Dementor



N/A: Acrescentei pormenores no capitulo anterior, caso queiram reler. 31/03/2013

O último jantar na Mansão Malfoy era sempre agradável.


- Porque é que o Ministério vai mandar carros para nos levar à Estação? – Draco perguntou, enquanto se servia de batatas fritas.


- Devem querer garantir que carros não voam este ano. – Daphne sorriu, sarcástica.


- Quase. – Lucius Malfoy sorriu. – Eu trabalho lá, é um favor especial já que somos muitos, e a bagagem não é pouca.


- É menos do que o ano passado. – Draco suspirou.


- E todos sabemos como acabou o ano passado, não sabemos? – Narcisa Malfoy cortou.


Riram-se, Harry baixou ligeiramente os olhos. Todos sabiam que Harry e Draco tinham feito o carro voar até Hogwarts, quando Dobby bloqueara a plataforma.


Harry teve uma noite agitada. Via Sirius Black a matar treze pessoas. Ouvia a sua gargalhada terrível. O cão presságio atacava-o. E ele não conseguia chegar a Hogwarts.


Acordou com a certeza de que lhe iriam vigiar todos os seus passos, até Sirius Black estar de novo em Azkaban.


Narcisa Malfoy acordou-o no dia seguinte. Daphne e Harry arrastaram-se até ao Pequeno-Almoço, enquanto Draco falava animadamente com ambos. Harry não o ouvia. Draco era uma pessoa demasiado matinal.


Partilharam um carro até à estação. Miss Malfoy escolheu ficar em casa. E Lucius insistiu em acompanhar Harry, enquanto ele passava a barreira.  


Harry sabia que os carros do Ministério e a protecção de Mr. Malfoy existiam pela mesma razão: Sirius Black.


Encontraram Blas na estação. Três alunas do primeiro ano vinham atrás dele e pareciam um grupinho de admiradoras. Zola Springfield entre elas. Harry desviou o olhar, quando ela tentou captá-lo. Zola fora uma cena de Verão, definitivamente.


Pansy e Millie acenaram-lhes de uma das janelas. E os rapazes apressaram-se a arrastar as malas pelo corredor. Foi quando Harry se cruzou com Ginny Weasley. Se Zola era uma coisa de Verão, Ginny era uma história diferente. Harry gostava verdadeiramente de estar com ela.


Draco e Pansy pareciam ser mais do que uma cena de Verão, também. A julgar pela maneira como se cumprimentaram.


Foi então que Harry viu um homem com cabelos pretos curtos, e maxilar quadrado. Lado a lado, com uma mulher de cabelos loiros, e olhos azuis-escuros. Olhos que Harry adorava desde o primeiro momento que os vira, os olhos de Daphne Greengrass.


- Daphne, aqueles são os teus pais? – Harry apontou.


Daphne levantou os olhos do jornal, depois acenou. “Vieram trazer a Astoria” Respondeu com um aceno. E Harry viu a irmã mais nova de Daphne, Astoria. Tinha olhos castanhos, e olhos ligeiramente mais esverdeados que os da irmã mais velha.


O comboio arrancou. Millie resolvera que Theo lhe partira o coração, e teria de reconquistá-la.  Theo esforçava-se para conversar com ela. Draco tinha Pansy ao seu colo. E Harry, pela décima vez, contava animado a sua Fuga de Privet Drive.


- Hunter Greengrass? – Daphne perguntou chocada a meio da viagem. Só, então, Harry se lembrara de contar sobre ter usado o nome do seu irmão gémeo.


- Foi o único nome que me lembrei. – Harry disse em jeito de desculpa.


Daphne não disse nada. Harry sabia que Hunter era sempre um assunto que a magoava. Gostava de não ter usado o nome, mas não havia nada que pudesse fazer. Deu por si a pensar, se não gostaria de ser Hunter Greengrass. Pelo jeito que Daphne falava dele, Hunter estava destinado a ser melhor do que todos eles.


Mas foi Blaise quem reparou no outro problema.


- E a autorização para Hogsmeade? O teu tio chegou a assinar? – Perguntou.


- Não. – Harry suspirou. – E duvido que o Snape deixe.


- O Snape adora-te. – Daphne sorriu. Mas Harry ainda não lhe contara que Sirius Black andava atrás dele.


