Capítulo 4



Capítulo IV


Um velho Colar, um velho Amigo e um Velho Chapéu


[Ultima parte do Diário]




- Sente-se, Selene - Disse ele, apontando a cadeira a sua frente.
Sentei-me, lançando um olhar inquisidor para o diretor.

- Algo para mim, Sacerdote? - Oh! Sacerdote... Nunca achei que seria chamado por esse titulo novamente - Ele sorriu - Sim, Selene, mas antes de lhe entregar, vou contar-lhe uma historia.

“Há mais ou menos dez anos, uma jovem senhora veio ate minha sala, e sentou-se na mesma cadeira em que você esta sentada agora.
Tirou um embrulho de suas vestes e colocou em cima da minha mesa. Delicadamente, retirou o embrulho, e deixou revelar seu conteúdo. Era uma caixa de madrepérola.
- Professor - Começou ela - Necessito de sua ajuda. Meu marido... Ele está paranóico com essa caixa. A única coisa que pensa agora é em criar um Feitiço para abri-la. Ele já tentou uma vez... E quase matou meus filhos. E isso não pode se repetir!

- E porque ele quer tanto abrir esta Caixa, minha Senhora? - perguntei intrigado.

- Oh... É uma longa historia. - Respondeu ela, baixinho.

- Conte-me, do mesmo jeito, Rosemary...”

Arregalei os olhos. A minha mãe se chamava Rosemary...

“- Esta bem, Professor - Ela parou por um momento, e respirou fundo. Parecia nervosa, e suas mãos tremiam muito.
- Há vários séculos atrás... Houve um homem, um cientista muito conhecido, chamado Detrius Agrotis. Alem de Cientista, ele foi um mago fenomenal, e foi o criador de diversos Feitiços, Poções... Enfim, tudo que conhecemos no meio de magia, ele que descobriu e criou.
Quando Detrius sentiu que sua hora estava chegando, resolveu passar o seu poder aos seus descendentes. Mas sabe-se lá o porquê, quis que só houve-se um escolhido a cada cem anos. Então criou as Lagrimas de Perolas.
- Lagrimas de perolas? O que vem a ser isso?
- Detrius enfeitiçou o próprio sangue, e de seus filhos, para que todos tivessem a habilidade de chorar Perolas, no lugar de lagrimas.
Então, nos cem dias antes de sua morte, Detrius chorou cem perolas, e cada perola continha um pouco do seu poder. Assim, ele fez o Colar dos Agrotis.
Esse colar foi passado de geração em geração... Dentro dessa caixa, e só quem tiver a habilidade de Detrius, pode abri-la.
- E seu marido não tem essa habilidade, certo?
Ela balançou a cabeça, concordando.
- Mas minha filha mais jovem, nasceu com essa habilidade e temo que Artemus a use para seus fins. Ela é jovem demais, e não ira agüentar tanto poder... Por isso Professor, peço que guarde essa caixa, não só para deixá-la longe de meu marido, mas também para entregar a minha filha no dia em que ela vira ate o senhor.
- Não se preocupe Rosemary, sua relíquia estará em boas mãos.
Rosemary me lançou um sorriso fraco, o único desde que havia entrado naquela sala. Se levantou, quando estava em frente à porta, lhe fiz uma pergunta.
- Rosemary, me diga, porque você não pode entregar essa caixa a Sua filha?
Ela me lançou um olhar penetrante, sua voz era um sussurro rouco.
- Porque estarei longe demais dela... - E passou pela porta.”
- Dois meses depois, aconteceu a tragédia dos Agrotis, e esperei que a última Agrotis, a filha de Rosemary, viesse ate mim. E creio que esse dia é hoje, Selene...
Não respondi nada. Não me mexi, nem respirava direito. Só olhava para dentro dos olhos azuis brilhantes de Dumbledore, um turbilhão de pensamentos invadiram minha mente... Era tão horrível relembrar aquele dia... O Único dia que vi minha mãe chorar. O ultimo que a vi viva. E ela sabia que tudo isso iria acontecer... Como não fez nada para se salvar?
- Às vezes Selene, o Destino age de formas estranhas, para poder promover grandes acontecimentos, grandes felicidades. As pessoas que podem ver alem do véu do tempo, não podem evitar ou adiantar tais acontecimentos... E qualquer tentativa pode causar danos irreparáveis aos Seus...

