A chegada em Hogwarts

A chegada em Hogwarts



A carroça ia num balançar forte. Não era tedioso, não podia ser, balançava tanto que se gastava toda a atenção tentando manter o equilíbrio dentro dela. Talvez fosse pela chuva que aparentemente tinha batido a tarde na região de Hogwarts, mas definitivamente hoje estava pior. A cada batida em um buraco a lama chegava a encostar na ponta do carpete, que rapidamente se limpava.



Carroça foi o apelido carinhoso dado por Anna e Paul para a Carruagem. Isso porque no momento em que eles iam se beijar ela entrou em um buraco fazendo Paul beijar o nariz de Anna, numa situação, no mínimo, engraçada.



A viagem foi assim, os dois tentando se beijar, e um ou outro buraco tentando incomodar. Os dois passaram boa parte da viagem abraçados, bem no cantinho da carruagem. Era o melhor lugar para ficar, visto que pelo menos tinha apoio em dois lados e que assim dava para se apoiar um pouco.



Ao longo da viagem a posição começou a cansar os dois e eles decidiram revezar o colo. A principio Anna ficou no colo de Paul e ele ficava fazendo cafuné nela enquanto ela ficava olhando nos seus olhos e encostando com a mão na boca de Paul. Depois Paul ficou em seu colo e ele continuou a afagar os cabelos de Anna. Equanto ela ficava olhando na janela.





- Já passamos do portão, em 5 minutos chegaremos à porta do colégio. - Disse Anna ao ver os portões do terreno do colégio passarem.



- Eu sei, eu sei, não lembra poxa. - Respondeu Paul, se levantando.





Por mais estranho que isso possa parecer, Pirraça estava recepcionando os alunos:





- Mal-vindos, Mal-vindos! Espero que tenham um péssimo ano em Hogwarts! - Dizia para todos os alunos, deixando-os bastante irritados com a recepção.



- Ora, ora, se não é o casalzinho apaixonado! Como vocês estão? - falou



- Estamos bem, e você Pirraça? - Falou Anna tentando disfarçar ao máximo que não estava tão bem assim.



- Eu estou ótimo! Vocês é que não vão ficar muito bem né? Hahahahahaha!





Paul olhou para ele com um olhar fulminante, fantasma ou não, qualquer um sentiria a potencia daquele olhar e com um arregalar de olhos pirraça disfarçou e saiu pela parede do castelo.





- Odeio gente inconveniente. Quanto mais se já morreu! - Falou e olhou para Anna com um sorriso de quem soltou uma piada.



- Eu sei que você não gosta. Só a parte do já morreu que eu não conhecia. - Anna respondeu dando uma piscadela.





A escadaria estava úmida, assim como toda a região. Mas mesmo úmida ela não deixava de mostrar seu esplendor. O mármore misturado com o granito na ponta do degrau dava a majestade dela. E só graças ao granito a escadaria era transponível nesse dia úmido.



Paul e Anna subiram o mais rápido que puderam as escadas, um chuvisco começava a bater na região, alem do frio. O castelo estava bastante iluminado por dentro quando eles entraram e deram de cara com a grande escadaria que levava para o segundo nível da morada. Porem seguiram para a grande porta da esquerda, rumo ao salão principal.





- Aqui agente se despede - Disse Paul, levantando os braços para poder a abraçar.



- Vou sentir falta dessas nossas férias, do tempo que agente ficou junto - Anna colocava os braços abaixo dos de Paul e já tinha os olhos úmidos.



- Agente ainda tem o final de semana não é? Somos quintanistas não é? Vamos estudar sempre juntos, certo? - Paul fazia as perguntas só para se consolar, ele já sabia as respostas.



- Sim, sim, você sabe a resposta seu bobo! - Disse Anna com um sorriso no rosto - Vamos, vai lá se encontrar com os seus amigos, é melhor do que agente ficar assim.





E com um selinho eles se despediram (Se algum professor visse um beijo mais “elaborado” eles teriam problemas, com certeza). Ela foi calmamente para a mesa da Grifinória onde sentou com suas duas melhores amigas, Jéssica e Milena. Ele, por sua vez, foi de encontro com seu grande amigo de infância Willian, na mesa da Corvinal.





- E ai cara! Como foi de férias? - Disse Willian, olhando para Paul e reparando o olhar dele em Anna - Ou melhor, como foram?



- Foram boas, só teve um problema - Paul dizia ainda sem olhar para o amigo.



- Qual?



- Elas acabaram - Falou, agora se voltando para Willian e deixando mostrar no rosto a tristeza que ainda sentia.





A barulheira era grande dentro do salão, abraços e mais abraços, amigos se encontrando, fofocas borbulhando por todos os cantos. O salão era uma grande confusão. E nesse ano a confusão só aumentou, afinal, alguém muito famoso ia virar calouro de Hogwarts, e todos queriam saber para que casa ele irá.



