Se recuperando- Parte I




Abriu os olhos lentamente. Podia sentir dores ao longo do seu corpo. Permitiu que um gemido rouco saísse de sua garganta quando sentiu uma pontada no braço esquerdo. Se sentou com alguma dificuldade e olhou ao redor. Estava na ala hospitalar de Hogwarts. Nos leitos ao seu redor, Rony, Hermione, Biatriz e Lílian ainda dormiam. Olhou nos leitos mais adiantes, mas não encontrou Harry. Será que ele...? Não, ele não devia ter morrido, ou melhor, ele não podia fazer isso com ela. Não podia mesmo.


Respirou fundo e soltou o ar pela boca. Já estava criando hipóteses incríveis, enquanto ele podia estar muito bem e já ter recebido alta, enquanto ela e os outros apagaram durante semanas. É, devia ser isso. TINHA que ser isso.


Jogou as pernas para o lado da cama, a fim de ver quantos ferimentos tinha ao longo do corpo. O braço esquerdo estava enrolado numa faixa. O machucou quando um comensal lançou um feitiço de corte e ela colocou o braço na frente.


-Melhor o braço do que a cabeça...-Raquel resmungou, enquanto continuava a se avaliar.


O joelho esquerdo também parecia ter sido atingido, mas no momento ela não conseguia se lembrar como se machucara naquela região.


Desceu mais um pouco os olhos e viu que seu tornozelo direito também estava com uma faixa. Franziu o cenho. Como conseguira aquele ferimento? Forçou um pouco a mente. Ah, sim...Devia ter torcido no momento em que fora estuporada.


Como que pressentindo que sua paciente acordara, Madame Pomfrey apareceu e caminhou apressada até ela.


-Resolveu acordar?- ela perguntou simpática e Raquel franziu o cenho em confusão.


-Apaguei por quanto tempo?- perguntou, enquanto fazia uma careta por a enfermeira colocar a mão na sua testa para checar sua temperatura.


-Duas semanas!- A enfermeira respondeu.


-Eles estão bem?- perguntou, apontando para os amigos.


-Ah, sim! Recobraram a consciência á alguns dias! Estão sob efeito da poção do sono para que se recuperem rapidamente!- Explicou, enquanto tirava a bandagem do tornozelo da jovem para ver se este já melhorara.


-E o Harry?- Perguntou, antes que pudesse se conter. Madame Pomfrey ergueu os olhos para encarar a moça; a bruxa mais velha suspirou cansada.


-O senhor Potter foi levado ás pressas para o St. Mungos!- Ela disse, enquanto se levantava e voltava para sua sala.


Raquel ficou olhando para o local por onde a bruxa sumira, enquanto a cor sumia de seu rosto e seus olhos se enchiam de lágrimas.


Oh, céus...O homem que amava estava á beira da morte, quilômetros longe dela. Sentiu que o caminho do ar até o seu pulmão fora cortado, fazendo com que o oxigênio, que respirava com força, chegasse em pouca quantidade ao seu órgão respiratório.


Permitiu que as lágrimas escapassem de seus olhos, quando uma imagem de Harry, caído no chão todo ensangüentado veio á sua mente. Passou os braços em torno de si mesma, enquanto grossas lágrimas rolavam por seu rosto.


Não podia ficar ali, parada! Não mesmo. Respirou fundo. Secou as lágrimas e tentou ficar em pé, porem seu tornozelo cedeu á seu peso, fazendo com que ela se segurasse na borda da cama para que não caísse.
Suspirou resignada e voltou a se sentar, permitindo que mais lágrimas caíssem por seu rosto. Voltou a se deitar e enterrou o rosto no travesseiro.




-Será que ele ficara bem?- Hagrid perguntou num sussurro para Dumbledore. O velho mago respirou fundo.


-Eu não sei.- Respondeu no mesmo tom.- Já estou espantado o bastante por ele ter sobrevivido novamente ao Avada...- Hagrid suspirou e olhou para o jovem de cabelos rebeldes, que estava deitando em um leito, inconsciente, enquanto aparelhos bruxos o ajudavam a respirar e outros ajudavam seu coração a trabalhar.


