A lenda Pessoal



-CAPÍTULO QUATRO-

A lenda pessoal

Às onze horas da noite, Rony aguardava ansioso. Agachou-se na margem do lago e tocou de leve na água. As pontas dos dedos se refrescaram, apesar de estar uma noite extremamente calorosa, Rony sentia regulares calafrios na espinha. Ao seu lado, jaziam vários rolos de pergaminhos que ele havia rabiscado, embaixo, o livro de Boreáu e o outro exemplar era o já conhecido de Sebastian. Rony não cogitou se seria uma boa idéia mostrar os seus planos para Tommy, talvez ele não gostasse de tentar algo tão ousado. Resolveu de última hora que não deveria mostrar nada a Tommy, pelo menos não enquanto nada estivesse pronto, decidiu então seguir o plano inicial – Só mostraria A ira dos Anjos para Tommy, quando a máquina estivesse pronta. Com um aceno da varinha, tudo foi voando para o dormitório na torre da Grifinória. Logo em seguida, Tommy Materializou-se na sua frente.

- Boa noite – Tommy disse tímido.

- Oi! – Rony se levantou, colocando as mãos no bolsos da calça.

Os dois se olharam demoradamente.

- Senti a sua falta – Tommy se aproximou mais – Eu fiquei imaginando como seria se eu estivesse começado em Hogwarts na mesma época que a sua... será que teríamos...

- Com certeza – Rony afirmou – não perderia um garoto como você de vista – ele elogiou – Você não era muito assediado?

- Que nada! – Tommy forçou um sorriso – Teriam que se haver com Riddle...

Eles ficaram em um silêncio constrangedor, Rony tentou quebrar o gelo.

- Você quer ficar aqui mesmo? – Rony perguntou – como estamos em uma noite de verão, pode ser que muitos outros alunos estejam passeado escondidos pelos jardins.

- Quer me esconder? – Tommy ergueu as sobrancelhas.

- Não é nada disso. Pensei que você que desejava se manter em segredo. – Rony esperou para ver a reação de Tommy – Eu andaria de mãos dadas com você – Rony disse convicto – Eu faria tudo... Estou tão cegamente apaixonado... Cortaria meus pulsos.

- Jamais repita uma asneira dessas, embora eu me sinta lisonjeado, não valho o sacrifício – Tommy o censurou.

- Tommy, é sério, as vezes me assusto pensando o quanto me apeguei a você. Mal presto atenção nas aulas. Queria tê-lo ao meu lado o tempo todo.

Tommy não disse nada. Pediu para Rony segui-lo até a margem do outro lado do lago. Parou de súbito, enfrente a uma pedra grande, onde os alunos geralmente sentavam-se. Nesta pedra esta pichado com canivete o nome de vários casais. Rony reconheceu uma das pichações com a letra de Harry, tinha as iniciais HP & DM (Harry Potter e Draco Malfoy).

- Olhe – Tommy apontou para um T & T (Tom e Tommy) que incrivelmente não era atropelado por outras iniciais. – O Tom colocou feitiços poderosíssimos. Só eu posso mudar isto, mas agora sou um fantasma. Se você permitir que eu encarne momentaneamente em seu corpo, posso reescrever a minha história e substituir o nome de Tom.

- Quanto tempo isso leva? – Rony perguntou, preocupado.

- Depende, se eu ainda tiver habilidades com a varinha para escrever o seu nome...

Rony sentou-se no chão gramado, fechou os olhos e relaxou os ombros. Tommy ajoelhou-se no chão à frente de Rony. Inclinou seu corpo para frente e foi absorvido pelo corpo do Rony.

Tommy apanhou a varinha no bolso e direcionou ela a rocha.

“Marru Wizard Scapone” – Tommy conjurou o feitiço, era uma pena que Rony estava temporariamente inconsciente, pois a rocha ficou roseada e mudou mais de sete vezes as tonalizações. Havia quebrado o feitiço de Voldemort.

- Escriba perfection dark – Tommy murmurou a varinha, agitando as letras que flutuavam a sua frente – RW & TS (Rony Weasley e Tommy Slytherin).

As palavras foram marcadas a fogo e sangue na rocha então Tommy saiu do corpo de Rony. Este, recuperou imediatamente a consciência. Ele ficou maravilhado com as suas iniciais no lugar onde estava o nome do maior bruxo das trevas.

- Rony, você sabe o que é encontrar o verdadeiro amor? – Tommy perguntou.

- Sim, eu sei. Sei porque fomos escritos pela mesma mão. Sei que as razões por você ter me esperado cinqüenta anos foram às mesmas razões que levaram os grandes mestres deste mundo a maior evolução.- Rony respondeu. Sentia-se coberto por um amor incondicional.

- Quando uma pessoa descobre a sua missão na terra, ou tenta realizar um grande desejo, esta pessoa passa a cumprir a sua lenda pessoal. É algo que somente você sabe o que é. Só quem busca a sua própria lenda é capaz de sentir que entrou finalmente no caminho certo...

- Droga! – Rony gritou, caindo de joelhos no chão – poupe-me da dor!

- O que esta acontecendo? – Tommy perguntou desesperado – Rony!

***
Ele acordou na enfermaria. A luz fraca do ambiente forçou a sua vista a se acostumar. Rony sentou-se na cama e percebeu que havia um frasco com poção no criado mudo ao lado do leito.

- Vejo que você já acordou – Disse a enfermeira, assuntando a Rony, que quase saltou da cama – É melhor se deitar, você teve uma forte crise emocional.

- A quanto tempo estou aqui? – Rony perguntou, apático.

