanecer em Hogwarts para o Natal – houve murmúrios de lamentação - Sim, lamento, ordens do Ministério – ele suspirou cansado -- Todo inicio de mês, no mínimo, teremos uma lista com nomes das vitimas encontradas, pois como todos sabem, um novo bruxo das trevas está apavorando a todos. – fez uma pausa. – Lord Voldemort – mais uma pausa, esperando os sussurros apavorados cessarem -- Parece que ele está destinado a causar impacto. Mas para finalizar, uma boa noticia, teremos um baile a fantasia de inicio do ano – houve uma agitação no salão – Sim, sim! Vai ser bem divertido! – Dumbledore sorriu – Agora, pelo amor de Merlin, chega, vamos comer!

Todo o salão riu satisfeito, enquanto Dumbledore sentava-se entusiasmado. Imediatamente, travessas e mais travessas de todo o tipo de comida encheu as quatro mesas. Gemidos de aprovação puderam ser ouvidos, seguidos pelo tilintar de talheres e taças.

-- Você ouviu isso? Um baile! – Sirius comentou entusiasmado enquanto cortava uma batata cozida.

-- Ahan – murmurou Tiago, atacando a comida. – É realmente bom, nunca fizeram isso antes, não é?

-- Mas isso prova que a situação está realmente feia... – disse Remo tristemente.

-- Vocês ouviram isso? Vão dar a lista com mortos! A situação está mesmo critica lá fora – exclamou Lílian para Jane e Lena. As duas assentiram levemente com a cabeça.

-- Ah, o que será de nossos pais? – comentou Jane, triste.

-- Seu pai não é auror, Tiago? – Lena desviou a atenção da comida para encarar o belo rosto do amigo.

-- Ele é. – Tiago suspirou. – Mas é um bom auror, procuro não me preocupar muito, sabe. Mas minha mãe quase morre de preocupação.

Antes do esperado, os calouros começaram a se levantar. Lílian espreguiçou-se e pulou do banco, chamando:

-- Alunos do primeiro ano, por aqui! Alunos do primeiro ano! Acompanhem-me!

Tiago ficou a contemplar Lílian sair do salão, com uma dúzia de garotinhos atrás dela, parecendo assustados. Os cabelos cor de fogo da garota escorriam pelas costas.

-- A maioria das mulheres mataria por alguns centímetros dessa cor de cabelo. – comentou Jane, seguindo o olhar de Tiago. – E ela tem um monte dele.

Eles assentiram, sorrindo. Lílian nunca parecia perceber o quanto era maravilhosa.

Logo, os alunos foram arrastando-se preguiçosamente para fora do salão, sonhando com as camas quentinhas que os esperavam nos dormitórios. Sirius, Tiago, Lena e Jane foram uns dos últimos alunos a deixarem o Salão Principal, evitando todo o tumulto.

Eles andavam preguiçosamente pelos corredores, subindo e descendo as escadas ocasionalmente.

-- O que acham de não poder sair mais depois das sete? – perguntou Lena, quando subiam as escadas para chegar a torre onde se encontrava a sala comunal da Grifinória.

Sirius deu de ombros, sorrindo marotamente.

-- Não que mude muita coisa, minha querida.

-- É verdade. – assentiu Tiago. – A única coisa que muda é que a partir de agora usaremos mais a minha Capa da Invisibilidade.

Sirius ia comentar mais alguma coisa, quando pareceu lembrar de alguma coisa.

-- A senha! Alguém lembra da senha? Isso é, alguém sequer ouviu a senha?

Tiago fez uma careta. Não sabiam a senha, e já haviam chegado em frente ao buraco do retrato. A Mulher Gorda, em seu vestido enorme cor-de-rosa, sorria radiante para eles.

-- Bem-vindos de volta meus queridos!

Ela aguardou a senha, Tiago e Sirius se entreolharam nervosos.

-- Er... sabe como é...

Sirius revirou os olhos, com a Mulher Gorda nunca funcionara enrolação.

-- A senhora vai nos deixar entrar, por favor? – ele lhe deu o seu melhor olhar de cachorrinho abandonado, esperando funcionar.

