Capítulo II



Título: A Outra Parte



Autor:
Mari Gallagher



Contato: marigallagher(arroba)Hotmail(ponto)com ou mmaaryy(arroba)Hotmail(ponto)com



Shipper: Harry e Hermione



Spoilers: Livros 1 a 5



Gênero: Romance



Status: Concluída



Sinopse: Hermione está agindo de forma totalmente fora do comum, e o espírito Sherlock Holmes, até então adormecido, de Harry faz com que ele investigue o comportamento da amiga, e acabe ele próprio envolvido na tal paranóia. ONE SHOOT!





A Outra Parte – Capítulo I

I


Havia uma quantidade considerável de pessoas, principalmente garotas, assistindo o treino de quadribol, principalmente pelo fato de Harry ser o capitão. Ele voava baixo, apenas coordenando o time. O pomo havia sido solto, afinal, Harry também tinha que treinar, mas ele não estava nem um pouco interessado em procurá-lo agora. Volta e meia procurava Ginny, quem sabe não veria um brilho surpreendente em seus olhos mesmo à distância? Passou então a relembrar se em algum momento já não tinha visto o tal brilho, então lhe ocorreu que sim, já havia visto brilho em olhos de pessoas demais! Não poderia haver tantas Outras Partes assim. A tática do brilho era realmente suscetível a erros, nada confiável.

Foi então que sentiu um arrepio correr por sua espinha. A imagem dos olhos frios e absurdamente brilhantes de Voldemort lhe veio à mente. A cada minuto gostava menos dessa história de olhos brilhantes. Em cinco segundos que pareciam ser rápidos demais ele viu o pomo e se preparou para seguí-lo. Antes disso a voz de Hermione lhe chegou alta e preocupada aos ouvidos.

- “Cuidado ,Harry!!”

Ele soube quase imediatamente com o que deveria tomar cuidado. Um balaço zunia e acertava seu ombro direito. Harry sentiu-se cair e bater em algo fofo, dois segundos depois. Tinha os olhos fechados e ouvia o burburinho longe de pessoas comentando e passos que se aproximavam. Perdeu a consciência por poucos instantes, o choque da queda. O sol estava forte naquele dia e Harry ao se esforçar para abrir os olhos identificou o que deveria ser o contorno Hermione, com uma luminosidade vibrante brotando atrás de si. À medida que o restante do time e algumas pessoas da arquibancada se aproximaram ele conseguiu focar sua visão por completo.

- “Harry, você está bem?” – Hermione perguntou apreensiva com Ginny a seu lado.

- “Estou...” – disse com voz meio falha. – “Estou bem.”

- “Vamos levá-lo à ala hospitalar!” – disse ela.

- “Não!!” – retrucou Harry. – “Eu estou bem! Não posso passar a tarde na ala hospitalar de jeito nenhum!”

- “Não seja bobo Harry... Você caiu e...”

- “Não! Eu estava voando baixo...” – ele pôs-se de pé com certo esforço. – “Está vendo? Estou ótimo!”

Após muita resistência de Hermione, e outras facções cépticas presentes ele conseguiu, mesmo com o ombro dolorido, se livrar de perder a sua preciosa tarde sob os cuidados de Madame Pomfrey, totalmente impossibilitado de fazer qualquer coisa útil a seus interesses. Após o almoço o plano continuou. Ainda restavam três livros, e naquele dia teriam menos tempo ainda, pois havia os preparativos para o baile.

Ron arrastou Hermione para a biblioteca alegando que ela precisava ajudá-lo com os trinta centímetros de poções naquela tarde. Pronto! Eles tinham caminho livre. O primeiro livro que Ginny trouxe, também era baseado na Tradição da Lua e não fazia mais nenhuma revelação bombástica sobre os ‘olhos brilhantes’, limitava-se a repetir o que ele havia lido antes. Harry começou a cogitar a hipótese de Hermione também não ter achado o que procurava justamente por não ter um livro a respeito da Tradição do Sol. Isto seria um desastre. A chegada de Ginny interrompeu seus pensamentos. Harry já desanimando, examinou as páginas. Qual não foi sua surpresa ao se deparar com o título:



“Peculiaridades da Tradição do Sol”



Ele deu um pulo na cama para concentrar-se melhor na leitura.