Os cobertores cobriam o rapaz até a cintura, enquanto o peitoral era coberto por gases e faixas. Em um dos braços havia uma mangueirinha, que era ligada ao medicamento, que flutuava ao lado da cama.


-O senhor vai chamar os tios dele?- Hagrid perguntou depois de um tempo em silêncio.


-Não!- Dumbledore respondeu - Trouxas não conseguem entrar em hospitais bruxos. Já mandei chamarem Sirius!


-Por que o senhor demorou tanto para chamá-lo?- Hagrid perguntou, enquanto se sentava no sofá, que tinha em baixo da janela do quarto.


-Entenda que ele ficou fora de si quando soube o que aconteceu...- Dumbledore comentou, enquanto se sentava ao lado do meio gigante.- Ele não poderia vir aqui no estado em que estava! E depois, só liberaram as visitas para parentes essa semana.- Hagrid soltou um “ah” desanimado e voltou a encarar o jovem inconsciente.




-Por favor!- Raquel insistiu.


-Não, srta. Escobar!- Madame Pomfrey respondeu, começando a se irritar.- A senhorita ainda não está curada para receber alta!


-Ora, eu, melhor do que ninguém, posso dizer se estou bem ou não!-A jovem resmungou, enquanto cruzava os braços sobre o peito.


-Não!- Madame Pomfrey falou em tom de quem encerra conversa, enquanto fazia com que Raquel voltasse a se deitar. A morena se encostou nos travesseiros de modo que ficasse sentada na cama e bufou, enquanto ficava olhando para a porta fechada da sala da enfermeira, que acabara de voltar para lá.


Deixou os ombros caírem, e torceu os lábios. Fez um movimento brusco com a cabeça, para tirar um mexa que lhe caia nos olhos.


-Quem liga se está bem ou não?- murmurou, enquanto afastava as cobertas que madame Pomfrey colocara sobre si. Jogou as pernas para o lado e se levantou com cautela. Sorriu vitoriosa quando sentiu que seu tornozelo agüentava seu peso. Se enrolou no hobby e caminhou cautelosa até o leito de Lílian, a amiga estava com uma expressão serena e a respiração era calma e compassada. Suspirou. Que a poção do sono fosse fraca.


-Lily?- Chamou, enquanto chacoalhava a amiga de leve. Lílian resmungou alguma coisa, mas não acordo. Raquel revirou os olhos. O efeito da poção já havia acabado á algum tempo. Lílian dormia por conta própria.-Lily!- chamou novamente, dessa vez aplicando mais força ao chacoalhar a amiga. Lílian abriu os olhos e olhou para a morena.


-Tudo bem...Ótimo que você acordou, mas será que eu poderia dormir?- Ela perguntou enquanto bocejava.


-Eu to entediada, droga!- A morena sussurrou, enquanto Lílian se sentava na cama.


-Oh, céus...Você é um saco quando está entediada!- Lílian resmungou. Raquel sorriu traquinas.- Certo...Tem algo mais que você quer, além de não ficar entediada!- A amiga completou - O que é dessa vez?- Perguntou, enquanto colocava um sorriso nos lábios e balançava a cabeça de um lado para o outro.


-Bom...-Raquel começou, enquanto encolhia os ombros, como se não fosse nada importante -Eu tenho que ir para Londres!- Completou, mordendo o lábio inferior num gesto nervoso.


-Você enlouqueceu!- Lílian exclamou. Raquel fez um gesto para ela falar mais baixo.-Pra que você quer ir para Londres?


-Harry...-Raquel respondeu, como se só o nome do moreno esclarecesse tudo.


-O que tem ele?- Lílian perguntou, visivelmente confusa.


-Ta em Londres!- A jovem respondeu, apressada.- Você vai me ajuda ou não?- Lílian abria e fechava a boca, enquanto pesava se ia ou não.


-Está bem!- Ela cedeu, enquanto suspirava - Á noite, quando Madame Pomfrey dormir, a gente foge!- Completou e Raquel sorriu de orelha á orelha.


-Eu já te disse que te amo?- ela perguntou, enquanto abraçava a amiga, que ria.


-Mas temos muito que planejar!- Lílian falou, enquanto esfregava uma mão na outra, sorrindo traquinas.