Franzi o cenho. Como ele sabia? Mas ele tinha razão. Isso me deixou menos raivosa... Ela não poderia fazer nada...
Dumbledore tirou de suas Vestes uma varinha fina e comprida, bem parecida com as Varinhas Gregas. Ele fez alguns movimentos, e apontou em direção de um armário de ébano, ricamente entalhado, e muito bem fechado. As portas do armário se abriram e de dentro saiu algo embrulhado em um tecido de seda azul escuro.

O embrulho pousou delicadamente na minha frente. Olhei para Dumbledore. Não era preciso dizer do que se tratava, eu sabia que era a caixa que continha a relíquia mais preciosa da minha família, e que também foi à causa da destruição da mesma.
- Abra Selene. - Disse Dumbledore, olhando para mim estranhamente. Ele sabia bem o que eu estava pensando na hora.
Olhava a caixa com aversão. Aquele colar era amaldiçoado. Trouxe desgraça para minha família... Enlouqueceu meu pai. Não queria tocar naquilo.
- Selene, abra, por sua mãe.
Minha mãe... Sim, ela queria que eu ficasse com a relíquia.
Vagarosamente, desfiz o nó do embrulho. Uma linda caixa de madrepérola se revelou, com o símbolo dos Agrotis, uma mariposa, estava ricamente desenhado na tampa de marfim.

Coloquei minha mão sobre a tampa, e levantei. Nada aconteceu. Realmente eu era a escolhida.

Observei o conteúdo. Lá estava a Relíquia dos Agrotis, o Colar de Detrius. As cem perolas eram extremamente brancas, como a neve. Não havia fecho, nem nada do gênero. Sem pensar, tirei o colar de dentro da caixa e coloquei em meu pescoço.

Uma onda fria de força percorreu meu corpo, seguido por um formigamento. Me senti tonta...tudo ficou desfoque, confuso. Quando voltei ao normal, a primeira coisa que vi foi Dumbledore. Ele olhava para o colar com uma expressão estranha... Extremamente serio e... Me pareceu que estava triste também. Levantei-me e fui até um espelho que estava cantando em um armário. Arregalei os olhos.

Cinco perolas haviam se tornado negras. Negras como a noite. Mesmo sabendo muito pouco do Colar, eu sabia que todas as perolas continuariam brancas após colocá-las.

- O que aconteceu Sacerdote?!Porque elas mudaram de cor?
- Sinceramente, minha cara Selene, eu não sei. Espero que não seja nada de mais... Mas, seria prudente se você toma-se o Maximo de cuidado possível com esse colar. Sei que Detrius era um homem bom e justo, mas sei também que ele não hesitaria em usar magia negra para proteger esse colar...

- Magia Negra?!Oh, Pelos Deuses...
O silencio perdurou por um longo tempo. Eu estava atordoada com tanta coisa. Eu queria ir embora, queria voltar a Meteora.

- Sacerdote... Posso ir embora? Estou muito cansada, gostaria de me recolher.
- Sim, Selene. Pode ir. Vou pedir para que um dos elfos domésticos lhe acompanhe ate o seu quarto - Disse ele, calmamente.
- Obrigada, Sacerdote.

Me dirigi até a porta, e quando estava prestes a abri-la, Dumbledore falou.

- Selene, não se aflija, tudo dará certo no final. Lembre-se: O destino tem formas estranhas de trazer a felicidade...
Sorri. De alguma forma, aquelas palavras me tranqüilizaram.

Sai da sala, passei pela gárgula e me dirigi ate o Salão principal.

- Senhorita Selene Agrotis?

Dei um pulo. Me virei e vi uma criatura muito feia, nanica, com longas orelhas e olhos esbugalhados. Usava uma meia de cada cor, vários gorros de diferentes cores.

- Perdão senhorita Selene Agrotis! Dobby assustou Selene Agrotis?
- Não... Quero dizer, sim, mas tudo bem!
- Oh, Dobby assustou Selene Agrotis!! - A pequena criatura começou a se estapear, para meu total espanto - Dobby mau!Dobby mau!!!
Adiantei-me e segurei suas mãos. A criaturinha tentava se soltar, com todas as forças, enquanto choramingava o mantra “Dobby Mau”.

- Pare com isso! Você não é mau, eu que me assusto fácil, você não fez nada! Pare de se machucar, por favor!