- “Invocações... Rituais...” – murmurava para ninguém. – “A força... A Noite escura... Ahá! Aqui... A Outra parte!”

Folheou até a pagina cento e oitenta lendo cada palavra com máxima atenção. O texto debatia basicamente pelo mesmo ponto de vista da Tradição da Lua, o ponto de vista era o mesmo. Até que...

- “Finalmente!”

Harry comemorou.



“A tradição do Sol possui um processo diferente da Tradição da Lua para identificar a Outra Parte. È preciso se alcançar um tipo de visão, num momento emocionante, ou mesmo chocante, mas que cause impacto de alguma forma à mente da pessoa. Neste instante a visão mostrará um ponto luminoso, que pode ser intenso ou não, acima do ombro esquerdo da Outra Parte.”



- “Isto! É isto!!!!!”

Harry socou o ar. Agora sim, tinha um método mais concreto para o que tanto queria, nada de olhos brilhantes, bastava que ele visse a luz! Apenas isso! Sentiu vontade de correr para Hermione e contar tudo que sucedera nos últimos dias, e caso ela ainda não tivesse visto o Livro da Tradição do Sol, explicá-la como por esse método era bem mais simples identificar a Outra Parte! Exatamente naquele instante Gina voltava.

- “Ginny!” – disse ele ainda eufórico. – “Não precisa pegar o último livro!”

- “Não? Mas...” – ela hesitou. – “Então já sabe tudo que queríamos saber?”

- “Sim!”

- “Então me conte!” – ela sentou-se diante dele.

Harry se concentrou. Fechou os olhos depois os abriu com convicção observando sobre o ombro esquerdo da ruiva e tentou, desejou enxergar um ponto luminoso mínimo que fosse. Respirou fundo e mais uma vez... Nada.

“Estou forçando a barra”, pensou. Voltou-se para os olhos de Ginny... Eles apenas lhe pareciam, azuis.

- “Harry! Não vai me contar!?” – Ginny insistiu.

Calma, muita calma. Tinha até o fim do baile para ver o ponto luminoso, não precisava se desesperar.

- “Olha, melhor levar este livro antes que a Mione volte. Eu vou contar tudo a você, mas num momento especial.” – ela o olhou interrogativa. – “Mais tarde. Na festa.”

Ginny sorriu, lhe deu um selinho e saiu porta afora. Harry jogou-se na cama. Uma tremenda culpa tomou conta de si. Estava radiante por ter descoberto o que queria, também sabia que era apenas uma questão de tempo para que enxergasse o ponto luminoso em Ginny, mas... Tinha que contar tudo a Hermione. Não havia sido honesto, e Hermione não merecia, afinal de contas o objetivo de tudo não era ajudá-la?

Ele saiu do dormitório, decidido, em direção à biblioteca. Ron desculpou-se com Hermione ao avistar Harry, e alegou que era hora de se preparar para o baile. A garota tinha uma aparência cansada quando a observou.

- “Mione, o que deu em você nos últimos dias?” – ele foi direto ao ponto. – “está com algum problema?”

Hermione deu de ombros e sacudiu a cabeça enquanto juntava as anotações que havia feito com Ron.

- “Você tem lido bem mais que o normal.” – Harry prosseguiu. – “Eu achei que o assunto deveria ser tão interessante que resolvi procurar alguma coisa sobre pra ler também.”

Hermione levantou a cabeça lentamente encontrando os olhos dele. Parecia lívida, mas ainda estava em silêncio fechando o zíper da mochila.

- “E achei muito material a respeito!” – disse Harry sorrindo, Hermione voltou a encarar o vazio, a parede atrás dele.

- “Mesmo?” – disse ela levantando a sobrancelha. – “O que achou? Gostou?”

- “Muito. Achei muito interessante. Eu até entendi porque você estava tão fissurada ultimamente!”

