Capitulo Dois



N∕A: Oi gente, segundo capitulo on! Mas aviso logo aos leitores ‘da antiga’ que algumas alterações – mínimas – foram feitas pois... bem, porque achamos que convinha, porém os acontecimentos continuam sendo os mesmos, então não se preocupem.


Respondendo a Dani (já começou a intimidade kkk), fico feliz que o primeiro capitulo não tenha te decepcionado e espero que a história continue te encantando, pois aí está o aguardado próximo capítulo. Beijos!


E a todos, desejo que curtam esse capitulo. ^^


 


Capítulo Dois


 


Astoria aconchegou o casaco junto ao corpo, se protegendo dos pequenos flocos de neve que passaram a cair, a rua silenciosa e deserta começava a ficar coberta por um tapete branco.


Acelerou o passo em direção a um conjunto de casas que se alinhavam em um dos lados da rua. As grandes construções se exibiam cheias de estátuas e brasões entalhados aqui e acolá, símbolos do orgulho dos que ali habitavam.


Apesar de não ser tão apegada aquele estilo de vida quanto seu pai e sua irmã, a maioria de suas lembranças foram construídas ali e esse era um dos motivos que a levaram a caminhada daquele dia. Ela temia verdadeiramente perder seu lar.


Ao chegar à frente da terceira mansão, parou e perdeu alguns segundos olhando para os lados e confirmando que não era observada, mas a rua continuava como antes. Deserta.


Ela então se aproximou de alguns arbustos que enfeitavam a frente do prédio e, em movimentos rápidos, os afastou, revelando uma janela de vidro extremamente suja que jazia entreaberta, produzindo um pequeno espaço por onde ela se espremeu para passar e, finalmente, pousar no chão do porão de sua casa.


Ficou parada, esperando seus olhos se acostumarem à escuridão, e então caminhou entre caixas e móveis velhos, desviando do maior número de teias de aranha possíveis.  Subiu a pequena escada que levava do porão ao térreo e encostou o ouvido a porta, atenta a qualquer ruído.


Se seu pai soubesse o que andara fazendo ela estaria em uma tremenda enrascada. Como não escutou nada girou a maçaneta e atravessou o portal acelerando o passo até as escadas que levavam ao próximo andar.


A luz da lareira quase a denunciou quando ela passou em frente à sala, subiu os degraus e escapuliu para o corredor onde ficava seu quarto, assim que se viu em segurança retirou o casaco junto à flor que ela guardara no seu interior, protegendo-a do frio.


Voltou à porta para se certificar que ninguém se aproximava e então se ajoelhou ao lado de seu guarda-roupa, puxando uma das peças de madeira que fazia parte do assoalho, revelando um espaço vazio. Costumava usá-lo para esconder objetos pessoais que sua família adorava rejeitar em sua casa, como os livros trouxas que gostava de ler.


Pegou a rosa e a colocou no local delicadamente, mas não sem antes lhe dedicar alguns segundos de observação. As pétalas vermelhas eram rugosas, porém extremamente macias ao toque, as nervuras da única folha pendente no caule eram bem definidas, se estendendo do centro a borda. Havia ainda um pequeno espinho ao qual Astoria teve o cuidado de dar atenção especial para não se machucar.


Depois de colocar a peça novamente em seu lugar, soltou um suspiro e se jogou em cima da cama, fechando os olhos e abraçando seu travesseiro com odor de pinho. Ela adorava aquele cheiro, a deixava mais tranquila.


Seu corpo finalmente começava a se acalmar quando a porta de seu quarto se abriu repentinamente fazendo-a se levantar de um salto.


- Pai?!


Um homem estava parado na entrada do quarto. Os fios dos cabelos que já haviam sido tão negros quanto os da garota, agora tinham tons grisalhos, assim como as sobrancelhas grossas e muito próximas, destacando a testa franzida.


Ele acendeu as velas espalhadas pelo quarto com um floreio da varinha e entrou. Nesse momento ela sabia que havia sido descoberta.


- Onde você estava? – ele perguntou rude.


- Aqui – ela respondeu mesmo sabendo que estava tudo perdido.


- Não me faça de tolo Astoria! – ele berrou – Vim aqui e você não estava!


- Eu... eu..


- Jonathan veio vê-la e imagine a vergonha que passei ao perceber que você havia sumido!


- Jonathan? – ela perguntou num misto de surpresa e curiosidade.


- Isto mesmo! Ele foi embora extremamente desgostoso por não vê-la. Sorte de nossa família que sua irmã, diferente de você, possui juízo e fez sala para o rapaz.


- Mas o que ele poderia querer comigo? Mal nos conhecemos – havia surpresa em sua voz.


- Não seja tola Astoria! – ele estava ainda mais irado – O Sr. Rockenbach acredita que você seria uma interessante aquisição para a família e instruiu o filho a visitá-la.


- Aquisição? O senhor está falando de casamento?! Eu não quero me casar!


O Sr. Greengrass chegou ao auge de sua ira.


- Não é questão de querer! O querer não importa agora! – ele suspirou, tentando trazer a voz a um timbre natural e continuou – Deveria estar orgulhosa de ser cogitada, os Rockenbach são uma família tradicional e rica.


- Eu mal os conheço! – respondeu a garota apavorada com a ideia.


- Isso não interessa Astoria. Você precisa começar a se comportar com mais dignidade, como condiz a sua posição – ele apontou as vestes da garota em um gesto com uma das mãos – Olhe para você! Está toda suja! Diga logo, onde você esteve?


Astoria lançou um olhar para o espelho de sua penteadeira. Havia teias de aranha grudadas em seus cabelos e seu nariz estava sujo de fuligem.


- Eu estava na... no...


- Pare de gaguejar e fale de uma vez!


- Eu estava no porão procurando o velho álbum de família – ela tentou soar firme.


- Para quê? – ele parecia em dúvida sobre acreditar.


- Sarah me pediu para ver as fotos do primo Arthur, ela não consegue acreditar que o criador da cura rápida de varíola de dragão pertença a nossa família.


O Sr. Greengrass franziu a tez e Astoria soube que ele ainda possuía dúvidas. O homem se moveu no cômodo, decidindo se ia persistir no assunto, enquanto alisava os vincos do colete roxo que usava por cima de uma alinhada camisa branca, fazendo o complemento perfeito as calças escuras.


Eles ficaram assim por alguns segundos, até que ambos perceberam uma presença que não estava ali antes.


- Boa noite papai – falou Dafne ao ser alvo dos olhares.


- Boa noite minha querida – respondeu ele se aproximando da filha mais velha, enfiada em um belíssimo vestido verde.


Beijou sua alva fronte, que era totalmente visível debaixo de seus cabelos curtos, adquiridos no último verão, quando tal penteado ficou popular entre muitas bruxas consideradas influentes e de classe.


- E quanto a você Ast – ele fitou a filha mais nova – Trate de se cuidar e de agir como uma verdadeira Greengrass.


Ao concluir, o homem deu as costas às filhas e saiu do quarto. Quando os passos ficaram inaudíveis Astoria se sentou em seu colchão abrindo um sorriso por ter escapado.


- Onde diabos você estava?! – perguntou Dafne a irmã mais nova, fazendo seu sorriso murchar um pouco.


- No porão. Já disse – ela respondeu fitando os próprios pés.


A irmã se aproximou, curvando as costas para poder falar em seu ouvido numa voz lenta e compassada.


- Eu não sou o papai Ast. Se você estiver se metendo em confusão eu vou descobrir.


Ao concluir se afastou e seguiu os passos do pai sem olhar para trás, deixando para trás uma Astoria preocupada.

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