Uma porta a esquerda da mesa de professores foi aberta e dentro dela saiu a professora McGonagall carregando consigo o chapéu seletor e um banquinho. O silencio tomou conta do salão enquanto ela ajeitava o chapéu e abria um pergaminho. Nesse momento o chapéu começou a cantar e a quase saltitar enquanto todos o observavam com um sorriso no rosto e alguns acompanhavam com umas palmas tímidas, mas ritmadas.



Sem muita demora, logo após o fim da cantoria, a professora começou a chamar os novos alunos. Os nomes passavam, e como de costume, Paul e Anna ficavam brincando um com o outro: “Esse é meu” dizia Anna com os gestos, “Vai sonhando! Ele é um corvinal de fato” Paul retribuía. Cada sentença do chapéu era prosseguida de gestos “Eu não disse! Eu não disse!”.



De repente um alvoroço tomou conta do salão. Mas tanto Anna como Paul não souberam o motivo da bagunça, eles estavam concentrados demais no olhar do outro.





-Will, porque dessa bagunça agora? O que ta acontecendo? - Disse Paul, se voltando para um amigo.



- Harry Potter cara! Harry Potter!



- Eu estudei historia da Magia pô! O que tem Harry Potter?



- Seu leso, olha ali - Willian pegou a cabeça do amigo e a fez virar na direção do banco.



Paul se levantou e olhou arregalado, voltou-se rapidamente para o amigo:



- Aquele ali é o Harry Potter!? - Disse, apontando e sem perceber que estava em pé.



- Senta ai! - Will, vinha puxando Paul pelas vestes - Você ta pagando o maior micão, nem parece amigo meu.





Paul tomou noção do ridículo que passou e se encolheu na cadeira. Começou a procurar Anna naquela confusão que eram as mesas e a achou, olhando para ele e rindo muito, fazendo gestos “Eu não acredito que te vi fazendo aquilo”.





- GRIFINÓRIA!!!





A mesa de Anna ficou em pé, ele não via mais nem sombra dela, eles pulavam, gritavam e esperneavam.



- “O Potter é nosso!!! O Potter é nosso!!!” - Gritavam sem parar.





- Putz, cara. Ia ser a maior moral ter o Potter aqui - Will falava, desolado.



- Ah, não ia ser não. Aposto que aquele garoto é muito esnobe por ter salvado o mundo - Paul fazia gestos com a mão, tentando simular um globo por entre elas.



- É, você deve ter razão...





A cerimônia de escolha das casas prosseguia, mas ao contrario de antes, Anna já não queria saber dos outros calouros, ficava gesticulando e fazendo caretas pra Paul “O Potter é nosso!”. Paul não ligava, não sentiu apego pelo menino. Na verdade sentia inveja, por que não foi escolhido também para a Grifinória? Não que ele não gostava da sua casa, mas gostava mais da sua Anna.



Quando viu, toda a comida tinha aparecido na mesa. Estava pensando tanto que não reparou no fim da cerimônia, tão pouco o discurso de Dumbledore. As vezes olhava para Anna, e ela já se divertia com as amigas. O papo devia estar bom pois elas não paravam de tagarelar. Por um momento ele reconheceu um “Ele é bonitinho” saindo dos lábios de Anna. Um fogo quase que incontrolável tomou ele:





“Eu conheço a Anna! Eu confio na Anna! Pra que esse ciúme Paul?” - Pensou





Alguns minutos se passaram, e ele beliscava alguma coisa enquanto olhava para ela. As vezes ela olhava para ele, trocava um “tchauzinho” e se voltava para as amigas. Logo após um desses acenos, a professora Minerva se aproximou de Anna e a chamou. Paul não entendia nada - “O que a prof quer com ela?” - Anna se levantou e acompanhou McGonagall até a sala de professores. Paul se levantou, mas viu que não tinha o que fazer e se sentou.





- E você Will? Como foram as férias? - Disse ele, tentando esquecer Anna um pouco.



- Po cara, eu viajei pro Brasil e surfei de montão. Sabe que lá é inverno, mas é mais quente que aqui no verão! Maior calorzão.



- E as minas? São bonitas mesmo?



- Caaara, o que era aquilo! Eu não sabia se surfava ou se olhava - Falou Will rindo e dando um soquinho no ombro do amigo.



- Hahaha você bateu fotos?



- Claro, o único problema é que foi em maquina de trouxa. Ta na minha mala, lá em cima eu te mostro beleza?





***




Paul falou com Will que ia esperar Anna aparecer para subir. Ele queria saber o que a professora Minerva queria com ela.



Ele já estava esperando uns dez minutos quando a viu passando pelos corredores andando lentamente e cabisbaixa. Ele saiu correndo em seu encalço até chegar nela.



- Anna, o que houve? O que a Minerva queria? - Paul falava rapidamente.





