Primeiras aulas





POV Scorpius Malfoy


 


            - Nossa, não chegou atrasado, que milagre – ouvi a Weasley falar em tom debochado.


            - Eu sei chegar no horário quando quero – respondi com um sorriso tão debochado quanto o dela.


            Essa era nossa primeira aula de poções. Combinamos que estudaríamos poções de segunda, quarta e sexta e eu a ensinaria a dançar na terça, quinta e sábado. Sentei-me na cadeira de frente pra ela e comecei a encará-la.


            - E então, por onde começamos professora?


            - Começamos pelo jeito que você se dirige a mim – ela apoiou as mãos na mesa – Pra você é Weasley, apenas Weasley. Nada de apelidinhos idiotas que você adora me dar.


            - Nossa, que estresse – ela me fuzilou – Certo, Weasley.


            - Ótimo. Agora abre seu livro na página 105, vamos começar por uma poção fácil e ver qual é a sua dificuldade.


            Comecei a ler as instruções e a preparar os ingredientes exatamente como dizia no livro.


            - Não Malfoy. É mais fácil você amassar a vagem sudorífera, sai mais seiva.


            - Mas no livro diz cortar, olha só – apontei o trecho pra ela – cortar.


            - Eu sei o que diz o livro, mas essa matéria é intuitiva. Você precisa usar a sua intuição e seu bom senso para fazer a poção dar certo. Se seguir apenas as instruções vai ficar ruim.


            - Então pra que eles colocam as instruções se a gente deve adivinhar? – revirei os olhos, sem paciência.


            - Não é adivinhação Malfoy, é experiência. Você precisa testar várias vezes antes de descobrir o jeito certo.


            - Mas você faz a poção perfeita na primeira vez que faz na aula – olhei pra ela sem entender.


            - Não é a primeira vez quando eu faço na aula. Eu estudo as poções antes das aulas – ela parecia constrangida de revelar seu segredo.


            - Você faz as poções do livro antes de termos que fazer nas aulas? – pergunto inconformado.


            - Faço, mas a questão aqui não sou eu, continua sua poção Malfoy.


            Comecei a amassar as vagens e me lembrei que devia falar uma coisa pra ela. Limpei a garganta e chamei:


            - Weasley.


            - Fala – ela respondeu seca, olhando para um dos livros que eu trouxe.


            - Eu... eu queria te pedir desculpas.


            Ela olhou pra mim com uma expressão de surpresa e piscou algumas vezes.


            - Desculpas pelo que?


            - Por ter te chamado de sangue-ruim.


            - Não se preocupe Malfoy, não esperava outra coisa de você.


            Essa frase foi como um tapa na cara. Eu sou realmente um babaca.


            - Me desculpe. Eu não penso isso. Eu não me importo com essa coisa de sangue-puro e tal. Eu falei aquilo de cabeça quente – fiquei cabisbaixo – porque queria te atingir.


            Ela ficou quieta e eu a encarei novamente.


            - Eu realmente sinto muito.


            - Está desculpado.


Ela olhou em meus olhos e senti que ela viu minha sinceridade, depois voltou sua atenção para o livro.


 


[...]


 


            No dia seguinte, no início da noite, eu fui até a sala de aula que a diretora arranjou para que eu e a ruiva esquentada ensaiássemos a dança. Cheguei mais cedo pra arrumar a música e pensar no que ensinar na primeira aula.


            Estava arrumando a música quando ouvi a Weasley entrar na sala. Olhei em sua direção e ela estava... diferente.


            - Uuuaaaau – falei, provocando.


            - Que foi? – ela me encarou, irritada.


            - Você tá diferente da Weasley normal.


            - Diferente como, Malfoy? – ela olhou pra si mesma.


            - Tá sem sua capa, com a gravata afrouxada, a camisa fora da saia e o cabelo meio bagunçado, você é sempre tão certinha – dei de ombros indo em sua direção.


            - É que uma hora dessa eu estaria terminando minha lição e deitaria confortavelmente em frente à lareira, depois iria dormir. Mas ao invés disso eu estou aqui com você – ela sorriu em deboche – Explicado?


