Apresentações e Fobias



Capítulo 1 - Apresentações e fobias


Despenteou os cabelos castanhos escuros, olhando-se no espelho e encarando de frente seus próprios olhos verdes esmeraldas. Arrumou suavemente a jaqueta azul. Tentou esboçar um sorriso, que saiu tímido e fraco. Estava evidente o seu nervosismo.


Tentou novamente. Dessa vez, o sorriso saiu ligeiramente melhor. Ainda não era o suficiente.


Ele era um fracasso. Suspirou fortemente.


O filho de Harry Potter, o grande herói do Mundo Mágico... Tendo medo da multidão, como sempre.


Alvo sentiu-se corar apenas com o pensamento. Aquele era o dia mais importante de sua vida... E corria o risco dele estragar tudo, como sempre. Se fizesse algo errado em seu primeiro dia, o restante de sua vida escolar estaria arruinado.


Vamos lá, pensou irritado.


- Você vai conseguir. - disse a si mesmo. - Vai ser tão brilhante quando o seu pai foi. Ou ainda...


Seu semblante tornou-se ainda mais sério, porém deixou um pouco a insegurança, dando lugar a um olhar decido.


- Você vai mostrar para eles que pode ser muito bom do seu próprio jeito.


Essas palavras surgiram um efeito em seu peito. De repente, uma injeção de ânimo correu por dentro dele, fazendo-o dar um sorriso decente, finalmente.


- Pronto...


Após essas palavras, Alvo afastou-se do espelho e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Tentou manter o seu olhar seguro e decidido enquanto descia as escadas em direção à sala principal da Mansão Potter, onde seus pais e seus irmãos o esperavam.


- Já estamos indo, Al. - disse Harry para o filho. Alvo, em um momento de fraqueza, assentiu tremulamente, mas depois recuperou o semblante sério e focado.


Horas depois, ele estava adentrando o Expresso Hogwarts. Zumbidos em seu ouvido. Pessoas conversando, rindo alto e rostos para todo o lado. Alvo sentiu-se zonzo.


- Ei, Alvo! - ele ouviu a prima chamá-lo em uma cabine próxima. Vendo que ele estava paralisado, Rosa Weasley puxou-o pelo braço e colocou-o para dentro.


- Você está bem? - perguntou preocupada. O moreno assentiu de leve e caiu ao banco, ainda tremendo. Pôs as mãos ao ouvido.


- É muita gente. - comentou o menino, sem graça. Rosa concordou preocupada.


- É sim. Tem certeza de que está bem? - quis assegurar a ruiva.


- É preocupação e ansiedade. - explicou alguém na frente de Rosa. Era Tiago, o irmão mais velho de Alvo. Ele tinha cabelos negros e olhos amêndoas, que olhavam o irmão agora com descaso. - Alvo sempre foi muito sensível.


- Eu não sou sensível. - retrucou Alvo com os olhos verdes se estreitando em fúria.


- Ah, você sempre foi. - discordou Tiago. - Se vocês nos derem licença, eu e Fred vamos pregar peças em alguns Sonserinos.


Dizendo isso, o Potter mais velho se levantou juntamente a outro garoto de pele morena e olhos chocolates. Ambos saíram da cabine, deixando apenas três pessoas lá dentro: Alvo, Rosa e Molly, prima de ambos.


- Já foram tarde. - disse Molly assim que eles saíram.


- Não sei porquê você não gosta deles. - Rosa falou. - Eles são legais...


- Não é que eu não goste. - desconcertou-se Molly. - Mas são tão arrogantes, metidos e cruéis...


- Vai me dizer que você não ri com o que eles fazem... - Rosa tentou argumentar.


- Alguns podem até achar engraçado, mas não podem negar que são maldosos...


- Eles gostam de azarar as pessoas para se divertir. Qual o problema? - Alvo tentou defender o irmão, mesmo que não concordasse com suas atitudes. - Pior se fosse alguma maldição.


- Ele tem razão. - Rosa concordou. - Além do mais, tio Harry disse que está no nome.


Após um momento incômodo de silêncio, a cabine se abriu. Um garoto de pele pálida, olhos idênticos aos de Alvo e cabelos negros que iam até os ombros voltou a segurar o WizPod (um aparelho que permite aos bruxos escutarem música) com as mãos, curtindo uma canção.


- Vai ficar aí parado? - Rosa se divertiu com a cena.


- Que? - o garoto retirou os fones do ouvido. - Ah. - percebeu do que se tratava constrangido. - Estava procurando um lugar para ficar.


- Se quiser pode entrar. - a ruiva convidou, com os olhos azuis fixos no menino, achando estranho o jeito dele de se comportar.