- Desde ontem de madrugada. A Murta que o encontrou caído ao leito do lago, sorte sua. – Pomfrey informou.

- Quando eu poderei sair daqui? – Rony quis saber – Eu não posso perder muito tempo na enfermaria.

A Madame Pomfrey ergueu as sobrancelhas, mostrando desagrado – Você não esta em condições de reivindicar nada – ela o alertou – Escapou de uma detenção só porque seu caso de saúde foi grave, caso contrário estaria lavando louças sanitárias...

Calado, Rony bebeu a poção que ela empurrou a ele e resolveu dormir logo em seguida. Era mais de duas horas da manhã quando ele sentiu uma brisa gelada tocar sua franja, acordou de súbito. Tommy estava debruçado sobre ele, “acariciando” seu cabelo.

- Por deus, quase que você me mata de susto! – Rony reclamou – Fiquei preocupado com você, o que aconteceu comigo?

- Deveríamos comemorar – Tommy disse sorridente. – Você passou por um choque espiritual, é algo que só acontecia antigamente, hoje em dia é difícil alguém encontrar um amor de verdade.

- Do que você esta falando? – Rony perguntou,confuso.

- Isso envolve um pouco os padrões trouxas – Tommy explicou, sentando-se no pé da cama onde Rony esta deitado – Quando tudo foi criado, haviam apenas um casal. Eles se completavam, porque a mulher era parte da alma do homem, ela foi tirada dele. Se davam tão bem por esta razão. Quando a pessoa morre, a alma dela se divide, cada parte reencarna em um corpo diferente, geralmente nascem com o sexo oposto a outra metade da sua alma. Quando você foi despertado na noite anterior, descobri que nós dois éramos parte da mesma pessoa em outra vida. Você mostrou-me também que Harry Potter era parte de nós.

- Então a alma a quem pertencíamos ficou dividida em três partes? – Rony perguntou.

- Sim, ou até mais do que isso. Por esta razão, é um pouco comum uma pessoa se apaixonar por mais de uma pessoa. Ela acaba encontrando vários fragmentos da sua outra encarnação. Se eu tivesse conhecido o Potter, certamente também nos apaixonaríamos.

- Mas e o Draco, o namorado do Harry?
- Ele provavelmente era um outro fragmento da alma de quem fomos na outra vida – Tommy respondeu – Quando todas as partes morrem, elas se juntam novamente caso elas tenham se reencontrado em vida. Achar a outra parte da alma é uma Lenda Pessoal.

Rony levou alguns minutos digerindo tudo aquilo que estava ouvindo. Estava satisfeito por uma das suas partes ser um lindo loiro de olhos azuis, embora fosse um fantasma. Mas isso pouco importava, logo ele começaria a construir A ira dos Anjos.

***
Tommy ficou na enfermaria com Rony até ele pegar no sono. Prometeu a ele que faria visitas secretas ao castelo quando ele estivesse sozinho. No dia seguinte, depois de ser liberado da enfermaria, Rony correu até o banheiro interditado das meninas no segundo andar para agradecer a Murta por ter ouvido o pedido de Tommy que ele estava passando mal no jardim e avisado a enfermaria.

Rony percebeu que quando ele deu inicio a construção da Ira dos Anjos, várias coisas começaram a dar certo. Era como se todo o Universo conspirasse para que ele realizasse os seus planos. Ele sabiamente usou a sala precisa para construir a máquina. Lá ele tinha tudo o que precisava: Uma bolha negra com pés que a deixava equilibrada no chão; Quatro pontos Cruz (Objetos sagrados usados para reverenciar os mortos); Aparelhagens de biofísica, Reatores, Bombas de Oxigênio (para quando o fantasma voltasse a vida) e outros aparatos. Rony devorou o livro de Sebastian em dois dias, sabia de tudo praticamente de cor, em uma das paredes havia uma lousa onde Rony realizava cálculos complexos, ele corrigiu um erro grave de expansão dos átomos que Sebastian não havia previsto. Durante sete semanas da construção da máquina, ele foi descobrindo muito mais coisas sobre Tommy.

Aquele dócil e compreensível garoto conseguia completar toda a felicidade de Rony, tanto que ele chegou a se questionar se valia a pena tentar transformar Tommy em garoto, já que no livro dizia que se a execução da Ira dos Anjos desse errada, o fantasma da pessoa poderia sumir definitivamente. Rony conseguiu cortar completamente as relações com Justino, explicou a ele que não sentia mais nada. Incrivelmente, Justino já havia conseguido outro namorado, mas não quis revelar o nome do felizardo.

Certo dia, já na fase final de concluir a máquina, Tommy entrou inesperadamente no dormitório da Grifinória.

- Rony, acorde! – Ele o cutucou.

- O que foi? – Ele cocou os olhos – Tommy? – Ficou acordado de repente – Esta tudo bem?

- Não – disse ele com a feição preocupada – não esta nada bem.

- O que aconteceu? – Rony se ajoelhou na cama, o fantasma de Tommy o fitou nos olhos e em seguida abaixou a cabeça.

- Quando você chegaria em mim e contaria sobre ela? – Tommy perguntou.
- Não se faça de idiota, estou falando do outro fragmento de alma que esta sobre o teto da Grifinória! – Tommy estava quase gritando, os outros colegas de quarto acordaram no mesmo momento, assustados, e Tommy desapareceu antes de ser descoberto.

Rony, ainda de pijama, saiu correndo do dormitório.

- Quem estava gritando? – Neville perguntou a Simas.

O garoto deu com os ombros.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.