Ele parou de repente olhando para meu rosto com aqueles grandes olhos estranhos.
- Selene Agrotis perdoa Dobby?
- Oh... Perdôo sim, lógico! - Sorri amistosamente. Ele pareceu mais calmo, e então soltei seus pulsos.
- Bem, agora que nos acalmamos... Porque me chamou?
- Dobby foi mandado para levar Selene Agrotis ate seu quarto - Ele sorriu e apontou para cima.
- Oh! Esta bem - Respondi, enquanto seguia o pequeno elfo escada a cima.
Ele me guiou ate meu quarto e informou o horário do café da manhã. Então partiu, acenando timidamente.
Entrei no aposento, amplo e iluminado por apenas duas tristes velas, dando um ar lúgubre ao local.
Uma cama de dosséis dourados e cortinas azuis escuros aveludados me chamaram a atenção. Foi então que notei a quão cansada estava, quase no limite.
Joguei-me na cama, dando-me apenas o trabalho de jogar minhas sandálias longe e me cobrir com um felpudo cobertor. Dormi um sono cheio de sonhos perturbadores, onde uma voz triste lamentava algo...

***
Acordei com o sol da manha batendo em meus olhos. Levantei, me lavei e vesti o uniforme da academia, que apareceu misteriosamente aos pés da minha cama.

“Oh, Pelos Deuses, pareço uma morta-viva!” - Constatei ao me ver no espelho.

Meus olhos estavam contornados por uma sombra roxo-enegrecida. Pascei um pó qualquer e desci as escadas as pressas.
Enquanto descia a escada, a mesma começou a se mover. Agarrei-me no corrimão e observei espantada a escada dar uma volta de 90º graus, parando em frente de uma porta. Esperei alguns minutos, rezando para que a escada volta-se ao seu lugar original, porem ela não se moveu. Não tive escolha, a não ser descer e tentar achar o caminho correto.
Havia apenas um corredor escuro e nada convidativo a minha frente, que parecia descer para algum lugar. Andei por esse corredor ate me deparar com algumas escadas, e me decidir pela do meio, que descia para algum lugar.
Parei em um grande corredor, com varias salas, outras escadas maiores, e outras entradas para outros corredores.
Segui pelo primeiro corredor, mas fui bloqueada por uma pesada porta de prata, com um imponente brasão, uma cobra com olhos de esmeralda.
Fiquei admirando o portal, quando me dei conta que ele estava se movendo. O brasão de dividiu em dois e três rapazes saíram de dentro, e quando viram que eu estava lá, pararam surpresos.