- Me chamo Damion Flint. - apresentou-se ele, estendendo as mãos para Alvo estreitá-las.


- Alvo Potter. - Alvo tentou dar um sorriso, que saiu um pouco forçado pelo nervosismo, mas Damion pareceu não perceber. Rosa e Molly também se apresentaram.


- Você é filho de Pansy e Marcus Flint? - Rosa tentou puxar assunto.


- Sim. E você é filha de qual Weasley?


- Rony e Hermione.


- A que chamava minha mãe chamava de cara de buldogue. - lembrou o menino despreocupado. Rosa pareceu sem graça.


- Isso já foi há muito tempo.


- Relaxa Rosa, eu não ligo pra isso. - acalmou-a Damion, dando-lhe um sorriso simpático. Depois disso, colocou os fones de volta na orelha.


- Ele é fã do I Speak Parseltongue. - notou Alvo, olhando para a camisa do colega, que tinha um desenho de uma caveira, uma cobra e era completamente preta, tinha o nome da banda escrito em branco.


- O que é isso? - Molly pareceu curiosa.


- Uma banda de rock. - Alvo explicou.


- Eu gosto das músicas deles. - confessou Rosa vermelha. - Têm letras interessantes.


O garoto começou a cantar:


"A cobra se aproxima do rato, rapidamente..."


- Letras interessantes? - estranhou Molly. De apenas vermelha, Rosa virou uma beterraba.


- Eu acho legal. - opinou Alvo.


- Ora, ora, ora...


Os três que não estavam escutando música viraram-se. Depararam-se com um garoto louro, de olhos profundos acinzentados. Tinha o nariz pontiagudo e feições delicadas.


- Se não é Potter, Weasley e... – pareceu confuso. – Damion?


Ele levantou a cabeça em um ar de superioridade.


- Malfoy. - reconheceu Rosa da estação, de onde seu pai havia lhe falado para "não ficar muito amiga dele" e "superá-lo em todos os testes".


- Escórpio Malfoy, a seu dispor. - o louro mexeu no cabeço, levantando a franja. - Damion, o que está fazendo aqui?


O menino pareceu não escutar, continuando com os fones no ouvido. Escórpio, sem um pingo de paciência, retirou-os do amigo.


- Ah, oi Escórpio! - Damion sorriu para ele.


- Não devia estar com a escória! - exclamou inconformado o Malfoy.


- Eles são legais. - comentou Flint, fazendo Molly, Rosa e Alvo sorrirem. Alvo finalmente tinha relaxado na companhia das primas e do garoto.


- Pois então fique aí. - Escórpio sentiu seu rosto contorcer-se. - Eu que não fico com a ralé.


- Vaza. - mandou Rosa e o garoto deu um último olhar de desprezo a ela antes de fechar a porta. - Garoto arrogante. - ela comentou quando ele já tinha saído de vista.


- Ele é seu amigo, Damion? - perguntou Molly interessada para o moreno.


- Ah, é sim. Nossos pais são amigos. Eu gosto dele.


- Ele parece insuportável!


- Não é tão ruim quando parece. - Damion comentou e voltou a por os fones de ouvido.


Nesse momento, um carrinho de doces apareceu na frente deles, sendo guiado por uma mulher.


- Vão querer alguma coisa? = ela ofereceu.


- Feijãozinhos de todos os sabores. - disse Alvo, retirando o dinheiro para segurar o pequeno embrulho onde ficavam os doces.


- Eu não quero nada, já trouxe comida de casa. - Rosa negou.


- Eu também não quero. - Molly rejeitou. A moça deu um último olhar para Damion, que parecia entretido no refrão de uma música e alheio a sua presença e seguiu seu caminho.


- Merda! Peguei de vômito! - resmungou Alvo, retirando da boca.


- Olha pelo lado bom, pelo menos não foi de ovo podre. - divertiu-se Rosa.


- Eu acho de vômito pior. - Molly riu, passando as mãos pelo cabelo ruivo e fechando os olhos castanhos por um instante.


A viagem seguiu tranquilamente. Rosa, Alvo e Molly conversavam enquanto Damion ficava entretido no aparelho. De vez em quando, ele tirava os fones e se juntava a eles. Depois os colocava novamente. Quando foi obrigado a trocar de roupa e colocar as vestes de Hogwarts, pois já estavam chegando, resmungou.


- Vai me dizer que você fica com essa roupa o tempo todo! Seu porco! - provocou Rosa, arrancando um sorriso do novo amigo.


- Eu não sou porco. Você que é intrometida. - retrucou o pré-adolescente.


A discussão apenas parou quando eles ouviram a voz de Hagrid:


- Alunos do primeiro ano, por aqui!


Já tinham chegado.

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