Colapso.




Draco Malfoy, garoto loiro, puritano de família rica, grande nome no mundo da magia, ele deveria se sentir poderoso, certo? Ele devia honrar a porra do nome da família sendo o que os outros esperavam que ele fosse, um Malfoy, Comensal da Morte, um guerreiro disposto à honrar o nome de seu lorde. Pelo menos essa era a teoria, mas então por quê o garoto se encontrava pendurado no parapeito da torre de astronomia? Cansado de toda essa merda de guerra entre a porra do bem e do mal, do que importa tudo isso? Todos irão morrer, um dia ou outro, então do que importa se é sangue puro ou não? Se é bruxo ou não? Todos vão morrer e apodrecer em uma merda de buraco, então do que importa toda essa guerra? Tudo por culpa de um sociopata renegado pelos pais, grande babaquice, Draco fora renegado pelo pai a infância inteira, mas nem por isso se tornou um assassino em série. Draco olhava para o lago negro e depois para o céu, tão distantes com cores tão semelhantes, pensava em o que vinha depois da morte. Na sua teoria, a pessoa só morria, não restava mais nada depois da morte, o corpo só apodrece e o espirito some. Morte lhe cai bem, als, seu coração já estava apodrecido e queria que seu espirito sumisse. Queria morrer, na verdade queria que alguém o matasse, ele merecia isso, merecia sofrer antes da morte, mas nem isso o garoto podia ter, nem ao menos o alívio de ser assassinado. Encarou a paisagem à sua frente, apreciava-a aquilo como uma forma de despedida, não sabia o que lhe esperava depois da morte, não sabia se um dia voltaria a ver algo tão belo. Suspirava ao sentir o vento gelado tocar seu rosto, aquilo era tão bom, sentiria falta disso depois de sua morte. São poucas as coisas de que iria sentir falta, como por exemplo, ver a neve cair no primeiro dia de inverno, observar as estrelas em noites de verão, ir escondido até uma sorveteria trouxa e sentir o doce gelado festejar em sua boca, do canto das sereias misturado com o som da água batendo nas pedras nos finais da tarde em Hogwarts, viagens de trem, do vendo gelado batendo em seu rosto quando está voando em sua vassoura, do som da risada de Hermione. De Hermione.  




-O que você pensa que está fazendo? -Ouviu a voz da garota cortar seus pensamentos. 




-Estou lhe fazendo um favor. -Respondeu rispidamente.  




-Pare de ser tolo, Malfoy!  




-Quer saber porque estou aqui, Granger? -Draco se virou para encara-la. Ela apenas deu de ombro como resposta. -Porquê eu sabia que você viria aqui. Eu sei que você se senta aqui, exatamente aonde eu estou, e lê a noite inteira. Romance na maioria das vezes. Você chora de vez enquanto. Você sorri constantemente. Você me acalma. 




-Draco do que você está falando? -A garota o olhava assustado.  




-Meu nome parece menos repugnante quando dito por você.  




-Draco por favor, desce daí e vamos conversar. -Ela se aproximava do parapeito. -Eu sei que está sendo difícil para você. -Ela suspirou. -Essa história de comensais, eu te entendo, mas não acho que a morte seja a melhor solução.  




-Não é uma solução.  




-E então? 




-É um refugio.  




-Seus amigos são seu refúgio.  




O garoto ri amargamente.  




-Que amigos, Hermione? 




-Eu sou sua amiga, Draco. -A garota tentava acalmar o menino. 




-Não, você não é minha amiga. Você não me suporta, você nunca me suportou. -Ele deu de ombro. -E eu não te julgo por isso. Fui criado para ser um monstro, para ser odiado por todos. Você só é a prova de que meu pai me ensinou direito.  




-Eu não te odeio. 




-Pois deveria. 




-Por quê? 




-Porquê sim, oras, você é pura, tão pura quanto um anjo, talvez por isso não me odeie, mas sabe, odiar faz bem, evita dores.  




-Draco, por favor, desce.  




-Sabe, Granger, eu estou vivo, sei que estou, meu coração esta batendo normalmente, mas eu não me sinto vivo.  




-Me deixa te ajudar a encontrar a vida. 




-Eu me sinto machucado, mas não tenho ferimentos, me sinto perdido, mas eu sei que estou aonde eu deveria estar. Eu me sinto no meio de um colapso e não tem ninguém para me ajudar. 




-Eu estou aqui, Draco, eu vou te ajudar.  




Ele sorri.  




-Obrigado. -Ele diz descendo do parapeito. Hermione suspira alivia 




-Vamos Draco, vamos beber alguma coisa.  




Draco se aproxima e sela os lábios da garota com os seus. 




-Eu acho que te amo, Hermione. -Ele sussura com um pequeno sorriso formado no rosto.




E então, corre e pula sobre o parapeito. Hermione corre e olha para baixo, gritando, está apavorada, desesperada, se ajoelha e esconde seu rosto em suas mãos, se sente fraca, inútil.  




Draco por sua vez, se sente livre, livre de toda a pressão ao seu redor, livre de toda a guerra, da culpa, do medo. A última coisa que o garoto consegue ouvir é a voz daquela que acreditava amar o chamando, e então tudo some e a paz invade aquilo que já foi uma vida.


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