-Mãos á obra!- Raquel comentou, enquanto Lílian pegava um caderninho na mesa de cabeceira, uma pena e abria o tinteiro. E conforme ia falando o que elas iam fazer, ela ia escrevendo.




O barulho da porta sendo fechada foi o sinal que Raquel esperava. Tirou a coberta de cima da cabeça e a levantou levemente. Olhou ao redor. Todos dormiam e Madame Pomfrey acabara de apagar a luz de sua sala. Jogou a coberta para o lado e se levantou.


-A barra ta limpa...-Sussurrou. Lílian também jogou o cobertor pro lado e se levantou.


-Eu não sabia que você cobria a cabeça pra dormir.-sussurrou, quando alcançou a morena.


-Em geral eu não cubro, mas é que eu sou tão ruim pra fingir estar dormindo, que eu achei que seria interessante que Madame Pomfrey não visse meu rosto.- Sussurrou, enquanto abria a porta da enfermaria e colocava a cabeça pra fora, para ver se não tinha ninguém por ali.- Vem...-Chamou e as duas saíram da ala hospitalar, e foram até a torre de Grifinória, caminhando pelas sombras.


-Bafo de Hipogrifo...-Lílian sussurrou quando alcançaram o quadro da mulher gorda.


-Não deviam andar por ai de pijama...-A mulher falou, enquanto girava o quadro, dando passagem para elas.


-Como se a gente não soubesse...-Raquel resmungou, enquanto parava no meio da entrada, esperando Lílian ver se o salão estava vazio.


-Vem...-Lílian chamou, depois de olhar ao redor. Raquel a seguiu até o dormitório do sétimo ano. Entraram silenciosas e foram até o baú de Lílian.-Vejamos uma roupa que te sirva...-Ela sussurrou, enquanto fuçava no baú - Aqui...-Falou passando uma muda de roupa para Raquel, que a pegou e foi para o banheiro se trocar, enquanto Lílian procurava uma roupa para si mesma.Suspirou quando Raquel saiu do banheiro e jogou a camisola que usava em cima da amiga.-Quer parar?- Lílian pediu irritada. Raquel sorriu e encolheu os ombros.


-E agora eu te pergunto...-Raquel começou, enquanto elas desciam para o salão comunal - Como, raios, você pretende que a gente saia daqui?- Lílian sorriu e indicou as escadas que davam no dormitório masculino. Raquel suspirou derrotada.- Ta legal...Eu vou!- Suspirou - O que é pra pegar?


-Capa da invisibilidade e mapa do maroto!- Informou sorrindo. Raquel soltou um “Ah” de quem entende as coisas e subiu, cautelosa, as escadas. Abriu a porta do dormitório e colocou a cabeça pra dentro, olhou. Uma única cama estava com a vela acessa, mas com o cortinado fechado.


Raquel respirou fundo e prendeu o ar nos pulmões. Tirou as botas que Lílian lhe emprestara e as deixou na porta. Entrou no dormitório e encostou a porta. Caminhou lentamente até a cama de Harry e abriu o baú, que rangeu um pouco ao ser aberto. Raquel parou no meio de caminho e olhou para a cama com a vela acesa. Parecia que seu ocupante não percebera o movimento. Suspirou aliviada e continuou abrindo. Pegou a capa da invisibilidade e a colocou no bolso da própria capa. Fuçou mais um pouco e achou o mapa. O guardou no bolso também. Estava quase alcançando a porta do dormitório o barulho de um cortinado sendo aberto fez com que a morena congelasse.


-Que você ta fazendo aqui?- um sussurro rouco chegou á seus ouvidos.


-Errei a porta...-Mentiu e se virou para encarar a pessoa. Bufou ao ver que era Neville.


-Vou fingir que eu acredito!- Neville comentou sorridente e Raquel girou os olhos.


-Certo, certo...-Raquel falou exasperada -Eu não queria fazer isso, mas...Eu preciso!- Neville a olhou confuso. Raquel suspirou e sacou a varinha.- Estupefaça!- sussurrou. Um jato vermelho saiu da ponta da sua varinha e atingiu Neville, que caiu desacordado. -Mobilicorpus!- A morena voltou a sussurrar e fez Neville levitar até sua cama. O cobriu - Desculpe, Neville!- Sussurrou, antes de sair do dormitório, colocar as botas e descer ao Salão Comunal.