Anna só olhou para ele, não sabia como dizer. Paul, por sua vez colocou a mão no rosto dela:





- Vamos Anna, me diz. Algo de grave aconteceu?



- Não, não. Nada de grave, só que...



- Só que o que? - Paul já se mostrava apreensivo.



- Somos quintanistas, certo?



- Sim, somos, o que tem isso?



- No quinto ano, é escolhido os monitores, certo?



- Sim, são escolhidos. Inclusive já foram, o que isso tem a ver com você?



- Pois é... Só que, ai, a menina que foi escolhida para ser monitora teve uma alergia e esta infestada por furúnculos. O Hospital deu no mínimo seis meses de internação para ela sarar totalmente. Vão espremer um a um!



- Ta, ela teve furúnculos, e o que isso tem a ver com você? - Repetiu



- Eles tiveram que escolher outra monitora Paul...



- Não me diga que você...?





Anna só fez um gesto afirmativo e olhou para baixo. Nesse instante Paul percebeu, ela tinha a medalha da monitoria.





- Mas porque você aceitou? Você tem o direito de negar.



- Paul, ninguém nunca recusou a monitoria...


- E você é todo mundo? Por que?



- Paul, é o meu futuro. Você acha que eu não pensei nisso tudo enquanto a Minerva falava comigo? Você sabe o quanto isso pesa num currículo? Um namoro pode acabar em uma semana, mas uma vida não.



- É assim que você considera o nosso namoro? Algo que não vai durar?



- Por Deus, não! Eu nem sei porque falei aquilo. Desculpa Paul, me entenda, por favor.



- Sim, eu entendo, você só me considera como diversão... Um namorico que vai acabar de uma hora para a outra. Estamos namorando a três anos, sabia? Quase quatro sabia?



- Não precisa lembrar, até onde eu sei, você que esquece as datas ta? Escuta, o que agente disse lá na carruagem? Que quando os nossos anos de colégio acabarem agente ia se casar, se lembra.



- Eu disse isso!



- Sim, você disse isso, e o que eu fiz? Eu confirmei. Você é o homem da minha vida Paul.





Aquelas palavras foram como um soco em Paul. Anna dificilmente falava sobre o que sentia por ele, ela era mais reservada e isso sempre deixava Paul apreensivo. Mas dessa vez ela tinha dito que ele era o homem da vida dele, ele se sentiu orgulhoso, se sentiu vivo.





“Eu sou o homem da vida da mulher mais maravilhosa que eu já conheci”





Paul se esqueceu completamente do motivo de estar discutindo com ela. Foi como se o coração tivesse tirado toda a razão dele. Ele a amava, amava com tanta intensidade. Como podia ele brigar com ela? Seja qual fosse o motivo, ele estava errado.





- Paul, você esta ai? - Falou Anna, olhando para ele e passando a mão na frente dos olhos dele.





Paul se tocou e correu sua boca para a de Anna, primeiro começou encostando somente os lábios, suas mãos percorriam toda a faixa da cintura dela, enquanto as mãos de Anna começavam a ir para os ombros dele. Sua boca se abriu, assim como a de Anna. As línguas se encontraram, seus corações se encontraram.



Os braços agora apertavam o parceiro mais forte, os de Anna apertavam forte as costas de Paul, já os dele percorriam toda a cintura, passando sempre pela barriga dela. As mãos de Paul começavam a fazer uma tentativa de subir um pouco mais, explorando cada centímetro avançado e os celebrando com muitos toques.



Ele estava próximo dos seios dela, podia perceber. Nunca estivera tão perto, ela nunca deixara tanto. Anna continuava a beijá-lo, suas mãos agora mais abaixo. Próximas a base da coluna, um pouco acima da calça que ficava por dentro das vestes de Paul.



Paul fez a tentativa, colocou delicadamente a mão direita no seio de Anna. Eram tão duros, firmes e pequenos. Sentiu Anna ter um calafrio e uma trepidação e logo após sentiu um empurrão dela.





- Epa epa, você pode ser o homem da minha vida, mas quem disse que já é homem? - Falou Anna, com um sorriso meio besta meio sério. Não conseguia esconder que gostou, mas estava assustada.



- Vamos dormir Paul, amanha tem aula. Vai que o Filch vê agente assim





Anna se virou e foi em direção ao salão comunal da Grifinória, deixando Paul ali, parado, abestalhado. Paul ainda não acreditava na coragem que tinha tido, também não acreditava na fogueira que estava dentro dele. Sua pele chegava a estar vermelha, seu coração parecia prestes a explodir de tão rápido que batia.



Paul olhou para as suas mãos, mãos aquelas que tinham tocado no intimo de sua namorada, do seu amor.



“É, acho que tivemos um progresso” - Pensou Paul, enquanto seguia para o Salão da Corvinal. Dormir e quem sabe ter bons sonhos.



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