-- Provavelmente não. – ela ergueu as sobrancelhas -- Não enquanto não me derem a senha!

Lena olhou de Tiago para Sirius e murmurou algo que parecia muito com “que incompetência...”

-- A senhora lembra de mim? – perguntou ao quadro que a examinou atentamente.

-- Ah, sim! Como poderia me esquecer? Você é aquela menina querida que sempre me dá bombons de Natal!

-- Isso mesmo! – ela riu, e Sirius assustou ao quase se ver persuadido apenas pelo riso doce da garota -- Você sabe... tenho adoração pela senhora!Faz um trabalho tão competente!Todos falam de sua eficiência pelo castelo!

Sirius sorriu, ela estava na maior facilidade conseguindo o que ele e Tiago não conseguiram em sete anos, convencer a Mulher Gorda a abrir passagem mesmo sem a senha.

-- Verdade? -- a mulher Gorda parecia igualmente surpresa e encantada -- Mas que ótimo!

-- É claro! Eu por exemplo, vivo falando de como a senhora é prestativa! –a garota sorriu radiante.

-- Oh querida, imagine, entrem meus queridos, entrem! É perigoso ficar aí fora em tempos como esse -- ela abriu passagem extremamente feliz.

Ao passarem pelo buraco do retrato, viram-se novamente na conhecida sala, onde residiam poltronas e sofás muito gastos e antigos e vários quadros e tapetes mofados. A lareira agora desligada, mas eles sabiam que quando chegasse o outono e começasse a esfriar, o fogo crepitaria dançante e quente.

Tiago analisou toda a sala, satisfeito. Agora estava praticamente vazia, todos sabiam o quão difícil seria o primeiro dia de volta as aulas, e tinham se recolhido mais cedo. Seus olhos sempre a procura de alguma coisa, caíram numa maçaroca de cabelos ruivos. Lílian estava deitada no sofá de três lugares, mais ao canto da sala e parecia apagada.

O garoto aproximou-se e sentou na borda do sofá, analisando seu rosto atentamente. Ele sentia a tentação de contar as sardinhas ruivas de seu rosto. Ela parecia tão frágil ali, dormindo que ele sentiu uma ânsia absurda de tomá-la nos braços e beijar-lhe até que ela acreditasse que ele realmente era encantado por ela. Ao invés disso, ele suspirou e tocou-lhe de leve o ombro.

-- Evans, acorde.

-- Hmm? – a garota abriu os olhos, relutante -- POTTER?

Ela sentou-se bruscamente, batendo com a própria cabeça, na cabeça do Maroto.

-- Ai! – exclamaram juntos, levando à mão as cabeças.

Ela encarou-o comicamente, e os dois caíram na risada. Ela não sabia porque estava fazendo aquilo, nunca sequer gostara de Potter, alias o odiara por todos aqueles anos. Agora ela estava ali, sentada com ele, rindo?

Fato, era que Tiago além de inegavelmente bonito, tinha jeito com as pessoas. E mais do que isso, tinha jeito com as mulheres. Ela não podia permitir-se gostar dele.

Tiago notou a mudança no rosto da ruiva, em um momento, ria como criança, no outro, seu rosto passara a ser impenetrável e irritantemente impassível, como um mar à noite.

Repentinamente, ele enfiou a mão entre os cabelos da garota, segurando-os firmemente. Sorriu alguns segundos depois, como se só naquele momento tivesse notado que sua mão estava entre os fios cor de cobre.

-- Nunca pude resistir a eles, não é? -- comentou sonhador, quase como se comentasse para si próprio.

Ela continuou impassível, simplesmente deu de ombros meio ausente. Ela mentia descaradamente para si mesma. Ela sabia que não era imune a Tiago Potter, nem longe disso. Ele a afetava demais, um toque era um turbilhão de emoções que ela sempre tentara refrear com gritos e tapas. Ela quase se permitiu um suspiro, mas achou insano demais. Ela não poderia apaixonar-se por ele, pois ela sabia que sairia machucada. Ela mesma já não vira o estrago que aquele garoto era capaz de fazer nos corações das garotas? Ela mesma já passara tardes consolando amigas de classe, tremendamente magoadas e com o coração em frangalhos? Ele nunca vira as mulheres mais do que um prazer descartável.