-Que demora!- Lílian exclamou impaciente.


-Tive um probleminha com Neville!- Raquel se explicou, encolhendo os ombros. Lílian só suspirou, mostrando que não queria saber. Raquel tirou a capa da invisibilidade e o mapa do maroto do bolso. Lílian pegou o mapa do maroto e o ativava, enquanto Raquel as cobria com a capa.


-Por onde você acha mais seguro sair?- Lílian perguntou, enquanto Raquel observava o mapa.


-Vejamos...A saída na Dedos de Mel está um tanto quanto vigiada demais!- Ela disse, enquanto procurava outras saídas.- Que tal pelo salgueiro?- sugeriu. Lílian analisou.


-Embora estejamos longe o suficiente do castelo para que ninguém nos veja, Hagrid poderia nos ver, mesmo com a capa...-Sussurrou - Ele vai estranhar o salgueiro parar de se mexer sem mais nem menos...


-Tem razão...Por onde?- Raquel perguntou, enquanto procurava com os olhos outra passagem.


-Pelo portão de entrada.-Raquel a olhou confusa.- O lugar menos suspeito...-Explicou dando de ombros, enquanto as duas começavam a andar para fora do Salão Comunal.


-Quem está ai?- A mulher gorda perguntou, enquanto o retrato voltava a se fechar. Raquel e Lílian se mantiveram caladas e continuaram a caminhada.


Assim que alcançaram s jardins, as amigas receberam a brisa fria da madrugada e entre arrepios e exclamações abandonaram a propriedade do castelo de Hogwarts.




Gina bufou e saiu de má vontade da Ala hospitalar. Madame Pomfrey andava de mal humor desde cedo, quando acordara e percebera que duas de suas pacientes haviam sumido, iniciando assim uma busca realizada por professores, monitores e fantasmas, porém não foram encontradas.


-Aposto que elas nem estão mais em Hogwarts...-A mais nova Weasley resmungou, enquanto ia para os jardins e se sentou na beira do lago, intrigada.


“Por que as duas iriam sumir da enfermaria no meio da noite?” Se perguntou. Balançou a cabeça de um lado para o outro ao ver que nunca iria entender a mentalidade dessas duas. Porém outra coisa a estava deixando intrigada. Desde que o irmão e suas amigas haviam acordado, Gina ia todos os dias visitá-los na Ala Hospitalar e sempre o mesmo leito no fundo desta. Circulado por cortinas cinzas. Nenhum deles sabia quem estava lá. Suspirou. Tinha uma suspeita. Provavelmente era a professora Chang. Apesar de todos os professores terem se ferido nenhum deles havia ficado mais que algumas horas internado, porém a oriental não aparecia para dar aulas desde o ataque. E os alunos que participaram da batalha estavam em leitos e seus rostos e corpos eram visíveis.


Gina suspirou. Ás vezes era obrigada a concordar com as explosões de Harry para com Dumbledore. O velho mago escondia muitas informações, algumas até que de interesse de todos. Jogou o corpo pra trás, de forma que ficou deitada, observando o céu.


Suspirou. Outro que andava estranho era Draco. Não que ela se importasse realmente com a sanidade do loiro, mas desde que a batalha acabara ele andava meio esquecido e vez ou outra era incrivelmente gentil com tudo e com todos. Gina bufou. Incrível como uma guerra pode mudar as pessoas. Só esperava que essa guerra não tivesse mudado Harry.


Assim que pensou em Harry, um outro nome veio á cabeça da ruiva. Sirius. Como ele estaria se sentindo com o afilhado internado em estado grave? Esperava que ele já tivesse se recuperado do choque inicial.




-Acho que vou vomitar...-Raquel resmungou, quando ela e Lílian desciam do Noitibus Andante. Depois que elas saíram de Hogwarts, andaram até Hogsmeade, e chamaram o ônibus de três andares, de um roxo berrante.