- E tens de ir a Hogsmeade. – Millie disse.


- Podes sempre falsificar a assinatura. – Draco sugeriu.  


O carrinho dos doces passou e os Slytherin não hesitaram. Pouco depois, o comboio começou a abrandar. Draco constatou que não podiam estar a chegar. As malas caíram com os solavancos.


As luzes apagaram-se. Em segundos, uma criatura encapuzada com uma mão de aspecto apodrecido fora do manto, abriu a porta. Harry sentiu um frio dentro de si. Sentia-se a ser arrastado. Alguém gritava.


Ouvia gritos tornavam-se cada vez mais próximos. Depois, algo agarrou o seu braço. Daphne estava fria, pálida e lágrimas escorriam pelos seus olhos. Harry tentou agarrar a sua varinha, mas não se conseguia lembrar de nenhum feitiço que pudesse ajudar.


Daphne caiu de joelhos no chão. Harry obrigou-se a agarrá-la. Abraçou-a.


Percebia, agora, que a voz que gritava era de uma mulher, e ela parecia gritar o seu nome. Caíram no chão, com a cabeça dela no seu tronco.


- Daphne, Daphne…- Harry murmurou.


Ela desapareceu. O mundo tornou-se escuro, e Harry só ouvia os seus gritos. Tornou-se claro que ela gritava o seu nome.


- K, Daph... – Millie sacudia-o.


Harry abriu os olhos. Sentia-se mais quente. Os gritos tinham desaparecido. Daphne ainda estava deitada por cima de si. E começou a chorar. Harry abraçou-a.


- O que era aquilo? – Perguntou Blas.


- Um Dementor de Azkaban. – Theo explicou – Sugam as recordações felizes, e obrigam-nos a reviver os nossos piores momentos.


Draco levantou-se, parecia precisar de esticar as pernas. Harry sentou-se, com Daphne ao seu colo, a dar-lhe festinhas na cabeça.


- Vocês estão bem? – Millie perguntou – Ficaram rígidos e pálidos, e caíram os dois no chão, e contorciam-se…


- Mais alguém desmaiou? – Daphne perguntou.


Blas abanou negativamente a cabeça. “Eu senti-me horrível” Theo acrescentou “Acho que poderia ter desmaiado, se não tivesse aparecido o novo professor”.


- Quem? – Perguntou Harry.


- Presumimos que seja o novo professor de DCAT, porque só há uma vaga. Ele foi directo ao Dementor, e disse que nenhum de nós tinha Sirius Black escondido debaixo do manto. Conjurou uma coisa prateada que afastou o Dementor. Depois, disse que ia falar com o condutor. – Millie explicou.


- Foi horrível. – Blas acenou, lentamente. – É, por isso, que ninguém sobrevive a Azkaban, e ninguém consegue fugir de lá, porque tem lá os Dementors. Mas o Sirius Black conseguiu.


- Ele matou treze pessoas com uma maldição. Algum talento deve ter. – Draco opinou.


O professor voltou nesse momento. Tinha um ar novo. O cabelo castanho claro apresentava já algumas partes grisalhas. Tinha a roupa bastante usada. E um ar adoentado.


- Comam chocolate. – Estendeu-lhe uma tablete – Vai ajudar.


E saiu. Harry mordiscou um pouco do chocolate e começou a sentir-se logo melhor.


Saíram na estação de Hogsmeade.


- É verdade que desmaiaram? – Seamus Finningan perguntou, com um sorriso. – Uuuh. Dementors.


Parvati Patil deu uma risadinha forçada. Seamus sorriu, jocoso.


- Desaparece. – Draco sibilou.


- O velho Dementor também te assustou, foi, Malfoy?


Apanharam as carruagens. Entraram no castelo. Misturados com a multidão. McGonagall chamou Granger ao seu gabinete. E Snape chamou Harry.


Entrou no Gabinete de Snape. "Sentes necessidade de ir para a Ala Hospitalar?" O Professor levantou a sobrancelha, como se já soubesse a respostas. "Não, senhor, o novo professor de DCAT, deu-nos chocolate. A Daphne, também, está bem". 


Os lábios de Snape curvaram-se em desagrado, quando Harry referiu o novo professor de DCAT. "Bebam chocolate quente hoje à noite, ajuda" Snape referiu num tom seco. 