Mas agora, encarando seus olhos e sentindo o toque dele entre seus cabelos, ela lembrou de seu beijo. Lembrou de todas as vezes que ele lhe beijara a força, sem emitir juízo. Ela sentiu um arrepio involuntário, ansiando por aquilo novamente.

-- Nunca vi outra mulher que tivesse cabelos como os seus. – ele continou após uma pausa. – E como procurei, só Deus sabe, mas o tom é sempre errado, ou a textura, ou o comprimento. – a voz dele possuía um timbre sedutor e apaixonado. Lílian enrijeceu-se, tentando não pensar nisso. – É único. – ele fez uma pausa, permitindo que seus olhos mergulhassem naqueles fios.

A luz fraca que emanava da sala, destacava-os ainda mais.

-- Você sempre teve um dom para descrição. – comentou ela, sua voz estava distante, ligeiramente entediada, enquanto rezava para ele ir embora. – Faz parte de seu galanteio, não é mesmo? – antes que ele pudesse responder, ela ergueu-se bruscamente. – Vou dormir, você deveria fazer o mesmo. – aconselhou-o friamente – Não seria legal se você se atrasasse para as aulas amanhã e começasse o ano perdendo pontos, não é mesmo?

E dando-lhe as costas, rumou para o dormitório feminino.



Amanhecera uma manha comum de verão, abafada e convidativa para tudo, menos os estudos. No dormitório masculino Remo tentava febrilmente acordar Tiago e Sirius, já havia tentado de tudo, desde travesseiros na cara, até berros e o máximo que conseguira fora alguns pequenos gemidos inaudíveis e muitos palavrões.

-- Tiago, Sirius! – exclamou Remo, já inteiramente vestido e pronto para o café da manhã. – Por favor, façam um esforço!

Os dois nem sequer se mexeram, após o quarto berro consecutivo de Lupin, Tiago havia coberto a cabeça com o travesseiro e Sirius havia desaparecido debaixo das cobertas.

-- Ora, sinto muito por isso, mas foram vocês que pediram. – ele revirou os olhos, empunhando a varinha e mentalizando ’Levicorpus!’.

Os dois amigos foram imediatamente virados de cabeça para baixo, içados pelos tornozelos.

-- LOBINHO! – berrou Sirius. – VOCÊ VAI MORRER QUANDO ME COLOCAR NO CHAO!

-- Finalmente. – Remo revirou os olhos não parecendo nada preocupado, enquanto voltava a colocar os amigos no chão.

Um travesseiro atingiu em cheio o rosto de Remo, com toda a força possível que um travesseiro é capaz de atingir alguém. Sirius sorriu vitorioso e virou-se para Tiago, que colocava os óculos.

-- Agora que eu, com minha esplendida mira vinguei a nós dois, vou tomar banho.

-- Ah, você não vai! – replicou Tiago, erguendo-se rapidamente. – Eu vou antes.

Os dois se encararam por alguns segundos e saíram correndo adoidados para o banheiro, chegando juntos e começando a se empurrar violentamente, em uma luta de ombros largos.

-- Pelo amor de Merlin! – Remo revirou os olhos, já recuperado da “travisseirada”. – Vocês parecem crianças! O que custa esperar?

-- A honra! – exclamou Tiago, forçando Sirius para longe da porta do banheiro.

-- O orgulho! – replicou Sirius, agarrando-se com força na porta.

Remo suspirou, e dando-se por vencido, jogou-se na cama novamente. Passando um minuto inteiro de empurra-empurra, os dois marotos convencidos de que nenhum nunca ganharia, decidiram tirar a sorte nos palitinhos. Tiago fez um movimento com a varinha e vários palitinhos apareceram em sua mão.