- “Ah! Então você entendeu? Entendeu mesmo?” – ela tinha uma expressão intrigante.

- “Sim... Quer dizer... Mais ou menos. Se você sabe como identificar a outra parte pela tradição do sol...” – Hermione parecia ter súbitas mudanças de expressão que oscilavam entre horror e surpresa a cada palavra pronunciada. – “... Então não tem com o que se preocupar! Mais cedo ou mais tarde vai acabar vendo o ponto luminoso sobre o ombro de alguém... Não é tão simples. Eu mesmo tentei ver em Ginny, mas ainda não consegui.”

Ela pareceu refletir por um segundo.

- “Claro.” – disse por fim em concordância. – “Você... Está certo. Eu tenho me preocupado muito com isso, realmente.”

- “É... Se quiser conversar sobre o assunto. Seria bom.”

- “Humrum!” – Hermione se pôs de pé. – “Melhor me aprontar para o baile.”

E saiu cabisbaixa em passos rápidos. Harry fez o mesmo, nem sequer entendeu porque Hermione não o esperara, já que iriam percorrer o mesmo caminho, mas deixou pra lá e foi até a torre apenas a alguns passos dela.

Aprontou-se depressa, afinal, não havia mistério algum para um garoto arrumar-se para uma festa. A diferença estava que ele pensava simplesmente o tempo inteiro num modo de fazer o bendito ponto luminoso aparecer sobre o ombro de Ginny, embora soubesse que ele só iria aparecer no momento certo, se é que existia um. Na realidade começava a questionar a veracidade dessas tais tradições. E se não passasse de esoterismo barato? E lá estava ele viajando novamente quando já deveria estar indo para o Salão Principal! Tentou mais uma vez domar os cabelos rebeldes, então desceu, sozinho, Ron ainda brigava com o espelho, para a Sala comunal. Hermione vinha do dormitório feminino no exato momento que Harry rompeu as escadas. Ela vestia dourado, um traje longo, de alças, o cabelo preso no alto. A cor assentava perfeitamente com o tom de sua pele, cabelos e a maquiagem que havia feito acentuava muito seus olhos castanhos. Estava realmente muito bonita.

- “Nossa. Você se aprontou rápido.” – disse Harry analisando a produção da moça.

- “É. Acho que sim.”

- “Está muito bonita!” – elogiou.

- “Obrigada.” – ela sorriu.

- “Pretende encontrar alguém em especial hoje Srta. Granger?” – indagou cruzando os braços.

- “Ah... A minha Outra Parte, talvez!” – respondeu Hermione em tom brincalhão, embora não sorrisse.

Harry, por sua vez, assumiu um tom sério.

- “Essa história está me intrigando.”

- “Harry, agora eu que digo. Não se preocupe!” – disse no tom maternal que só Hermione sabia fazer. – “Sei que está tentando ver o ponto luminoso em Ginny. Ele ainda não apareceu?”

Ele sacudiu a cabeça, desanimado.

- “Relaxe. Mais cedo ou mais tarde você irá vê-lo.”

Por um instante Harry achou que os olhos de Hermione estivessem prestes a derramar lágrimas, mas então ela sorriu lhe deu um beijo na face e saiu. Ele ainda ficou um certo tempo parado, e curiosamente entristecido. Não havia conseguido ajudar Hermione e nem enxergar sua Outra Parte. Também não havia entendido, o que tanto Hermione procurava nos livros! Porque depois de semanas, meses, ela continuava em transe com o assunto? Correu em saída da sala comunal, talvez ainda a alcançasse!

Hermione caminhava devagar, e Harry ainda a encontrou no corredor.

- “Hey, Mione!”

Ela voltou-se imediatamente.

- “Que foi, Harry?”

- “É que... Eu não entendo! Porque você ficava dia e noite fuçando aqueles livros e já sabia como identificar a Outra Parte?”

Hermione suspirou.

- “Bem... Eu só estava tentando, achar alguma falha.”

- “Como assim?”

