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- CAPÍTULO OITO –
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Muito distante do Porto de Holyhead, ou mesmo de Newcastle, havia um vilarejo no extremo norte da ilha da Bretanha que havia sido estranhamente expurgado dos dados da comunidade local. Os moradores haviam sido mortos, e suas casas queimadas. As crianças foram dadas a um lobisomem para que este saciasse sua sede e criasse um pequeno exército de lobos. Gigantes trogloditas e violentos estavam sempre sentados, como uma enorme muralha viva de pedra protegendo a cidade. E por toda parte que se olhava, havia uma névoa gelada e triste. Dementadores permeavam a região. Aquele era o vilarejo de Dighted De’il. E já faziam mais ou menos dois anos que tudo ali era sem vida, frio e perigoso.

Das casas queimadas, restou apenas o antigo prédio da prefeitura, onde ocorria toda a movimentação do vilarejo. As luzes dentro do prédio estavam sempre acesas, e era possível escutar gritos constantemente ao se aproximar do local. Mesmo que qualquer trouxa que se aproximasse fosse atacado, morto, ou tenha alterada a memória, os gritos eram altos o bastante para ecoar nas noites escuras.

Naquela noite, entretanto, não havia gritos ou lamúrias. Mas uma risada fria e cortante. Maligna. Lorde Voldemort estava em seu esconderijo mais bem arquitetado e acabara de receber uma das notícias mais interessantes dos últimos cinqüenta anos. Estava sentado em sua alta cadeira de espaldar reto, de pedra. Havia poucos archotes para iluminar a sala, e a principal fonte de luz eram as longas chamas verdes que dividiam a sala do restante da casa. Na sala onde estava sentado, havia apenas ele, sua cobra, e um de seus mais fiéis servos. Diante do Lorde das Trevas, prostrava-se de joelhos, Severus Snape. Contando como matara Alvo Dumbledore.

- Muito bem Severus. Muito bem... – disse enquanto seus finos dedos aranhosos brincavam com as presas de Nagini. – O lorde castiga, mas recompensa... Mas antes de decidir como recompensá-lo, - e sua voz mudou. Havia uma fúria em cada sílaba, um sorriso louco e vingativo – traga a prole idiota de Malfoy.

- Draco. – gritou Snape secamente. – O Lorde deseja sua presença.

Pelo portal de chamas verdes uma pálida mão inseriu o braço nestas e sem consumir-se atravessou a sala. Draco Malfoy estava magro e cadavérico. Seus olhos brilhavam opacos e as cicatrizes em seu rosto pareciam murchas e o tornavam ainda mais assustador. Vestia trapos imundos e empoeirados, a barra das vestes ainda sujas de lama. A visão daquela noite e a proposta que recebera ainda latejante em sua mente.

- Crucio! – ordenou Voldemort e o garoto caiu no chão. Sua varinha rolou pelo chão e caiu diante dos pés da cadeira de pedra. – Agora saia, Severus. – disse a fria voz sobrepondo-se aos guinchos do garoto. Quando a capa enfunante de Snape atravessou a última linha de fogo, a tortura cessou.

- Bem, Draco, você me decepcionou. – disse calmamente olhando para os farrapos do que restara de Malfoy no chão. – Levante-se! – gritou feroz e o garoto obedeceu prontamente. – Não tente fechar sua mente, eu já vi o que está pensando, e exatamente por isso estou decepcionado.

- Milorde... – ajoelhou agarrando-se às vestes negras de seu senhor – Prometo não vacilar... Jamais...

- As mesmas promessas, os mesmos erros... AFASTE-SE! – e o garoto foi lançado contra a parede dura e firme, alguns ossos partindo-se, fazendo um surdo baque macabro. – Eu não vou te matar hoje Draco. Veja como sou misericordioso! – disse em um esgar de sarcasmo. – Mas eu não gosto de como você lidou com a situação. – disse tamborilando os dedos no queixo branco – Discutir suas possibilidade com Alvo Dumbledore? O rei da plebe? – Não responda Draco, não acabei. – advertiu – Então você cogitou me abandonar? – disse em um falsete de tristeza seguido por uma risada sarcástica. – Não vacile jamais Draco. Mas você tem de aprender...

- Ob-b-obrigado milorde... Obriga-ga-do... – respondeu o garoto de joelhos.

- Mas você precisa aprender a cumprir o que seu lorde manda você fazer, compreende? – disse imitando uma voz bondosa. – Quem sabe você não ganhe pontos para Sonserina? – e a risada ecoou na sala.

- Milor...

- CALE-SE!

O silêncio durou poucos minutos. Do lado de fora da sala, Narcisa Malfoy gritava em súplica pela vida do filho. Havia gritos e estampidos. A bruxa loira tentava passar pelas chamas verdes, mas assim que tocava nas mesmas, se queimava, e gritava.

- NÃO FAÇA NADA COM MEU FILHO! MILORDE, MATE A MIM!

- Narcisa! Pare agora. Sabe o que o Lorde das Trevas acha sobre seus sentimentos! – avisou Snape sob o capuz negro.

- Sua mãe nojenta está ficando muito sentimental... – comentou Voldemort como se conversasse sobre o tempo. – Está ficando parecida com aquela ralé, aquela idiota Prewett, Molly Prewett, - disse friamente analisando a possibilidade – quando eu tiver tempo elimino a família inteira.