-- Sirius, pega um desses aqu... – mas foi interrompido por Sirius, que no momento de distração de Tiago, entrara no banheiro e batera a porta. – HEY! – Tiago esmurrou a porta. – Isso é TRAPAÇA! Seu trapaceiro! Seu desonesto!

Tiago e Remo puderam ouvir a risada canina de Sirius do outro lado da porta, junto com o barulho do chuveiro sendo ligado.

-- Se eu não fosse tudo isso, eu não seria um Black, não é mesmo? – ele replicou lá de dentro, ainda rindo.

Tiago resmungou alguma coisa nada delicada que envolvia os palitinhos em sua mão e a família Black e finalmente, se deu por vencido. Indo deitar na cama e esperar Sirius desocupar o banheiro.

Meia hora depois os Marotos entravam no Salão Principal as gargalhadas. A maioria dos alunos já havia deixado as mesas, restando apenas alguns pouco atrasados. No momento em que Remo, Tiago e Sirius sentaram-se a mesa da Grifinória, alcançando café e algumas torradas, a professora McGonagall veio apressada na direção deles.

-- Ora, primeiro dia e vocês já se atrasaram. – vociferou a professora, comprimindo os lábios. – Vejamos. – ela interrompeu Tiago, que ia prontamente dar uma desculpa. – Os três obteram N.O.M.s. excelentes ano retrasado, e esse é o ano dos N.I.E.M.s. – ela encarou Remo – O Sr., senhor Lupin, ainda pretende se tornar professor?

-- Pretendo, professora McGonagall. – assentiu o louro.

-- Muito bem, esses são seus horários. Você deverá cursar Feitiços, Defesa contra as Artes das Trevas, Transfiguração, Herbologia, Poções, Aritmancia, e Runas Antigas. – ela encarou o papel que segurava. – A propósito, o senhor está atrasado, a aula de Runas Antigas começou a três minutos.

-- O que? – exclamou Remo, engolindo uma torrada a seco e lançando um olhar muito mal humorado a Sirius e Tiago.

Remo ergueu-se, recebendo o papel com seus horários da professora, desejando uma boa manha e disparando salão afora.

-- Bom... – a professora encarou os dois amigos restantes através dos óculos quadrados. – Potter, Potter, Black... – ela remexeu em suas folhas, voltando a encará-los – Feitiços, Defesa contra as Artes das Trevas, Herbologia, Transfiguração. A propósito, devo dizer que apesar de tudo, fiquei muito satisfeita com suas notas em minha matéria, tanto nos N.O.M.s quanto no ano passado. – eles sorriram, vitoriosos. – E Poções. Bom, isso fecha seus estudos. A ambição de vocês ainda é tornarem-se auror, não?

Os dois assentiram rapidamente.

-- Então está tudo certo, espero que continuem com as notas boas. Ser auror exige muito, como vocês já sabem. – ela distribuiu os horários. – Potter, trinta aspirantes já se inscreveram para a equipe de quadribol. Passarei a lista em alguma aula próxima e você marcará os treinos quando quiser.

-- Sim, professora. – assentiu o moreno.

-- Bom, tenham um bom dia, e Black.

-- Sim, professora?

-- Ajeite essa gravata. -- e McGonagall deixou a mesa a passos rápidos.

Sirius, que revirara os olhos e fizera o nó na gravata que antes apenas descansava sobre os ombros, e Tiago terminaram o café-da-manha e Sirius encarou sua folha de horários, dando um gemido.

-- Ah, veja só. Agora temos Poções. Remo já deve estar nos esperando.

Os dois puseram-se a andar para as masmorras, enquanto muitos alunos também se moviam. Era hora da troca de aula, a hora em que os corredores eram mais apinhados. Os amigos chegaram nas masmorras e entraram na sala de aula de Slughorn. Agora, para os N.I.E.M.s não sobrara muita gente na sala, apenas os dois, Remo, Lílian, Lena, Diggory, um garoto da Corvinal, e para desgosto dos dois marotos, Severo, Lucio e Narcisa.

Eles sentaram-se à mesa junto a Lena, Lílian e Remo e puseram a conversar enquanto retiravam seu material.