- “Eu não sei. Achar alguma possibilidade de mesmo a pessoa vendo o brilho nos olhos e o ponto luminoso estar enganada. Eu queria saber se existe esta possibilidade.”

- “E existe?”

Hermione sacudiu a cabeça.

- “Não.” – respondeu. – “Mas eu ainda não desisti!”

- “E por que você quer saber isso?”

- “Ah Harry... Você tem que entender que nem sempre as Outras Partes estão apaixonadas.”

Ele considerou a hipótese.

- “Sei... Você gostaria de saber se nesse caso as Outras Partes não são Outras Partes. É isso?”

- “Basicamente, sim.”

- “Mione... Eu acho que inicialmente as Outras Partes podem até não estar apaixonadas, mas só inicialmente! Por exemplo, eu demorei um pouco pra me apaixonar pela Ginny...”

Ela sorriu e novamente levantou a sobrancelha. Harry por uma fração de segundo pareceu ver algo antes que Hermione se virasse para sair.

- “Ótimo exemplo! Até mais, Harry.”

- “Hermione, espera!”

- “Sim?”

Teve vontade de pedir para acompanhá-la até o salão, sentia enorme necessidade de conversar com Hermione a respeito do assunto, não sabia exatamente porquê, mas a história não lhe aliviava os miolos um só instante. Subitamente se viu totalmente desestimulado para fazer qualquer coisa que não fosse falar sobre a Outra Parte.

- “Onde esta Ginny?” – foi Hermione que falou.

- “Não sei.” – disse dando de ombros. Hermione se preparou para andar. – “Ah, Hermione, espere um segundo!”

- “Mas, o que é Harry?” – disse ela parecendo impaciente.

- “Tem alguma coisa esquisita acontecendo, você não acha?” – perguntou Harry ligeiramente ansioso.

Ela o observou por um segundo, uma expressão intrigada, olhar apreensivo.
- “Você está bem?”

- “Sim.” – respondeu de imediato. – “As coisas é que estão um pouco confusas!”

- “Que coisas?”

- “Tudo!”

Hermione ostentava certa incredulidade, e Harry começou a se considerar um pouco demente. Tinham uma festa para ir, Hermione estava na sua frente incrivelmente linda e aparentemente muito apressada para chegar a essa festa e ele sequer sabia o que o atormentava.

- “Ginny deve estar esperando por você.” – falou antes de definitivamente caminhar na direção do salão.

Harry respirou fundo, desanimado.

- “Claro.” – disse para si mesmo, sem vivacidade.

Alguns minutos depois Harry irrompia no salão de braços dados com Ginny. A ruiva estava mais entusiasmada do que nunca, e ele, parecia ter um pedregulho dentro dos sapatos. Começou a se preocupar quando pela metade da noite, após insistentes tentativas, não havia enxergado um ponto luminoso microscópico que fosse sobre o ombro da namorada. E se... Ginny não fosse sua Outra Parte? Não! Não era possível! Ele imaginava que sua Outra Parte deveria ser alguém que o compreendesse, que estivesse sempre a seu lado, respeitasse suas decisões e que o amasse. E ela atendia a todos estes pré-requisitos! Afastou os pensamentos bobos da cabeça e resolveu procurar Ginny que havia sido arrastada por Luna para ouvir alguma sandice qualquer que tivesse a contar. Estava a alguns metros da enorme mesa que abrigava os quitutes e bebidas quando um espetáculo incrível abrandou o Grande Salão. Flocos reluzentes em tons de todas as cores do arco-íris começaram a descer do céu encantado, que naquela noite, tinha aparência do Universo à noite. Era como se neve colorida em raios. Harry sorriu deslumbrado ao fitar as cores em volta de si tomando todo o espaço em penumbra quase total. Acabava de bater meia-noite.

- “Harry!”

O chamado vinha de suas costas, ele voltou-se instintivamente. Era Ginny. Harry caminhou até que num susto, estancou, perplexo. Estava ali. Acima do ombro de Ginny um, nada discreto, ponto luminoso. Correu para dar-lhe um abraço, no entanto, a dois passos dela, parou novamente. A luz forte vinha de um pouco atrás de Ginny. Ele encolheu os olhos e a dois metros de distância da ruiva, reencontrou o ponto, sobre o ombro de outra garota.