- E isso seria muito bom, milorde!

- Você não sabe o que é, e o que não é bom, idiota! – disse Voldemort levantando-se da cadeira e encarando Draco de pé. O garoto pela primeira vez sentiu-se encolhido e acuado. Lorde Voldemort era bem mais alto que ele, e sua varinha comprida apontava diretamente para seu coração. Havia um brilho opaco nos olhos de Voldemort, e um rancor enorme no peito de Draco. – Você esta com medo Draco? Você esta com medo de, - o bruxo riu, deliciando-se com o terror de Malfoy – morrer?

- Não... – suplicou, envergando-se em uma reverência desajeitada – Não mesmo...

- Então está com medo de mim? – disse com a raiva em sua voz. Mas antes que Malfoy respondesse, houve um lampejo de luz e Malfoy caiu no chão envolto em espirais de fumaça roxa: os olhos fechados, e o pescoço pendente. Voldemort voltou a se sentar.

- Entre idiota, mas suma da minha frente com o corpo. – disse com os dedos nas têmporas. E Narcisa entrou choramingando e arrastou o filho para fora.


***



Longe da fúria do Lorde, Narcisa repousou o filho em trapos que havia em um canto da antiga sala de arquivos da prefeitura de Dighted De’il. Havia lagrimas por todo o seu rosto, e o capuz já há muito havia sido jogado para traz. Malfoy estava pálido, muito mais do que a brancura habitual. Sua boca estava roxa e os olhos fundos. Enquanto chorava sobre o filho moribundo, Severus Snape apareceu ao lado.

Ele tampouco usava o capuz, mas ajoelhou-se ao lado de Narcisa e a retirou de perto do filho. Ela estava fraca e sem forças, e Snape não teve problemas em retirá-la de sobre o corpo. Ela sentou-se mais atrás, aguardando uma possível – mas mísera – possibilidade de recuperar seu filho. Em sua cabeça, lembrou-se de como tudo poderia ter sido diferente, tudo por causa daquele diário idiota.

- Não se preocupe Narcisa. – disse Snape seco, tentando mascarar a real situação.

Assim como já fizera uma vez, Snape sacou a varinha e começou a entoar mantras e cânticos sobre o corpo de Malfoy. Da ponta de sua varinha havia um fino fio negro que parecia envolver o garoto como cordas finas e bem apertadas. O antigo professor de poções de Hogwarts retirou um frasquinho das vestes e ministrou o conteúdo verde sobre os lábios roxos de Malfoy. Depois de um tempo que nem Narcisa, nem Snape conseguiram calcular, Malfoy havia voltado com sua palidez normal, e seu pulso havia sido restabelecido.

- Ele está melhor. – afirmou Snape voltando-se para a Comensal loira. – Depois de sete horas retire as amarras. – pediu, apontando para o fino fio negro que comprimia os braços e peito do garoto. – Apenas um feitiço de corte será suficiente. Sete horas!

- Ah, Severus... – disse Narcissa correndo de encontro ao filho. – Você é tão grande, você matou ele, e agora salvou meu filho pela terceira vez...

- Foi necessário. – disse desvencilhando-se do abraço. – Preciso sair.

E antes de Narcisa perceber o desgosto nos olhos de Severus Snape, ela caiu sobre seu filho, agradecendo por tê-lo de volta. Enquanto isso, na direção oposta, Severus Snape seguia novamente para as escadas que levavam ao Lorde das Trevas. Snape temia aquele encontro, mais do que qualquer outro. Mais do que o anterior. Mas atravessou a parede de chamas sem problemas. Fenrir Greyback estava ajoelhado diante do Lorde.

- Então vá, Fenrir. – ordenou a voz fria – E termine o que começou, mate os ratos.

- Vai se livrar de Rabicho? – perguntou Snape ao Lorde enquanto o Lobisomem saía.

- Logicamente que não. Você sabe, a mão de prata. – comentou como se Snape fosse o mais ignorante de todos.

- É verdade, havia me esquecido.

- Mas, então, Severus Snape matou Dumbledore! – disse Voldemort graciosamente – Eu o agradeço por isso Severus. Mas gostaria de tê-lo feito pessoalmente.

- Você terá Harry Potter. – anunciou Snape.

- Você tem razão. – disse satisfeito – Então, o Lorde dá e o lorde tira. O que desejas Severus?

- Nada. – disse fazendo forças.

- Nada? – questionou gargalhando. – O ambicioso Severus Snape não quer nada? – Não me aborreça, Snape. – disse em tom de ameaça.

- Só de não ter de olhar Dumbledore todos os dias me sinto satisfeito.

- É você quem sabe. – disse irritado – Você precisa se divertir! Há um parque trouxa próximo e você precisa de diversão e eu de inferi! Faça umas vítimas e as traga aqui, os inferi daqui são poucos. Vá!

Snape fez uma reverência nobre e saiu da sala. Sozinho, Voldemort refletiu sobre os últimos acontecimentos daquela noite. Hogwarts finalmente invadida; Dumbledore fraco e sem poderes retornando de uma viagem; Snape matando-o e saindo de seu esconderijo de espião. Fatos estranhos demais, para serem acasos. Mas antes que qualquer coisa tomasse sua mente, precisava de inferi.

- Amycus! Atila! – ordenou chamando pelos Comensais.

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