-- Em que você vai tentar se formar? – perguntou Tiago a Lílian, enquanto retirava seu caldeirão da mochila.

-- Quero ser curandeira. – seus olhos brilharam na sala escura ao dizer aquilo. – Sempre gostei de ajudar os outros.

-- Ei, Lena. Vai ser uma auror, então? – questionou Sirius, observando a garota abrir o estojo de facas.

-- Vou sim. – comentou, predestinada.

Sirius analisou seu perfil maravilhosamente bem esculpido. Seus cabelos estavam presos na habitual trança solta e displicente. E ele sorriu ao perguntar-se se eles também teriam cheiro de chocolate, assim como tinham a cor.

-- Bom dia! Bom dia, senhores alunos! – a figura maciça de Slughorn entrou na sala, fechando a porta atrás de si. – Como foram de férias? Ah! – seu rosto redondo ficou corado de prazer ao dirigir-se a mesa da esquerda. – Lílian! Como vai?

-- Bem, professor Slughorn – ela sorriu – E o senhor? Como foi de férias de verão?

-- Muito bem, muito bem! Embora sinto falta de alunas como você.

A ruiva sorriu, levemente envergonhada e ignorando os olhares de desgosto que Narcisa lançava-lhe da outra mesa.

O professor passou a aula fazendo perguntas sobre os principais tipos de poções e para qual cada servia – todas as perguntas prontamente respondidas por Lílian – e explicando sobre os N.I.E.M.s. Quando faltava quinze minutos para o fim da aula, o professor deu a eles a receita de uma poção contra soluços, dizendo que o aluno que a acabasse antes, levaria 20 pontos para sua casa.

Sirius riu, espreguiçando-se demoradamente e nem se preocupando em tocar nos ingredientes.

-- Para que se dar o trabalho? Sabemos que a Lílian vai acabar mesmo.

-- Não sei – comentou a ruiva preocupada enquanto despejava um pouco de presas de dragão no caldeirão borbulhante. – Snape também é bom em Poções.

Lena olhou por cima do ombro, para a mesa dos sonserinos, e realmente Snape consultava o livro e jogava ingredientes com a mesma habilidade da amiga.

Mas de fato, tal como disse Sirius, Lílian acabou a poção em menos de 10 minutos e sobre vivas e outras exclamações maravilhadas de Slughorn, levou os vinte pontos para a Grifinória.

-- Antes de vocês saírem – começou o professor, mexendo levemente no bigode de leão-marinho – Gostaria de avisá-los que o Baile de Inicio de Ano, será realizado não tão no inicio do ano devido a alguns imprevistos, vocês sabem... coisas do velho Dumbledore, será após o Natal, não se esqueçam da fantasia. – ele sorriu. – Tenham um bom dia.

Quando os alunos se dispersaram para o corredor, o estomago de Sirius roncou alto.

-- Sirius – Lena ergueu as sobrancelhas. – Você tem se alimentado direito?

-- Não. – ele sorriu maroto. – Não consigo mais comer, não vou comer enquanto não te tiver só pra mim. Eu te quero demais, Lena! – ele dramatizou, fingindo chorar.

Tiago franziu as sobrancelhas:

-- E isso te impede de almoçar? – o comentário fez todos rirem.

Sirius revirou os olhos.

-- Só volto a me alimentar, quando te tiver.

-- Onde vai ser o enterro? – ela riu, mordendo os lábios, levemente marota, provocando uma nova saraivada de risadas.



Lílian passara todos os seus intervalos livres na biblioteca, por Merlin, os N.I.E.M.s. seriam realmente difíceis, aquilo era perceptível só pela quantidade de tarefas que os professores vinham passando. Ela sorriu, saudosa para um grupo de garotinhas do primeiro ano. Bons tempos foram aqueles em que ela podia se dar ao luxo de não se preocupar com nada. Ela encarou os terrenos de Hogwarts, agora coloridos de laranja, devido ao pôr-do-sol. Pensou em Tiago e na maneira casual que ele tinha tocado seus cabelos. Olhou para o relógio de pulso e num sobressalto enquanto juntava seus livros rapidamente, percebeu que já eram quase sete horas, tinha que correr para a sala comunal!