Harry pasmou.

Era... Hermione.

Sua melhor amiga sorria admirando os flocos coloridos a sua volta, tentando inutilmente tocá-los, até que encontrou o olhar de Harry e acenou sutilmente. A luz parecia mais forte de que nunca e ele assistiu petrificado Hermione carregá-la enquanto se afastava brincando com os pequenos espectros.

- “Harry!” - Harry sobressaltou-se. Ginny tinha as mãos em sua face. - “O que houve querido? Você está pálido!”

- “Na...da” – respondeu, atônito. – “Eu só percebi que... Acho que não estou me sentindo muito bem.”

- “Mesmo? O que você tem?”

Ele sentiu uma quentura invadir seu ventre ao ver sua ‘luz’ deixar o salão.

- “Dor de estômago.” – respondeu. – “Melhor eu voltar para a Torre.”

- “Tem certeza?”

- “Sim.” – encarou o chão. – “Sim. Tenho.”

Ela lhe deu um selinho. Harry suspirou, permaneceu parado no mesmo lugar por um tempo. O mesmo tempo que levou para retornar à sala comunal. Lá o mesmo feitiço do Grande Salão da falsa neve enfeitava o lugar, mesmo que com menos intensidade. A torre só não estava vazia pela presença de uma pessoa. Harry contornou a poltrona diante da lareira e sentou-se na mesinha de centro à frente de Hermione. Apoiou os cotovelos nas coxas e deitou o queixo sobre as mãos cruzadas. Localizou mais uma vez, com sucesso, o ponto de luz, agora menos ofuscante, sobre o ombro da garota antes de captar fixamente seus olhos. Teve certeza que o brilho que vira nos olhos de Hermione mais cedo, quando achou que estavam prestes a derramar lágrimas, era o brilho especial que só se via ao estar diante de uma Outra Parte. Era temeroso, hipnótico e cintilante ao mesmo tempo, e o punha zonzo.

Censurou-se. Havia sido um tolo, esteve enganado durante todo o tempo. Não sabia o que dizer, por isso permaneceu em silêncio por enormes minutos, apenas submetido ao olhar dela, sem desviar, com mínimos pestanejos, desejando que Hermione também estivesse submetida. Não saberia dizer por quanto tempo ficou na mesma posição, se tivesse que arriscar diria que por meia hora, talvez. Por algum motivo estava irritado com a própria ignorância. Queria ir ao extremo, até seu limite, até onde suportasse estar subjugado à beleza de Hermione. Àquela altura descobriu que neste ponto, poderia ser mais resistente do que ela.

- “O que você quer?” – perguntou Hermione ao fim do que Harry interpretou como sendo uma homérica espera.

- “Olhar bem para a minha Outra Parte.” – ele respondeu impassível.

Os lábios de Hermione tremeram, ele notou. A face tornou-se lívida quando Harry mais uma vez observou acima de seu ombro esquerdo.

- “Por que não me contou?” – indagou Harry.

Hermione escondeu os olhos sobre as palmas das mãos, até que suspirou.

- “Harry... Eu vou encontrar uma prova de que essa tradição é uma fraude, nem que seja a última coisa que faça!” – ele levantou a sobrancelha.

- “E se você não encontrar?”

- “Eu vou encontrar.”

- “Mas e se não encontrar?!”

- “Então...” – Hermione balbuciou.

- “O quê? Então o quê?” – falou em tom calmo sem deixar de olhá-la. Hermione parecia estar em árduo conflito e isto, por incrível que pareça, o deixava muito satisfeito.

- “Então, um dia, nós iremos acordar e ter esquecido dessa história maluca!”

Harry considerou a hipótese.

- “Você realmente pensa assim?” – perguntou encolhendo os olhos.

- “Sim.” – ela respondeu, rispidamente, de imediato. – “Realmente penso assim.”

