Um Convite Inesperado



UM CONVITE INESPERADO


        O dia estava levemente nublado, um ótimo dia para ler um livro ou dormir na minha opinião. Estava no pequeno espaço de uma casa de madeira longe de tudo e de todos. A casa era pequena e estava abandonada fazia muito tempo, no momento eu não tinha galeões sobrando para alugar nada e como por falta de dinheiro havia vendido a casa de meus pais há muito tempo eu na     da poderia fazer para melhorar minhas condições.


        Já estava escurecendo, precisava ir ao Boticário comprar alguns itens para poções que estava me faltando, mas meu animo de sair de dentro de “casa” não estavam nada bons. Meu livro sobre criaturas mágicas aquáticas estava muito bom e eu detestava ter que parar uma leitura ao meio.


        Com um agito de varinha enchi a velha chaleira empoeirada de água e pus a ferver, com mais um aceno o último saquinho de chá saiu do armário caindo aos pedaços. O chá já estava velho,deveria ser de uns três meses atrás,tinha gosto de mofo, mas este seria meu jantar, nada mais.


        Olhando mais uma vez infeliz para a rua pela janela conclui que teria logo que ir ao Boticário no Beco Diagonal, não tinha mais como adiar e precisava da poção repositora de energia, daqui poucos dias seria lua cheia.


        Suspirei forte e fechei o interessante livro.


        Mesmo com tantos anos de transformações, dores e aranhões eu ainda não havia me acostumado a esta sina. Meu corpo parecia que doía mais a cada transformação, meus cabelos ficavam mais brancos a cada lua mesmo ainda meu rosto não tendo traços de rugas aparentes. E a ansiedade quando chegava perto da hora era a mesma desde os oito anos de idade, nunca passava, sempre o mesmo medo.


        Quando os marotos estavam por perto nada mais disso parecia importar, era como se tudo isso fosse uma grande aventura, algo bobo, sem preocupação. Coisa que hoje vejo como fui imprudente e irresponsável. Podia ter machucado alguém e hoje nunca me perdoaria, mas na época, nada disso importava, apenas a diversão e a sensação de saber que eu tinha amigos de verdade pela primeira vez na vida.


        Afastando tais pensamentos da cabeça, levantei-me, juntei minha velha capa do chão e aparatei.


        A rua comprida do Beco Diagonal ainda estava movimentada pela hora tardia que era, provável porque daqui a duas semanas as aulas em Hogwarts iriam começar e os pais estavam afoitos comprando todos os materiais e seus filhos.


        Entrei no Boticário e pedi todos os ingredientes que precisava, para a minha surpresa deu bem menos do que eu esperava e resolvi me presentear com uma cerveja amanteigada em Hogsmead, e foi para onde eu fui.


        Entrando no bar de Madame Rosmerta várias lembranças afloraram em minha mente, Sirius e Thiago ficando bêbados pela primeira vez, o primeiro for de Pedro, o anuncio do casamento de Thiago com Lilian, conversas sobre a Ordem da Fenix, tanta coisa...


        Sentei em um pub mais reservado e pedi uma cerveja amanteigada que fazia muito tempo que não provava. Quando raramente conseguia um emprego tinha outras prioridades para suprir com comida que não podia ser reposta com magia, itens para poções que era o que na maioria das vezes me mantinha em pé e raramente alguma peça de roupa caso alguma não desse mais para consertar com remendos.


        Refletindo sobre assuntos do passado, preocupações e todo o resto ouvi uma voz conhecida, mas, que, porém já fazia anos que não ouvia. Alvo Dumblendore com um chapéu cônico roxo com estrelas e seus oclinhos de meia lua estava tomando um whisky de fogo e conversando animadamente com Rosmerta.


       Tive vontade de ir lá cumprimentá-lo, dizer “quanto tempo”, mas ei uma avaliada em mim mesmo e achei melhor não fazer, há treze anos atrás eu estava muito melhor e não precisava de ninguém sentindo pena de mim, como ele mesmo fez anos atrás oferecendo ajuda por eu ser um lobisomem que tinha perdido três amigo tragicamente na mesma noite e ainda não tinha onde cair morto.


-Quanto tempo meu caro? –Uma voz ao meu lado fez-me sair dos pensamentos repudiantes. –Tentando se esconder?