            - Explicadíssimo.


            - Então, vamos começar?


            - Certo – cheguei mais perto – Quero começar sem música, pra eu ver quais são os problemas e tal.


            - Ok – ela deu de ombros.


            Me aproximei, passei a mão pela sua cintura e segurei sua mão com a outra. Ela pareceu um pouco incomodada, mas colocou a mão em meu ombro. Comecei a guia-la e ela parecia estar indo bem, até que começou a perder o ritmo e pisou no meu pé duas vezes.


            - Me desculpa, me desculpa, eu odeio isso – ela me soltou e passou a mão nos cabelos.


            - Tudo bem, se você não pisasse no meu pé a gente não estaria aqui tendo aulas – coloquei as mãos na cintura – Eu já descobri seu problema.


            - Já? – ela arregalou os olhos, inconformada.


            - Tá com essa cara por quê? – questionei – Você não é a única inteligente por aqui.


            - Nossa, então me diz qual é o problema.


            - Você não confia no seu parceiro.


            Ela começou a rir abertamente.


            - Claro que não confio em você né Malfoy, a gente se odeia.


            - Não estou falando só de mim, estou falando também das outras pessoas que você já dançou, já se relacionou e tal.


            - O que confiança tem haver com dança Malfoy? Não viaja – ela riu em deboche.


            - Dança é confiança. Você precisa confiar que seu parceiro vai te segurar, te guiar, te apoiar e te carregar se você cair. Você precisa confiar em mim.


            - Essa é boa, como você pensa em conseguir essa façanha? – ela colocou as mãos na cintura.


            Coloquei a mão em seus ombros e a virei de costas pra mim.


            - Vou fazer um exercício de confiança.


            - Mas.. – ela tentou virar o rosto, mas eu o empurrei pra frente pra ela não me ver.


            - Mas nada. É assim, você vai se jogar e tem que confiar que eu vou estar aqui atrás pra te segurar. Vai.


            - Malfoy, isso é muito idiota – ela tentou virar novamente e eu não deixei.


            - Vai Weasley.


            Ela bufou e tentou se jogar, mas desistiu e não soltou o corpo. Ela tentou mais uma, duas, três vezes, depois desistiu.


            - Chega Malfoy, isso não vai dar certo.


            Desvirei-a e a fiz olhar pra mim.


            - Você precisa tentar de verdade Weasley, senão isso nunca vai dar certo. Você acha que eu gostaria de estar aqui? Eu também tenho outras coisas pra fazer, mas a gente se meteu nisso e precisamos resolver, senão já era a monitoria. Entendeu? Tente de verdade.


            Ela respirou fundo e ficou de costas pra mim novamente. Recomeçamos o exercício e na terceira tentativa ela conseguiu. Ela se soltou e confiou que eu a pegaria. E eu a peguei.


            - Isso – comemorei a levantando.


            - Finalmente, agora podemos prosseguir.


            - Claro que não, vamos de novo, até você confiar completamente.


            Rose revirou os olhos e nós continuamos, até eu perceber que ela realmente estava confiando em mim. Interrompi o exercício e falei que íamos começar a dançar com música. Com um aceno de varinha fiz a música tocar. Segurei em sua cintura e em sua mão e falei:


            - Eu vou te conduzir e como você já confia em mim eu quero que você feche os olhos.


            - Pra que fechar os olhos?


            - A dança precisa ser sentida, você vai sentir pra onde estou te conduzindo e não ver.


            Ela fechou os olhos e eu comecei a guia-la. Pra direita, pra esquerda. No começo ela ficou contida, mas logo entendeu o que eu queria dizer com sentir. Aproveitei que ela não estava me vendo e reparei mais em seu rosto. Rose é muito bonita, todo mundo sabe disso. A gente só se odeia, simples assim.

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Comentários (1)

  • Luiza Snape

    Ah, eu to adorando a fic, continue assim e explore bastante as personagens para que tenhamos capítulos longos e intensos!Beijos 

    2016-02-07
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