See You Again



(One-shot, só um capítulo).

Remus pensou que nunca se sentiria tão desesperado quanto no dia da morte de Lily e James e da prisão de Sirius. Aquele foi, sem a menor dúvida, o pior dia de sua vida, ele se sentiu sozinho no mundo, sem ter ninguém para se apoiar, ele havia perdido todos os seus amigos ao mesmo tempo.


 No entanto, anos depois, no ministério da magia, durante uma batalha contra comensais da morte, o desespero voltou a atingir o Lupin quando Sirius Black foi atingindo pelo feitiço da desprezível Bellatrix Lestrange e atravessou em direção ao véu. Sirius fora, literal e tragicamente, arremessado na direção da morte. Remus se lembrava do sorriso do amigo enquanto elogiava Harry. Assim como nunca poderia esquecer a agonia de Harry, da sua dor e de sua raiva, ele nunca deixaria de pensar sobre como alguém tão jovem já havia experimentado essa dor tantas vezes.


 O Lupin mal podia acreditar que ele mesmo havia perdido tantas pessoas: os pais, James, Lily, Sirius, e, de certa forma, ele também havia perdido Peter, já que o garoto gorducho e tímido que ele conhecera não existia mais. Novamente, ele estava sozinho no mundo.


 Agora, o lobisomem estava sentado em um parque trouxa e deserto, sentindo as lágrimas queimavam em seus olhos, enquanto a dor da morte de Sirius se misturava a dor da morte de James. O corpo de Sirius estava perdido para sempre no véu e nunca poderia ser devidamente enterrado, o que só piorava tudo.


 Desde que soube da inocência de Sirius, o sofrimento de Remus havia sido aliviado, o que só melhorou quando ele passou a conviver constantemente com o Black, que, apesar de tudo, ainda mantinha um pouco do seu sensor de humor juvenil reservado para infernizar o amigo. Remus imaginou que sua vida continuaria melhorando, que Sirius seria inocentando algum dia e que contariam histórias sobre Lily e James para Harry, sem o peso de uma guerra assombrando suas vidas.


 Tomado por uma inexplicável necessidade de expressar o que pensava, o Lupin mirou o céu, que brilhava com estrelas. Lembrando que o nome do amigo havia sido inspirado na mais brilhante estrela do céu, o que fazia todo o sentindo para aqueles que o conheciam, Remus a localizou e respirou fundo.


– Tem sido um longo dia sem vocês. – O ex-professor fechou os olhos para reprimir as lágrimas e continuou, como se estivesse falando com James e Sirius.  – E vou contar tudo a vocês quando eu os ver de novo. Porque eu sei que eu vou. Nós fizemos um longo caminho juntos, desde o dia que nos conhecemos naquele trem para Hogwarts. Depois de todas as coisas boas pelas quais nós passamos, é difícil acreditar que eu estou aqui, falando para o nada, tentando aliviar tudo o que eu estou sentindo.


 Remus mentalizou os garotos que um dia eles foram, rindo e correndo por Hogwarts, o sentimento que ele mantinha dentro de si que a amizade que os marotos tinham era boa demais para durar. Quem diria que ele estava certo? Com o passar dos anos, o Lupin sempre imaginou como seria se ele também tivesse morrido, ele pensava se ele estaria em um lugar melhor com os amigos.


– Vocês são a minha família. Parece patético que eu nunca tenha falado sobre isso quando vocês eram tudo o que eu tinha, mas palavras nunca foram necessárias entre nós. Depois de tudo o que eu passei, vocês sempre estavam do meu lado, depois de cada transformação, mesmo quando eu os havia machucado.


 Quando Sirius e James se tornaram animagos e passaram a acompanhar  Remus nas noites de lua cheia, o lobisomem os machucava em algumas situações, já que não tinha idéia do que estava fazendo, apesar disso, eles nunca culparam o amigo e sempre fizeram pouco caso dos ferimentos.


– Mas eu também sei que nós temos muito mais do que uma amizade, nós temos um laço e ele nunca vai ser quebrado. Eu só queria que vocês ainda estivessem aqui para que eu os dissesse isso. Então, eu não vou desistir. Eu vou continuar lutando por um mundo melhor e por Harry. Lily me disse que eu deveria deixar a luz guiar o meu caminho, guardar todas as lembranças enquanto eu continuo o meu caminho, porque eu sempre irei voltar para a casa. Portanto, é o que eu vou fazer.


 Aliviado por ter conseguido expressar o que queria, Remus se sentia mais exausto do que nunca, no entanto, as memórias que ele mantinha dos amigos lhe traziam paz. Ele via Lily rindo e lhe trazendo livros quando ele estava na enfermaria, ele também enxergava as pegadinhas de James e Sirius, quando ele ficava dividido entre ajudá-los ou repreende-los, e, principalmente, de tudo o que eles fizeram por ele.


 Repentinamente, Remus percebeu que mesmo que sua vida parecesse sem sentido, ele não poderia desistir justamente por eles, Lily, James e Sirius acreditavam em Remus, em sua bondade e sua inteligência e, acima de tudo, eles acreditavam que sempre havia esperança.


 Com o coração momentaneamente aquecido e tranquilo, o Lupin aparatou em seu apartamento, permitindo que uma chama aquecesse o seu coração: Esperança. Esperança de que os próximos dias seriam melhores, de que a guerra não estava perdida e, principalmente, de que ele os veria de novo.

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