Prólogo



1 - Prólogo




Quando Draco sentiu aquele conhecido puxão forte em seu umbigo, não pode deixar de se sentir mal. Aparatar acompanhado nunca lhe foi algo agradável, mas sabia que era necessário naquele momento de tamanha tensão, e o medo e o desespero quase o fizeram vomitar no percurso. Não sabia para onde estava sendo levado, mas as circunstâncias fizeram com que ele confiasse na escolha.


Ao abrir os olhos, Draco se viu na sala de estar da mansão onde viveu, cresceu e recebeu todos os ensinamentos que levava até hoje, ensinamentos que ele começava a duvidar terem sido os melhores que poderia ter recebido.


Viu seu pai correndo pelo cômodo assim que chegaram no lugar. Parecia lançar feitiços de proteção enquanto sua mãe, Narcisa, rastejava se apoiando nos móveis ainda existentes em busca de um lugar onde pudesse sentar. Parecia tão cansada, fatigada. Seus olhos estavam opacos e sua pele estava suja, cheia de sangue, suor e fuligem. Não era a imagem ideal para sua sempre tão doce, meiga e amável mãe.


Caminhou até ela, sua aparência não tão diferente, se sentou no braço da poltrona onde ela estava e a abraçou. As palavras não eram necessárias naquele momento. A dor física e emocional eram muito grandes para lhes lembrar de proferir algum tipo de som.


Numa vista rápida, percorreu o lugar e se assustou com o que viu. Tudo estava destruído. Estilhaços, chamuscados e um cheiro insuportável de sangue e crueldade ornamentavam o cômodo. Ainda lembrava nitidamente do que havia acontecido ali há tão poucos dias. A imagem da ex professora sendo morta à sua frente e devorada por aquela cobra eram tão claras que lhe incomodavam, assim como lhe incomodava ter presenciado aquela garota que o irritou por tantos anos ser tão cruelmente torturada. Não gostava da Granger nem de seus amigos, era fato e jamais poderia negar, mas não conseguiu se manter impassível naquele momento, diante dos gritos de dor da garota e do desespero do Weasley e daquele sentimento tão forte entre os dois. Chegou a invejar aquele sentimento por um breve momento.


Ainda em silêncio, foi retirado de seu torpor ao encontrar os olhos igualmente cansados de seu pai ao se aproximar dos dois.




- Estaremos seguros aqui - Lucio falou aos dois enquanto sentava na poltrona em frente à mulher.


- Só estaremos seguros realmente quando esta loucura acabar definitivamente, Lucio - Narcisa falou entre sussurros.


- Vai acabar, minha querida, vai acabar… O Lord não conseguirá vencer o Potter - o homem tentava manter confiança em meio a tensão.


- Também acho, Lucio - ela falou séria - Mas o que será de nós caso o Lord vença? Estaremos mortos.




O homem suspirou resignado. Olhou do filho para a esposa. Era a sua família. Sua única família. Sua ganância e egoísmo os colocou e os mantinha em risco quando o que deveria fazer era os manter bem e em segurança. Ponderou o caminhou que havia escolhido e as palavras que usaria a seguir.




- Narcisa, Draco… - falou chamando a atenção dos dois - A culpa de tudo isso é minha. Eu os coloquei em risco por ganância e falsos ideais. Fiz péssimas escolhas.


- Pai,não foi bem assim…


- Sim, Draco. Foi e é assim. Você foi obrigado a fazer e viver coisas que eu não queria, muito menos você. Foi forçado a matar o Dumbledore para não nos ver mortos porque eu falhei com o Lord e graças a Merlin que não precisou sujar suas mãos daquela forma. Tudo o que aconteceu ou poderia ter acontecido foi e é minha culpa.


- Você sempre quis o nosso bem, Lucio, apenas escolheu erroneamente o caminho a seguir, mas o seu desejo sempre foi nos proteger.


- Sim, é verdade, mas as minhas intensões não me tornam menos culpado. Me desculpem por colocar nossa família em perigo.


- Não se culpe, pai. Acharemos uma saída.


- O Potter vai vencer e tudo vai se resolver - Narcisa falou confiante.


- Sim, e eu vou me entregar. Caso ele vença, preciso me entregar.


- Você não pode fazer isso, Lucio. Irá para Askaban novamente.


- Mas provavelmente, por pouco tempo - Draco comentou entendendo a ideia do pai.


- Sim. Ajudarei em tudo. Serei sincero e contarei tudo o que sei.


- Lucio…


- É o melhor, Narcisa. Eu serei preso de qualquer forma, mas com sorte, depois de contar o que sei, posso ficar em liberdade.


- Isso é arriscado, Lucio.


- É o melhor. Não posso permitir que continuem em risco. Podem ser perseguidos, retalhados e até mesmo presos se eu não fizer nada. Não vou permitir que nada de mal os aconteça. Farei as escolhas certas de agora em diante.


- E… se… o Potter não conseguir?


- Não sei, Narcisa - o homem falou com pesar - Não sei o que acontecerá conosco, mas estaremos juntos.


- Nossa vida depende do garoto…


- Ele vai conseguir, mãe. Eu tenho certeza. O Potter tem coragem e amigos leais ao seu lado. Ele vai vencer.


- Que Merlin te ouça, meu filho - Narcisa falou tensa, acariciando o rosto magro de Draco.


- Tudo vai dar certo.



Falando isto, Lucio se aproximou dos dois e num gesto inesperado, os abraçou. Sentou novamente em sua poltrona e os observou enquanto todos permaneciam em silêncio. Viram o Sol despontar acanhado e o dia clarear trazendo com ele a esperança de dias melhores e um futuro mais claro, mais diferente.
Voldemort havia sido derrotado.

*** 

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Comentários (1)

  • Tati Hufflepuff

    Cheguei Andye! Depois de ler o prólogo fiquei sem reação, não esperava as palavras do Lucio e nem as atitudes que ele pretende tomar... Fiquei muito curiosa pra ver o que vai acontecer em seguida. Se ele vai mesmo se entregar, como ficará Narcisa e como isso tudo afetará Draco quando ele voltar a Hogwarts...Esperando pelos próximos!:*** 

    2013-11-25
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