        Alvo Dumbledore olhava para mim sorrindo.


-Ah, Diretor, não... Ah, sente-se. –Pareci o mais desconcertado possível com seu aparecimento repentino.


       Dumblendore sentou-se a minha frente ainda sorrindo, sem nenhum vestígio de pena no rosto, embora eu soubesse que ele me avaliava.


-Como eu veio aproveitar a hospitalidade de Madame Rosmerta?


-Ah, sim. –Murmurei. –Como vai á escola?


-Hogwarts vai bem, disposta a ajudar quem recorrer a ela. –Ele sorriu novamente por de trás dos oclinhos de meia lua, revelando o nariz torto. –E justamente estou aqui por ela, vim fazer algumas entrevistas para o cargo de professor em Hogwarts.


        Ele não parecia muito feliz em dizer isso.


-Desde que o Professor Quirrell faleceu nenhum professor dura mais de um ano ensinando Defesa Contra Artes das Trevas. –Disse ele como um lamento. –Ano passado Lockhart ocupou o cargo e hoje está no St. Mungus sem a mínima idéia de quem é. Fiz várias entrevistas hoje e nenhum eu achei apto para o cargo.


-Que pena. –Murmurei tomando um gole da cerveja. –E as aulas começam daqui a pouco.


        Dumblendore não me respondeu, olhou-me estranhamente e abriu um broto de sorriso nos lábios que por um momento me deixou com medo.


-Sabe Remo, lembro que quando entrou em Hogwarts suas notas eram boas daria um bom professor.


-Ah, não diretor, não teria a mínima chance. –Contra disse. –Minha condição não permitiria, por mais que eu admire Defesa Contra as Artes das Trevas.


-Sua condição sempre pareceu um problema para você, e nem por isso deixou de freqüentar Hogwarts e se precisar freqüentar de novo ela não será um problema.


        Por esse motivo que Dumblendore foi e é a melhor coisa que aconteceu em Hogwarts. Sempre achando solução para tudo, por maiores que fossem os problemas.


-E além, estou desatualizado de muito conteúdo, não teria chances de ensinar algo decente para os alunos.


       Dumblendore suspirou e se levantou.


-Bom, a oferta está feita, o salário é bom. Caso mude de idéia sabe onde me encontrar. Até mais Remo. –E saiu.


        Mais tarde deitado na cama dura fiquei pensando na oferta de Dumbendore, eu realmente precisava de dinheiro, estava sobrevivendo com pouco e logo esse pouco acabaria e se eu não achasse um modo de ganhar dinheiro.


        Já havia estado em Hogwarts antes e lidei bem com as transformações, provavelmente o salgueiro lutador ainda estava lá e eu poderia me refugiar lá nas noites de lua cheia. A possibilidade de voltar a Hogwarts me assustava um pouco, mas também me deixava feliz. Hogwarts me deixava feliz, um lugar que sempre gostei como uma segunda casa que há muito eu não via.


        A possibilidade de rever as lembranças com Sirius, Thiago e Pedro também era boas e ao mesmo tempo ruins. Ainda mais agora que Thiago e Lilian haviam sido assassinados graças a um dos meus melhores amigos, alguém que confiávamos. E se não bastasse isso, Sirius, o traidor hipócrita havia de alguma maneira, sabe-se lá como fugido de Azkaban fazia um mês e nada de as autoridades encontrá-lo.


        Já havia pensado varias vezes em eu mesmo procura-lo, confronta-lo e fazer vingança pó Thiago e Lilian que foram mortos por Lord Voldemort graças a ele, por Pedro que teve o corpo despedaçado e só o que sobrou foi o dedo do meio. Um garoto que sempre pensamos ser um covarde teve a coragem de enfrentar Sirius, porém não tinha muita chance contra o mesmo. Por Harry que perdeu os pais e hoje mora com os tios sem saber de nada disso.


        Imerso nesses pensamentos acordei, um sono sem sonhos, graças a Merlin, não agüentava mais sonhar com aquela maldita noite.


        Tendo tomado a minha decisão apenas coloquei uma roupa e fui rumo a Hogwarts para dizer um sim definitivo a Dumblendore.

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