Harry nunca imaginara que Snape soubesse sequer o que chocolate quente era.


- Sabes porque é que há Dementors há volta da escola, e um deles entrou no comboio?

Harry franziu as sobrancelhas, com a súbita mudança de assunto, mas era expectável que Snape o tivesse chamado ao Gabinete para mais do que avaliar o seu estado de saúde. 


- Querem apanhar o Sirius Black. – Harry murmurou.


- Ele quer matar-te. – Snape disse. – Por isso, é crucial que cumpras todas as medidas de segurança, Potter. O Black é um feiticeiro talentoso, e tu tens uma tendência única para arranjar sarilhos.


- Sim, senhor. – Harry suspirou.


- E, Potter, aconteça o que acontecer, não vás atrás do Black, está bem? – Snape tinha as sobrancelhas ligeiramente franzidas.


- Porque é que eu havia de ir atrás do assassino que me quer matar? – Harry perguntou desconfiado.


Snape não disse nada, suspirou. “Quanto ao facto de teres insuflado a tua tia…A sério, Potter? Para um aluno capaz de enfrentar o Senhor das Trevas e manter-se incrivelmente racional, dás demasiado valor ao que uma muggle qualquer diz”.


“Ela ofendeu os meus pais” Harry murmurou.


“Tu sabes a verdade sobre os teus pais, o que ela diz pouco ou nada importa” Snape disse, num tom cortante. “E tu vais organizar o Armário de Poções como consequência dos acontecimentos. Amanhã às nove da noite, Potter”.


“Sim, senhor” Suspirou Harry, resignado.


Saíram e subiram as escadas até ao Salão Nobre. Daphne e Harry voltaram para a mesa de Slytherin, e Snape para o seu lugar vazio na mesa de professores. A Selecção já ocorrera. Harry reparou que Astoria Greengrass era uma Ravenclaw, e Zola Springfield estava nos Slytherin.  


Dumbledore fez um discurso de boas-vindas. Explicou que os Dementors guardavam as entradas da escola e zelavam pela protecção dos alunos. Não estava na natureza de um Dementor perdoar, e eles detectavam truques, como mantos de invisibilidade.


Havia dois novos professores. Um era o Professor Lupin para DCAT, contra quem Snape parecia sentir ódio puro, a julgar pela expressão do seu rosto. O segundo era Hagrid para Cuidados de Criaturas Mágicas, uma vez que o antigo mestre se reformara no final do ano anterior, e Hagrid fora inocentado de todas as acusações de ser um assassino.


O jantar estava delicioso, e a conversa entre os Slytherin voltou animada.


Tracey Dravis era magra, alta para a idade, de longos cabelos loiros e olhos acastanhados. Estava sempre com Evelyn Wells, uma miúda de cabelos curtos e óculos, baixa e magrinha. Harry partilhava uma sala comum com elas, e uma sala de aula há já dois anos e percebeu que nunca falara com elas, verdadeiramente.


Daphne, Pansy e Millie partilhavam o dormitório com elas, e pareciam simpatizar-se umas com as outras.


Nesse jantar, Harry deu por si entre Draco Malfoy e Evelyn Wells, que discutiam Quidditch. Evelyn era uma fã incondicional das Holyhead Harpies, que tinham ganho o campeonato nesse ano, e derrotado os Tornados. A discussão era sobre quem merecia a vitória.


Quando chegou ao dormitório nessa noite, Harry sabia que Daphne revivera a morte do seu irmão, Hunter. E desconfiava que a mulher que gritava o seu nome era a sua mãe.


 N/A: Evelyn Wells x Draco Malfoy, o que acham? Comenteeem, please!

Guilherme L.: Ah! Feliz que tenha gostado. Claro que vou explorar a ideia. Para isso é que a escrevi! 

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Comentários (1)

  • Xandevf

    Desulpe mas estive fora pelo feriado de páscoa e sem internet, bons os capítulos, e é realmente Snape versus Sírius p que quis dizer, doido pra ver como Harry vai lidar com o padrinho e Remo. E querendo entender como o casal Malfoy vai se posicionar pois o Lord está voltando. Um abraço.

    2013-04-01
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