Quando entrou pelo buraco de retrato, encontrou os marotos e as meninas conversando animadamente, sentou-se junto a eles.

-- Então ele tomou a poção e começou a espirrar! – todos gargalhavam.

Pelo visto estavam revivendo a aula de Poções em que quando Slughorn não estava olhando, Sirius “acidentalmente” derramara unha de morcego na poção de Snape, o que fez com que quando ele espirrasse incontrolavelmente todo o resto das aulas.

Tiago passou a mão pelos cabelos, sorrindo marotamente.

-- Agora vamos falar de assuntos mais urgentes. – para a surpresa de Lílian, ele virou-se para ela.

-- Lílian, quer casar comigo?Você está tão linda hoje.

-- Só se você me levar para passear no precipício – ela o viu franzir as sobrancelhas, logo começando a aceitar. – Para eu poder te jogar lá de cima.

Sirius reprimiu uma risada.

-- Mau jeito, Pontas.

Lena observou quando Tiago ergueu o punho para socar o ombro de Sirius, e logo puxou assunto.

-- Então, vocês vão ao Baile em dezembro?

-- Bom, não sei, mas ainda falta bastante não é mesmo?-disse Lílian.

Remo assentiu.

-- É... e tem também os N.I.E.M.s.

-- Remo seu CDF desgraçado cale a boca – interviu Sirius – Se não você começa e não pára mais!


-- Pera aí, onde está Jane? -- perguntou Lílian notando apenas agora a ausência da amiga.

-- Ah... ela subiu pro dormitório já.-- respondeu Lena, suspirando.

-- O que aconteceu com ela?—a ruiva franziu o cenho, preocupada.

-- Não sei, tem estado muito estranha ultimamente.

-- Vou subir – anunciou Lílian – Volto já.

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Lùh Lupin
Mudou de Black pra Lupin? hahah, quase não reconheci >< mas então, sério... gostar uma vez já é bom, duas então é melhor ainda! *-* ah, eu estou me esforçando pra deixar ela digna né! E cara, que bom que essa fic é sua preferida. Gosto muito de escreve-la C: beijo, querida.

*Lari Forrester Black*
Ah, é tão bom saber que existem pessoas novas lendo sua fic antiga! E mais do que lendo, gostando! Que bom que gosta, querida. Te espero aqui mais vezes :D

Pamela _Wesley_Potter_Evans
Guria, quanto tempo oO’ tava com saudades dos seus comentários! Rs. E perfeita? A fic? Ah, eu juro que estou tentando. Rs. E ainda bem que essa fic continuava nos seus favoritos, ou voce nem saberia e eu nem teria seus comentários aqui! Mas sério, brigadão mesmo garota, espero que tenha gostado desse capitulo C:

Nanda Potter
Ah, esse Tiago né? *-* que cara mais perfeito. Haha, também né. Escrevo ele como sendo o ideal, poxa. Idealizo muito o garoto. Hahaha. Mas então, sobre as fotos dos personagens. Garota, eu sempre quis fazer isso, sabe? Nas minhas T/L mas nunca consegui pelo fato que eu vivo reclamando: faltam ruivas bonitas em hollywood. Realmente, quando eu vejo a Lindsay como Lílian (e isso acontece o tempo todo) Eu fico muito revoltada. Hahaha, porque a Lily que eu imagino é toda alva e delicada sabe? E com cabelos ruivos de verdade ainda. Bom, odeio Lindsay como Lílian. Mas então, a principio não vou ter fotos. Mas tenho uma foto aqui de uma atriz que eu pretendo postar mas nos capitulos finais, quando eles já tiverem terminado sabe? Por ser mais velha e tal. Falando nisso, brigada pelo site da Liv, viu? ^^ beijo guria!

**Andressa Evans Potter **
Sério? Hahaha, que bom que voce ta gostando! Espero que tenha gostado desse também C: te espero por aqui mais vezes, querida. Beijão.

Beijo, minhas meninas!

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