- O que esta fazendo aqui, garota? - Perguntou um rapaz, num tom carregado de desconfiança.
Encarei o rapaz, que tinha olhos cinzentos e gelados. Estava acompanhado por dois sujeitos altos, fortes, mas com uma aparência pouco atrativa, mais pareciam ogros do que meninos.
Sorri sem graça, e pensei que talvez estivesse em uma área proibida.
- Desculpe-me, eu acabei me perdendo, pretendia ir ate o salão principal... Porem não faço idéia de que lugar é esse - suspirei e olhei para o chão.
- garota, você esta as portas da sala comunal da Sonserina - O garoto de olhos frios jogou seu cabelo louro platinado para trás e sorriu com uma altivez incomoda - A minha Sala Comunal. Nota-se que não é Sonserina... - E me observando melhor, acrescentou - Alias, eu nunca te vi tão gorda. Quem é você?
- O que? GORDA? Ora, como você é rude! - Disse eu, vexada.
O Rapaz primeiro me olhou como se eu fosse um ser de outro mundo. Depois jogou a cabeça para trás e gargalhou como um louco. Os seus companheiros o olharam sem entender, mas deram uma risada forçada. Senti minhas bochechas corarem.
- Você só pode da Lufa-Lufa!- Falou o rapaz após se acalmar - Ou não pertence a esse planeta!
- Na verdade, eu não sou desse País... - Informei baixinho - Sou da Grécia.
- Grécia é? Que Lugar da Grécia?
- Meteora. Estudava na Academia da Lua.
- Veja só, que interessante... Qual é o seu nome, menina? - Perguntou O rapaz louro, com grande interesse.
- Selene, Filha de Artemus.
- Não o seu nome de batismo, mas o nome da sua família! - Disse ele, impaciente.
- Ah, meu sobrenome é Agrotis. Selene Ariel Agrotis. E agora? Creio que quer saber qual é meu signo, não? - retruquei, Acida.
O rapaz lançou um meio sorriso e deu alguns passos em minha direção.
- Muito engraçado Sally. Puxou o humor do seu pai.
- O que? Conhece meu pai??
- Lógico que conheço Sally. Não lembra de mim? Oh, sua memória continua a mesma lentidão de antes.
- Hei! Quem é você afinal, e porque fala comigo com tanta intimidade?
- Meu pai é Lucius Malfoy. Ele tinha negócios com seu pai. Ele me levou ate sua casa algumas vezes e eu, você e seu irmão mais velho costumávamos brincar bastante. Sou Draco.
Uma luz brilhou na minha mente e uma lembrança da minha infância apareceu diante dos meus olhos. Draco ensinou a mim e a meu irmão uma sorte de azarações e logros. Vendo-o agora, pude reconhecer os traços tão característicos da família Malfoy.
- Oh, Draco! Como pude esquecer de você?Mas faz tanto tempo... - Me aproximei e apertei seu punho, um típico cumprimento grego. Ele retribuiu a altura.
- Realmente Sally, faz muito tempo. Você mudou bastante, não é mais aquela menininha nanica e magricela de antes.
- Draco! Isso foi rude! Me chama de gorda e agora de magricela?
Draco riu, e começou a caminhar ate as escadas grandes, com seus companheiros atrás e eu ao seu lado.
- Aquele “eu nunca te vi mais gorda” é apenas uma maneira de falar. Significa “Não conheço você”.
- Oh sim... Obrigada por me explicar. Há muitas coisas que ainda não sei sobre sua língua - Sorri e observei o caminho. Estávamos subindo as escadas, que pareciam longe de chegar num final.
- Onde estamos indo? - Indaguei.
- Ao Salão principal, oras. Preste muita atenção no caminho, para não se perder novamente.
Balancei a cabeça, concordando. Seguimos em silencio, ate chegarmos ao salão principal. Estava tão bonito. O céu azul com algumas nuvens podia ser visto pelo teto enfeitiçado, e das janelas um morno sol iluminava as pessoas que ali estavam.
Quando entramos, pude perceber que muitos alunos pararam para nos observar, ou melhor, me observar. Corei e abaixei a cabeça, então Draco me cutucou.
- Você é de qual casa, Selene?
- Casa...? Cheguei a Hogwarts ontem à noite e ainda não fui selecionada.
- Não? Bem, então venha comer na mesa da Sonserina.
Sentamos no centro da mesa, onde poderíamos ter uma visão privilegiada de todo o Salão.
Os alunos dessa mesa usavam mantos verdes escuro, e eles cumprimentavam Draco com grande educação, e me observavam desconfiados.
Draco sorriu para mim e enquanto servia meu mingau, perguntou:
- Selene, já sabe como as coisas funcionam aqui em Hogwarts?
- Oh, Mais ou Menos, Hagrid me explicou muito superficialmente e...
- O que? Hagrid?Aquele guarda imbecil - Interrompeu uma garota, que tinha uma detestável face de buldogue.
- Hagrid não é imbecil! Ele foi a primeira pessoa que eu conheci aqui na Inglaterra, e tenho certeza que ele é muito mais gentil do que a Srta..- Alfinetei, lançando um olhar de total desprezo a garota.
- Ora sua... - Ela começou, mas foi calada pela voz imperiosa de Draco Malfoy.
- Fique quieta Pansy. Sua opinião aqui não vale nada, entendeu? - E virando-se para mim, lançou um sorriso que me pareceu uma mistura de sarcasmo e divertimento - Sally, Sally... Sempre tão ingênua. Como seu amigo de infância, irei contar as verdades de Hogwarts.

Durante algum tempo, ele e outros integrantes da mesa me disseram coisas totalmente diferentes das explicações gentis de Hagrid. Dumbledore não era um diretor bom e sensato, mas sim um velho louco, que já colocou a vida de seus alunos em perigo diversas vezes.
- Esse castelo já é um perigo, cheia de armadilhas e coisas estranhas - Disse Draco - Você mesmo comprovou Selene, a pouco.
- E também há Sangue-Ruins. - Acrescentou um rapaz chamado Zabini.
- Sangue-Ruins? O que é isso? - Perguntei. A tal Pansy prendeu uma risada, e Draco a olhou feio.
- Sangue-Ruins são crias de Trouxas... Sabe o que são trouxas?
- Sim, creio que sei Draco. Pessoas não mágicas, certo?
- Exato. Apesar de ter pais trouxas, eles possuem magia e podem ingressar em Hogwarts.