E levantou-se tomando rumo do dormitório. Harry a seguiu, Hermione reparou, então voltou-se para ele.

- “Eu vou dormir. Boa noite.” – disse de forma pseudo-cortês.

- “Hermione, escute...”

- “O que é?” – interrompeu, ansiosa. Harry sorriu.

- “É só que, não estou muito certo de que quero acordar e esquecer dessa história maluca.” – falou lentamente.

- “Harry, por favor. Você não sabe o que está falando.”

- “Não seja boba. Estou sendo sincero.” – a face de Hermione foi tomada de horror. – “Não precisa se preocupar, pois, realmente não digo nada disso com o objetivo que diga o mesmo.”

Hermione pestanejou, constrangida. Um forte nervosismo abateu Harry.

- “Não?”

Ele sacudiu a cabeça. Hermione ameaçou subir as escadas.

- “Olhe, sei que já quer ir dormir.” – ela estancou. – “Mas... Antes que vá, eu...” – fez uma pausa.

- “Sim?”

- “Queria saber... Você está mesmo vendo esta luz no meu ombro?”

Hermione ficou em silêncio por alguns momentos.

- “Estou.” – respondeu sem hesitar.

- “E o brilho nos olhos?”

- “É, também. Eu creio.”

- “E acha que é...” – ele sorriu com certa incredulidade. – “Bobagem?”

- “Humrum.”

- “Certo...” – murmurou com um toque de ironia.

Ela acenou positivamente.

- “Até amanhã”

Hermione lhe deu as costas e Harry assistiu a amiga chegar ao terceiro degrau. Falou antes que pensasse.

- “Eu gosto de você.” - Hermione estagnou os passos e o olhou estupefata. Harry, apavorado, tentou voltar a raciocinar. – “É, sem dúvida. Não sei se isto tem alguma coisa a ver com o fato de eu não achar a tradição uma bobagem, de qualquer maneira, mas... É fato.”

A garota permaneceu imóvel.

- “Eu não espero que você diga algo.” – esclareceu – “Eu só... Achei que deveria saber. Se mudar de idéia um dia... Seria bom...” – refletiu. – “Mais do que bom.”

Hermione soltou o ar em seus pulmões. Harry prosseguiu.

- “Bem... Eu não esperava que você dissesse nada mesmo. Eu entendo. Era... Isso. Boa noite.”

Ele se preparava para girar nos calcanhares e correr dali, quando Hermione, mais do que depressa desceu os três degraus, puxou-o pelo colarinho e por cerca de cinco segundos encostou seus lábios nos dele. Harry definiria aquilo como um ataque fulminante: rápido e fatal. Antes que seus músculos despertassem do susto e correspondessem o beijo, ela já se afastava, incrivelmente ruborizada, cambaleante enquanto subia as escadas de costas. Harry, perplexo, tomou fôlego, para exclamar um “uau”, ou algo do tipo, mas não teve tempo.

- “Eutambémgostodevocê.” – falou Hermione velozmente.

E apressada correu para cima rompendo os degraus dois a dois.

Ele sorriu recapitulando a cena que acabara de viver e o modo singelo com que Hermione encarara tudo. O ritmo de seu coração era dilacerante, quase imediatamente Harry entendeu porquê.

- “Oh Merlin. Achei a última garota semi-inocente de Hogwarts.” – murmurou para si mesmo. Voltando quase flutuando para o dormitório. – “Ele ela gosta de mim.”

Sorriu ainda mais.



- “Estou perdido.”



FIM

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N/A(2) - Obrigada a todos que entraram e comentaram aqui, se a fic não estiver atendido às expectativas, sorry.... hehehehe Sério gente, foi uma idéia q eu tive muito rápido e talvez não tenha desenvolvido da melhor forma. Aliás, talvez não, COM CERTEZA! Ehehehhehehe
Bjos a todos e até a próxima!

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Comentários (1)

  • Bethany Jane Potter

    chorei horrores...amei a fic...simples,mas perfeita...queria tanto uma continuação...mas ela é perfeita..muito fofaa..Amei

    2015-01-02
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