-Não é a única...-Lílian respondeu, enquanto massageava o estômago.
Suspiraram e começaram a caminhar por Londres. Não haviam dado a localização de onde queriam de ir para Lalau, caso alguém de Hogwarts tivesse a idéia brilhante de pergunta á eles.


-Lily...-Raquel chamou após um tempo de caminhada.


-Hum...-pararam esperando o sinal fechar para poderem atravessar.


-É...Você sabe onde é o St. Mungos?- Raquel perguntou como quem não quer nada, enquanto recomeçavam a caminhada.


-Tecnicamente... Você é quem deveria saber!- Lílian respondeu. Raquel gemeu e se sentou no banco da praça em que passava. Lílian parou e se sentou ao lado da amiga.-Como vamos fazer?- Ela perguntou, enquanto olhava ao redor.


-Bom...Achar bruxos por aqui é meio difícil...-Raquel respondeu, apoiando os braços no encosto do banco e olhando ao redor.- Então, ou a gente acha o St.Mungos por nós mesmas, ou podemos chamar o Noitibus para nos levar de volta para Hogwarts!- Ela completou, torcendo os lábios diante á idéia de andar, novamente, no Noitibus.


-Ou então podemos pedir carona á algum trouxa até um shooping, pegar um cineminha, tomar um lanche, fazer algumas comprinhas, paquerar...


-AHH...Cala a boca!- Raquel exclamou indignada.- Você só pensa em gastar?


-Tive uma boa professora!- Lílian revidou, dando tapinhas no joelho da amiga, que bufou e continuou a olhar ao redor.


-O Caldeirão Furado é muito longe daqui?- Raquel perguntou, depois de um prolongado silêncio.


-Do outro lado de Londres...-A outra respondeu, massageando a nuca. Raquel suspirou derrotada.


-Suponho que agora nós tenhamos que voltar para a escola...-Ela suspirou e Lílian encolheu os ombros.


-A gente pode ficar por aqui por uns tempinhos, sabe...-Ela disse, enquanto acompanhava um rapaz com o olhar.- Até que estejamos 100% curadas e não precisemos ficar naquela enfermaria!


-Claro! Já vamos ganhar uma detenção de um mês só pelo fato de ter fugido!-Raquel resmungou.


-Do que você ta falando? Você não é mais aluna de Hogwarts!- Lílian resmungou, começando a se irritar com aquela onde de azar.


-Mas sou de Beauxbatons e lá também tem detenções!- Explicou - E Madame Maxime faz questão de falar umas coisas que te faz se sentir culpado...-Resmungou, começando a se irritar por Lílian prestar mais atenção aos homens bonitos que passavam no que nela.


-Vamos procurar algum lugar bruxo!- Lílian falou energética, se erguendo em um pulo. Raquel sorriu e também se levantou.As duas começaram a caminhar, lado a lado.- Vamos ver...-A morena exclamou, olhando ao redor.-O que acha daquele bar?- perguntou, apontando para um bar mal cuidado e sujo.


-É bem capaz, mas como vamos ter certeza?- Raquel perguntou, enquanto caminhavam até o estabelecimento -se é que se pode chamar assim.


-Bom...Vamos perguntar normalmente! Se forem trouxas, vão achar que somos doidas!- Lílian explicou e, puxando a amiga pelo braço, entraram no bar. Caminharam até o balcão.


-Não vendo bebidas para menores!- Um homem velho e desdentado, com a aparecia desleixada falou, enquanto polia um copo.


-Já temos dezessete anos!- Lílian falou - Já somos maiores!- O homem a encarou confuso.


-Ah...Certo...Estão falando com o homem errado!- Ele disse, em um sussurro.- Se vocês andarem mais três quarteirões e virarem á direita irão encontrar um estabelecimento para pessoas como vocês! Doidas!- Ele completou. Raquel fechou a cara, enquanto Lílian revirava os olhos.


-Escuta aqui...-Raquel começou, o homem a olhou impaciente - Se você não quer nos dizer que não vai quebrar as leis é só você falar!- Se levantou e Lílian imitou o gesto da amiga.- Estou impressionada que esta espelunca ainda esteja em pé! Espero que vá a falência!- Completou, girou nos calcanhares e saiu do bar, indo esperar Lílian do lado de fora. O dono dor bar olhou para Lílian, como que pedindo uma explicação.