E nós, bruxos puros, temos que conviver com essa escória - Draco lançou um olhar alem de nossa mesa, fulminando uma garota que aparentava ter a minha idade, que tinha enormes cachos castanho escuros.
- Ela é... Um deles? - Perguntei, acompanhando o seu olhar.
- É sim, e é metida a sabe tudo, ainda por cima. Ela vive grudada com aqueles dois ali, o magricela de óculos e o de cabelo cor de cenoura.
- Você não gosta muito deles não é?
- Como gostar de um triozinho intragável como eles?Alem de serem Grifinorios, são o que mais causam caos em Hogwarts. Simplesmente porque o diretor protege seu precioso Potter.

Arqueei as sobrancelhas, mas nada perguntei. Não foi preciso, pois Draco despejou as infamidades que o trio praticava, e fiquei surpresa com tudo que ouvi. Ate Hagrid estava envolvido nas armações deles.
“Hagrid mentiu para mim... por quê?” - Encarei meu prato de mingau, que estava meio vazio.
Draco passou seu braço pelo meu ombro, tentando me confortar.
- Selene, sinto muito ter sido eu a lhe dizer tais coisas. Mas seria pior se você tivesse visto isso com os seus próprios olhos.
- Sim Draco, muito obrigada, você continua sendo um grande amigo.
Assim o resto do café passou, rindo das façanhas de Draco sobre o tal Harry no Quadribol.

***
As primeiras aulas em Hogwarts foram, no mínimo, estranhas. A única que me pareceu familiar foi a Aula de Feitiços. Os ingleses são um tanto atrasados em tal matéria, pois as lições que eles aprendiam agora, eu já tinha aprendido a muito na Academia.
A aula era ministrada pelo Prof. Flitwick, que me apresentou aos demais alunos, que eram divididos por grifinórios e Lufanos.
E lá estava o Trio. O rapaz de olhos verdes, Harry, me encarava insistentemente, e não pude deixar de corar. Esse fato não ficou despercebido pelos demais alunos, que cochicharam algo parecido com “que bonitinha”.
Assim as aulas da manhã passaram, e chegou o almoço. Um banco simples e um chapéu velho maltratado foram colocados perto da mesa dos professores, que ficava em frente das demais mesas.
Senti um arrepio correr pelo corpo, e um estranho pensamento passou na minha mente.
- Draco... Aquele chapéu vai escolher a minha casa, não é?
- Sim, sua mãe te contou isso?
- Ah, sim, ela contou... - Sorri e continuei a observar o chapéu. Minha mãe nunca comentou sobre Hogwarts para mim. De alguma forma, eu sabia daquilo.
O Almoço correu bem, apesar de me sentir cada vez mais nervosa. Finalmente, a Prof. McGonagall se levantou e me chamou ate ela.
- Srta. Agrotis, por gentileza, sente-se aqui. - Pediu ela, apontando para o banco. Sentei-me, e meu coração acelerou quando o chapéu foi colocado na minha cabeça.
- Ah, não pode ser... - Sussurrou uma voz na minha mente.
- Como? I que não pode ser? - perguntei temerosa.
- Sangue dos Agrotis. Eu já vi essa mente... Porque a vejo novamente?
- Sinto lhe dizer, mas é a primeira vez que passo por isso, Senhor.
- Fascinante, deveras fascinante...
- O que?!
- Foi como ha vinte e cinco anos atrás... Ele voltou. Você voltou. Espero que dessa vez saibam o que fazer. Sua busca não será em vão, criança.
- Como... Como sabe?
- GRIFINORIA!
- Espere, como assim, Grifinória? - Porem era tarde, o chapéu já havia sido retirado da minha cabeça e então voltei à realidade a minha frente. A Professora McGonagall apertava minha mão e apontava para um lugar. As mesas da Lufa-Lufa e Corvinal batiam palmas, a mesa da Grifinória urrava e me davam as boas vindas, enquanto boa parte da mesa da Sonserina ficou petrificada de surpresa.
“ Sorria Selene, Sorria!” - Disse a minha consciência. Então sorri e recebi as boas vindas da minha nova, porém não desejada, casa.