-Você foi muito insensível sabe!- Disse, enquanto colocava uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.- Ela ta uma pilha de nervos, já que o homem que ama está a beira da morte, embora ela não admita que o ama!- Deu de ombros e também saiu do bar.


-Se você tiver falado para aquele cara que eu amo o Harry, eu juro que vou te bater!- Raquel ameaçou, enquanto recomeçavam a caminhar.


-Eu só estava o repreendendo pela atitude imatura e infantil!- Lílian mentiu, se esganiçando levemente.


-Você pareceu a Hermione...-Raquel resmungou, a olhando de canto de olho.


-Eu sei, mas eu não sou ela!-Lílian comentou risonha.




Olhou para Biatriz, que voltara a dormir após um tempo e desta para Rony, que comia um sapo de chocolate. Hermione bocejou e esticou a mão sobre sua própria pilha de doces. Incrível como alguns colegas eram exagerados ao enviar presentes e doces. Pegou um caixa de Feijãozinhos de Todos os Sabores. A abriu e começou a comer o doce sem pressa. Olhou de robô de olho para Rony, que começava a abrir outro sapinho de chocolate.


-Não vai mesmo falar comigo?- perguntou, antes de colocar um doce na boca. Rony a olhou e mordeu a cabeça do sapinho antes de encolher os ombros.


-Pensei que você não queria falar...-Sussurrou com a boca cheia e Hermione sorriu.


-Você pensa demais ás vezes!- Hermione comentou, Rony sorriu e arrancou uma pata do sapinho com uma dentada - E não fale de boca cheia!- Completou, quando viu que o ruivo fizera menção de falar.




-Finalmente!- Raquel exclamou - Graças á Merlin achamos um único bruxo!- Completou enquanto entrava no hall de entrada do St. Mungos. Lílian riu, enquanto entravam na fila do balcão de informação.


-Próximo!- Uma mulher chamou, Lílian e Raquel se aproximaram do balcão.


-Queríamos saber em que quarto e andar está Harry Potter! -Lílian falou sorrindo simpaticamente.


-Quarto andar, quarto 400!- A jovem respondeu, sorrindo. Lílian retribuiu e ela e a amiga subiram os quatro lances de escada até o andar que a moça indicara.


-398...-Raquel murmurou, passando por uma porta incrivelmente branca- 399...-Lílian suspirou. Definitivamente, Raquel sabia esconder melhor que isso o nervosismo.- 400!- Exclamou e Lílian lhe deu um tapinha no braço, avisando que era melhor a morena falar baixo.


Raquel sorriu sem jeito e abriu uma fresta na porta e colocou a cabeça dentro desta, mas quase que imediatamente a tirou.-Ferrou...-Falou para Lílian, mexendo os lábios, sem emitir nenhum som.


-Por quê?- Lílian perguntou da mesma maneira, enquanto lançava um olhar confuso para a amiga.


-Por que...-Raquel começou, porém não pôde terminar, uma vez que a porta atrás de si abriu completamente, revelando um Dumbledore sorridente á porta.


-Pensei que as senhoritas estivessem em Hogwarts.- O velho mago disse, enquanto saia por completo do quarto e encostava a porta.


-Mais precisamente na Ala Hospitalar...-Lílian completou pelo diretor e Raquel lançou um olhar mortal á amiga.- Quê?- perguntou confusa. Raquel simplesmente girou os olhos.


-Acontece...- Ela começou, enquanto apertava as mãos.- Que a gente tava preo...- Mas não pôde terminar, uma vez que Dumbledore fez um abano com a mão, indicando para que ela se calasse.


-Eu só espero que saibam que vocês deviam ter avisado a alguém, de alguma forma!- Ele disse e as duas concordaram com um aceno de cabeça.-Pois bem, suponho que queiram ver o senhor Potter...- Elas acenaram novamente com a cabeça- Entrem!- Dumbledore convidou, voltando a abrir a porta e entrando as amigas se entreolharam e seguiram o diretor.


Raquel prendeu o ar no pulmão ao ver o amigo tão debilitado. Madame Pomfrey não falara que ele estava tão mal assim. Sentiu que seus olhos se enchiam de lágrimas, mas não permitiu que elas caíssem. Puxou o ar pela boca, obrigando seus pulmões a aceitarem o oxigênio que respirava. Abaixou a cabeça, fazendo com que os seus cabelos cobrissem seu rosto, no momento em que a primeira lágrima escapou. Suspirou profundamente e passou a mão, discretamente, no rosto, para secar a lágrima.


Lílian olhou do leito em que Harry estava para Raquel. A amiga parecia lutar contra as lágrimas, viu quando ela abaixou a cabeça e levou á mão ao rosto. Suspirou. Esperava que o moreno ficasse bem, não iria suportar ver ele morrer. Mas também não suportaria ver a amiga afundar em uma depressão. Ela já tinha sofrido tanto nessa vida, ela merecia ser feliz; nada mais que feliz.


Dumbledore sacou a varinha e conjurou duas cadeiras á um lado do leito e fez um gesto com a mão, indicando que era para as duas se sentarem. Elas imediatamente obedeceram. Lílian ficou observando com curiosidade os aparelhos que estavam atrás da cama, enquanto Raquel se perdia em lembranças.




" Tinha acabado de receber uma carta, que dizia claramente que seu pai e seu irmão sofreram um acidente de carro. Saiu correndo do Salão Principal, chorando e foi se sentar perto da cabana de Hagrid. logo Harry veio atrás de si.
Quando o moreno disse que com todas as letras que a amava, sentiu borboletas no estômago. Não pôde acreditar no que acabara de ouvir. Como alguém poderia acreditar quando o garoto mais lindo popular e galinha da escola diz que te ama? Mas, é claro, ele fez ela passar a manhã inteira pensado, até que resolveu dar uma chance para ele, que a magoara algum tempo depois."





Raquel suspirou, balançando levemente a cabeça de um lado pro outro, para espantar esses pensamentos. Olhou para a face de Harry. Branca como a morte, os olhos estavam, aparentemente, fundos, e o rosto não continha nenhuma expressão. Ele poderia ser julgado um defunto, se seu peito não subisse e descesse levemente.


Passou as mãos pelo rosto de maneira cansada, enquanto suspirava novamente.


-Ele recebeu o Avada não foi?- Raquel perguntou, enquanto enrolava uma mecha de seu cabelo nos dedos.


-Foi...-Dumbledore respondeu, enquanto se sentava no sofá que ficava perto da janela do quarto.


-Como ele sobreviveu?- Raquel perguntou, no mesmo instante em que Harry dava uma respirada mais forte, porém ninguém pareceu perceber.


-Suponho que seja da mesma maneira que sobreviveu á 16 anos. Claro que com óbvias diferenças...- O velho diretor respondeu, enquanto se recostava no sofá e passava a mão pela longa barba.- Acredito que a proteção que Lílian deixou nele quando foi assassinada ainda esteja presente, apesar de fraca. Se essa proteção ainda fosse forte, como era quando Harry tinha 11 anos, ele não estaria em um estado tão critico. Temos que esperar ele acordar, para podermos saber exatamente o que aconteceu.- Raquel concordou com um aceno de cabeça.


-Eu não sei quanto á vocês, mas eu to com fome!- Lílian exclamou, enquanto se espreguiçava na cadeira. Raquel sorriu para a amiga.


-Então vá comer...-Raquel falou, enquanto estralava os dedos.


-Sozinha?- Lílian exclamou e Raquel deu de ombros.


-Eu não to com fome!- Comentou - E não saio daqui sem estar com fome!- completou e Lílian bufou.


-Posso ir com a senhorita, senhorita Granger...-Dumbledore comentou- Até o melhor mago precisa de comida á vezes!- comentou divertido e Lílian sorriu, lançou um olhar divertido pra Raquel, que balançou a cabeça de um lado pro outro com um sorriso nos lábios.-Então...Vamos?-Dumbledore perguntou, após se erguer. Lílian concordou com um aceno de cabeça e ambos saíram, deixando pra trás uma Raquel preocupada e um Harry desacordado.

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