***

Fui apresentada aos demais alunos por Lilá Brown e Parvati Patil. Conheci então o Trio, Harry Potter, que, segundo eles, era um Herói e muito famoso na Europa, Hermione Granger, uma menina inteligentíssima, e Rony Weasley. Os dois últimos me pareceram o oposto um do outro, e brigavam por quase tudo. Observando desse ângulo, eles eram pessoas simpáticas, boas e amigas. Mas aparências são aparências, e eu conhecia a real face deles.
No final do almoço, corri ate Draco, deixando-os para trás. Pude ouvir um burburinho, mas não sei a mínima atenção.
Pobre Draco, estava revoltado com a escolha do chapéu, e não parava de dizer “Esse chapéu esta caducando! Você deveria ter ido para a Sonserina!” por todo o corredor. Tentei acalmá-lo, dizendo que a minha mãe foi da Grifinória, e estava mais do certo eu ir para lá. Não citei minha conversa como Chapéu. Pretendia manter minha busca em absoluto sigilo.
Cruzamos com um estranho homem, que cumprimentou Draco com um sorriso irônico.

- Prof. Snape, essa é Selene Agrotis. O senhor viu a seleção dela, não é? Mas ela tem realmente um coração sonserino. Selene, esse é o Professor Severus Snape, mestre em poções e diretor da Sonserina.
- É uma honra conhecê-lo, Mestre. Espero poder desfrutar de vosso conhecimento. - Disse eu, timidamente, fazendo a reverencia usada na Academia, quando conhecemos um novo Mestre.
- Sr. Malfoy, creio que esteja equivocado quanto a isso. A Srta. Agrotis é claramente grifinoria. Uma lastima, sem duvida, mas da Sonserina ela jamais será...
Ao ouvir essas palavras tão carregadas de ironia, olhei para aquele Mestre, e pude observá-lo melhor.
Era um homem com uma aparência muito peculiar. Alto, incrivelmente pálido, tinha cabelos compridos, que desciam ate o ombro, cor de ébano, igual o meu, porem opacos, sem vida. Ele todo parecia opaco. Porem, ao encarar seus olhos negros, vi um brilho furioso. O mesmo brilho que via nas feras aprisionadas em Athena. Me senti como no expresso, sendo tragada para aquela escuridão...

- Selene, o que deu em você, hein? - Perguntou Draco, me encarando assustado.
- Ah, nada... Nada não Draco - Respondi apressadamente. O professor Snape já estava longe dos meus olhos, cruzando o corredor rapidamente.
- O que foi aquilo...? - Perguntei a mim mesma, olhando o professor desaparecer pelo corredor.
- Eu acho que conheço esse Mestre, Draco.
- Sim, você provavelmente o viu hoje na mesa dos professores.
- É... - Mas eu sabia que eu o conhecia de outro lugar. Seria um deja-vu?Ate agora não sei explicar.
- Vamos Sally, vamos logo para a aula! - Disse Draco, puxando-me pelo braço.
Sorri e acompanhei Draco, olhando para trás mais uma vez.

***

O final do meu primeiro dia em Hogwarts chegou rapidamente, para minha surpresa. Nada de deja-vus e visões, mas uma outra conversa, agora com o trio.
No começo não acreditava neles. Ate agora tenho minhas duvidas nas palavras deles, mas descobri que eles eram grandes amigos de Hagrid, fato que Draco não me contou.

- Selene, eu sei que Malfoy falou coisas sobre nós - Disse Harry, no final das suas explicações - E você pode não acreditar no que dissemos agora, porem tenho certeza que você verá a verdade com seus próprios olhos. Boa noite, e ate amanha.
- Boa noite Harry - disse para ele, sorrindo - Boa noite Rony - o ruivo balançou a cabeça e acenou. Subi com Hermione e cada uma foi para seu Dormitório. São agora três da manha e esse é o fim do meu relato.
Selene fechou seu Diário e selou com magia. Cobriu-se, suspirou e dormiu.
O brilho negro nas profundezas de sua mente a fez dormir tranquilamente, coisa que ha muito tempo não fazia.

-

Amigos =) estou de volta!
Queria agradecer a Miss Jane, que betou esse capítulo, e as pessoas que tiveram a santa paciencia de espera-lo xD
Obrigada por nao me esquecerem gente =)

- Lua Mirage -











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